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AN~LISE DAS OCORRBNCIAS DE "WIITD:jIIEA!l" nA trmA DO AERO rOl( ("
INTERNACIONAL DE MO PAUIO!GUARUW0 S(198"37g0)
EDSON CABRAL E SILVIA JOAQUINA SORIA DE FAHIAS
TELECom.nnCAçOES AERONÁUTICAS SoA.
ABSTRAC'r
This paper analyses windshear occurrence, reported
in the são Paulo/Guarulhos International Airport area,
during the period of 1988 to 19900
Hourly surface data from meteorological station of
the above-mentioned airport as well as daily surface
pressure charts for the days when the events occurred,
at 1200 UTC, have been used.
Each of the episodes has been associated to the
current meteorological situation, trying to characterize their behaviour standard, aiming at supplying
allowances to the crews of aircrafts bound for that
airport.
1. INTRODUÇÃO
O windshear, também designado como tesoura de vento, cortante de vento, gradiente de vento ou cisalhamento do vento, é um
fenômeno meteorológico definido como a variação local do vetor
vento, ou das suas componentes, numa dada direção e distânciao
No período de 1964 a 1986, houve 32 acidentes e incidentes
aeronáuticos em âmbito mundial, que tiveram como causa principal ou fator contribuinte o windshear, resultando na morte de
mais de 600 pessoas e 250 feridos.
Embora possa ocorrer em qualquer porção da atmosfera, o
windshear é particularmente perigoso para a aviação na camada
mais baixa da troposfera, desde a superfície do terreno ou da
água até, aproximadamente, 2000 ft(600 m) de altura. Nessa camada o fenômeno pode acarretar às aeronaves um considerável
ganho ou perda de sustentação das mesmas, sendo o tempo para
a identificação do windshear e sua recuperação muito curto;
,
as vezes,da ordem de poucos segundoso
Esse fenômeno, pois, representa um perigo real às operações de aproximação, pouso esubida
inic~al
úe aeronaves e vem
249
sendo objeto crescente de preocupação no meio aeronáutico.
Como fenômenos associados à sua ocorrência, podemos citar
08
seguintes: trovoadas ou CBs., sistemas frontais, pancadas de
chuva, correntes de jato a baixa altura, ventos fortes de superfíc1e, brisa marítima e terrestre, ondas de montanha, linhas de
instabilidade, inversões de temperatura acentuadas.
No tocante à detecção de um windshear, esse é um problema de
difícil solução até o momento, em que pese intensos estudos visando desenvolver sistemas para sua identificação e técnicas
relativas às precauções a serem tomadas pelos tripulantes para
se atenuar os efeitos do fenômenoo
2 o OBJETIVO
Este trabalho procura analisar as ocorrências de windshear
verificadas no período de 1988
H
1990 na área do Aeroporto In-
ternacional de são Paulo/GuarulhoB, tentando associá-las com
as condições meteorológicas reinantes e identificando possíveis
padrões de comportamento do fenômeno, visando dar subsídios às
tripulações das aeronaves que operam naquele aeroportoo
3 • ÁREA DE ESTUD...Q.
O Aeroporto de Guarulhos está situado na latitude de 23 0 26'
06"5 e na longitude de 46 0 28'22"W, a uma altitude média de 750m
e fica a NE da cidade de são Paulo, distando cerca de 25 ltm. da
Praça da sé.
A área do aeroporto está localizada em uma planície no vale
do Rio Baquirivu-Guaçu, afluente da margem direita do alto-Tietê.
Ao norte do aeroporto destaca-se a presença de escarpas de
serras alinhadas nas direções E-W e ENE-WSW, apresentando altitu
des frequentemente acima de 1000 mo
40MATERIAIS E MÉTODOS
A partir dos registros de windshear constantes do formulário
IEPV 105-15 (Registro do Fenômeno "Gradiente do Vento"), específico para os relatos dos tripulantes das aeronaves que se
defro~
taram com o fenômeno na área do Aeroporto de Guarulhos, efetua-
-
-- ----------------- - -
250
mos um levantamento estatístico para verificar, para o período
de 1988 a 1990, o número de eventos do mesmo, quais foram suas
alturas mais frequentes, assim como os meses de maior incidência e uma provável associação do fenômeno com o efeito de tw:bulência.
Com os registros horários de superfície, obtidos da Estação
Meteorológica do Aeroporto de Guarulhos (Formulário IEPV 105-
25 - Observação Meteorológica à Superfície) e com cartas diári~
as de Pressão à Superfície, confeccionadas pela Do HoN o (Dire liOria de Hidrografia e Navegação), pertencente ao Ministério da
Marinha, para o horário das 1200 DTC, procuramos associar cada
episódio ocorrido de windshear com a situação meteorológica existente, tentando buscar uma possível explicação para o mesmo.
5oRESULTADOS E DISCUSSXO
No triênio 1988/1990, foram registradas 29 notificações de
windshear na área do Aeroporto de Guarulhoso
Por intermédio dos registros constantes no formulário IEPV
105-15, pudemos verificar que todos os eventos ocorreram durante a fase de aproximação para pouso no aeroporto e, principalmente, entre as alturas de 150 e 750 ft acima do nível da pista (2450 ft)o
No que tange aos meses em que houve a maior incidência do
fenômeno, temos, respectivamente, janeiro (8 casos), outubro
(6 casos) e dezembro(4 casos), coincidindo com o período em
que é mais intensa a atividade convectiva sobre a regiãoo Com
Delação aos horários de maior ocorrência, a maioria
eventos
(58,6~)
dos
se situou entre às 1500 e 2000 UTC, horários
de maior aqueoimento da superfície e de instabilidades meteorológicaso
Além disso, constatamos que, das 29 ocorrências de windshear,
5 delas estiveram associadas com turbulência forte, 9 delas com
turbulência moderada e 2 delas com turbulência leveo
251
Através do quadro 1, apresentamos uma síntese de 25 episódios,selecionados de um total de 29,ocorridos no triênio
unterio~
mente citado. Podemos' verificar, pela análise desse quadro que,
a maior parte dos episódios ocorridos estiveram associados diretamente à influência orográfica e à presença de nuvens de caráter convectivo (Cu e Cb), sendo alguns desses casos com a ocorrência de trovoadas e chuva o
Em termos sinóticos, devemos ressaltar os episódios assoc.La-
dos com a entrada de sistemas frontais (pré-frontal) no estado
de São Paulo,particularmente no período de verão, gerando circulação de ventos do quadrante norte que,conjugada à presença
de elevações montanhosas próximas à area do a~roporto (cerca
de 4,6 km. ao nOÉte do mesmo), origina um efeito típico de onda
de montanha, ocasionando turbilhonamento do vento que vai de encontro às aeronaves que se encontram na aproximação e subida inicial do aeródromo, sendo que as mesmas frequentemellte se deparam tanto com o windshear quanto com turbulência.
6.AGRADECIMENTOS
Agradecemos à TASA (Telecomunicações Aeronáuticas S.Ao) pela
cessão de dados meteorológicos utilizados neste trabalho, assim
como à valiosa colaboração de Lúcia Setiuko Tengan na realização
do mesmo.
7.BIBLIOGRAFIA
MINISTtRIO DA AERONÁUTICAo Gradiente de Ventoo Publicação
m~
105-9. Rio de Janeiroo 1982 0
WINDSHEAR: Conheça e eviteo Sipaer 3(4). são Paulo. 1988.
SANCHEZ, J.Ao & CARDIEL, Jo Guia de Windshear para Pilotos.
Publicação da Ibéria. Madri. 1987.
VARIG. Procedimentos em Tesouras de Vento. Informativo Avulso n Q 570. Porto Alegreo 19780
VASP. Windshear - Guia do Piloto (Volume 2) o são Paulo 19f38.
252
EPISÓDIOS DE WINDSHEAR
DATA
HORA( nc) tFATORES ASSOCIADOS
09.01.88 1600 Cb na aproxim.para pouso
S ITUACAO s r NÓ'l' rCA
Frente Fria en ·tre
RoJ. e EoS.
13.01.88
1146
Onda de montanha
14.01.88
1524
Onda de montanha
21.01.88
1526
Onda de montanha
04.10088
06010.88
1108
1516
12.10.88
1322
26 003089
1847
Cb- Trovoada e chuva
Circulação marítima e
nuvens convectivas(Cu)
Circulação marítima,asso
à Sis·tema frontal
Cb - Trovoada e chuva
29.04089
2158
Onda de montanha
14.09089
2344
Onda de montanha
24.09089
1907
Onda de montanha
06.02.90
27.03.90
27.03.90
14.06090
21006.90
27.08.90
1920
1627
1846
1425
1700
1342
Cb Onda
Onda
Onda
Onda
Onda
01010.90
1747
Onda de montanha
11.10.90
2219
16.10.90
1742
Onda montanha com Cb na
Aproximacão (CB W/NE)
Circulação marítima e
Cb NE/S
Alta 1018 hPa em 24S
33W
Alta 1022 hPa em 2iyS
32\1
Frente Fria no litoral de SP.
Frente Fria em SP
Frente Fria entre
R.Jo e EoSo
Frente Fria entre
são Paulo e RoJ.
Baixa 1014 hpa no
litoral de SP e RJ
Sistema pre-frontal
(frente no PR)
Frente entre SC e PR
Baixa 1010 255 50~
Pre-frontal com fren
te fria no PR
Altal022 hPa 34S37~
Frente entre SCe pq
Frente entre SC e PR
Alta 1026 34S e 25~
Frente entrando emSP
Linha inst.deSC ate
SP. Frente no RS
Frente de fraca int.
entre PR e SP
Frente fria entreSP
e RJ e Baixa aasoc.
Sistema pos-frontal
(Frente fria no RJ)
14.11.90
1915
~5.12.90
1805
Nuvens convectivas (Cu
e Cb - setor NW)
Nuvens convectivas (Cu
e CB nos setores W/N)
Onda de montanha-CB S/W
Onda montanha e CB N/W
Onda de montanha
Alta de 1024 hPa em
29S e 20 W
Alta de 1024 hPa em
3] S e 28 ;':
l\:B8ixa 1002 no PR,SC
e Oeste de SP
Alta 1022 j2S 27W
13.12.90 1122
P-3012.90 1155
18.12090 1319
Quadro lo
Trov.chuva e ra.iada
Montanha -Cb SE W
de montanha
de montanha
de montanha
de montanha
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