O STJD, o Vasco, a boa-fé, o caso Ygor e as
coincidências...
“Deus está nas coincidências.”
Nelson Rodrigues
O Vasco da Gama sempre foi um clube competentíssimo, principalmente nos
últimos tempos. Obviamente não nos referimos à atuação futebolística, vez que se
encontra na rota direta da segunda divisão, mas no quesito jurídico-desportivoprocessual.
Possui, por certo, os melhores advogados do país, ao menos se tomarmos por
base os resultados obtidos no STJD do abnegado Zveiter.
Senão vejamos:
1 – Na final de 1997 o atacante Edmundo recebeu o terceiro cartão amarelo no
primeiro jogo decisivo e, por conseqüência, não jogaria a partida de volta.
Orientado pela boa-fé de seus dirigentes, flagrados pelas câmaras de tv, agrediu
covardemente o jogador Cléber e provocou sua expulsão. Antes do jogo final, em
julgamento coincidentemente antecipado, o clube obteve “efeito suspensivo” e o
“animal” pôde jogar no Maracanã quando a equipe cruzmaltina sagrou-se campeã.
Coincidentemente o presidente do STJD chamava-se Zveiter.
2 – Em 1998, também baseado na boa-fé, o clube aproveitou-se de liminar obtida
por seus “jogadores” e não enfrentou o Palmeiras. Mais uma vez o STJD,
presidido, coincidentemente, como sempre, pelo zeloso Zveiter, não o puniu.
Sequer avaliou o imbróglio.
3 – Em 2000 o clube carioca também deixou de ser denunciado pela carnificina
por causa da lotação de seu estádio. Coincidentemente o presidente do STJD
era o mesmo Zveiter. O São Caetano, divorciado da boa-fé (ao menos aos olhos
do Tribunal) teve que se curvar à competência da ordem dali proveniente.
4 – Durante a Copa Brasil de 2002, o Vasco escalou um atleta sem condições de
jogo. Qualquer clube teria severa punição, mas devido à boa-fé do time lusocarioca, o STJD o inocentou. Coincidentemente o presidente da mais alta corte
desportiva atendia pelo nome de Zveiter.
5 – Em 2004 o mandato do presidente Zveiter expirou e o feudo absolutista criado
pela família carioca trocaria de mãos, mas, novamente calçado pela boa-fé, o
Vasco da Gama patrocinou ação na justiça civil do Rio, conseguindo a
permanência do então dono do tribunal por mais quatro longos anos.
Coincidentemente, Zveiter era desembargador naquela justiça estadual e,
coincidentemente, a juíza de plantão concedeu liminar para sua manutenção.
Coincidentemente, Zveiter seguiu presidente do STJD que naquele momento,
antes mais do que nunca, era da família Zveiter.
6 – Com a renovação de seu reinado, coincidentemente, Zveiter indica para
procurador geral um garoto que, coincidentemente, criticava-o de forma voraz,
mas que, coincidentemente após assumir um mandato tampão como membro do
STJD passa a ser seu fiel escudeiro e, agora, seu procurador.
7 – Em 2005, logo na primeira rodada, o Vasco da Gama crivado de boa-fé,
coincidentemente por ordem de Zveiter, depois de pedido formulado pelo
procurador coincidentemente indicado por ele, é agraciado com dois pontos
adjudicados contra o Brasiliense.
8 – Agora, há a denúncia de que o atleta Ygor do competente Vasco teria sido
escalado sem condições de jogo, pois os cartões da peleja contra o Brasiliense
não foram considerados pela equipe do Rio. Coincidentemente Zveiter vem a
público e diz que não haverá punição ao Vasco se for caracterizada a boa-fé na
escalação do atleta. Coincidentemente o procurador se manifesta no mesmo
sentido. O julgamento se dará em poucos dias e o resultado é fácil de ser previsto.
Vá ter boa-fé e coincidências assim na conchinchina!!!
Valha-nos Adonai !!!
Larissa Nogueirol Vieira
Advogada em São Paulo
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O STJD, o Vasco, a boa-fé, o caso Ygor e as coincidências