FACULDADES MILTON CAMPOS – PROCESSO SELETIVO 2013/2º
PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA E
LITERATURA BRASILEIRA
Instrução: Leia, com atenção, o texto a seguir, pois as questões
de 1 a 20 se referem a ele.
Todos juntos
Acho que já contei aqui a história, mas a ocasião me permite
repeti-la. Eu tinha 18 anos e estava em minha primeira aula de
filosofia, na USP. O professor, Renato Janine Ribeiro, nos explicava
que, no fim do semestre, seríamos avaliados por um trabalho
individual, cujo limite deveria ser de 8.000 caracteres. Levantei a
mão: "Se estourar um pouquinho esse limite, tudo bem, né?".
Janine sorriu e disse algo mais ou menos assim: "O que é 'limite'?
É aquilo que não se pode transpor. Mas vejam como são as coisas
no Brasil: entre nós, o limite não limita! Repito: o limite é de 8.000
caracteres".
Peço perdão ao filósofo se as palavras não foram exatamente
essas. Assim, porém, é que ficaram gravadas na minha memória e
é assim que me voltam, quase todo dia, quando me deparo com a
nossa ilimitada necessidade de burlar a lei.
Há uma altura máxima para prédios na rota do aeroporto, mas o
empreiteiro constrói um "puxadinho", alguns metros acima.
A construtora precisa botar de tantos em tantos metros, sob o
concreto da rodovia, umas ripas de metal, mas economiza dinheiro
aumentando a distância entre elas. Quantas pessoas que
compraram a carta de motorista você conhece? Que têm gato de
TV a cabo? Que já subornaram um guarda de trânsito para não
serem multadas? O avião vai decolar, o comissário de bordo pede
para desligarem os celulares, mas o sujeito o ignora solenemente.
O avião pousa, o comissário pede aos passageiros para que
aguardem sentados até o "apagar do aviso luminoso de atar
cintos", mas todo mundo levanta. Não um, não dois: todo mundo –
como se respeitar aquele simples sinal luminoso equivalesse a ter a
palavra otário escrita na testa.
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Um sinal luminoso também piscou na cabine do Fokker 100 da
TAM, que taxiava na pista de Congonhas na manhã de 31 de
outubro de 1996, alertando sobre um problema no reverso da
turbina. O piloto o desligou. O luminoso piscou novamente,
novamente foi desligado. Segundo o depoimento de outro piloto,
dias mais tarde, esse era o costume: se fossem dar atenção a todo
alarme que soava na cabine, nenhuma aeronave saía do chão.
Às vezes, ao que parece, alarmes soam à toa. Às vezes, não: 24
segundos depois de decolar, o avião caiu, matando 99 pessoas.
Eu estava saindo para a USP, naquela manhã, quando o telefone
tocou. Uma amiga do meu pai queria saber se era verdade que
meu tio Duda, irmão da minha mãe e meu padrinho, estava entre
os passageiros. Liguei a televisão. Vi a lista. Era verdade.
Nas próximas semanas, o Brasil concentrará suas energias em
encontrar
os
culpados pela tragédia
de Santa Maria.
É fundamental, se houver culpados (como parece ser o caso), que
eles sejam punidos. É fundamental que as casas de show passem
por reavaliações, como já estão passando. Mas se não mudarmos a
nossa mentalidade, se não entendermos que as leis são universais,
que há procedimentos que precisam ser executados conforme as
regras, sem jeitinho, sem gambiarra, em TODAS as esferas, por
TODAS as pessoas, as tragédias continuarão acontecendo – e a
morte é um limite que nós, brasileiros, por mais espertos que nos
julguemos, não somos capazes de transgredir.
(Antonio Prata - Folha de S. Paulo - 30 de janeiro de 2013– acessado em
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/1222610-todosjuntos.shtml - com adaptações)
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1) FMC – 2013/2°
3) FMC – 2013/2°
O título, “Todos juntos”, enfatiza a ideia de que
a) as pessoas, no Brasil, sem exceção, burlam a lei,
independentemente dos riscos e dos perigos a que possam estar
expostas.
Em todas as passagens extraídas do texto, as aspas cumprem uma
mesma função, EXCETO em:
a) “Se estourar um pouquinho esse limite, tudo bem, né?”
b) o povo brasileiro deve conscientizar-se de que regras e leis
foram estabelecidas para serem seguidas e respeitadas.
b) ...mas o empreiteiro constrói um “puxadinho”, alguns metros
acima.
c) a classe dos aeroviários é constituída por profissionais
despreparados, que se envolvem, constantemente, em graves
acidentes.
c) "O que é 'limite'? É aquilo que não se pode transpor. Mas vejam
como são as coisas no Brasil: entre nós, o limite não limita!
Repito: o limite é de 8.000 caracteres".
d) os responsáveis pela tragédia de Santa Maria, assim como
aqueles pelo desastre do Fokker 100 da TAM, permanecerão
impunes.
d) O avião pousa, o comissário pede aos passageiros para que
aguardem sentados até o "apagar do aviso luminoso de atar
cintos”, mas todo mundo levanta.
2) FMC – 2013/2°
Leia com atenção o trecho que segue.
O avião pousa, o comissário pede aos passageiros para que
aguardem sentados até o “apagar do aviso luminoso de atar
cintos”, mas todo mundo levanta. Não um, não dois: todo mundo –
como se respeitar aquele simples sinal luminoso equivalesse a ter a
palavra otário escrita na testa.
Nessa passagem, observa-se que, geralmente, os usuários de
transporte aéreo têm, em relação às regras operacionais de
segurança desse tipo de transporte, uma postura
4) FMC – 2013/2°
O furto é crime previsto no artigo 155 do Código Penal Brasileiro.
Consiste na subtração de coisa alheia móvel para si ou para
outrem. Por “coisa” entende-se qualquer elemento/objeto/bem
corpóreo com valor econômico, independentemente de ser
tangível, podendo ser apenas de valor sentimental, bastando que
faça parte do patrimônio.
Das infrações listadas no terceiro parágrafo do texto, a que melhor
exemplifica o crime de furto é
a) subornar autoridade de trânsito para se autobeneficiar.
a) displicente.
b) erigir prédios acima do limite de altura permitido.
b) intransigente.
c) adquirir, de forma ilícita, a Carteira Nacional de Habilitação.
c) indiferente.
d) utilizar irregularmente cabeamento de TV por assinatura.
d) intolerante.
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5) FMC – 2013/2°
7) FMC – 2013/2°
Em todas as seguintes passagens, extraídas do texto, os termos
destacados foram devidamente associados aos seus referentes,
EXCETO em:
Os termos destacados foram devidamente explicados, EXCETO
em:
a) Eu estava saindo para a USP, naquela manhã, quando o
telefone tocou. → primeira aula na USP
a) A construtora precisa botar de tantos em tantos metros... →
pôr, colocar, fixar
b) Peço perdão ao filósofo se as palavras não foram exatamente
essas. → Renato Janine Ribeiro
c) A construtora precisa botar de tantos em tantos metros, sob o
concreto da rodovia, umas ripas de metal, mas economiza
dinheiro aumentando a distância entre elas → ripas de metal
d) O avião vai decolar, o comissário de bordo pede para desligarem
os celulares, mas o sujeito o ignora solenemente. → o
comissário
6) FMC – 2013/2°
b) O avião vai decolar, o comissário de bordo pede para desligarem
os celulares, mas o sujeito o ignora solenemente. →
respeitosamente, majestosamente
c) ...como se respeitar aquele simples sinal luminoso equivalesse a
ter a palavra otário escrita na testa. → simplório, tolo
d) Um sinal luminoso também piscou na cabine do Fokker 100 da
TAM, que taxiava na pista de Congonhas na manhã de 31 de
outubro de 1996... → deslocava-se, rolava
Leia o trecho abaixo.
"O que é 'limite'? É aquilo que não se pode transpor. Mas vejam
como são as coisas no Brasil: entre nós, o limite não limita! Repito:
o limite é de 8.000 caracteres".
Assinale a alternativa em que a passagem extraída do texto
apresenta um exemplo de limite que também pode ser
mensurável:
a) O luminoso piscou novamente, novamente foi desligado.
b) Não um, não dois: todo mundo – como se respeitar aquele
simples sinal luminoso equivalesse a ter a palavra otário escrita
na testa.
c) O avião vai decolar, o comissário de bordo pede para desligarem
os celulares, mas o sujeito o ignora solenemente.
d) Há uma altura máxima para prédios na rota do aeroporto, mas o
empreiteiro constrói um "puxadinho", alguns metros acima.
8) FMC – 2013/2°
O termo “ocasião”, no primeiro parágrafo do texto, refere-se
a) ao voo do Fokker 100 da TAM, em 31 de outubro de 1996.
b) à primeira aula de filosofia do autor, na USP.
c) à recente tragédia ocorrida em Santa Maria.
d) ao telefonema da amiga do pai do autor.
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9) FMC – 2013/2°
11) FMC – 2013/2°
Exemplifica o uso da metalinguagem o fragmento
A chamada “Lei de Gérson”, oriunda de uma propaganda de
cigarros feita pelo jogador que deu nome à “lei”, aplica-se à pessoa
que age de forma a obter vantagem em tudo o que faz, no sentido
negativo de se aproveitar de todas as situações em benefício
próprio, sem se importar com questões éticas ou morais. A "Lei de
Gérson" acabou sendo usada para exprimir traços bastante
característicos e pouco lisonjeiros do caráter midiático nacional,
associados à disseminação da corrupção e ao desrespeito a regras
de convívio para a obtenção de vantagens pessoais.
a) Segundo o depoimento de outro piloto, dias mais tarde, esse
era o costume...
b) ...o comissário pede aos passageiros para que aguardem
sentados até o "apagar do aviso luminoso de atar cintos"...
c) O que é 'limite'? É aquilo que não se pode transpor.
d) ...como se respeitar aquele simples sinal luminoso equivalesse
a ter a palavra otário escrita na testa.
Todas as seguintes passagens, extraídas do texto, ilustram a
permanência dessa “lei” entre nós, EXCETO:
a) Quantas pessoas que compraram a carta de motorista você
conhece? Que têm gato de TV a cabo?
10) FMC – 2013/2°
Observe as passagens.
I-
Que têm gato de TV a cabo?
II-
O luminoso piscou novamente, novamente foi desligado.
III-
Às vezes, ao que parece, alarmes soam à toa.
Pode-se afirmar que há emprego da linguagem conotativa apenas
em
b) Há uma altura máxima para prédios na rota do aeroporto, mas o
empreiteiro constrói um "puxadinho", alguns metros acima.
c) A construtora precisa botar de tantos em tantos metros, sob o
concreto da rodovia, umas ripas de metal, mas economiza
dinheiro aumentando a distância entre elas.
d) Segundo o depoimento de outro piloto, dias mais tarde, esse era
o costume: se fossem dar atenção a todo alarme que soava na
cabine, nenhuma aeronave saía do chão.
a) I.
b) II e III.
12) FMC – 2013/2°
c) I e II.
Ao final do texto, o autor corrobora a ideia de que
d) III.
a) os limites devem ser respeitados.
b) as regras e as leis devem ter limites.
c) não há limites para a impunidade no país.
d) não há como limitar as tragédias.
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13) FMC – 2013/2°
15) FMC – 2013/2°
Leia com atenção o trecho a seguir.
Observe com atenção o fragmento.
O luminoso piscou novamente, novamente foi desligado.
Segundo o depoimento de outro piloto, dias mais tarde, esse era o
costume: se fossem dar atenção a todo alarme que soava na
cabine, nenhuma aeronave saía do chão.
Assinale a alternativa em que a alteração feita na redação do
período NÃO comprometeu o seu significado original:
a) Por ter piscado novamente, o luminoso foi desligado.
No período acima, os dois-pontos podem ser substituídos, sem
prejuízo do sentido original do texto, pela locução conjuntiva
b) O luminoso piscou novamente e mais uma vez foi desligado.
c) Já que piscou novamente, o luminoso foi desligado.
a) à medida que.
d) O luminoso piscou novamente, por isso ele foi desligado.
b) a fim de que.
c) conquanto que.
d) uma vez que.
14) FMC – 2013/2°
Observe as orações que compõem o seguinte trecho.
Peço perdão ao filósofo se as palavras não foram exatamente
essas. Assim, porém, é que ficaram gravadas na minha memória e
é assim que me voltam, quase todo dia, quando me deparo com a
nossa ilimitada necessidade de burlar a lei.
Entre elas, só NÃO está presente a relação de
a) adversidade.
16) FMC – 2013/2°
Em todas as opções, o termo destacado é responsável pela flexão
verbal, EXCETO em:
a)
Há uma altura máxima para prédios na rota do aeroporto...
b)
Um sinal luminoso também piscou na cabine do Fokker 100 da
TAM...
c)
Eu tinha 18 anos e estava em minha primeira aula de filosofia,
na USP.
d)
...mas o sujeito o ignora solenemente.
b) condição.
c) conclusão.
d) temporalidade.
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17) FMC – 2013/2°
19) FMC – 2013/2°
Em todos os fragmentos, destacaram-se termos que modificam o
verbo, EXCETO em:
Observe os seguintes fragmentos.
a) Assim, porém, é que ficaram gravadas na minha memória e é
assim que me voltam, quase todo dia.
b) Acho que já contei aqui a história, mas a ocasião me permite
repeti-la.
c) É fundamental que as casas de show passem por reavaliações,
como já estão passando.
d) Nas próximas semanas, o Brasil concentrará suas energias em
encontrar os culpados pela tragédia de Santa Maria.
I-
Peço perdão ao filósofo se as palavras não foram exatamente
essas.
II-
É aquilo que não se pode transpor.
III-
...se fossem dar atenção a todo alarme que soava na cabine,
nenhuma aeronave saía do chão.
Verifica-se a presença de pronome demonstrativo apenas em
a) I e II.
b) I.
c) II e III.
d) III.
18) FMC – 2013/2°
O autor só NÃO infringiu as regras de pontuação em:
20) FMC – 2013/2°
a) Um sinal luminoso também piscou na cabine do Fokker 100 da
TAM, que taxiava na pista de Congonhas na manhã de 31 de
outubro de 1996, alertando sobre um problema no reverso da
turbina.
Assinale a opção em que se constata uso INADEQUADO da
regência verbal, segundo os padrões da norma escrita culta:
b) A construtora precisa botar de tantos em tantos metros, sob o
concreto da rodovia, umas ripas de metal, mas economiza
dinheiro aumentando a distância entre elas.
c) Uma amiga do meu pai queria saber se era verdade que meu
tio Duda, irmão da minha mãe e meu padrinho, estava entre os
passageiros.
d) O professor, Renato Janine Ribeiro, nos explicava que, no fim
do semestre, seríamos avaliados por um trabalho individual...
.
a) Nas próximas semanas, o Brasil concentrará suas energias em
encontrar os culpados pela tragédia de Santa Maria.
b) O avião vai decolar, o comissário de bordo pede para desligarem
os celulares...
c) ...e a morte é um limite que nós, brasileiros, por mais espertos
que nos julguemos, não somos capazes de transgredir.
d) Uma amiga do meu pai queria saber se era verdade que meu tio
Duda, irmão da minha mãe e meu padrinho, estava entre os
passageiros.
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Instrução: As questões de 21 a 30 têm por base a leitura das
obras literárias indicadas para este concurso: Recordações do
escrivão Isaías Caminha, de Lima Barreto, e Eu e outras poesias,
de Augusto dos Anjos.
21) FMC – 2013/2°
Recordações do escrivão Isaías Caminha, de 1909, exibe, em seu
núcleo crítico e temático, um espaço que é também abordado
numa narrativa da modernidade.
Assinale a passagem que faça referência à problemática tratada por
Lima Barreto:
a) As professoras permanecem imóveis. Na sala de aula, Zejosé é o
último a acabar a prova. Garranchos ilegíveis ocupam três das
quatro páginas de almaço, que entrega a dona Selma.
(ARAÚJO, A. Ventania. Rio de Janeiro: Record, 2012. p.125)
b) Fiquei trancado três dias no quarto do hotel escrevendo o
argumento do filme. Várias vezes Dietrich ligou para mim. Falou
em Veronika.
(FONSECA, R. Vastas emoções e pensamentos imperfeitos. São
Paulo: Companhia das Letras, 1988. p.134)
c) Nunca se viu pênalti batido tão devagar, com o goleiro se
esparramando ridiculamente no seu canto esquerdo, e a bola
vindo de mansinho, quase parando, no outro canto, batendo
caprichosamente na trave e permanecendo nas suas imediações,
até que veio um zagueiro do Olaria e despachou-a para a lateral.
(SANT’ANNA, S. Páginas sem glória. São Paulo: Companhia das
Letras, 2012. p.122)
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22) FMC – 2013/2°
Assinale a passagem extraída do romance Recordações do escrivão
Isaías caminha, de Lima Barreto, que NÃO apresente o tom
pessimista da narrativa:
a) Sentia-me sempre desgostoso por não ter tirado de mim nada
de grande, de forte e ter consentido em ser um vulgar assecla e
apaniguado de um outro qualquer.
b) Sentia-me repelente, repelente de fraqueza, de falta de decisão
e mais amolecido agora com o álcool e com os prazeres...
Sentia-me parasita, adulando o diretor para obter dinheiro.
c) Que emprego dera à minha inteligência e à minha atividade?
Essas perguntas angustiavam-me.
d) Estive por instantes espamodicamente arrebatado, para um
outro mundo, adivinhado além das cousas sensíveis e materiais.
23) FMC – 2013/2°
Leia com atenção o trecho a seguir.
Foram os primeiros legisladores que deram à carta esse
prestígio extraterrestre... Naturalmente, teriam escrito nos seus
códigos: tudo o que há no mundo é propriedade do doutor, e se de
alguma coisa outros homens gozam, devem-no à generosidade do
doutor. Era uma outra casta, para a qual eu entraria, e desde que
penetrasse nela, seria de osso, sangue e carne diferente dos outros
– tudo isso de uma qualidade transcendente, fora das leis gerais do
Universo e acima das fatalidades da vida comum.
(BARRETO, L. Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: Ática, 1984. p.23)
A passagem transcrita demonstra que Lima Barreto é um escritor
d) – Esse jornal me dá nojo. Não é só o Nelinho, é quase todo
mundo que trabalha nele, com raras e honrosas exceções. Uma
feira de vaidades, mais nada.
(VILELA, L. O inferno é aqui mesmo. São Paulo: Ática, 1983.
p.138)
a) filosófico.
b) naturalista.
c) irônico.
d) erudito.
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24) FMC – 2013/2°
Assinale o trecho do romance de Lima Barreto que exibe
características também vistas na poesia de Augusto dos Anjos:
a) Não me esqueci que ele amava repetir que a Física, a Química, a
Biologia, a Sociologia, todas as ciências e todo o esforço humano
de qualquer ordem tinham preparado lentamente e tendiam
para a religião da humanidade.
b) No entanto, Leiva parecia-me mais sincero na sua poesia
palaciana e de modista do que nas ideias revolucionárias. Não o
julgava perfeitamente hipócrita; era a sua situação que lhe
determinava aquelas opiniões.
c) Como poeta tinha a mais sincera admiração pela beleza das
meninas e senhoras de Botafogo. Não faltava às regatas, às
quermesses, às tômbolas, a todos os lugares em que elas
apareciam em massa.
d) As ruas estavam animadas, havia um grande trânsito de
veículos, criadas com cestos, quitandeiros, vendedores de peixe.
Aqui e ali, com os cestos arriados, à porta de uma ou outra
casa, discutiam a venda das suas mercadorias com as donas das
casas ainda quase em traje de dormir.
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25) FMC – 2013/2°
Leia os trechos abaixo.
Texto 1
Num dado momento, virei-me e dei com uma rapariga de cor, de
olhos tristes e feições agradáveis. Tinha uma bolsinha na mão, um
chapéu-de-sol de alpaca e o vestuário era pobre. Considerei-a um
instante e continuei a ler o livro, cheio de uma natural indiferença
pela vizinha. A rapariga começou a murmurar, perguntou-me
qualquer cousa que respondi sem me voltar. Subitamente, depois
de fazer estalar um desprezível muxoxo, disse-me ela a queimaroupa:
- Que tipo! Pensa mesmo que é doutor...
(BARRETO, L. Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: Ática, 1984. p.62)
Texto 2
E hirto, a camisa suada, a alma aos arrancos,
Vendo passar com as túnicas obscuras,
As escaveiradíssimas figuras
Das negras desonradas pelos brancos;
(...)
Eu maldizia o deus de mãos nefandas
Que, transgredindo a igualitária regra
Da Natureza, atira a raça negra
Ao contubérnio diário das quitandas!
(ANJOS, A. Eu e outras poesias. São Paulo: Martins Fontes, 1994. p.62)
O trecho do romance de Lima Barreto e o fragmento do poema
“Os doentes”, de Augusto dos Anjos, têm em comum
a) a opressão social e racial entre as classes, em um contexto
marcado pela escravidão.
b) a solidariedade do narrador e do eu-lírico em relação à penúria
das mulheres negras.
c) a referência a mulheres negras em sua condição de inferioridade
social.
d) a utilização de uma linguagem rebuscada na denúncia de
problemas sociais.
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26) FMC – 2013/2°
27) FMC – 2013/2°
Leia o excerto de Lima Barreto.
Leia a estrofe extraída do “Poema negro”, de Augusto dos Anjos.
Na delegacia, a minha vontade era rir-me de satisfação, de
orgulho, de ter sentido por fim que, no mundo, é preciso o
emprego da violência, do murro, do soco, para impedir que os
maus e os covardes não nos esmaguem de todo.
Até ali, tinha eu sido a doçura em pessoa, a bondade, a
timidez e vi bem que não podia, não devia e não queria ser mais
assim pelo resto de meus dias em fora.
(BARRETO, L. Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: Ática, 1984. p.136)
Assinale a estrofe de Augusto dos Anjos que apresenta uma
constatação similar à do narrador do romance de Lima Barreto:
a) Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
b) A gaiola aboliu tua vontade.
Tu nunca mais verás a liberdade!...
Ah! tu somente ainda és igual a mim.
c) Apraz-me, enfim, despindo a última alfaia
Que ao comércio dos homens me traz presa,
Livre deste cadeado de peçonha.
d) O inventário do que eu já tinha sido
Espantava. Restavam só de Augusto
A forma de um mamífero vetusto
E a cerebralidade de um vencido!
Dorme a casa. O céu dorme. A árvore dorme.
Eu, somente eu, com a minha dor enorme
Os olhos ensanguento na vigília!
E observo, enquanto o horror me corta a fala,
O aspecto sepulcral da austera sala
E a impassibilidade da mobília.
(ANJOS, A. Eu e outras poesias. São Paulo: Martins Fontes, 1994. p.109)
Destaca-se nessa estrofe o uso da hipérbole, cuja conceituação se
relaciona com o seguinte trecho de música do compositor Cazuza:
a) Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta.
b) Exagerado
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado.
c) É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É eu preciso dizer que eu te amo
Tanto.
d) Eu protegi teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor.
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28) FMC – 2013/2°
29) FMC – 2013/2°
Assinale a alternativa em que os versos de Augusto dos Anjos
estejam
INCORRETAMENTE
associados
ao
respectivo
procedimento poético:
Leia o trecho a seguir, extraído do poema “As cismas do destino”,
de Augusto dos Anjos.
a) Provo desta maneira ao mundo odiento
Pelas grandes razões do sentimento,
Sem os métodos da abstrusa ciência fria
E os trovões gritadores da dialética,
Que a mais alta expressão da dor estética
Consiste essencialmete na alegria.
(PARADOXO)
b) Recife. Ponte Buarque de Macedo.
Eu, indo em direção à casa do Agra,
Assombrado com a minha sombra magra,
Pensava no Destino, e tinha medo.
(SÍMILE)
c) Eu e o esqueleto esquálido de Esquilo
Viajávamos, com uma ânsia sibarita,
Por toda a pró-dinâmica infinita,
Na inconsciência de um zoófito tranquilo.
(ALITERAÇÃO)
d) Para onde fores, Pai, para onde fores,
Irei também, trilhando as mesmas ruas...
Tu, para amenizar as dores tuas,
Eu, para amenizar as minhas dores!
(REFORÇO POÉTICO)
Homem! Por mais que a Ideia desintegres,
Nessas perquisições que não têm pausa,
Jamais, magro homem, saberás a causa
De todos os fenômenos alegres!
(ANJOS, A. Eu e outras poesias. São Paulo: Martins Fontes, 1994. p.29)
O ato de pensar e a consequente frustração é um tema recorrente
nos versos desse autor, como os seguintes trechos ilustram,
EXCETO:
a) Quis compreender, quebrando estéreis normas,
A vida fenomênica das Formas,
Que, iguais a fogos passageiros, luzem...
E apenas encontrou na ideia gasta,
O horror dessa mecânica nefasta,
A que todas as coisas se reduzem!
b) Raciocinar! Aziaga contingência!
Ser quadrúpede! Andar de quatro pés
É mais do que ser Cristo e ser Moisés
Porque é ser animal sem ter consciência!
c) Por que Jeová, maior do que Laplace,
Não fez cair o túmulo de Plínio
Por sobre todo o meu raciocínio
Para que eu nunca mais raciocinasse?
d) Melancolia! Estende-me a tua asa!
És a árvore em que devo reclinar-me...
Se algum dia o Prazer procurar-me
Dize a esse monstro que eu fugi de casa.
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30) FMC – 2013/2°
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REDAÇÃO
Observe a seguir obra do pintor francês Odilon Redon (1840-1916),
cuja arte apresenta, no comentário crítico de José Paulo Paes,
elementos próximos da “poesia cemiterial de Augusto dos Anjos”.
Um limite recorrentemente discutido em nossa sociedade refere-se
à idade mínima para o brasileiro responder por seus atos diante do
sistema judiciário.
O debate sobre a redução da maioridade penal voltou à tona
recentemente, depois do assassinato de um universitário paulista
por um jovem prestes a completar 18 anos.
Motivado pela leitura dos excertos abaixo – em que se apresentam
argumentos de defensores e críticos da proposta –, redija um texto
dissertativo em que você se posicione claramente acerca da
redução ou não da maioridade penal no Brasil. Você pode
levar em consideração os textos apresentados, sem, no entanto,
copiá-los ou meramente parafraseá-los.
(www.casthalia.com.br. Acesso em 16-3-2013)
A visão grotesca da morte é identificada, na obra desse autor, nos
seguintes versos:
a) Os esqueletos desarticulados,
Livres do acre fedor das carnes mortas,
Rodopiavam, com as brancas tíbias tortas,
Numa dança de números quebrados!
b) Mordia-me a obsessão má de que havia,
Sob os meus pés, na terra onde eu pisava,
Um fígado doente que sangrava
E uma garganta de órfã que gemia!
c) Um medo de morrer meus pés esfriava.
Noite alta. Ante o telúrico recorte,
Na diuturna discórdia, a equória coorte
Atordoadoramente ribombava!
d) Madrugada de treze de janeiro.
Rezo, sonhando, o ofício da agonia.
Meu pai nessa hora junto a mim morria
Sem um gemido, assim como um cordeiro!
Na elaboração de seu texto, apresente argumentos consistentes e
bem fundamentados, capazes de dar sustentação ao seu ponto de
vista.
A idade mínima de 18 anos para maioridade penal, prevista pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente, é estabelecida conforme orientação da ONU.
Ocorre que, na época em que foi decidida tal idade, as pessoas de 18 anos
eram muito mais ingênuas, mais “crianças” do que nos dias de hoje.
Especialmente após a introdução do Novo Código Civil - que outorga
plenos poderes aos maiores de 18, considerando-os maiores
absolutamente capazes e antecipando a maioridade civil (que até então só
ocorria aos 21 anos) - um cidadão de 18 anos há muito já não é criança.
Aos 16 já é tido como relativamente capaz, com poderes para trabalhar e,
inclusive, escolher seus governantes.
(extraído de texto de Arthur Kaufman, publicado na Revista de Psiquiatria
da USP)
“Eu acho ilusão que você reduzindo a idade penal vai resolver alguma coisa
no país. Vai nos levar daqui a pouco a reduzir a idade penal para dez anos,
porque os traficantes, porque os bandidos vão continuar usando o menor
[...] Eu acho uma ilusão”, disse Carvalho [ministro da Secretaria-Geral da
Presidência da República].
(extraído de reportagem de Priscila Mendes, veiculada no site da
Globo.com)
FACULDADES MILTON CAMPOS – PROCESSO SELETIVO 2013/2º
ATENÇÃO:
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Use o espaço abaixo para elaborar o rascunho do seu texto.
O texto definitivo deve ter no mínimo 20 e no máximo 40
linhas.
Dê um título a ele.
Faça a redação a tinta.
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FACULDADES MILTON CAMPOS – PROCESSO SELETIVO 2013/2º
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VESTIBULAR 2013/2 e GABARITO