“O homem tem duas visões”,
disse o místico medieval
Angelus Silésius.
“Com uma visão, ele vê
as coisas que passam no tempo.”
“Com a outra, ele vê
o que é eterno e divino.”
Uma visão retém
o tempo-espaço fugidio.
Enquanto a outra nos convoca
a ver o mundo de outro jeito.
Olhar tanto que se
chegue a ver o invisível.
Até que o olho,
enfim, esteja nu.
E que a ele se revele o quanto de
espiritual existe no material...
Rubem Alves
certa vez escreveu:
“No crepúsculo,
quando a noite se aproxima,
o voo dos pássaros fica diferente.”
“Em nada se parece
com o seu voo pela manhã.”
“Já observaram o voo
das pombas ao fim do dia?
Elas voam numa única direção.”
“Voltam para casa, para o ninho.”
“As aves, ao crepúsculo, são simples.”
“As aves, ao crepúsculo, são simples.”
“Simplicidade é isso: quando
o coração busca uma coisa só.”
O retorno ao ninho.
Simplicidade, Sabedoria e Alegria.
A importância de cada pequeno
acontecimento na nossa existência.
Tudo tem consequências e
desdobramentos, tudo frutifica
– ensinavam os povos antigos.
O peso do mundo,
e a leveza da alma.
As alegrias da infância,
a sua simplicidade e sabedoria.
“Sabedoria é a arte de provar e
degustar a alegria, quando ela vem.”
“Mas só dominam essa arte aqueles
que têm a graça da simplicidade.”
“Porque a alegria só mora
nas coisas simples.”
Rubem Alves
A pura e gratuita
alegria das crianças.
O sol da manhã, a leve brisa,
um pouco de água,
os pés a molhar...
Quão pouco, de fato,
é necessário para ser feliz.
“Sabedoria é a arte de provar e
degustar a alegria, quando ela vem.”
Sábios são os pequenos.
A diferença entre
ver, olhar e reparar...
“Não importa a cor
ou a forma dos olhos,
importa o olhar.”
“Há olhares que sentem
e arrastam a sentir;
há olhares que pensam
e levam a pensar.”
“Como um espaço tão
pequeno pode acolher todas
as imagens do universo?”
“Há o olhar que indaga,
o que responde
e o que silencia.”
“Há olhares que desejam
e olhares que rejeitam.”
“Há olhos que ensinam e explicam.
Há os que pedem e suplicam.”
“Há os que rezam.
Há olhares que incendeiam.”
“Há olhares que amam.
E há olhos amados...”
Alcione Araújo
As nossas duas visões,
os olhos, e o olhar.
A nossa capacidade de amar.
Tema musical:
Astrakan Café, de Anouar Barhem Trio
Formatação:
[email protected]
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Duas visões - Um Peregrino