VI Seminário de Iniciação Científica – SóLetras - 2009 ISSN 1808-9216
A ESCOLA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO ATIVO E CRÍTICO:
UMA EXPERIÊNCIA
Cíntia Pires de Lemos Ramires (PG – UENP / Jac.)
[email protected]
Daniele Aparecida de Almeida(G – UENP / Jac.)
[email protected]
Juliana Barboza(G – UENP / Jac.)
[email protected]
Giane de Fátima Abreu(G – UENP / Jac.)
[email protected]
Ligiane Aparecida Bonacin(G – UENP / Jac.)
[email protected]
Silcinei de Oliveira Benetti(G – UENP / Jac.)
[email protected]
Marilúcia dos S. D. Striquer, Adenize A. Franco, Ana Paula Belomo Castanho
( Orientadoras - UENP / Jac.)
O presente artigo é uma parte do trabalho desenvolvido pelo
projeto: “A escola na formação do cidadão ativo e crítico”, pertencente ao
programa de extensão universitária, Universidade sem fronteiras, subsidiado
pela Secretaria do Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná
(SETI-FUNDO
PARANÁ).
Fazendo
parte
do
sub-programa
licenciaturas”, a execução do projeto se direciona a
“Apoio
às
alunos que estão
cursando o último ano do Ensino médio. O projeto deu princípio às suas
atividades no mês de abril de 2009, objetivando a melhoria em produções de
escrita e de leitura dos alunos como participantes da sociedade como um
todo.
As escolas participantes foram
identificadas a partir da
mensuração do seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) sendo
escolhidas as áreas socialmente mais críticas. Os colégios em questão são:
Colégio Estadual Anésio de Almeida Leite, Colégio Estadual José Pavan e
Colégio Estadual Luiz Setti.
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A equipe atuante é composta por cinco graduandos do curso de
Letras da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP/Campus
Jacarezinho) -Centro de Ciências Humanas e da Educação Centro de Letras
Comunicação e Artes, e um recém-formado da mesma instituição e curso.
Segundo as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para
os anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio (PARANÁ, 2008, p. 4),
“é nos processos educativos, e notadamente nas aulas de Língua Materna,
que o estudante brasileiro tem a oportunidade de aprimoramento de sua
competência lingüística, de forma a garantir uma inserção ativa e crítica na
sociedade”. Contudo, devido a diversos fatores, percebe-se que as escolas
não têm conseguido atingir de forma significativa o que rege as Diretrizes.
Essa deficiência contribui para um dos principais problemas da educação
brasileira: a dificuldade de grande parte dos alunos em conseguir relacionar
de forma crítica os conteúdos escolares à vida prática.
Diante desta situação, observa-se a importância deste projeto
que trabalha em parceria com as escolas, visando o preparo discente para a
vida, qualificá-lo para a cidadania, e capacitá-lo para o aprendizado
permanente. Para esse fim, será abordado no processo de trabalho do
projeto, a prática da leitura e da escrita, dando ênfase à modalidade escrita
da língua.
É de grande importância destacar que o projeto prioriza não
apenas a qualidade do trabalho, mas também sua divulgação para a
comunidade, pois para o seu desenvolvimento é fundamental a interação
projeto, escola e comunidade.
O projeto terá duração de vinte e um meses e com ele esperase proporcionar que o aluno do Ensino médio leia e produza textos escritos
de forma autônoma e crítica, de modo a expor, debater e defender suas
ideias, suas opiniões e sua subjetividade frente às diferentes circunstâncias
da vida. Para isso tem-se como norte os seguinte objetivos:
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1) Preparar o aluno para a continuação de sua formação
educacional, enfocando assim a prova de redação e interpretação de texto do
ENEM e dos vestibulares da região, os quais garantem acesso ao ensino
superior; também para os testes ou concursos públicos e privados, os quais
são portas de integração para a vida profissional;
2) Preparar o aluno como cidadão dono de seu próprio
destino, ou seja, promover que o aluno se sinta seguro em participar
efetivamente da sociedade, identificando diferentes opiniões e sabendo expor
as suas;
3) Preparar o aluno para o exercício da criatividade e
sensibilidade estética através do contato com a literatura.
Para o desenvolvimento do projeto, utilizamos as sequências
didáticas (SD) teorizadas por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), ao quais
definem que “uma seqüência didática [...] tem a finalidade de ajudar o aluno
a dominar melhor um gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou
falar de uma maneira mais adequada numa dada situação de comunicação”
(2004, p.97). Ressaltam ainda a importância dos alunos terem acesso a
práticas de linguagens novas ou dificilmente domináveis. Assim, o conjunto
de atividades que realizamos abrangeu a abordagem do gênero textual
artigo de opinião.
As etapas desenvolvidas pela SD são as seguintes:
1) Apresentação da situação: o professor irá descrever de
maneira detalhada, a tarefa que os alunos realizarão, seja
ela, oral ou escrita por meio de um texto inicial.
2) Primeira produção: esta etapa proporciona ao professor
avaliar as capacidades do aluno e verificar as dificuldades
da turma. Além disso, a primeira produção é responsável
pela elaboração dos módulos, pois as dificuldades serão
trabalhadas na próxima etapa.
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3) Módulos: constituída por várias atividades e exercícios,
serve de instrumento para que o aluno possa dominar o
gênero, superando suas dificuldades.
4) Produção final: aqui os alunos podem pôr em prática todos
os conhecimentos adquiridos nos módulos e medir os
progressos alcançados.
Como recomenda a SD em que nos baseamos, apresentamos a
situação do trabalho com o gênero textual escolhido aos alunos. Explicamos
o porquê de se trabalhar com o gênero artigo de opinião evidenciando os
seguintes argumentos: os articulistas utilizam este gênero para apresentar à
sociedade suas opiniões a respeito de um assunto; é identificando,
reconhecendo, refletindo sobre diversas opiniões que podemos formar as
nossas; esses textos estão presentes como texto de apoio a propostas de
redação (apresentação de propostas de vestibular – UENP) e também estão
presentes como texto de apoio para proposta de interpretação e de
conteúdos gramaticais na prova de língua portuguesa do vestibular e do
ENEM.
Após fazer estas considerações, exibimos onde esses textos
são veiculados, assim, os alunos puderam manusear revistas, jornais em que
identificaram o lugar que estes textos ocupavam.
Para que os alunos pudessem explorar as características
discursivas do texto, foram sugeridas perguntas elaboradas por Lopes-rossi
(2005, p. 84 a 86) em “Gêneros discursivos no ensino de leitura e produção
de textos”.
Quem escreve (em geral) esse gênero discursivo? Com que propósito?
Onde? Quando? Como? Com base em que informações? Como o
redator obtém as informações? Quem escreveu este texto que estou
lendo? Quem lê esse gênero? Por que o faz? Onde o encontra? Que
tipo de resposta pode dar ao texto? Que influência pode sofrer devido
a essa leitura? Em que condições esse gênero pode ser produzido e
pode circular na nossa sociedade? (p.84).
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Em seguida, foi apresentado aos alunos o artigo de opinião “A
escolha da profissão”, por Jussara Barros, retirado do site Brasil escola e “A
escolha da profissão, escrito por Ana Cássia Maturano, do G1; situação em
que os alunos puderam completar as respostas pedidas acima com os
referidos textos. Adiante, foi feita a leitura de “O vestibular deve ser extinto”,
Folha de S.P e “MEC propõe que Enem substitua vestibular de 55
universidades federais”, do G1 para que os alunos pudessem refletir sobre os
temas e expor oralmente suas opiniões.
Pedimos aos alunos que definissem sobre qual assunto
queriam conversar, escolha da profissão ou vestibular. Depois de iniciar um
debate, exploramos as perguntas: “Por que esse assunto te interessa mais?
Qual sua opinião sobre esse assunto? O que você sabe a respeito?” Enfim,
deixamos que os alunos pudessem expor oralmente suas opiniões.
Após promover um debate sobre o assunto, conscientizamos
os alunos que quanto mais eles lêem, ouvem, discutem o assunto, mais eles
formam suas próprias opiniões e consegue m transcrevê-la para o papel,
produzindo sua redação.
No segundo encontro, trabalhamos com o texto e tema
escolhidos pelos alunos. Foi exposta uma definição para o gênero “artigo de
opinião” em que mencionamos que ele pertence ao domínio jornalístico e
evidenciamos
sua
determinada
ideia
função
e
maior:
influenciá-lo
convencer
o
através
de
interlocutor
uma
de
uma
argumentação,
apresentando dados consistentes.
Em seguida, foi promovido um colóquio a ponto de direcionar
reflexões que auxiliaram os alunos a identificarem a opinião do autor,
argumentos e contra-argumentos.
Depois de encontrarem a opinião e os argumentos, falamos na
possibilidade deles produzirem um artigo de opinião e mencionamos
brevemente as etapas da sequência didática para tranquilizá-los, dizendo
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que apesar da primeira produção eles teriam os módulos com conteúdos a
fim de a aperfeiçoar suas produções textuais para a produção final.
Após os professores darem todas as orientações necessárias
para a produção textual, os alunos redigiram seus textos.
Na produção desse primeiro texto, foi possível identificar as
capacidades que os alunos já obtinham internalizadas e os pontos que
necessitavam de direcionamentos para melhoras. A equipe corrigiu as
redações e percebeu as dificuldades dos alunos que abrangiam a construção
de parágrafos, concordância verbal e nominal, dúvidas ortográficas e o mau
uso e a ausência de operadores argumentativos. Logo, esses assuntos foram
elencados para a inserção nos módulos para oferecer aos alunos os
instrumentos necessários para superar as dificuldades apresentadas na
primeira produção.
Para exemplificar a construção de parágrafos, tomamos como
exemplo uma das redações nota dez do Enem 2006, intitulado “Benefícios da
leitura” para que os alunos pudessem observar sua estrutura, tema, os
parágrafos e suas funções: apresentação do ponto de vista, argumentos e a
conclusão através do retomar das idéias.
Como exercício de fixação do conteúdo, utilizamos o texto “As
conseqüências do desemprego”, retiramos os parágrafos para que os alunos
organizassem o texto de maneira correta, introduzindo a paragrafação. Com
bom desempenho dos alunos nesta atividade passamos ao próximo módulo.
Na
abordagem
da
concordância
verbal
e
nominal,
primeiramente expomos os conceitos acompanhados de exemplos com e
sem as devidas concordâncias a fim dos alunos perceberem as diferenças.
Em seguida, apresentamos os exercícios de fixação do conteúdo. Obtemos
bons resultados com os exercícios, logo, trabalhamos com os operadores
argumentativos.
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Evidenciamos o trabalho com esses operadores por indicar a
argumentatividade dos enunciados, o que colaboraria, então, com os
argumentos expostos pelos alunos em seus textos.
Aproximamos este
conteúdo com o cotidiano escolar dizendo que as palavras que funcionam
como operadores argumentativos são os conectivos, os advérbios e outras
palavras que, dependendo do contexto, não se enquadram em nenhuma das
dez categorias gramaticais.
Terminado esse módulo, e após procurar sanar as dificuldades
dos alunos, passamos a produção final. Assim, os alunos reelaboraram seus
textos, desta vez preenchendo as lacunas deixadas na primeira produção, o
que só foi possível depois de um trabalho persistente e objetivo proposto nos
módulos.
Buscou-se, de forma geral, capacitar os alunos para o
aprendizado permanente. Espera-se que o projeto “A escola na formação do
cidadão ativo e crítico”, ainda em continuidade, tenha contribuído de alguma
forma, para a sociedade, ajudando os alunos da rede pública de ensino a
continuarem e investirem na sua formação educacional, preparando-os para
cidadania para que se sintam seguros em participar efetivamente da
sociedade, identificando diferentes opiniões e sabendo expor as suas, de
forma autônoma, reflexiva e crítica. Sob uma perspectiva interacionista,
envolveu-se o processo de aprendizagem com etapas, as quais o projeto
atuou fielmente, para preparar os alunos para a vida, destacando as
dificuldades encontradas com módulos, dos quais trabalhados em sala de
aula surtiram efeito, a um aprendizado satisfatório.
Referências Bibliográficas:
DOZ, J.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Seqüências didáticas para o oral e
a escrita: apresentação de um procedimento. In: DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B.
Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org. Roxane Rojo e Glaís
Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128.
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LOPES-ROSSI, M.A.G. Gêneros discursivos no ensino de leitura e produção
de textos. In: KARWOSKI, A.M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, B.S. (Orgs.).
Gêneros textuais: reflexões e ensino. Palmas e União da Vitória, Pr:
Kaygangue, 2005, p. 79-93.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de
Língua Portuguesa para os Anos finais ao Ensino Fundamental e
Ensino Médio. Curitiba: SEED, 2008.
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O presente artigo é uma parte dos estudos realizados pelo