"Ao contrário do que
muitos pensam, acho bom
o julgamento ser agora"
Candido Vaccarezza, ex-líder do PT,
para quem ‘há acusação, não prova’
Há 30 anos no Jornal de Brasília
SÁBADO, 30 DE JULHO DE 1982
Delfim rechaça política de recessão
Em homenagem prestada por mais de mil
empresários, ministro descartou política
de choque no combate à inflação.
EDITORIAL
EM DEBATE
Inflação mostra
que não sumiu
m aumento da inflação, até poucos anos
atrás, deixaria todos os consumidores e
todos os assalariados de cabelos em pé.
Especialmente os de menor renda, que assistiram
seu dinheiro virar pó. Desde o Real, há mais de 15
anos, os brasileiros habituaram-se à estabilidade,
defendida com unhas e dentes pelos governos
que se seguiram.
Até agora. Divulgou-se ontem que índice de
preços mensurado pelo IGP-M, usado por exemplo para reajustar o aluguel, mais do que dobrou
ao passar de 0,66% em junho para 1,34% em
julho. Nos últimos 12 meses a variação é de
U
6,67%. A aceleração foi fortemente influenciada
pelos combustíveis, que saltaram de -0,28% para
5,14%, pressionando assim o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo. Não por acaso, a pesquisa
Focus, do Banco Central, mostrou que a expectativa da inflação oficial já está em 4,98% para
este ano.
São índices não apenas altos, mas também
perigosíssimos. Revelam que, apesar da recessão
lá de fora, os preços estão sendo pressionados.
Caso o governo não adote linha dura, há o risco
de se repetir um filme que os brasileiros – ao
menos o que se lembram – não querem rever.
ARTIGO
Acabar com tanta sigla
G Paulo Cesar de Oliveira
Jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil
udo indica que, passadas as eleições deste ano, vamos
assistir a um rearranjo do já confuso quadro partidário
brasileiro. Não mais pelos cantos, mas agora abertamente, se fala na fusão do PMDB com outras seis legendas
que congregam diferentes interesses. Ninguém ousaria
dizer que são legendas que atuam em diferentes campos
ideológicos que isto, entre nós, não existe. Postura ideológica é coisa que não se exige nem mesmo dos políticos,
que dirá dos partidos. Os peemedebistas, podem apostar,
estão apenas puxando a fila, pensando em 2014. O agrupamento que está negociando provocará outros, em maior
ou menor escala. Como temos uma legislação que define
prazos para mudanças partidárias, 2013 será o ano destes
saltos para que tudo esteja devidamente preparado para a
eleição do ano seguinte. É assim a luta pelo poder.
Mas se algumas legendas se vão, riscadas do mapa
político por fusão ou inanição, outras ameaçam surgir. Neste
final de semana foram anunciadas pelo menos duas articulações. Uma para criar o Partido Pirata, de origem sueca, e
com filiais em outros países europeus, e outra para ressuscitar
a velha Arena dos nossos anos de chumbo. Entre nós os
piratas, pelo menos no início, deve fazer sucesso. O partido se
propõe a defender o compartilhamento do conhecimento e o
fim do que chamam de monopólio do direito autoral. Ou
seja, nada é de ninguém, tudo é de todos. Como no Brasil
tudo é pirateado mesmo, legenda, que começa a buscar agora
as milhares de assinaturas necessárias ao seu registro, deve
T
Prefeitura no DF divide secretariado
A notícia de que o governador Ornellas
está disposto a criar uma prefeitura para
Brasília dividiu as opiniões dos secretários.
reunir especialmente jovens e não se assustem se, já em 2014,
conseguir eleger representantes nos legislativos. Já a outra
proposta é de implementação um pouco mais complicada. A
ideia de ressuscitar a Arena, dentro de seu pensamento
original, é da gaúcha Cibele Baginsk, de apenas 22 anos, que
já ganhou espaço até no site da Veja para garantir que há sim
espaço para uma legenda de direita no Brasil e que já recebeu
várias manifestações de apoio à sua ideia(inclusive de um
general).
Cibele tem razão. Há sim espaço para um partido de
direita no Brasil. O quê falta é coragem dos políticos em si
assumirem como tal. No país a direita, desde o período da
escravatura, passando, óbvio pelo Golpe de 1964, esteve ligada
a repressão, ao totalitarismo. Acabou estigmatizada e mesmo
figuras com o perfil de ultradireita, como o quase folclórico Jair
Bolsonaro, renega a direita para se colocar ao centro.
Centro, diz o cientista político Malco Camargo, da
PUC-BH, é a posição do Brasil. Nada de centro esquerda.
Somos um povo conservador, que cobra avanços mas tem
posturas bem conservadoras em temas importantes socialmente. O PT percebeu isto e se bandeou para o centro
como forma de chegar ao poder. E se manter lá. De
qualquer forma, o simples ressurgimento de uma proposta
de criação de um partido de direita, ou conservador, deve
ser recebida com respeito.. Quem sabe surgindo um de
direita, surge um de esquerda, um de centro realmente. E a
política recupera seu espaço perdido para a economia na
definição dos rumos do País?
Em tempo: esta semana começa o julgamento do
mensalão.
Deve ser obrigatório o uso
de faróis baixos, mesmo à
luz do dia, nas rodovias?
SIM
G Eunício Oliveira
Presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado
iluminação é um elemento fundamental para a segurança
do trânsito porquanto antecipa a visualização do veículo a
uma distância maior. Desse modo, alerta o motorista sobre
situações de risco, permitindo-lhe agir preventivamente no
sentido de evitar acidentes. O uso de faróis acesos no período
diurno começou a ser norma nos países escandinavos na década
de 70 do século passado, como forma de compensar a baixa
luminosidade ambiental, sendo adotada em vários países, como
Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia, Hungria e
Canadá. Nas localidades em que foi adotado o acendimento dos
faróis durante o dia, observou-se queda, em termos absolutos, no
número de acidentes, especialmente quanto a colisões frontais.
Estudo desenvolvido na Holanda, por exemplo, dá notícia de
que veículos que transitam de dia com o farol aceso correm 15%
menos risco de se acidentarem.
Com esse objetivo, o Conselho Nacional de Trânsito editou a
Resolução nº 18, de 1998, que “recomenda o uso, nas rodovias, de
farol baixo aceso durante o dia, e dá outras providências”.
Entendemos, porém, que medida de tal importância não pode
ser relegada ao plano das recomendações; ao contrário, deve
constituir norma legal, de modo a que o uso dos faróis baixos
passe a ser obrigação aplicável a todos os veículos em circulação
nas rodovias e nos túneis providos com iluminação. Note-se que
essa exigência já vigora para as motocicletas. Ademais, trata-se
de medida de simples aplicação e de baixo custo.
A
NÃO
G Luciana Castro
Programadora visual
evidente que melhor seria garantirmos o máximo de
visibilidade para os veículos. E é justamente nesse caso que
há uma série de ponderações a se fazer. Em primeiro lugar,
quanto à visibilidade, as cores dos carros assumem papel muito
mais importante que os faróis. Carros brancos e amarelos são
visíveis de longe mesmo sem os faróis. Se for para tornar
obrigatório o uso de lâmpadas acesas durante o dia, mais lógico
seria tornar obrigatória a circulação de veículos apenas com cores
que os tornem mais visíveis.
Deve-se ponderar também que o custo não é tão baixo
quanto se imagina. Em primeiro lugar, o uso de faróis sempre
acesos aumenta sensivelmente o consumo de combustível. As
lâmpadas costumam ter 75w cada. É preciso levar em conta
ainda que, de forma ostensiva, os fabricantes dessas lâmpadas
fazem campanhas pelo seu uso. Devem ter interesse nisso.
Quanto à bateria, essa prática afeta sua vida útil, porque existem
vários modelos de veículos em que a luz é ligada a bateria e não
ao alternador.
Há ainda uma ponderação. Seriam necessários testes mais
eficazes. O uso de faróis durante o dia, ainda que baixos,
costuma trazer problemas de ofuscação. Em pistas com obstáculos – tipo quebra-molas – ou muito acidentadas, o farol baixo
ofusca o motorista que dirige à frente e, também, o que vem em
sentido contrário.
É
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31/7/2012 1a. Caderno A_3_Tb