UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL À
EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS
Passado. Presente... Futuro?
Uma escrita sobre as trajetórias de vida dos alunos da EJA
Ricardo Pampim dos Santos
Orientador: Prof. Ms. Rafael Arenhaldt
Porto Alegre
2009
FICHA CATALOGRÁFICA
___________________________________________________________________________
S237p Santos, Ricardo Pampim dos
Passado. Presente... Futuro? : uma escrita sobre as trajetórias de vida dos alunos da
EJA / Ricardo Pampim dos Santos ; orientador Rafael Arenhaldt. – Porto Alegre, 2009.
26 f. : il.
Trabalho de conclusão (Especialização) – Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação.
Curso de Especialização em Educação Profissional integrada à Educação Básica
na Modalidade Educação de Jovens e Adultos, 2009, Porto Alegre, BR-RS.
1. Educação. 2. Educação de Jovens e Adultos. 3. EJA. 4. Memórias – Trajetórias
de vida – Alunos – EJA. I. Arenhaldt, Rafael. II. Título
CDU 374.7
_____________________________________________________________________________
CIP-Brasil. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação.
(Jaqueline Trombin – Bibliotecária responsável - CRB10/979)
AGRADECIMENTOS
Nunca serão suficientes as palavras usadas para expressar algo que tenha sido tão importante
para mim. Minha caminhada até aqui tem muito das pessoas que me incentivaram e me
motivaram a acreditar em minha capacidade.
Primeiramente, agradeço à minha avó Dináh, sem ela não seria possível saborear a sobremesa
sem passar pelo prato principal. A ela, minha eterna gratidão por todas as minhas conquistas
promissoras.
Ao meu orientador, Professor Ms. Rafael Arenhaldt pela paciência, tranquilidade e o
conhecimento transmitidos desde o início da caminhada. Sem esses princípios minha chegada
não seria a mesma.
Ao PPGEdu pela oportunidade de me atualizar naquilo que acredito. Aos professores do
Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS pelas experiências trocadas, conversas
com quem gosta de ensinar e aprender e pelo incentivo de continuar.
Aos alunos que foram fundamentais para a realização deste trabalho. Sem eles, nada teria
sentido.
À Mary Ignez Pires (in memorian) pela atenção e disposição de sempre atender bem.
Apenas um estímulo
O que pensas da palavra?
Tens medo dela!?
Por que não me dizes o que tens vontade?
Não te escondas de mim. Deixe-me conhecer-te.
Senão posso te ouvir, deixe-me ler tuas palavras.
Elas dizem tudo.
É difícil. Mas deixe-as falarem por ti.
Simplesmente tome a iniciativa.
Escreva isso mesmo... o agora, o ontem, o passado bem
remoto.
Por que não sobre o futuro?
Não importa.
O que precisas?
Memória.
Eu mesmo.
RESUMO
Este trabalho é o resultado de uma inquietação durante os anos em que lecionei com a EJA. Memórias
pessoais e experiências eram trazidas por alunos quase sempre nas aulas de língua portuguesa. A ideia
de uma escrita de suas próprias memórias surgiu a partir de minha percepção de que a vontade de falar
de si mesmo precisava ser desafiada. Também trago a reflexão para uma concepção de currículo nesta
modalidade voltado para a subjetividade e para as trajetórias formadoras de vida enquanto cidadão e
aluno. O que precisa ser percebido? O que eles têm a nos dizer? São alguns dos questionamentos que
busquei e que proponho aqui compreender.
Palavras-chave: 1. Educação de Jovens e Adultos 2. Memórias 3. Trajetórias de vida
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 07
2. PARA INÍCIO DE CONVERSA E O PROBLEMA DE PESQUISA ................. 07
3. O MEMORIAL COMO TEXTO AUTOBIOGRÁFICO: O PROCESSO
METODOLÓGICO ................................................................................................08
4. ABRINDO AS CORTINAS, APRESENTANDO O ELENCO: OS PERSONAGENS
E O ESPAÇO.......................................................................................................... 09
4.1. O Memorial como Ferramenta Pedagógica em uma turma de EJA ........... 11
4.2. As primeiras considerações: O que dizem os Memoriais ........................... 12
4.3. Das Trajetórias e das Escritas: Entrelaçando o Eu Sujeito e o
Eu Poemático ..................................................................................................... 14
4.4. A Fotografia como Objeto da Memória ...................................................... 15
4.5. “Os lugares da Memória” ............................................................................ 16
5. O PROEJA PARA O SÉCULO XXI ...................................................................... 17
6. UMA PROPOSTA INOVADORA ........................................................................ 18
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 19
8. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 20
9. ANEXOS ................................................................................................................ 22
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é refletir sobre as trajetórias de vida escritas pelos meus
alunos concluintes da Educação de Jovens e Adultos, Ensino Fundamental, do Instituto
Estadual Madre Benícia. Para isso, analisarei os elementos comuns às escritas, buscando uma
relação com o cotidiano escolar no âmbito da motivação, do estar em sala de aula, dos
objetivos com os estudos, entrelaçando essas histórias/trajetórias para compreender a
relação entre vida pessoal, escola, trabalho, família e sonhos.
Minha vontade de realizar esse tipo de trabalho surgiu de observações durante o
período em que lecionei para turmas de EJA. Desde 2005, quando ingressei nessa escola,
comecei a trabalhar com essa modalidade de ensino. Foi um grande desafio, pois nunca havia
trabalhado com um grupo tão heterogêneo em vários sentidos. Para começar, o que era bem
evidente é que são alunos com diferentes idades e diferentes interesses. Alguns não
escondiam que estavam na escola somente para ter um convívio social diferente do familiar.
Outros, realmente buscavam melhorar sua condição de trabalhador ou até mesmo para buscar
o primeiro emprego.
Como premissa para realizar meu trabalho com essa modalidade, penso na necessidade
de ter um conhecimento de mundo que me propicie, em um primeiro momento, uma
aproximação, uma vez que os alunos precisam retomar o tempo em que estavam distantes do
convívio escolar, mas, também, associar conhecimentos de (con)vivência social e
profissional.
Dúvidas e angústias surgiram a todo o momento. Como iniciar um contato com o
grupo, primando pelo convívio produtivo, que fizesse valer o estar em sala de aula e que fosse
diferente, para os alunos, de outras épocas escolares? De que forma o meu trabalho poderia
ser diferente para que eles tivessem motivação para assistirem às aulas?
2. PARA INÍCIO DE CONVERSA E O PROBLEMA DE PESQUISA
Os seres humanos, ao longo dos tempos, sempre desenvolveram formas de
comunicação para se proteger das adversidades da natureza, expressar suas emoções e
sentimentos, conviverem em grupo.
Das cavernas às modernas formas de comunicação, muitos sinais e símbolos foram
desenvolvidos por eles para registrar variados momentos de sua trajetória. Os registros mais
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antigos que se conhecem são as pinturas feitas em paredes de cavernas, as chamadas pinturas
rupestres.
Mas a linguagem também esteve sempre presente em todas as atividades humanas. As
mais diversas formas de registrar essas atividades foram encontradas em diferentes épocas e
em diferentes partes do mundo. Tais registros comprovam a necessidade que sempre
acompanhou o ser humano: o de se comunicar, guardar de alguma forma sua história,
suas idéias e suas emoções. Esses registros são, hoje, parte da memória humana.
Diante disso, o registro das histórias de vida dos alunos escrito por eles torna-se um
exercício importante em sala de aula. As diferentes concepções de ver e viver a vida, a escola,
o mundo, os objetivos, as vivências sociais, os dissabores, os sonhos misturam-se com um
passado que, muitas vezes, justifica o estar em sala de aula em busca de um sentido maior da
vida.
É assim que esse trabalho se propõe a investigar as memórias que os alunos
escrevem e narram sobre suas trajetórias/histórias de vida. E como as elas podem
sensibilizar e estimular o aluno a refletir e escrever sobre si mesmo.
3. O MEMORIAL COMO TEXTO AUTOBIOGRÁFICO: O PROCESSO
METODOLÓGICO
Em um artigo intitulado As histórias de vida em formação: gênese de uma corrente de
pesquisa-ação-formação existencial, Pineau (2006) aborda a temática de histórias de vida,
citando-a como uma nova tendência entre as já existentes que são a biográfica, a
autobiográfica e os relatos de vida.
O artigo trata, entre outras coisas, da verificação de essa tendência de escrita de
histórias de vida tornar-se uma corrente, pois, segundo Pineau (2006, p.5), a auto-reflexão
pode contribuir para fazer de suas práticas uma arte poderosa de autoformação da
existência ou, ao contrário, de submissão, conforme permite ou não aos sujeitos
apropriarem-se do poder de refletir sobre suas vidas e, desse modo, ajudá-los a
fazer delas uma obra pessoal.
Convém lembrar que será apenas um recorte do artigo no sentido de apontar uma
“eclosão” para a prática de escritas de vida. O trabalho de pesquisa de Pineau consiste em
mostrar a evolução dessa prática entre os anos de 1980 até 2005. A partir dessa pesquisa que
ele chamou de “eclosão de uma corrente de pesquisa-ação-formação existencial”, ele dividiu
esse tempo de vinte e cinco anos em três períodos: um período de eclosão (1980), um período
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de fundação (os anos de 1990) e, finalmente, um período de desenvolvimento diferenciador
(os anos de 2000).
Essa metodologia de investigação sobre histórias/trajetórias de vida tem sido cada vez
mais um potente instrumento no processo de formação, autoformação e reflexão, uma vez que
oportuniza uma integração entre instituição, professor e aluno. A partir desta proposta é
possível fazer uma síntese das trajetórias narradas/escritas, permitindo, assim, uma melhor
compreensão do ponto de vista dos sujeitos aprendizes, bem como de suas aspirações pessoais
e profissionais.
Definir o processo de uma pesquisa e o instrumento metodológico a ser usado não é
tarefa fácil, pois os caminhos a serem tomados para a concretização da mesma representam
um momento de fundamental relevância para a construção do objeto de estudo.
No tocante às pesquisas no campo das Ciências Humanas, a investigação a partir de
narrativas de vida, cada vez mais, vem ocupando um espaço valorizado. Essa tendência,
segundo Leônia (2003, p.3) baseia-se
numa visão de história de vida que tem como fundamento o conhecimento
racional, a consciência, como se essa tivesse a possibilidade de abranger, de dar
conta de toda a história do sujeito através do recurso da memória. Os estudos
sobre relato de vida apontam para a possibilidade de o sujeito construir uma autoimagem, uma identidade, através da reconstituição de sua história.
Enfim, é por considerar as narrativas de vida uma forma de instrumentalizar a
escrita e a possibilidade do diálogo com o próprio “eu” que delimito o método da escrita
de um memorial de suas histórias/trajetórias para que através de uma investigação da
subjetividade possa compreender melhor o aluno da EJA.
4. ABRINDO
AS
CORTINAS,
APRESENTANDO
O
ELENCO:
OS
PERSONAGENS E O ESPAÇO
As experiências cotidianas parecem minúsculos fragmentos isolados da vida,
tão distantes dos vistosos eventos coletivos e das grandes mutações que
perpassam a nossa cultura. Contudo, é nessa fina malha de tempos, espaços,
gestos e relações que acontece quase tudo o que é importante para a vida
social. (FORTES,2006, p.16)
O cenário escolhido para a realização deste trabalho localiza-se no Instituto Estadual
Madre Benícia em uma área de zona rural de Novo Hamburgo. Trata-se de uma turma de
alunos concluintes da modalidade EJA, T6. A escola tem, aproximadamente, oitocentos
alunos nos três turnos de funcionamento.
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O trabalho iniciou com 17 alunos, porém, no decorrer do ano, alguns deixaram de vir
às aulas. Alguns motivos explicam a evasão nessa modalidade. A escola funciona em um
bairro de difícil acesso, existem poucos horários de ônibus, grandes áreas escuras e os alunos
precisam caminhar muito para chegarem às suas casas. Muitos voltam cansados do trabalho e
também há casos de violência entre jovens no percurso de volta.
Apesar de a turma ser formada por diferentes faixas etárias, a proposta de trabalho teve
uma resistência inicial, mas fluiu posteriormente e a aceitação foi boa.
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4.1.
O Memorial como Ferramenta Pedagógica em uma turma de EJA
Segundo o Documento Base do PROEJA (2007, p.31), o programa tem como objetivo
para a construção do projeto político pedagógico:
integrar conhecimentos da educação geral com a formação profissional inicial e
continuada por meio de metodologias adequadas aos tempos e espaços da
realidade dos sujeitos sociais que constituem o público beneficiário.
Sendo assim, o perfil do estudante do PROEJA é fator imprescindível para que a
construção do projeto político pedagógico possa atender às necessidades desses alunos. A
história de vida dos estudantes deve ser levada em consideração, pois tem forte influência nos
caminhos e descaminhos que os afastaram do ambiente escolar.
Para este aluno, que retoma os estudos e enfrenta, muitas vezes, uma jornada cansativa
de trabalho todos os dias, é importante buscar ao máximo conhecer sua rotina, suas trajetórias
e seus desejos:
Utilizando os conhecimentos dos alunos, construídos em suas vivências dentro e
fora da escola e em diferentes situações de vida, pode-se desenvolver uma prática
conectada com situações singulares, visando conduzi-los, progressivamente, a
situações de aprendizagem que exigirão reflexões cada vez mais complexas e
diferenciadas (PROEJA, 2007, p. 39)
É assim que o trabalho de escrita sobre as trajetórias de vida dos alunos do PROEJA
torna-se uma peça importante para construir um jogo de aprender-ensinar entre alunos e
professores. É fundamental que o professor conheça essas trajetórias, uma vez que elas
constituem pistas importantes para orientar cada aluno a ser sujeito de sua própria história.
O professor, com o seu conhecimento de mundo e o olhar sobre a diversidade dentro
da sala de aula, deverá proporcionar um ambiente que possibilite ao aluno refletir sobre a sua
realidade, atrelando suas vivências/experiências ao contexto de mundo. Só assim,
a escrita de um memorial formativo através do qual temos a oportunidade de
registrarmos e re-fazermos um percurso específico de nossa vida, pode ser uma
maneira de divisarmos outros finais para a história que está em pleno transcurso.
(Apontamentos de Aula. Memorial Formativo - PROEJA 2008)
Fortes (2006, p.91) diz que “a vida humana deve ser analisada no percurso de sua
trajetória singular, conforme a situação social e histórica em que se desenvolve”. Sob esse
olhar, a importância de aluno compreender os diferentes tempos da sua trajetória consiste em
reconhecer-se como um ser capaz de modificar sua caminhada para adaptar-se a uma
sociedade em constante transformação.
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É assim que, ao buscarem oportunidades através dos estudos, estudantes de diferentes
idades como os alunos da EJA, precisam entender que há a necessidade de o professor
conhecer um pouco da sua história de vida.
Nas relações sociais, buscamos sempre conhecer o outro para que possamos escolher
aqueles que serão de fato nossos “amigos” ou “conhecidos”. Como se dá o processo dessa
escolha e os critérios são questões que se dão através do diálogo, do convívio e da confiança
entre as pessoas. Às vezes, não temos coragem de falar o que pensamos por razões como a
vergonha, a exposição de si mesmo, ou por não criar uma discordância em relação à opinião
do outro.
A sala de aula pode se constituir enquanto um espaço mais democrático que
proporcione ao aluno refletir sobre as relações humanas, sobre as diferentes formas de ver a
vida, de perceber que ele ocupa um lugar na sociedade. O aluno sendo membro de um grupo
familiar, escolar e de seu bairro precisa continuar sua trajetória, aprendendo que a vida é feita
de cada momento. Pensando no tempo em que professor e aluno convivem semanalmente, é
fundamental fazer com que este perceba que sua visão e sua opinião sobre essas questões
devem ser manifestadas.
Sabendo que o expressar-se oralmente nem sempre é uma facilidade para as pessoas, a
escrita vem para contribuir para que a relação do conhecer o outro possa se dar de uma outra
forma. É assim que a proposta de escrita de um memorial pode ser uma possibilidade de
efetivar esse elo, pois dá a oportunidade de o aluno refletir e de falar sobre os seus diferentes
momentos, selecioná-los de acordo com a importância em sua vida, falar de projetos, de
sonhos. Uma experiência que pode trazer ao aluno o despertar da sensibilidade, das emoções,
das relações entre família, amigos, escola e bairro, enfim, suas perspectivas para a vida; ao
professor, a oportunidade de olhar o aluno de outra forma, de entender suas prioridades, de
poder orientá-lo para que ele possa fazer dos estudos uma forma de realização dos seus
sonhos. E isso, se for o objetivo e o compromisso do educador, poderá alterar o cenário de
evasão escolar e poderá trazer um sentido maior do estar em sala de aula para o aluno.
4.2. As primeiras considerações: O que dizem os Memoriais
Para dar seguimento e direcionar nossas discussões feitas depois de ter passado o filme
Escritores da Liberdade, além das produções textuais sobre o tema da escrita de si mesmo,
preparei três perguntas básicas que foram norteadoras para dar início ao pensar sobre a escrita,
sobre cada um e como fazer esse registro de forma prazerosa. A primeira delas foi: “você já
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havia escrito sobre sua trajetória de vida?”. Nessa pergunta, minha intenção foi de verificar
qual a reação do grupo sob duas perspectivas: escrever e, ainda por cima, de si mesmo. A
segunda pergunta foi a seguinte: “o que você pode escrever de si mesmo para outra pessoa
ler?”. Aqui, meu objetivo foi instigá-los a pensar sobre o que deveria aparecer nessa escrita
que fosse relevante para seu amadurecimento, para lembrar-se de passagens importantes
(infância, juventude, família...) e momentos de escolhas (casamento, estudos, filhos,
sonhos...). E a última pergunta foi: “você se sente mais à vontade em escrever ou falar de si
mesmo?”. Sobre esse questionamento, meu objetivo foi verificar qual a forma mais
apropriada cada aluno escolheria. Diante dos diferentes perfis, achei conveniente fazer essa
pergunta, pois no grupo havia pessoas que não gostam de se expor, mas que participam da
aula, mesmo que de forma tímida, com boas respostas e bons questionamentos.
A escrita de suas vidas, talvez, possa ser um instrumento desencadeador de grandes
descobertas pessoais, uma vez que mistura passado e presente, trazendo a reflexão como um
recurso de estudo de si mesmo. Um mergulho em suas memórias e nos fatos já vividos e
vivenciados pode reacender o desejo pela vida e pelos sonhos que ficaram para trás.
Ao começar a ler as memoriais dos alunos, pude perceber a diferença de escritas entre
os gêneros. As alunas têm mais subjetividade ao narrar suas trajetórias/histórias marcadas por
momentos bons e ruins. Há sentimento e emoção na escrita que são exemplificados através de
fotos, poesia, letras de música, cartas, lembranças da infância em Lomba Grande. Os trechos
abaixo foram retirados de memoriais escritos por alunas:
Confesso que tenho um pouco de trauma ao relembrar da minha vida […]. Vejo
que é importante a oportunidade desse trabalho, pois quero um dia poder mostrar
para meus filhos os momentos bons e ruins que me fizeram aprender muito com as
pessoas.
Eu estava passando na rua e vi aquele rapaz parado e ele me chamou a atenção
[…]. Eu estava de blusa…
Eu tinha mania de, quando minha avó fazia salada de frutas, que eu chamava de
‘delícia’ , me ajoelhar embaixo da mesa e miava como se fosse uma gatinha.
Então, minha vozinha servia e dizia: ‘vem minha gatinha linda’.
Já os alunos são mais objetivos ao escrever. Falam da infância, das brincadeiras com primos,
as artes na escola, um pouco da história da família e alguns projetos, mas tudo de forma bem
simples, objetiva e pragmática sem uma intencionalidade emotiva ao lembrar de tempos
remotos. Os trechos abaixo foram selecionados para exemplificar essa percepção:
Na casa de minha avó e meu avô, que na época era vivo, tudo era festa, pois
brincávamos muito de tudo. Até na areia a gente rolava...
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Neste momento da minha vida, eu posso dizer que estou feliz, pois consegui
comprar minha moto e voltei com minha namorada…
Esta é minha vida. Contei partes mais importantes e espero um dia contar mais um
pouco do que virá daqui pra frente.
Sensibilizar os alunos para escreverem sobre suas histórias de vida foi um desafio para
mim. No entanto, percebo que os memoriais tornaram-se uma fonte de renovação para muitos
alunos e que trouxe a oportunidade de se conhecerem melhor. As histórias contadas por eles,
muitas vezes, justificam a postura que cada um tem em sala de aula. Momentos difíceis se
misturam à superação e a busca por melhores oportunidades na vida. A infância pobre, a
família com dificuldades financeiras, a vontade de continuar os estudos, os impedimentos por
motivos como casamento precoce, gravidez são os assuntos mais comuns trazidos por todos
eles.
4.3. Das Trajetórias e das Escritas: Entrelaçando o Eu Sujeito e o Eu Poemático
Quando propus esse trabalho à turma, percebi um estranhamento em um primeiro
momento. A ideia de falar de si mesmo trouxe uma preocupação em relação à exposição de
cada um. Lembrar de suas trajetórias e falar de suas emoções eram desafios inusitados. No
entanto, percebi na leitura dos memoriais que a vontade de falar de si mesmo tomava força a
cada página virada. Aquele “eu” que viveu momentos difíceis dava espaço para outro “eu”
que se compara a um eu - lírico1.
Sobre essa questão da subjetividade, Gonzaga (2004, p.33) diz que “é fundamental o
elo entre subjetividade e os componentes emocionais da personalidade” propiciando, assim,
o registro das emoções. Ao lermos poesia, fica evidenciado o desnudamento dos sentimentos
mais profundos do poeta na voz do eu – lírico. Essa transfiguração do eu sujeito em eu lírico
nas escritas dos alunos dá-se na medida em que as suas estórias servem para trazer à tona
todas as emoções que ficaram incutidas no tempo. As escritas permitiam um eu - lírico que
resistiu aos descaminhos da vida e que se (re)encontra em outro espaço, em outro momento na
busca de novos sentidos para a vida, refletindo sobre o passado e o futuro.
A exemplo disso cito a poesia Aprendizagem amarga, de Thiago de Mello, que uma
aluna trouxe para a sua escrita:
Chega um dia em que o dia se termina
antes que a noite caia inteiramente.
Chega um dia em que a mão, já no caminho,
1
Na concepção de um “eu” que precisa expressar seus sentimentos e emoções reais, portanto, não se trata de
uma voz que traz emoções que não sentiu.
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de repente se esquece do seu gesto.
Chega um dia em que a lenha já não chega
para acender o fogo da lareira.
Chega um dia em que o amor, que era infinito,
de repente se acaba, de repente.
Força é saber amar, perto e distante,
com o encanto de rosa livre na haste,
para que o amor ferido não se acabe
na eternidade amarga de um instante.
Através dessa poesia, a aluna quis demonstrar sua desilusão amorosa aos 19 anos por
descobrir, às vésperas do casamento, que o noivo já tinha uma filha. Além disso, ela não teve
o apoio da própria família, pois já havia saído de casa. Desiludida e desamparada, ela foi para
à casa de uma amiga que a ajudou muito a enfrentar isso tudo. Sem família, sem casa própria,
sem o seu grande amor viu-se uma pessoa “ingênua e despreparada para a vida”.
4.4. A Fotografia como Objeto da Memória
Hoje em dia, é incontestável a presença da fotografia no cotidiano das pessoas. Por
todos os lados que andamos, ela expressa-se com diferentes intencionalidades: propagandas,
registros de festas, de eventos, de pequenos momentos, de momentos íntimos, de revistas até
mesmo aquela simples fotografia para documentos.
A pluralidade de sugestões que a fotografia traz faz com que ela seja um recurso muito
utilizado por pessoas de qualquer idade. Parece que guardar somente na memória não é
suficiente para lembrar em outros tempos aqueles momentos que merecem registros. Quando
sugeri a escrita do memorial, rapidamente os alunos me perguntaram se poderiam anexar
fotografias relacionadas aos períodos de suas narrativas.
Posteriormente, percebi que a grande maioria optou por colocar fotografias
intercaladas com a escrita. A fotografia, assim, complementou o trabalho na medida em que
dava crédito no que iam relatando de suas vivências como um código visual revelador de uma
subjetividade atemporal.
Do ponto de vista das Ciências Humanas, Mary (2008, p.93) nos diz:
a fotografia em suas diferentes formas pode fornecer informações importantes [...]
em particular, informa sobre os diferentes indivíduos que constituem um grupo
social ou uma classe, sobre seus hábitos de vida e sua postura, uma vez que ela
constata e revela sem artifícios
No memorial de uma aluna, ela relatou sobre um período em que morou com sua avó,
em 1962. Anexou algumas fotos para ilustrar alguns costumes da avó ao arrumar a mesa para
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as refeições e os cuidados que os netos tinham de ter com a louça. Esse fato marcou muito a
sua infância, pois a avó era muito caprichosa, cuidava bem da sua casa e de todos os seus
pertences. Segundo a aluna, a avó não perdoava se alguém quebrasse um prato.
Em anexo, algumas fotos de objetos trazidos por uma aluna que guarda como
recordação e que foram fotografados por mim. Um dia solicitei que trouxessem objetos,
fotos... qualquer coisa que pudesse trazer a memória de um tempo para uma produção textual.
4.5. “Os lugares da Memória”
A museóloga Maria de Lourdes (2008, p.111) traz um conceito do historiador Pierre
Nora em seu artigo que diz
os lugares da memória locais ou imateriais nos quais se encarnam ou cristalizam
as memórias de uma nação, e onde se cruzam memórias pessoais, familiares e de
grupo... podem constituir-se em lugares de memória.
A proposta de escrita das memórias de infância/juventude tinha como objetivo fazer
com que os alunos lembrassem esses períodos, dos acontecimentos e de como era o bairro de
Lomba Grande. A escrita poderia ser feita através de pessoas mais velhas da família, já que o
grupo de alunos constitui-se de idades entre 17 e 61 anos. Os alunos de mais idade preferiram
escrever sobre suas memórias dos tempos remotos do bairro. Em anexo, constam alguns
registros dessas escritas, porém sem a identificação, pois os autores assim preferiram.
A importância dessa produção consiste em verificar o quanto o aluno aprende e
conhece sobre o seu meio através de sua própria memória. O exercício trouxe uma
capacitação de o aluno compreender que sua história o habilita à escrita, o que, de início, foi
motivo de estranhamento para muitos, pois não sabiam o que iriam escrever.
A abertura de seus “baús” serviu para relembrarem as vivências pessoais ou
familiares, das emoções e dos sentimentos de terem crescido em um lugar que se modificou
com o tempo.
5. O PROEJA PARA O SÉCULO XXI
Para poder dar respostas ao conjunto de suas missões, a educação deve
organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao longo de
toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do
conhecimento: aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da
compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente;
aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as
atividades humanas; finalmente, aprender a ser, via essencial que integra as três
precedentes. É claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado
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que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de
permuta. (DELORS, 1999, p. 89)
A citação acima foi extraída do documento denominado Relatório Jacques Delors, que
resultou de trabalhos desenvolvidos de 1993 a 1996 pela Comissão Internacional sobre a
educação para o século XXI, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura (UNESCO). O documento representa uma síntese do pensamento pedagógico da
humanidade para os re-aprenderes necessários aos homens e mulheres do século XXI.
A idéia de trazer “os pilares da educação para o século XXI” para dialogar com o
trabalho surgiu a partir de minha reflexão sobre o funcionamento das aulas, tanto minhas
quanto dos colegas, além de pensar na motivação necessária para atrair a atenção dos alunos.
É notável que os alunos precisam de uma abordagem diferenciada na maneira de
ensinar/aprender por parte dos seus professores.
Ao deparar-me com uma síntese desse documento, pensei que ela fortaleceria minhas
ideias com relação a minha proposta e análise do trabalho uma vez que os pilares citados por
Delors se aplicam à construção do ser como um todo. Quando o aluno se propõe a escrever
sobre suas memórias, ele aprende a se conhecer, pois busca na sua trajetória de vida todas as
experiências boas e ruins que o fizeram amadurecer.
O próprio exercício da escrita o ensinará a articular as palavras para que elas
representem aquilo que suas memórias desejam. O resultado do trabalho torna-se satisfatório
para os alunos, pois proporciona que eles conversem com eles mesmos.
A experiência da convivência, a troca de idéias a respeito de como realizar o trabalho,
a aproximação e o interesse em ouvir o outro, quando dos relatos orais narrados por alguns
alunos, fizeram com eles tivessem a percepção do quanto é importante aprender a viver
juntos, cooperando com o colega mesmo que seja somente para ouvi-lo.
Por sua vez, o quarto pilar de Delors - aprender a ser - que integra todos os outros, tem
uma particularidade subjetiva na confecção do memorial. Tendo em vista a baixa estima dos
alunos, ao ler os trabalhos, percebi o quanto a escrita personificou muitos dos alunos que
sequer falavam de si durante as aulas. Através dessa proposta, eles tiveram a oportunidade de
(re)conhecerem a si mesmos, pois fazem comentários a respeito do momento relembrado e, às
vezes, até da emoção vivida por uma situação.
Diante dessa experiência de trabalho em sala de aula, que muito contribuiu para além
de um exercício de escrita, penso no PROEJA que também é formado por alunos de diferentes
17
idades. A finalidade do Programa é “integrar o Ensino Médio, formação profissional e a
Educação de Jovens e Adultos”, contribuindo, assim, para a melhoria das condições de vida
nas esferas social, econômica e cultural.
Sendo assim, o desafio de fazer uma aula diferente e que integre efetivamente o aluno
pode começar por conhecê-lo. A escrita de um memorial pode ser uma fonte riquíssima de
conhecimento de cada aluno, de suas condições de vida, família, trabalho, perspectivas e até
mesmo das formas que suas manifestações emocionais são representadas.
Contudo, os pilares na perspectiva do trabalho proposto servem para formar um aluno
que busca uma (re)integração como cidadão na sociedade. O PROEJA, então, precisa, entre
outras coisas, analisar aspectos da vida do aluno desde sua infância até os dias de hoje.
6. UMA PROPOSTA INOVADORA
Diante da situação de desistência que se agravava a cada semana que passava e dos
comentários acompanhados da desmotivação de alguns colegas com relação ao trabalho nessa
turma, resolvi buscar uma alternativa de trabalho que chamasse a atenção e obtivesse um
envolvimento maior dos alunos.
Conversei com eles sobre o trabalho de escrita de trajetórias de vida2. Da importância
de repensar o passado numa perspectiva de projetar o futuro. Do comprometimento das ações
no presente para que se possa construir um projeto de vida. Também trouxe a questão do
tempo que nos deixa lembranças boas e ruins, do conceito de viver nos dias de hoje, da
importância da família, do significado do estar em uma escola, das trocas de vivências e
experiências com colegas e professores. A aceitação foi boa, embora alguns manifestassem
certo constrangimento em falar/escrever sobre suas vidas.
Aproveitei o momento para dizer que escrever sobre nós mesmos é algo grandioso,
desafiador e de extrema importância, pois nos lembramos de passagens de nossas vidas,
refletimos sobre nossas ações, amadurecemos, reconhecemos e compreendemos melhor
nossas atitudes. Também aprendemos a olhar o outro, estimulando o convívio social,
aproximando mundos, afastando preconceitos. Segundo Melucci (1992, apud FORTES, 2006
p. 14) diz:
2
Inspirada na disciplina Invenções e intervenções pedagógicas da Especialização PROEJA ministrada pelo
professor Rafael Arenhaldt, do qual me serviu para refletir sobre meus caminhos e descaminhos durante os anos
de minha vida.
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As experiências cotidianas parecem minúsculos fragmentos isolados da vida, tão
distantes dos vistosos eventos coletivos e das grandes mutações que perpassam
nossa cultura. Contudo, é nessa fina malha de tempos, espaços, gestos e relações
que acontece quase tudo o que é importante para a vida social.
Comecei a trazer o assunto das memórias e junto escrevi no quadro o texto que está no
início do presente trabalho intitulado Apenas um estímulo, de minha autoria. Em seguida,
coloquei a música Como uma onda no mar, de Lulu Santos, para conversarmos sobre nossas
vidas. Falei de mim e que já havia feito esse trabalho de escrita. Mostrei meu próprio
memorial para que tivessem noção do que eu estava falando.
Por fim, entreguei a todos os alunos um roteiro para ajudá-los no ponto de partida,
contendo um conceito sobre memorial e o que deve constituí-lo como uma escrita de si
mesmo. A proposta inovadora estava lançada!
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atuação e a formação do professor, muito embora não sejam os únicos fatores que
respondam pela crise da educação pública, têm sido motivos de discussão em eventos
nacionais e até mesmo internacionais. Profissionais da área da educação têm buscado
alternativas através de projetos e pesquisas para que o processo ensino-aprendizagem
aconteça de forma mais atraente tanto para o professor quanto para o aluno.
No entanto, é necessário lembrar que fatores externos como a vida pessoal,
profissional, familiar e escolar do aluno interferem nesse processo. É assim que minha
vontade de (re)pensar sobre este trabalho com alunos de EJA surgiu na tentativa de (re)
significar esses momentos que constituem suas vidas.
Ao ler atentamente todos os trabalhos de escrita e escutar alguns relatos orais que
foram colhidos com o propósito de guiar minha pesquisa, constatei o quanto é importante ter
sensibilidade para questões ligadas ao processo formador do cidadão/aluno. Muito do que li
serviu para que eu pudesse refletir sobre a minha atuação que não contemplava essa
interferência das trajetórias dos alunos.
Ao oportunizar esse trabalho, eles tiveram o momento de externar não só seus projetos
de vida, mas também os dissabores que tiveram ao longo de suas trajetórias. E é nesse
momento de contato com suas histórias de vida que se dá o tão falado processo de integração
professor-aluno. Ora, de que adianta ter um mestre na sala de aula com muitos títulos, mas
que não consegue, de fato, abordar o aluno e realmente saber o que ele quer e precisa para sua
vida, para o seu desenvolvimento profissional e pessoal?
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O professor que chega para “dar aula” e que não percebe que, em se tratando de EJA,
tem uma turma heterogênea, dificilmente fará algo por eles do que simplesmente oferecer a
oportunidade de concluir seus estudos e conseguir um diploma. E não foi somente isso que
eles foram buscar. Percebi que, muito mais do que conhecimento, eles precisavam de atenção.
Atenção para suas histórias, para suas realidades. De fato, consegui, apesar de certa
resistência no início, fazer com que eles pudessem falar de si mesmo, oportunizando uma
reflexão sobre o passado, o presente e o futuro.
A experiência foi gratificante e prazerosa porque me aproximou ainda mais de um
público ávido pelo conhecimento, mas, sobretudo, ávido de atenção para suas vidas tão
diferentes e tão desencontradas das propostas pedagógicas da escola.
Fica a compreensão de que a escola de hoje está muito aquém do que os alunos desta
modalidade precisam. Não bastam propostas se não há disposição dos professores reverem
seus objetivos e se comprometerem com um trabalho que faça sentido na vida do aluno. Para
que isso se efetive dentro do ambiente escolar é preciso uma equipe qualificada que traga,
sobretudo, ações propositivas e não somente discussões que não levam a nada. Também
disposição e disponibilidade de fazer e de mudar e que não prevaleça a hipocrisia de que tudo
está bom.
8. REFERÊNCIAS
Apontamentos de Aula. Memorial Formativo: um recurso para a formação contínua de
professores. PROEJA – 2008. Apresentação.
DELLORS, Jacques. Os quatro pilares da Educação. Relatório para UNESCO da Comissão
Internacional sobre Educação para o Século XXI. Ed. São Paulo, 1999.
FORTES, Maria Carolina. Adultos, escolarização e trajetórias de vida: compreendendo
sentidos. Porto Alegre. UFRGS, 2006. 217 f. Dissertação de mestrado – Programa de PósGraduação em Educação, Faculdade de Educação da UFRGS, Porto Alegre,2006.
p. 91.
GONZAGA,Sergius. Curso de Literatura Brasileira. Porto Alegre: Leitura XXI, 2004.
p.31.
HORTA, Maria de Lourdes Parreira. In: SILVA, René Marc da Silva (Org.). Cultura
Popular e Educação – Salto para o futuro. Artigos. Brasília, 2008. p. 111.
MACHADO, Alexsandro dos Santos. Contar para viver. Porto Alegre. UFSM, 2005. 182 f.
Dissertação de mestrado – Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação
da UFSM, Santa Maria, 2005.
20
MELLO, Thiago de. Aprendizagem amarga. Poesia. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Thiago_de_Mello . Acesso em: 30.ago.2009.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica.
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na
Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA. Documento Base – Ensino
Fundamental. Brasília, 2007.
PASSEGGI, Maria da Conceição. Memoriais de formação: processos de autoria e de (re)
construção identitária, 2000. (Trabalho apresentado na 3ª Conferência de Pesquisa Sóciocultural, São Paulo, 2000)
PINEAU, Gaston. As histórias de vida em formação: gênese de uma corrente de pesquisaação-formação existencial, Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, nº 2, p. 329-343,
maio/ago. 2006. (tradução de Maria Teresa Van Acker e Helena Coharlk Chamlian)
PRIORE, Mary Del. In: SILVA, René Marc da Silva (Org.). Cultura Popular e Educação –
Salto para o futuro. Artigos. Brasília, 2008. p. 91-93.
TEIXEIRA, Leônia Cavalcante. Escrita autobiográfica e construção subjetiva. São Paulo.
USP, 2003.17 f. Ensaio. Psicologia – USP. SP, 2003.
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9. ANEXOS
A FOTOGRAFIA COMO OBJETO DA MEMÓRIA
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OS OBJETOS E A ESCRITA QUE TRAZEM A MEMÓRIA
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DAS TRAJETÓRIAS E DAS ESCRITAS: ENTRELAÇANDO O EU SUJEITO E O EU
POEMÁTICO
“É fundamental o elo entre subjetividade e os componentes
emocionais da personalidade, propiciando, assim, o registro das
emoções” Sergius Gonzaga (2004, p.33)
Um lugar maravilhoso
Lomba Grande é um lugar
Com pássaros a voar
E campos a brilhar
Cachoeiras com águas brilhantes
E campos verdejantes
Um lugar lindo para viver
Com campos para correr
Esconderijos para brincar
E um arco-íris no ar
Lomba grande não tem lixo
É limpo como um paraíso
Esse é o meu lugar
O lugar em que sempre vou morar!
N. P.
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