Hepatites Virais (A-E)
(muitas figuras obtidas do CDC, de Linda Stannard e da home page de Derek Wong)
http://www.medicinenet.com/hepatitis_pictures_slideshow/article.htm
Tipos de Hepatites
A
Fonte de
virus
fezes
B
sangue/
C
sangue/
sangue/
percutânea percutânea
permucosa permucosa
percutânea
permucosa
Via de
transmissão
fecal-oral
Cronicidade
não
sim
sim
pre/posexposição
pre/posexposição
teste de
doadores
modif. de
comportam.
Prevenção
D
sim
E
fezes
fecal-oral
em imunodeprimidos
pre/posTratamento
Exposição de água
modif. de
comportam.
Vírus da Hepatite A (HAV) – Histórico
-
Icterícia epidêmica- 400 a.C.
“
“ associado a uso de agulhas- séc. XX
Vacinas contra Febre amarela - II Guerra Mundial
Anos 40- ligação entre vírus x hepatites
1947 MacCallum => incubação curta => HAV (18-37 dias)
=>
“
longa => HBV (50-180 dias)
- HAV visto por ME em 1973
- PJ Provost (1979) =>multiplicação in vitro
Vírus da Hepatite A (VHA; HAV)
- Membro da família Picornaviridae
- Gênero Hepatovirus
- simetria icosaédrica (27-32 nm)
- RNA (+) fs
- não envelopados
(picorna=>RNA pequeno)
- > 13 Gêneros, entre eles:
Hepatovirus (Hepatite A)
outros:
Enterovírus (Polio, Coxsackie, Entero)
Rinovírus (resfriados)
Aftovírus (Febre Aftosa)
Filogenia
HAV
X Wang et al. Nature 000, 1-4 (2014) doi:10.1038/nature13806
Overall structure.
X Wang et al. Nature 000, 1-4 (2014) doi:10.1038/nature13806
O HAV é muito estável em relação à temperatura e pH.
X Wang et al. Nature 000, 1-4 (2014) doi:10.1038/nature13806
http://www.ibibiobase.com/projects/hepatitis/hepatitis-aA.htm
O receptor do vírus da Hepatite A (HAV)
Nome oficial: hepatitis A virus cellular receptor 1 ou HAVCR1
Fonte: HGNC:HGNC:17866
Outros nomes:
CD365, HAVCR, HAVCR-1, "T-cell immunoglobulin mucin family
member 1", TIM-1, TIM1, TIMD1
TIM; KIM1; TIM1; CD365; HAVCR; KIM-1; TIM-1; TIMD1; TIMD-1;
HAVCR-1
Receptor de membrana para HAV e TIMD4.
Obs: Esta proteína pode estar envolvida na moderação de asma e
doenças alérgicas!
Contém um alelo com uma sequencia de aminoácidos (MTTVP), que
confere proteção contra atopia em pessoas soropositivas para
HAV.
.
REPLICAÇÃO HAV (genoma RNA fs +, nús)
Adsorção
Exocitose ou
lise celular
CD365
Desencapsidamento
Penetração
Síntese
RNA (+)
Proteínas
Replicação
RNA (-)
Membrana
Montagem
(inclusão? )
Núcleo
Hepatite A – Transmissão
- Via fecal-oral (contato direto/indireto, fômites)
- Contaminação de águas
- Frutos do mar em águas poluídas
- Sistema de esgotos deficientes
- Verduras e alimentos não apropriadamente lavados
Hepatite A
Patogenia:
Entrada via oral -
Replicação no fígado – vírus nos dutos biliares - intestino
Virus no sangue e fezes 10-12 dias após a infecção
Excreção viral tende a terminar com o surgimento de
anticorpos, mas pode persistir por até 3 semanas
após o aparecimento dos sinais
Hepatite A
Características clínicas:
- período de incubação 3-5 semanas
- mais leve do que Hepatite B
- infecções assintomáticas comuns,
especialmente em crianças até 6 anos (70%)
- adultos (em particular gestantes) doença severa
- convalescença pode ser prolongada
- não há casos crônicos
Complicações:
-Hepatite fulminante = rara (0.1% dos casos)
Hepatite A
Características clínicas:
- período de incubação 15-50 dias (média 30 dias)
- Febre, mal-estar, náusea, vômitos, desconforto abdominal,
- Urina escura (colúria), fezes claras (acolia fecal), icterícia.
Raros: mialgia, prurido, diarréia, artralgia, exantemas
- Não há cronicidade
- Convalescença pode ser prolongada –pode durar até 6 meses
com disseminação de vírus (recidivante ou polifásica).
Laboratório: - Bilirrubina
- Aspartato-aminotransferase ( AST)
- Alçanina-aminotansferase (ALT)
Complicações: Hepatite fulminante = rara (0.1% dos casos)
http://www.medicinenet.com/hepatitis_pictures_slideshow/article.htm
Hepatite A
IgG anti-HAV
sinais
ALT
viremia
HAV
Fecal
IgM anti-HAV
0
Infecção
1
2
4
5
6
3
Meses após exposição
1
2
2
4
Hepatite A Características Clínicas

Incubação:
Média 30 dias
(15-50 dias)

Icterícia por
faixa etária:

Complicações:

Sequelas crônicas: Nenhuma
<6 anos, <10%
6-14 anos, 40%-50%
>14 anos, 70%-80%
Hepatite Fulminante
Colestática
Recidivante
Hepatite A Características Clínicas
• Incubação 28 dias (~ 15-50 dias)
• Doença sem sinais patognomônicos
• Probabil. de doença sintomática diretamente
relacionada à idade
• Crianças geralmente assintomáticas; adultos
sintomáticos
Hepatite A Características
Clínicas
Doença usualmente não dura > 2 meses
Entretanto: 10%–15% pacientes tem sinais
prolongados ou de relapso que podem durar até 6
meses.
Diagnóstico de Hepatite A :
Detecção de anticorpos contra o vírus:
Anti-HAV
Infecção recente
Infec. passada ou vacinação
Sem contato
+/+
-
IgM anti-HAV
+
-
Hepatite A - Diagnóstico
Suspeita de Hepatite A
Solicitar IGM anti-HAV
IgM +
Hepatite
A aguda
IgM –
Solicitar
sorologia
para HBC e HCV
Hepatite A
Epidemiologia
- É a mais comum das hepatites virais
endêmica na maioria dos países => 1,4milhões de casos/ano
- declinando nos países desenvolvidos
- associada a baixas condições de sanitarismo
- alta incidência em populações economicamente mais pobres
(pode chegar a 100%)
- Brasil ~7000 casos/ano
Sul e Sudeste: prevalência 35 a 37 % entre 9 -19 anos
Norte, Nordeste e Centro Oeste: 56 a 67%
Hepatite A
Epidemiologia
- Seis genótipos (I a VI)
- Seis sub-genótipos (IA, IB, IIA, IIB, IIIA, and IIIB) (Robertson et al. 1992, Lu et al.
2004).
- Brasil: IA mais comum, mas há IB. (dos Santos et al 2008)
-Há diferenças geográficas na distribuição mundial dos genótipos
-No RJ: variação em prevalência de 98.1 to 7.8%
- Dos Santos et al. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 103(3): 254-258, 2008
- Vitral et al. Mem Inst Oswaldo Cruz 93: 1-5. 1998
Prevalência HAV
Prevenção Hepatite A:
- Vacinação (vacina inativada)
- Vacina “Vaqta” (no Calendário Básico de Imunização)
- Em crianças a partir de 12 meses
- Imunização passiva:
- para pessoas que viajam para países de alta e
moderada endemicidade
- contatos pós-exposição, creches; exposição a
fonte comum de contaminação
- contatos íntimos com infectados
Hepatite B
Vírus da Hepatite B
- É um Hepadnavírus
- esféricos, 42 nm (partículas de Dane)
- genoma de ~3200 pb
- envelopados
- formas tubulares
- grande quantidade de vírus
no plasma de portadores
- somente afeta humanos
- não há outros reservatórios
https://en.wikipedia.org/wiki/Hepatitis_B_virus_precore_mutant#/media/File:HBV_Genome.svg
Genes do HBV
Gene S: codifica (HBsAg).
Gene P: DNA polymerase.
Gene C: HBeAg e HBcAg.
O gene C gene tem uma região pré-core (pré-capsídeo) e core (capsídeo).
Se tradução inicia na região pré-core=> gera HBeAg.
na região core => HBcAg.
HBeAg=> é marcador de replicação e infectividade.
A região pré-core não é necessária para a replicação viral.
Estes são facilmente detectáveis pela presença de DNA Viral no soro, mas sem a
presença de HbeAg.
O gene X gene codifica o antígeno X (HBxAg) e parece estar associado a
carcinogênese- codifica uma proteína transativadora que potencializa a replicação
viral.
Mutantes no promotor basal do core promoter (BCP) A1762T e G1764A=> levam
a uma redução na produção de HBeAg.
A frequência destas mutações varia com o genótipo.
Coexistência de HBsAg e anti-HBSAg
O genoma do HBV contém quatro ORFs parcialmente sobrepostos:
préS/S, préC/C, P e X.
A préS/S codifica as proteínas de superfície grande, média e pequena
(L), (M), (S).
A proteína S protein contém 226 aa, sendo as M e L montadas por
extensões de 55 aa (préS2) e 108–119 aa (dependendo da amostra)
na préS1.
A região pré-S é vital na interação com a resposta imune do
hospedeiro pois há epitopos de céls B e T nessa região
Mutantes com a região préS deletada podem apresentar coexistência
de HBsAg e anti-HBs em pacientes com HB crônica.
[[Locarnini et al., 2003; Kuroki et al., 1990;
Maeng et al., 2000; Park et al., 2000; Chen et al., 2006].
O mutante pré-core => é um vírus que não produz antígeno E
(HBeAg).
- Usualmente em pacientes crônicos de longo tempo
- Difíceis de tratar podem provocar infecções crônicas com risco mais
alto de cirrose ]
- Mutações: guanina para adenina na posição 1896 (G1896A),
ou: citosina to timina na posição 1858 (C1858T)
na região pré-capsídeo ou pré-core.
Genotipagem de HBV e prognóstico
O genótipo de HBV é preditivo do resultado clínico e da resposta a tratamento
com IFN.
Correntemente há pelo menos 10 HBV genótipos e muitos subipos
identificados
Infecção aguda com genót. A & D= > cronicidade do que genót B & C.
Pacientes com C ou D tem taxas mais baixas de soroconversão e mais
tardias para anti-HBeAg do que A & B.
HBV genotipo C > frequência de mutação do promotor basal do core (BCP)
A1762T/G1764A, deleção da região pré-S e é associado com maior carga
viral do que genót B.
O genót D tem prevalência maior de BCP A1762T/G1764A do que genotipo A
=> Isto pode contribuir para doença mais severa, incluindo cirrose e CHC com
os genóts C & D.
Genót A & B => melhor resposta a terapia com IFN do que genót C & D.
Logo: genotipagem de infecções com HBV crônicas HBV podem ajudar os
clínicos a prever a progressão da doença e otimizar o tratamento.
DOI: 10.1111/j.1440-1746.2010.06541.x
Hepatite B- Epidemiologia
Mundo: ~2 bilhões de infectados
350 milhões de portadores (WHO, 2012)
- grande quantidade de vírus
no plasma de portadores
- somente afeta humanos
- não há outros reservatórios
Hepatite B
Modos de Transmissão
 Pequenos volumes de sangue são importantes
 Sexual - profissionais do sexo e homossexuais
 Parenteral - Usuários de drogas injetáveis, trabalhadores da
saúde
 Perinatal - Mães positivas para HBeAg: muito mais prováveis
de infectar seus filhos.
 Indefinida – contato familiar entre infectados e não infectados
 Transmissão perinatal + indefinida são as principais formas
de transmissão em populações de alta prevalência.
Genótipos de HBV
8 genótipos (A a H) com > 8% divergência no genoma completo:
Mais 2 genotipos (I e J) propostos (Olinger et al 2008; Tatematsu et al 2009; Huy et al 2008)
Alguns genótipos subdivididos em subgenótipos (Norder et al 1994)
HBV/A e HBV/D: distribuição mundial
HBV/B e HBV/C: sudeste da Ásia
HBV/E: África central e oeste
HBV/F e HBV/H: populações nativas das Américas
HBV/G: baixa prevalência, mas mundial =>
frequentemente reportado em pacientes com HIV
Genótipos de HBVt
HBV/G não expressa HBeAg, mas quase
invariavelmente co-infecta com outro genótipo,
usualmente HBV/A (raramente HVB/C, F e H)
(Kato et al 2002; Fallot et al 2012; Sanchez et al 2007)
HBV/G, HBV/F e recombinantes G/F tem sido
detectados nas Américas, incluindo Brasil
(Araújo et al 20013 JGV 94:151-158).
Pacientes com HBV/G + HIV tem risco mais elevado de
fibrose hepática (Dao et al 2011)
TRANSMISSÃO
100
80
80
60
60
infecção crônica
40
40
20
20
Infecção sintomática %
infecção crônica (%)
100
Relação entre infecções por HBV, idade e
cronicidade
infecção sintomática
0
Nascim.
1-6 Meses
7-12 Meses
Idade à infecção
1-4 Anos
0
Cr. mais velhas
e
Adultos
Antígenos do HBV (marcadores):
HBsAg = prot. envelope
HBcAg = ag interno (capsídeo)
HBeAg = prot. secretada, não estrutural
função desconhecida
HBcAg
HBsAg
Hepatite B - marcadores
HBsAg no soro = multiplicação viral
HBeAg = multiplicação viral em alta
HBcAg = não encontrado no sangue
Câncer primário de figado; Carcinoma hepatocelular; Hepatoma
É o tumor maligno mais comum do fígado
Estima-se: 750 mil novos casos/ano; 695 mil mortes/ano
É um tumor complexo, heterogêneo e com limitadas
opções de tratamento.
Pessoas infectadas com HBV tem 100 vezes + chance de
desenvolver Hepatoma
Onde a prevalência de HBV é baixo, o HCV tem aumentado
como causador de câncer
HBV e câncer:
Infecção ativa c/ HBV e Hepatoma => tem distribuição geográfica igual
 A maioria dos casos de hepatoma ocorrem em portadores de HBV (ou HCV)
 Tumores são usualmente clonais em relação à sequências virais integradas,
portanto provavelmente ocorre muitos anos antes do desenvolvimento do câncer
 O vírus não tem um oncogene; acredita-se que enzimas como a
topoisomerase I sejam responsáveis pela recombinações,
que podem ocorrer em qualquer local no genoma.
 A integração do genoma do HBV no genoma celular causa
instabilidade genética através de repetidas mutações, deleções
e inversões.
 O gene “X” codifica uma proteína trans-ativadora que não
está presente em hepadnavírus não oncogênicos. Talvez seja
necessária no começo, mas não depois, pois a expressão de genes
do HBV no tumor é quase nula.
Hepatite B
- 3% desenvolvem hep cronica ativa
- carcinoma hepático
- infecções perinatais:
> risco antigenemia crônica
hep cronica
cirrose
hepatoma
Hepatite B
Descrição clínica
- Período de incubação 45-100 dias
(média 70)
- anorexia
- náusea
- vômitos
- dores abdominais
- artralgia
- erupções
- icterícia
- febre leve ou ausente
- varia de leve a fulminante,
com necrose hepática aguda
- infecções perinatais
Hepatite B
Epidemiologia
- Letalidade: 1% em maiores de 40 anos
- Portadores (adultos) em 0,1% a 20%
- Crianças: portadores em 70% a 90%
- Portadores podem não ter antecedentes
de hepatite clínica.
Hepatite B aguda com recuperação
sinais
HBeAg
anti-HBe
anti-HBc total (IgG + IgM)
Título
0
4
anti-HBs
IgM anti-HBc
HBsAg
8
12 16 20 24 28 32 36
52
semanas após exposição
100
Hepatite B crônica
aguda
(6 Meses)
crônica
(Anos)
HBeAg
anti-HBe
HBsAg
anti-HBcAg total
Título
IgM anti-HBc
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36
52
semanas após exposição
Anos
HEPATITE B x CÂNCER (CHC)
7O cancer + FREQ EM HOMENS
9O cancer + FREQ EM MULHERES
> 500 000 MORTES ANUAIS (4 Homens : 1 Mulher)
Países desenvolvidos: 2-5/ 100 000 / ano
outros: 23-150 / 100 000 / ano
- relação HB Persistente X CHC: 5 a 20% China
1 a 5% América do Sul
0,1 a 1% mais desenv
Hou J, Liu Z, Gu F. Epidemiology and Prevention of Hepatitis B Virus Infection. Int J Med Sci 2005; 2(1):50-57. doi:10.7150/ijms.2.50.
Available from http://www.medsci.org/v02p0050.htm
HEPATITE B
DIAGNÓSTICO:
Clínico + Provas de função hepática
Testes laboratoriais específicos:
ELISAs para:
- HBsAg
- anti-HBsAg
- anti-HBcAg
- HBeAg
- antiHBeAg
-IgM presente até 6 meses após infecção aguda
Hepatite B
Anticorpos:
Anti-HBs = tarde durante a convalescença
Anti-HBe = indica queda na multipl viral
Anti-Core (anti-capsídeo) IgM = infecção recente
Anti-core IgG = depois da IgM; permanece
em portadores e recuperados
Vacinados: desenvolvem somente anti-HBsAg
HEPATITE B
Vacina: HBbsAg recombinante dias 1, 30 e 5 meses
Vacinação: após 3 doses: 95% reagentes
Pessoas de alto risco:
áreas da saúde
parceiros sexuais de portadores
filhos de mães portadoras
homossexuais
prostitutas
tatuados
pessoas c/contato com sangue
contato sexuais c/ contaminados
Tratamento Hepatite B
Aguda: tratamento de suporte
Hepatite B crônica:
Antivirais (adefovir dipivoxil, interferon alfa2b, IFN alfa-2a peguilado, lamivudine,
entecavir, telbivudine)
Hepatite B- excelente revisão
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Hou J, Liu Z, Gu F.
Epidemiology and Prevention of Hepatitis B
Virus Infection. Int J Med Sci 2005; 2(1):50-57.
doi:10.7150/ijms.2.50.
http://www.medsci.org/v02p0050.htm
Vírus da Hepatite C
-
é um flavivírus ( fam. Flaviviridae)
- gênero Hepacivírus
- globulares (50 nm)
- RNA fs polaridade positiva 9,5 kb
- nucleocapsídeo icosaédrico
- envelopado
O genoma do HCV
Journal of Hepatology 2013 59, 375-382DOI: (10.1016/j.jhep.2013.03.030)
Copyright © 2013 European Association for the Study of the Liver Terms and Conditions
Replicação - HCV
•
O ciclo replicativo do HCV é intimamente
ligado ao metabolismo de gorduras.
•
O RNA viral é traduzido em uma longa
poliproteína que a seguir é clivada por
proteases virais e celulares.
•
As proteínas do HCV se associam ao
retículo endoplásmico (RE), que é o o sítio
de replicação do HCV.
•
A montagem se dá em gotículas de gordura.
•
Vírions deixam a célula “pegando carona”
no caminho de secreção da
apolipoproteina B.
HCV - Epidemiologia
Transmissão:
- via parenteral
- usuários de drogas injetáveis
- sexual
- contatos familiares
- transfusões
- profissionais da saúde
- desconhecida
(Modified from Perz JF, Farrington LA, Pecoraro C, et al. Estimated global prevalence of hepatitis C virus infection. 42nd Annual Meeting of the
Infectious Diseases Society of America; Boston, MA, USA; Sept 30–Oct 3, 2004. Data source: World Health Organization.)
Hepatite C Epidemiologia
Distribuição:
- genótipos 1b,2a, 2b e 3 => mundial
4 => África do norte e central
5 => África do Sul
6 => Sudoeste da Ásia
- prevalência no mundo: ~ 1% (170 milhões infectados)
- no Brasil: 3 milhões infectados
Diagnosticados: 20% ( 70% por acaso)
30% => cirrose em 10 anos
5% => câncer hepático
Fatores de risco associados à
transmissão do HCV
 Transfusão ou transplante de doador
infectado
 Uso de drogas injetáveis
 Hemodiálise (anos de tratamento)
 Acidentes com agulhas e frascos quebrados
 Exposição sexual/ domiciliar a HCV-positivos.
 Multiplos parceiros sexuais
 Parto de mãe infectada
 Tatuagem/acupuntura
Hepatite C - Sinais
Incubação:
Doença clínical (Icterícia):
Média 6-7 sem
(2-26 sem)
30-40% (20-30%)
Hepatite crônica :
70%
Infecção Persistente:
85-100%
Imunidade:
Sem indução de
anticorpos protetores
HEPATITE C - ACHADOS CLÍNICOS
- p.i. 2-4 meses (média 5 semanas)
- usualmente subclínica
- agudas: começo insidioso
anorexia
dores abdominais
náusea
vômitos
1/4 icterícia
fulminante: só no Japão
- ausência de marcadores para outras hepatites
- anticorpos anti-HCV
- ALT alta
HEPATITE C - ACHADOS CLÍNICOS
~ 80% casos => cronicidade
destes, 20 a 35% => cirrose hepática
uma porção significativa=>
carcinoma hepatocelular
HEPATITE C CRÔNICA
- pode ser sintomática ou assintomática
- maioria permanece ~ 10 anos sem sinais
- em alguns: fadiga, fraqueza,
depauperamento, ascite
- morte por colapso hepático => 20-25% dos casos
- indicação para transplante
- alcoolismo => cofator importante
HEPATITE C - CRÔNICA
- importantes no curso da doença:
- modo de infecção (dose de vírus)
- genótipo do vírus
- alcoolismo
- MHC individual
Hepatite C crônica
• O quadro da Hepatite C crônica é
essencialmente o mesmo da Hepatite B
crônica.
• todas as manifestações de Hepatite B crônica
podem ser vistas, embora com frequencia
menor, tais como:
hepatite crônica persistente, hepatite crônica
ativa, cirrose, e carcinoma hepatocelular.
Hepatite C
Perfil sorológico típico
antiHCV
sinais
Título
ALT
Normal
0
1
2
3
4
Meses
5
6
Tempo após
exposição
1
2
3
Anos
4
HCV - DIAGNÓSTICO
- Anticorpos anti-HCV (ELISA)
- detecção do genoma por RT-PCR
Cultivo in vitro: não é usado
HCV
“Atualmente, um teste único buscando a detecção de
genomas é considerado suficiente para descartar infecção
crônica quando avaliando paciente positivo para
anticorpos mas sem risco de exposição continuado.
Entretanto, RNA pode não ser detectável em pacientes
que foram expostos recentemente (prévios 6 meses), logo
o teste deve ser repetido >= 6 meses para descatar
infecção crônica.
HCV - Tratamento
- alfa interferon (-IFN) (peguilado)
- ribavirina
Sucesso do Tratamento: genótipo: tipo 1 mais resistente
Os inibidores de protease de HCV- boceprevir (Victrelis™)
e telaprevir (Incivek™) são recomendados para
tratamento de HCV genótipo 1
Sofosbuvir (Sovaldi™) e Simepervir =>inibidores da
polimerase viral NS5B
Outros
antivirais em
estudo:
Inibidores de NS5A:
Faldaprevir,
Daclatasvir,
Ledispavir,
Asunaprevir.
Combinações de daclatasvir e asunaprevir,
ledipasvir e sofosbuvir,
simeprevir sem interferon, com ou sem ribavirina, com
ritonavir, sofosbuvir ou daclatasvir, por 8 a 24 semanas,
mostraram taxas de resposta variando de 82 e 99%.
Hepatite C – novo tratamento
• Inclui inibidor de protease: boceprevir ou
telaprevir
• Chance de cura aumenta para 70%
• Limitado ao genótipo 1
• Mais efeitos colaterais:
– anemia grave e quadros dermatológiocos
severos
85
HCV – Sofosbuvir e Simeprevir
• Antiviral de ação direta: inibe a RNA
polimerase viral NS5B
• Menor efeito colateral
• Associado a Interf + Ribav: ~90% de cura
• Tempo de tratamento diminui: 12 semanas
• Daclatasvir: inibe a NS5A
Fonte: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/34964-daclatasvir-novo-medicamento-hepatite-c-recebe-registro-da-anvisa
86
HCV – Sofosbuvir e Simeprevir
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:HCV_genome.png
87
COMPLICAÇÕES - HCV
Tem a ver com a resposta imune do paciente.
Podem incluir:
- Diabete mellitus => 3X > em HCV-infectados
- Glomerulonefrite
- Crioglobulinemia essencial mista: envoleve a presença de
proteínas anormais no sangue
- Porfiria cutânea tarda: produção anormal do heme, levando
a fragilidade da pele e formação de bolhas
- Linfoma não-Hodgkins: mais frequente em HCV-infectados
FONTE: http://www.cdc.gov/hepatitis/HCV/HCVfaq.htm#section4
Diagnóstico Laboratorial
• Anticorpos anti-HCV - geralmente usado para diagnosticar
a infecção. Inútil na fase aguda pois leva pelo menos 4
semanas após a infecção para os Acs se tornarem
detectáveis.
• HCV-RNA - várias técnicas estão disponíveis. Pode ser
usada para diagnosticar infecção pelo HCV em fase aguda.
Entretanto, seu uso maior é para monitorar a resposta ao
tratamento antiviral.
• Antígenos do HCV - um ELISA para antígenos do HCV
está disponível. Reportado que tem a mesma capacidade de
testes de detecção de RNA porém mais baratos e simples.
Tratamento
• Interferon (IFN) - pode ser considerado para
pacientes com hepatite crônica ativa. A taxa de
resposta é em torno de 50% mas 50% desses
vão sofrer relapso por abandono de tratamento.
• Ribavirina- em combinação com IFN é mais
eficaz do que como única droga.
Tratamento HCV
•
O Diário Oficial da União publicou, nesta segunda-feira (30/3) o registro do Sovaldi (sofosbuvir). Este é terceiro
medicamento novo para o tratamento da Hepatite C registrado pela Anvisa em 2015.
Com o registro, a substância passa a integrar a lista de medicamentos inovadores – também composta pelo Daklinza
(daclatasvir) e Olysio (simeprevir) – que tiveram processos de análise de registros priorizados pela Agência a pedido
do Ministério da Saúde em setembro de 2014. O pedido de priorização foi realizado dentro dos critérios estabelecidos
pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 37/2014, que disciplina o tema.
A priorização de análise torna mais ágil o processo de registro dos medicamentos pela Anvisa. Apesar da maior
agilidade no processo, todas as etapas para o registro de um medicamento no país são mantidas como: análise da
tecnologia farmacêutica, de eficácia e de segurança
O medicamento Sovaldi foi aprovado pela Anvisa na forma farmacêutica comprimido e concentração de 400mg. A
administração deve ser feita por via oral em adultos, uma vez por dia, sempre de acordo com a recomendação médica.
Tempo
O tempo de análise transcorrido após a priorização dos pedidos de registros dos medicamentos Daklinza (daclatasvir)
foi entorno de quatro meses, do Olysio (simeprevir) foi de cinco meses. Já o prazo para o registro do Sovaldi
(sofosbuvir) levou cerca de 6 meses. Isso atesta a prioridade dada pela Agência para a avaliação de medicamentos de
interesse público, já que as novas terapias são tecnologia inovadoras que possibilitarão benefícios aos pacientes com
diagnóstico de Hepatite C.
Também está sob a avaliação prioritária da Anvisa uma associação medicamentosa de quatro fármacos ( dasabovir +
ombitasvir + ritonavir + veruprevir) para o tratamento da hepatite C.
Prevenção de Hepatite C
 Triagem de sangue, órgãos, doadores
 Modificação de comportamento de alto
risco
 Precauções com sangue e líquidos
corporais
OUTROS VÍRUS
Com genoma contendo RNA:
Hepatite G (Ga e Gb; GBV)
(Flaviviridae) – não causam hepatites
Hepatite Delta (HDV)
(Deltaviridae)
Vírus da Hepatite D (Delta)
antígeno 
HBsAg
RNA
HEPATITE DELTA (HDV)
- vírus
defectivo
- envelope de HBSag
- internamente um antígeno único (Ag Delta)
- genoma de RNA
- não pode infectar célula sozinho
- síntese de VHD => supressão temporária
da síntese de prots do HepB
Hepatite D - Clínica
 Coinfecção:
– Doença severa aguda.
– Baixo risco de infecção crônica
 Superinfecção:
– Usualmente desenvolvem HD crônica.
– Alto risco de doença crônica severa.
– Pode se apresentar como hepatite aguda.
Hepatite D Transmissão
 Exposição percutânea
 Uso de drogas injetáveis
 Exposição permucosa
 Contato sexual
HBV - HDV - Coinfecção
Típico perfil sorológico
sinais
ALT Elevada
Título
anti-HBs
IgM anti-HDV
HDV RNA
HBsAg
anti-HDV total
( IgM + IgG)
Tempo após exposição
HBV - HDV - Superinfecção
Típico perfil sorológico
Icterícia
sinais
Título
total anti-HDV
IgM + IgG
ALT
HDV RNA
HBsAg
IgM anti-HDV
Tempo após exposição
HEPATITE DELTA
DIAGNÓSTICO
- Anticorpos IgM (aguda) ou IgG (crônica)
anti-Delta no soro
- Rt-PCR em busca do genoma viral
- Ag Delta no soro ou fígado (biópsia)
Hepatite D - Prevenção

Coinfecção por HBV-HDV
Profilaxia pré ou pós-exposição para
prevenir a infeção por HBV.

Superinfecção HBV-HDV:

Educação para reduzir comportamento de
risco entre portadores crônicos de HBV.
Hepatite E
- Calicivírus
(icosaédrico, 27 nm, RNA fs)
Hepatite E
-
Transmitida por via fecal-oral
Caráter zoonótico
Características clínicas:
- P.I. 30-40 dias
- Aguda, auto-limitante
- Sem portadores
- Geralmente em adultos 15-40 anos
Complicações:
Hepatite fulminante em gestantes:
mortalidade até 40%
http://relief.unboundmedicine.com/relief/ub/view/cdc-yellow-book/204051/all/Hepatitis_E
Hepatite E
Patogenia:
-
similar à Hep A.
- replicação inicial no intestino,
seguida de replicação no fígado.
- viremia passageira.
- grande quantidade de vírus
necessária para estabelecer
a infecção.
- Caráter zoonótico (infecta suínos e outras espécies)
Hepatite E - Clínica




Incubação:
Média 40 dias
(15-60 dias)
Taxa de mortalidade: Geral 1%-3%
Gestantes
15%-25%
Gravidade da doença: Aumenta com
idade
Sequelas crônicas :
Nenhuma
Doença sintomática => mais frequente em adultos
como mais de 50 anos
Infecção primária adquirida por imunossuprimidos,
particularmente receptors de transplantes de órgãos
sólidos=> podem progredir para infecção crônica.
Hepatite E
http://www.elsevier.es/es-revista-enfermedades-infecciosas-microbiologia-clinica-28-articulo-hepatitis-e-virologia-molecular-epidemiologia-patogenesis-90166221
DIAGNÓSTICO HEPATITE E
- Pesquisa de anticorpos anti-HEV IgM & IgG no
soro.
- Detecção de RNA viral no soro ou fezes
confirma o diagnóstico.
- Pode causar infecções crônicas em
imunodeprimidos => diagnóstico pela detecção
persistente de RNA viral em fezes ou soro
Hepatite E
Epidemiologia:
-
-
-
ainda pouco conhecida
caráter zoonótico
usualmente grande contaminação
de água com fezes
transmissão por contato ou
ingestão com carnes/vísceras de animais
transmissão a contatos incomum, pois
requer dose infectante muito alta p/ transmissão.
Hepatite E
Epidemiologia




- Maioria dos surtos associadas com agua de beber
contaminada com fezes.
- Muitas epidemias no subcontinente indiano, USSR,
China, Africa e México.
- Nos países onde surtos de HE não foram documentados
(como o Brasil), há uma baixa prevalência de anticorpos
anti-HEV (<2%) em populações saudáveis. A fonte de
infecção para estas pessoas é desconhecida.
- Minima ( ou inexistente) transmissão pessoa-a-pessoa.
Hepatite E – distribuição
PREVENÇÃO – Hepatite E
Não há vacinas disponíveis
Não há medicamentos para prevenção
Viajantes => evitar consumo de água não clorada ou não
fervida
Filtros: Cuidado! filtros de 0,45 µm não retém o vírus!
Cuidado com bebidas com gelo de água não fervida ou não
clorada.
Evitar o consumo de carnes e derivados pouco cozidos,
incluindo frutos do mar, carne de porco, e derivados.
http://revistapesquisa.fapesp.br/2011/09/03/
o-mapa-das-hepatites/
http://revistapesquisa.fapesp.br/2011/09/03/o-mapa
das-hepatites/
-Transfusion transmitted virus (TTV)
-ou: Torque teno vírus (TTV)
- São circovírus, membros da família Circoviridae
- DNA fs 1,76 a 3,7 kilobases
- simetria icosaédrica
- presentes em > 90% de indivíduos normais
- em 95% dos testados: 2 ou > TTVs no soro
muitas variantes no soro de pessoas normais
- Nenhuma associação com hepatites
- Papel em humanos desconhecido
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Aula 8 - Hepatites Virais