COM A PALAVRA: EMILIA FERREIRO - ANÁLISE DE ESCRITAS DE
CRIANÇAS DE ESCOLAS PÚBLICAS DA CIDADE DO NATAL/RN
EMILY DE MOURA*
RESUMO
Sabemos que a alfabetização de crianças e de jovens e adultos se dá por um processo
longo e lento, objetivando a leitura e o uso da escrita, respondendo aos apelos de uma
sociedade globalizada. A aquisição da linguagem ocorre de forma gradual e, por isso, os
erros observados durante as primeiras produções escritas não podem ser desprezados,
pois caracterizam fases de uma alfabetização que está em andamento. Esse período deve
ser marcado por grande incentivo à leitura por parte dos professores e da parceria
escola-família.
Durante os primeiros estudos sobre linguagem e alfabetização, qualquer estudante de
pedagogia se depara com inúmeras produções de Emilia Ferreiro. Ela desenvolveu uma
teoria que classifica a escrita dos alfabetizandos em períodos, identificando conceitos e
hipóteses para cada fase, buscando deixar claro que as escritas coletadas de
criança/Jovem-Adulto mostram as consequências de transformações internas.
Compreender o que chamamos de “fases” é essencial para nortear a nossa prática
pedagógica, pensando onde precisamos intervir e tendo em vista de que forma a criança
ou jovem/adulto entende a escrita.
Esta produção tem por objetivo aplicar, analisar e mostrar os resultados de um
instrumento de diagnóstico acerca dos níveis de conceptualização da escrita de
alfabetizandos, estudando o que eles já entendem sobre a leitura e o modo de escrever,
bem como o que eles precisam saber sobre o nosso sistema alfabético. Além disso,
traremos o aporte teórico estudado sobre a teoria da psicogênese da linguagem
desenvolvida por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky.
Palavras Chave: Alfabetização. Leitura. Escrita. Psicogênese.
PARA INÍCIO DE CONVERSA...
Emília Ferreiro nasceu na Argentina em 1936. Formou-se em Psicologia e
Psicopedagogia. Fez o seu doutorado em Genebra, onde foi orientada pelo conhecido
Jean Piaget, e em suas pesquisas estudou o desenvolvimento natural da criança quando
se trata da aquisição à escrita. Em parceria com a Pedagoga Ana Teberosky desenvolveu
mais tarde, em Buenos Aires, uma série de experimentos com crianças de faixa etária de
4 a 6 anos que ficou conhecido como a Psicogênese da Língua Escrita, livro publicado
no ano de 1979, mas, só começou a ser divulgado no Brasil na década de 80. (Em:
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<http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/estudiosarevolucionou-alfabetizacao-423543.shtml>. Acesso em: Setembro/2014).
Em sua teoria, Emilia Ferreiro (1990) aponta o processo de aquisição à língua
escrita como algo que acontece através do desenvolvimento de conceitos e períodos,
onde nesses períodos pode-se indicar subníveis e um momento de transição. Esses
conceitos são organizados em três perguntas, que indicam de que forma o alfabetizando
enxerga a escrita. A primeira delas é: o que é a escrita? É preciso entender que a escrita
é uma representação que acontece diferente do desenho e de outras formas gráficas
(números, asteriscos, sinais, etc.), usamos letras para representar. Isso é preceito básico
para chegar ao segundo conceito, que é feito por uma indagação: O que a escrita
representa? Após entender o que é a escrita, faz-se necessário compreender que as
letras representam o som da nossa fala. Algumas crianças sentem dificuldade em
representar um elefante, por exemplo, com poucas letras, e pensar formiga (animal tão
pequeno comparado ao elefante), escrito com quase a mesma quantidades de caracteres.
Algumas crianças alteram também o tamanho das letras de acordo com o que está sendo
representado (elefante seria escrito com letras enormes e formiga com letrinhas bem
pequenas). Começar a fazer a associação letra=som, provocar o pensamento sobre os
fonemas e a universalidade deles em todas as palavras da nossa língua e é papel de todo
alfabetizador. Assim, chegando à alfabetização, a criança começa a vivenciar o que
chamamos de 3º conceito: Como a escrita representa? Ter atenção aos fonemas
percebidos durante a fala e saber mostrá-los na forma escrita, é característica
fundamental de um alfabetizado.
Ferreiro (1990) também organizou a aprendizagem da língua escrita em três
períodos, que nos levam às hipóteses. Para não confundir, é preciso saber que período
compreende tudo o que a criança constrói durante as suas escritas. São algumas
características marcantes, que, junto aos estudos dos conceitos, nos levam a refletir de
que modo as crianças estão pensando a escrita. Esse “modo” é o que Emilia Ferreiro
chama de hipóteses. Existe a hipótese Pré-Silábica, a Silábica, e a Alfabética.
O primeiro e o segundo período são norteados pela hipótese pré-silábica.
No primeiro período, a criança começa a distinguir as representações icônicas
das não-icônicas. É marcado pela presença de Pseudoletras (quando a criança
compreende que está escrevendo, mas só faz riscos no papel, o que denominamos de
garatujas), também chamadas de grafismo primitivo e a escrita da palavra com apenas
uma letra (escrita unigráfica). Além disso, costumamos encontrar escritas com
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diferenciação somente no interior das palavras, o que chamamos de hipótese présilábica com diferenciação intrafigural. A marca de entrada no segundo período é
quando a diferenciação acontece dentro e fora das palavras (interfiguralmente).
No período seguinte acontece o controle de letras quantitativamente e
qualitativamente. Os alfabetizandos delimitam nesse período, a quantidade mínima de
letras para que uma palavra possa ser compreendida, geralmente de 2 a 5 letras.
Também é encontrado o controle qualitativo, quando o indivíduo consegue entender que
palavras diferentes se escrevem com letras diferentes.
O terceiro e último período é marcado pela fonetização da escrita, quando o
alfabetizando já consegue pensar sobre o som das letras e relacioná-los com a escrita da
palavra. Esse período é orientado pelas hipóteses silábica e alfabética. Dizemos que uma
escrita está caracterizando a hipótese silábica quando a criança deixa claro cada parte da
palavra falada (sílabas), associando uma letra, vogal ou consoante, atribuído ou não ao
valor sonoro convencional. A hipótese Alfabética é caracterizada pela existência de
todos os fonemas, isto é, pela representação de todos os sons da palavra falada. Dizer
que o alfabetizando representou todos os sons da palavra não significa dizer que ele
escreveu a palavra ortograficamente. Algumas crianças alfabéticas podem escrever
“Karo” ao invés de “Carro”. O “K” representa o som de C+A e o som de R para elas
ainda é único, só havendo diferenciação depois de tomar conhecimento das regras de
ortografia.
Entre essas hipóteses, ainda no mesmo período, também costumamos encontrar
alfabetizandos que estão escrevendo além do nível silábico, mas ainda não escreve
todos os fonemas ouvidos na oralidade. Esse tipo de escrita é chamado de Escrita
silábico-alfabética. Para Campelo (2011, p.6 apud AZENHA, 2003, p.82) “a escrita
silábico-alfabética é um momento de transição, em que a criança, sem abandonar a
hipótese anterior, ensaia alguns segmentos a análise de escrita em termos dos fonemas
(escrita alfabética).”.
Compreendendo a alfabetização como um processo conceitual, progressivo e
para Campelo (2011, p.1 apud FERREIRO 1992, p.9) “a mais básica de todas as
necessidades de aprendizagem”, comecemos a pensar a aquisição a língua escrita como
algo que é resposta da nossa mediação, enquanto professores. Sendo assim, qual a
importância de saber essa teoria? Será que ela ainda pode ser comprovada com todos os
tipos de crianças, nos dias de hoje? E o que ela vai influenciar na nossa prática
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pedagógica? Depois de analisar e identificar a escrita de alfabetizandos, qual o próximo
passo?
As reflexões dessas perguntas nos levam ao próximo tópico, onde se dá o
desenvolvimento desse trabalho, em que veremos como acontece a teoria da
psicogênese na atualidade, fazendo uma reflexão sobre todos os questionamentos acima,
que são tão comuns entre os alfabetizadores no Brasil.
A TEORIA DE EMILIA FERREIRO NOS DIAS DE HOJE
É impossível nos dias de hoje pensar alfabetização sem mencionar Emilia
Ferreiro. As suas descobertas trouxeram grandes mudanças no ensino-aprendizagem no
que diz respeito ao nosso sistema de escrita alfabética. Durante a sua teoria, a psicóloga
comprovou com crianças de 4 a 6 anos, que todo o indivíduo passa por esses conceitos e
períodos para chegar à escrita alfabética. Saber desses conceitos e em qual deles o
alfabetizando se encontra é importante para direcionarmos a nossa prática. “Conhecer a
psicogênese da alfabetização não implica, [...], permanecer estático, à espera do
aparecimento do próximo nível”. (FERREIRO, 1995, p.34).
A partir dessas informações, levemos em consideração o que nos mostra as
orientações
nos
materiais
do
Programa
de
Formação
de
Professores
Alfabetizadores/PROFA (BRASIL, 2001, fl.01):
[...], é essencial que o professor descubra o que cada aluno pensa
sobre como funciona o sistema de escrita. Para isso, é necessário que o
professor estude - se possível diretamente das fontes - discuta com
seus pares e construa para si mesmo o conhecimento hoje disponível
sobre as hipóteses, as idéias (sic) que as crianças - e também os
adultos - constroem em seu esforço para aprender a ler e a escrever.
Estudar essa teoria é importante para conhecer o que os alfabetizandos já
sabem e assim nos nortear no que eles precisam saber. A partir disso, com a nossa
prática, devemos fazer a mediação do conhecimento buscando alfabetizar o aluno numa
perspectiva de letramento. É relevante também ir de encontro ao que FERREIRO e
TEBEROSKY escrevem, (1999, p.29) nos alertando sobre as concepções de escrita feita
por crianças na faixa etária de 4 a 6 anos:
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É bem difícil imaginar que uma criança de 4 ou 5 anos, que cresce
num ambiente urbano no qual vai reencontrar, necessariamente, textos
escritos em qualquer lugar (em seus brinquedos, nos cartazes
publicitários ou nas placas informativas, na sua roupa, na TV, etc.)
não faça nenhuma ideia a respeito da natureza desse objeto cultural até
os 6 anos e uma professora à sua frente.
Para comprovar e validar os estudos da Teoria da Psicogênese e a sua
relevância nos dias de hoje, utilizamos da mesma metodologia de escrita espontânea
(Ferreiro 1985, p.16) que foi um divisor de águas na história da alfabetização há 20
anos. Para a coleta de escritas, as crianças entrevistadas deveriam ter entre 4 e 6 anos;
Também deveriam estar matriculadas em escola pública; Era fundamental que as
crianças não soubessem ler nem escrever.
Foi estabelecido um diálogo com os familiares das crianças para sabermos um
pouco mais sobre os hábitos de escrita e leitura da família, e podermos orientar como
deveria acontecer a entrevista.
As palavras surgiriam mediante um diálogo, objetivando construir uma lista
com palavras que estivessem semanticamente ligadas. Essas palavras deveriam
contemplar as classificações silábicas: monossílabas, dissílabas, trissílabas e
polissílabas e interagiriam com a realidade em que elas vivem. A entrevista foi realizada
com três crianças: Mariana (4 anos), Rafael (5 anos) e Layane (6 anos).
1. Análise da escrita de Mariana – 4 anos de Idade
Iniciamos a entrevista com Mariana, com quatro anos de idade. Os familiares
dessa criança informaram que Mariana tinha pouco contato com livros, mas que gostava
muito de escrever em casa. Durante o diálogo com Mariana, foi percebido que ela tinha
muita segurança no que falava e escrevia. Ela foi orientada a começar a escrita com o
seu nome, e ao ser perguntada sobre o que gostaria de escrever, desejou escrever sobre
as suas comidas preferidas. Durante a leitura das palavras a criança sempre passava o
dedo direto, sem leitura silábica. No final da entrevista, Mariana desejou escrever a
palavra mãe, e ao ser questionado, ela nos respondeu que seria pelo fato da mãe
preparar as comidas que ela mais gostava. (ver imagem 1)
Analisando a escrita de Mariana de acordo com estudos realizados até aqui,
podemos ver que ela já compreende a escrita como algo diferente de outras formas
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gráficas (2º conceito), conseguindo fazer a diferenciação da representação icônica da
não icônica.
Em algumas palavras como “batata” e “brigadeiro” (Ver imagem 1.), observase que a criança conserva as mesmas letras e apenas muda a ordem delas, sinalizando
que existe uma palavra diferente. Somente na palavra “Mãe” ela faz uso de uma nova
letra, que é a letra “E”. A escrita dessa criança ficou caracterizada como do 2ºPeríodo,
pois Mariana já tem controle na quantidade de letras e diferencia as palavras dentro e
fora delas. No entanto, podemos perceber que ela começou recentemente esse período,
deixando para trás as palavras escritas intrafiguralmente, e fazendo diferença também
fora das palavras. Percebemos isso quando a criança não muda o tipo da letra, mas,
apenas a ordem, deixando claro que já sabe que está escrevendo algo diferente.
Podemos encontrar na escrita de Mariana a presença da hipótese pré-silábica
com diferenciação INTERFIGURAL, uma vez que ela consegue escrever palavras
diferentes de maneiras diferenciadas, mesmo que seja por pequenas diferenciações.
Para Mariana avançar e ser alfabetizada, os professores precisam mostrar para
ela novos tipos de letras do nosso sistema de notação alfabética, relacionando com o
valor sonoro convencional da língua portuguesa e delimitando o som das sílabas das
palavras.
2. Análise da escrita de Rafael – 5 anos de Idade
Obtivemos informações da mãe de Rafael, que ele possui muita influência de
leitura e escrita em casa: Lendo histórias infantis, brincando com os joguinhos no
celular da irmã mais velha, tem um caderno para “anotar coisas importantes”, etc. No
início da conversa com Rafael, notamos que ele estava inseguro e um pouco nervoso
com o modo que ia escrever as palavras. Quando começamos a conversar sobre os
animais que ele mais gostava, percebeu-se que ele estava mais calmo e interessado em
escrever. Durante a escrita a criança pensou em desistir diversas vezes, mas sempre
repensando e voltando a escrever o que era pedido. Acredita-se que essa
descontinuidade possa ter influenciado negativamente a escrita dele, pois “não se pode
jamais julgar o nível de conceptualização de uma criança em função de uma produção
isolada.” (FERREIRO, 1990, p.36-37). No entanto, estudaremos como ficou a coleta de
escrita de Rafael. (Ver imagem 2).
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Ao estudar a escrita dessa criança, percebemos que ela já compreende o é a
escrita, sabendo diferenciá-la de outras formas gráficas, mas ainda não consegue
entender o que a escrita representa, não fazendo nenhuma relação da sua escrita com o
som das palavras faladas.
Na escrita da frase “A Rã Pula”, Rafael começa escrevendo o seu
sobrenome, e isso elimina a ideia de som que poderia ser pensado ao ver a forma como
ele escreveu a palavra “RÔ.
A partir disso concluímos que, uma vez que a o processo psicogenético é
explicado através da evolução de conceitos ao longo de três períodos fundamentais
(Ferreiro, 1990), ele está no segundo período, o qual é marcado pela presença das
diferenciações Interfigurais (assim como Mariana). Assim, a escrita de Rafael está
claramente exemplificando a hipótese de escrita Pré Silábica com diferenciação
INTERFIGURAL. Para compreendermos melhor, vejamos o que nos escreve Ferreiro
(1990, p.32):
Quando as crianças tentam variar somente a quantidade, elas podem
empregar a regra seguinte: escreve-se uma palavra com três letras
diferentes, a palavra seguinte com as mesmas e uma a mais, e assim
por diante. Naturalmente, esse procedimento centrado nas variações
quantitativas introduz forçosamente variações qualitativas [...].
É necessário que os professores dessa criança estimulem não o uso das letras
do alfabeto, mas o pensar sobre o som que a letra produz, e assim fazê-lo construir a
hipótese silábica até chegar à alfabética.
3. Análise da escrita de Layane – 6 anos de Idade
No início da conversa, a criança se sentiu bastante entusiasmada, e isso se
justificou pelo relato da mãe, ao dizer que a escrita é algo que já vem bem presente no
cotidiano da família, uma vez que a criança encontra momentos para ler histórias,
consegue adquirir livros, vivencia a leitura na escola, e já consegue construir pequenas
histórias.
Após escrever seu nome, pedimos a Layane que ela listasse as frutas que ela
mais gostava e o que nos chamou atenção foi que durante a entrevista ela sempre falava
em voz alta o que ia escrever, tentando relacionar o som das letras com o que estava a
ser escrito. Quando foi pedido para ela ler o que escreveu, a criança apontava com o
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dedo, mostrando que a cada duas letras era uma sílaba da palavra, fazendo uma
marcação com uma pequena pausa. (Ver imagem 3).
Ao analisar a escrita de Layanne, verificou-se que ela já compreende que a
escrita representa o som das palavras faladas, contemplando o segundo conceito. Além
disso, encontra-se no 3° período, correspondendo ao processo de fonetização da escrita.
Entretanto, a escrita da criança não corresponde uma escrita de natureza
silábica, nem tampouco ela consegue representar todos os fonemas das palavras. Com
isso, observamos que existe um período de transição de uma hipótese para outra, sendo
classificada como uma escrita SILÁBICO-ALFABÉTICA.
Em quase todas as palavras que ela escreveu, Layane conseguiu relacionar a
escrita com o valor sonoro convencional (imagem 3). Depois de escrever a palavra
“Mamão”, pedimos para Layanne fazer a leitura do que tinha escrito. Nesse momento a
criança observou que havia escrito de forma incorreta, porém não quis consertar o erro.
Layanne precisa que durante as suas aulas, as professoras reforcem o uso dos
fonemas, estimulando a representação de todos os sons da palavra. Buscando criar uma
consciência fonológica, para facilitar e acelerar a escrita alfabética.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos nossos resultados na análise das escritas das crianças de 4 a 6
anos indicam que a teoria de Emilia Ferreiro influencia, e com razão, nos estudos de
alfabetização no Brasil e em toda a América Latina.
O trabalho de análise de escritas é simplesmente fantástico. Valorizar cada
risco das crianças e destrinchar ideias com erros que muitas vezes não são considerados
é o pontapé para o inicio do processo de alfabetização: saber em que nível o aluno se
encontra, quais as necessidades e o que é preciso para estimulá-lo a atender essas
necessidades. Entretanto, conhecer e trabalhar com a teoria da psicogênese é tão
importante quanto à mediação do professor-alfabetizador, uma vez que isso não é um
método. Não é coletando e analisando escritas que estaremos cumprindo o nosso papel.
Essa pesquisa deve fazer parte de uma prática constante do professor, partindo
da ideia de ação-reflexão-ação (FREIRE, 1996). Para que o trabalho seja significativo e
produtivo, os alfabetizadores devem fazer esses diagnósticos periodicamente para fazer
uma reflexão, e planejar a sua prática diretamente ligada às necessidades dos
alfabetizandos.
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Finalizando, é pertinente ressaltar que crianças de 4 a 6 anos estão geralmente
presentes na educação infantil. É errado pensar que só se deve introduzir a língua escrita
nos anos iniciais do ensino fundamental. É papel do educador infantil, inserir em sua
sala de aula o nosso sistema de escrita alfabético, usando a ludicidade a brincadeira,
permitindo que as crianças cheguem ao ensino fundamental com uma menor quantidade
de lacunas a serem preenchidas.
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*Estudante de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Fundamental. Por
que e como saber o que sabem os alunos. Programa de Formação de Professores
Alfabetizadores/PROFA. Coletânea de Textos/Módulo 1. Brasília: MEC/SEF, 2001,
Texto M1U4T5, 02 fls.
CAMPELO, Maria Estela Costa Holanda. A apropriação da escrita pelas crianças
dos anos iniciais do ensino fundamental: a Psicogênese da Língua Escrita de
Emilia Ferreiro. In MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. UFRN; CONTINUUM –
Programa de Formação Continuada do professor para a educação básica. Curso de
Aperfeiçoamento Infância e Ensino Fundamental de nove anos. Módulo III Linguagem, Alfabetização e Letramento. Natal: UFRN/CONTINUUM, 2011. (no prelo)
FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 1985, p.16.
____________. A escrita...antes das letras. In: SINCLAIR, Hermine (Org.). A
produção de Notações na criança: linguagem, números, ritmos e melodias. São Paulo:
Cortez/Autores associados, 1990, p.19-70. (Coleção Educação Contemporânea).
____________. Desenvolvimento da Alfabetização: Psicogênese. In: GOODAMAN,
Yetta M. (Org.) Como as crianças constroem a leitura e a escrita: Perspectivas
piagetianas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, p. 22-35.
_____________; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre:
Artmed, 1999. 304p.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
SOARES, Magda Becker. Aprender a escrever, ensinar a escrever. In: ZACCUR,
Edwiges. (Org.) A magia da linguagem. Rio de Janeiro: DP&A: SEPE, 2001. 2ªedição,
p.49-73.
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LISTA DE IMAGENS
Imagem 1 – Escrita de Mariana (4 anos de Idade):
Imagem 2 – Escrita de Rafael (5 anos de Idade):
Imagem 3 – Escrita de Layanne (6 anos de Idade):
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