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DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DO USO DA ÁGUA NA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO UBERABINHA - MG
RAFFAELLA FERNANDES BORGES1
LUIZ NISHIYAMA2
RESUMO
A bacia do rio Uberabinha, localizada na porção oeste do estado de Minas Gerais, contém o
sistema de mananciais de onde provém a água de abastecimento da cidade de Uberlândia. Este
se constitui na melhor alternativa para a captação e distribuição do recurso hídrico devido às
suas condições de vazão, qualidade da água e proximidade da área urbana. Porém, o modelo
de desenvolvimento econômico praticado nesta bacia é responsável por diversas
transformações ambientais, que poderão afetar tanto a qualidade quanto a quantidade da água
destinada ao abastecimento público da cidade de Uberlândia. Neste sentido, a presente
pesquisa teve como objetivo geral realizar um diagnóstico preliminar do uso atual da água na
área bacia hidrográfica em foco. Para tanto, foram coletados dados referentes às outorgas
deferidas na área de estudo, que permitiram a elaboração de um banco de dados, bem como de
um diagnóstico preliminar do uso da água na bacia. Os resultados mostraram que a atividade
que consome a maior quantidade de água na bacia do rio Uberabinha é a irrigação de culturas
agrícolas, que corresponde à metade do consumo da água captada, seguida das atividades
industriais, dessedentação de animais, consumo humano, entre outros.
Palavras-Chave: recursos hídricos, banco de dados, Cadastro Nacional de Usuários de
Recursos Hídricos, diagnóstico do uso da água.
ABSTRACT
The Uberabinha river basin, located in the western portion of Minas Gerais state, contains the
spring system responsible for the water supply of Uberlândia city, constituting itself the best
alternative for the capture and distribution of that appeal because of its conditions of flow,
water quality and proximity of the urban area. The economic development model practiced in
this basin is responsible for several environmental changes that may affect the quality and
quantity of water for Uberlândia city public supply. In this sense, this study aimed to achieve
a preliminary diagnostic of water current usage in the area of the basin. In order to do that,
were collected some data about the study area, which enabled the development of a database
and a preliminary water use diagnostic in the basin. The results showed that the activity that
consumes the largest amount of water in the Uberabinha river basin is the irrigation of crops,
which corresponds to half the consumption of water captured in this area, followed by
industrial activities, human consumption, between others.
Key-Words: Water resources, database, National Register of Water Resources Users, water
use diagnostic.
1
Graduanda em Geografia e bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq – Instituto de Geografia, Universidade
Federal de Uberlândia - UFU, Av. João Naves de Ávila, 2121. Laboratório de Geologia – Bloco 1Q – Campus
Santa Mônica, Uberlândia, CEP: 38408-100, [email protected].
2
Professor Doutor do Instituto de Geografia e Orientador - Instituto de Geografia, UFU, [email protected].
2
A bacia hidrográfica do Uberabinha
INTRODUÇÃO
localiza-se na porção oeste do estado de
A
água
representa
insumo
Minas
Gerais,
na
mesorregião
do
fundamental à vida e, além de manter o
Triângulo
equilíbrio do meio ambiente, constitui o
coordenadas
elemento indispensável para quase todas as
19º22’12’’ de latitude Sul e 47º50’24’’ e
atividades humanas, tais como: irrigação
48º18’36’’
de culturas agrícolas; geração de energia
meridiano de Greenwich (Figura 01). O rio
elétrica;
Uberabinha, afluente do rio Araguari pela
abastecimento
industrial;
recreação;
doméstico
dentre
e
outras.
margem
Mineiro,
balizada
geográficas
de
18º58’48’’
longitude
esquerda,
tem
pelas
Oeste
sua
e
do
nascente
Portanto, é um elemento essencial tanto
localizada na porção norte do município de
para o equilíbrio ambiental, quanto para o
Uberaba e atravessa o município de
desenvolvimento econômico e social.
Uberlândia no sentido sudeste - noroeste
O
acelerado
crescimento
até desaguar no rio Araguari, abrangendo
demográfico, desenvolvimento econômico
parte
e tecnológico têm causado um aumento do
Uberlândia e Tupaciguara (Shimizu, 2000).
dos
municípios
de
Uberaba,
número de usos atribuídos à água e,
portanto, um aumento da demanda por este
recurso (Agência Nacional de Energia
Elétrica, ANEEL; Agência Nacional de
Águas, ANA, 2001), o que gera diversos
conflitos entre seus usuários e que,
possivelmente, incorrerá na escassez desta
em um futuro próximo, caso medidas
eficazes para sua gestão não sejam
Figura 01: Localização da Área de Estudo.
Fonte: BRITO, 2001.
A bacia do rio Uberabinha contém o
adotadas.
Desta forma, os estudos voltados ao
sistema de mananciais responsável pelo
conhecimento das condições de uso dos
abastecimento de água da cidade de
recursos hídricos em bacias hidrográficas
Uberlândia e se constitui na melhor
brasileiras vêm se tornado cada vez mais
alternativa para a captação e a distribuição
necessários, no sentido de se propor ações
desse recurso natural devido às suas
voltadas ao manejo adequado e, com isto,
condições de vazão, qualidade da água e
evitar
proximidade da área urbana (Schneider,
ou
solucionar
problemas
relacionados à utilização da água.
1996).
3
Inicialmente
consideradas
como
Segundo Schneider (1996), o modelo
áreas de baixa aptidão para atividades
de
agrícolas
praticado nesta bacia, à montante dos
em
decorrência
da
baixa
desenvolvimento
agroindustrial
fertilidade natural de seus solos, a chapada
pontos
Uberaba-Araguari, onde se insere a bacia
abastecimento, é responsável por diversas
do
transformações ambientais que poderão
rio
Uberabinha,
foi
ocupada,
de
captação
de
água
para
inicialmente, pela pecuária extensiva e
afetar
silvicultura. Posteriormente, a partir da
quantidade
década de 1980, com o desenvolvimento
abastecimento
tecnológico no campo, essas formas de
Uberlândia.
ocupação do solo cederam espaço à
extensividade
moderna agricultura de grãos e, no final da
conjuntamente com a intensificação do uso
década de 1990, teve-se o início da técnica
do solo, em seus múltiplos aspectos como
da agricultura irrigada. A modernização no
abastecimento, esgotamento, drenagem,
campo propiciou a expansão acelerada da
etc., agravam os problemas de gestão das
agricultura
extensiva
águas.
mecanizada
que
e
resultou
altamente
na
intensa
tanto
A
a
qualidade,
da
água
destinada
público
Isso
da
é
ao
de
pois
a
ocupação
disso,
a
cidade
ocorre,
da
partir
quanto
urbana
importante
ocupação de terras e, por conseguinte, na
considerar
supressão drástica da vegetação natural do
recursos hídricos em uma determinada
cerrado e elevado consumo de água
bacia
(Schneider, 1996).
quantidade de pessoas e às atividades
Conforme
Nishiyama
(2004),
que
deve
a
ser
disponibilidade
sempre
associada
de
à
o
desenvolvidas nesse local. Essa relação
cultivo de determinados tratos agrícolas
representa um elemento básico para a
demanda irrigação no período de menor
gestão
disponibilidade hídrica no solo. Por essa
imprescindível para garantir a qualidade e
razão extensas áreas passaram a ser
quantidade da água, em níveis adequados,
irrigadas na bacia do rio Uberabinha
aos múltiplos usuários, atuais e futuros. A
durante alguns meses do ano, utilizando-se
gestão de recursos hídricos visa assegurar a
do sistema de pivô central. A irrigação de
preservação, o uso, a recuperação e a
culturas agrícolas é responsável pelo
conservação
consumo de uma grande parte da água
satisfatórias para todos os usuários da água
disponível na bacia, juntamente com o
e
abastecimento urbano.
desenvolvimento equilibrado e sustentável
de
de
recursos
forma
da
a
hídricos,
água
em
garantir
da região (Leal, 2003).
que
é
condições
também
o
4
O município de Uberlândia possui
Conforme Freitas (2000), a ocupação
uma demanda relativamente grande por
de uma bacia hidrográfica deve ser sempre
água para o abastecimento público e para o
examinada
desenvolvimento
atividades
capacidade de suporte, em função da qual
econômicas. Segundo o Instituto Brasileiro
deve ser compatibilizada. Neste sentido,
de Geografia e Estatística, IBGE (2007),
tem-se o objetivo geral de realizar um
possui uma população estimada de 608.369
diagnóstico preliminar do uso atual da
habitantes, que consome, em média,
água na área da bacia hidrográfica do rio
3.726.172 m³ de água ao mês (DMAE, jan.
Uberabinha, almejando assim, a partir das
2007).
informações obtidas, elevar o nível de
Em
de
decorrência
suas
disso,
há
em
correlação
com
sua
a
conhecimento acerca desta bacia, bem
necessidade de gerenciar efetivamente os
como contribuir como um subsídio à
recursos hídricos da bacia hidrográfica
elaboração de um Plano de Recursos
responsável pelo abastecimento de água da
Hídricos para a mesma.
cidade, uma vez que, caso as condições
atuais de crescimento populacional e o
nível de consumo de água se mantiverem
MATERIAIS E MÉTODOS
nas mesmas taxas, dentro de um período de
25 anos esta demanda por água atingiria a
Inicialmente
foi
realizada
uma
capacidade limite do rio Uberabinha, cuja
pesquisa
capacidade de abastecimento é de cerca de
caracterizar os aspectos físicos da bacia
1 milhão de habitantes (Schneider, 1996).
hidrográfica do Uberabinha, bem como o
A referida bacia hidrográfica possui
grande
importância
para
o
bibliográfica
que
permitiu
uso e ocupação do solo na mesma. A
necessidade
de
se
conhecer
tais
desenvolvimento econômico e social do
características se justifica em função de
município, assim como é indispensável na
sua relevância para a análise e avaliação da
manutenção do equilíbrio ambiental da
forma de exploração dos recursos hídricos
região. No entanto, a intensa e desordenada
da bacia e, por fim, para caracterizar o uso
utilização dos recursos hídricos desta área
da água na área de estudo.
colocam em risco sua sustentabilidade, o
Posteriormente,
elaborou-se
uma
que enaltece a necessidade de se realizar
base cartográfica georreferenciada desta
estudos que visem a sua gestão, no intuito
área, no software ArcView GIS 3.2, que
de
possibilitou não somente uma melhor
propor
possíveis
soluções
problemas encontrados e esperados.
para
visualização da bacia e de algumas de suas
5
características,
mas
também
o
Para
tanto,
utilizando-se
das
desenvolvimento de um banco de dados,
informações como a vazão autorizada, a
que contempla informações acerca das
finalidade do uso da água, a forma de
propriedades rurais existentes na bacia do
captação da mesma e suas características
Uberabinha, no que concerne à utilização
(tempo, período de captação, etc) para
da
propriedades
água
pelas
atividades
nelas
desenvolvidas.
hidrográfica
localizadas
do
na
bacia
Uberabinha,
foram
Para compor este banco de dados foi
estabelecidas relações entre as formas de
necessário adquirir informações a respeito
captação de água, as atividades nas quais
das propriedades rurais localizadas nos
este recurso é empregado, em quais delas a
limites da bacia do rio Uberabinha. Dessa
utilização do mesmo é predominante, entre
forma, realizou-se um levantamento e
outras, que podem ser verificadas nos
organização de dados, que foram obtidos
gráficos e quadros que compõem este
junto ao IGAM, tanto em sua sede, no
trabalho.
município de Uberlândia, como em seu
Além destes dados já adquiridos, que
sítio eletrônico. A partir disso, fez-se a
possibilitaram o diagnóstico preliminar do
tabulação destas informações no programa
uso da água na bacia, serão obtidas mais
Excel, para que pudessem ser transferidas
informações referentes às propriedades
ao banco de dados do ArcView GIS 3.2, o
rurais,
qual permite relacionar a localização e as
questionários. Para tanto, elaborou-se um
informações disponíveis acerca de um
modelo de questionário (Anexo), baseado
determinado sítio.
no documento desenvolvido pela Agência
A tabulação destes dados foi feita
mediante
a
seleção
de
informações
correspondentes à utilização da água na
por
meio
da
aplicação
de
Nacional de Águas – ANA, intitulado
“Manual do Usuário do Cadastro Nacional
de Usuários de Recursos Hídricos”.
bacia do rio Uberabinha, disponíveis em
Não foi possível concluir a aplicação
uma lista de outorgas de direito de uso da
dos questionários que possibilitariam um
água, realizadas no estado de Minas
diagnóstico mais abrangente e completo do
Gerais. Os dados, contidos em duzentos e
uso da água na área de estudo, durante o
sessenta processos de outorga de água,
período de desenvolvimento do presente
referentes aos anos de 2002 a 2007, foram
trabalho, uma vez que esta atividade
tratados estatisticamente de forma que
necessita de uma eficaz divulgação entre
resultassem em um diagnóstico preliminar
os usuários de água sobre a pesquisa que
do uso da água na bacia.
está
sendo
realizada.
Alguns
fatores
6
impossibilitaram
a
realização
desta
e
Marília
que,
juntamente
com
as
divulgação, impedindo a aplicação desses
Formações
questionários, que, ainda assim, serão
integram do Grupo Bauru na região do
aplicados em um momento posterior ao
Triângulo Mineiro. A Formação Serra
término da presente pesquisa, quando
Geral, bem como a Formação Marília se
houver as condições necessárias para tal.
encontram,
Os resultados deste processo de
recobertas
Uberaba
na
por
e
Adamantina
maioria
das
sedimentos
vezes,
de
idade
aplicação de questionários serão utilizados
cenozóica, que são constituídos por leitos
para a complementação do banco de dados
detríticos rudáceos, com predomínio de
no ArcView GIS 3.2, bem como para a
seixos de quartzo, quartzito e de basalto.
criação de um cadastro de usuários de
recursos
hídricos
da
bacia
Formação
Serra
Geral,
rio
caracterizada por rochas efusivas de
Uberabinha no sítio eletrônico da ANA,
natureza básica e por pequenas lentes de
contribuindo,
o
arenitos intercalados aos derrames, possui
desenvolvimento do Sistema de Cadastro
ampla distribuição horizontal no Triângulo
Nacional
Recursos
Mineiro, contudo, apresenta-se recoberta
Hídricos (CNARH), vislumbrado por essa
em grande extensão pelas rochas mais
entidade federal.
recentes
assim,
de
Usuários
do
A
para
de
do
Grupo
Bauru
ou
pelos
sedimentos de idade Cenozóica.
Segundo Costa e Nishiyama (2004),
na área de estudo, os basaltos da Formação
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Serra Geral afloram no médio curso do rio
Uberabinha, próximo à área urbana de
Caracterização dos Aspectos Físicos
Uberlândia e na foz de alguns de seus
Conforme
a
afluentes, onde as camadas sobrejacentes
mesorregião do Triângulo Mineiro, em sua
foram desgastadas pela ação erosiva da
maior parte, está inserida na Bacia
água, expondo, assim, o basalto.
Sedimentar
do
Nishiyama
Paraná,
(1989),
a
qual
é
A Formação Marília, de acordo com
representada pelos arenitos da Formação
Nishiyama
Botucatu, basaltos da Formação Serra
constituída de arenitos e conglomerados,
Geral e as rochas do Grupo Bauru,
com grãos angulosos, teor variável de
litologias de idade Mesozóica.
matriz e seleção pobre, ricos em fedspato,
Na área da Bacia do rio Uberabinha
ocorrem apenas as Formações Serra Geral
(1989),
é
uma
unidade
minerais pesados e minerais instáveis. Tal
formação
se
faz
presente
na
quase
7
totalidade da área de estudo. No entanto,
residual. A área da bacia do rio Uberabinha
sua observação tem sido dificultada devido
apresenta características que se enquadram
ao seu raro afloramento, em função do
em três dessas unidades: áreas elevadas de
intenso
cimeira, áreas de relevo medianamente
recobrimento
pela
cobertura
cenozóica, sendo que, suas exposições
dissecado e intensamente dissecado.
podem ocorrer apenas nos vales fluviais,
As áreas elevadas de cimeira são
em cortes profundos e no interior de
caracterizadas por topos planos, amplos e
voçorocas (Del Grossi, 1991).
largos, com baixa densidade de drenagem
A área da bacia do Uberabinha está
e vertentes com declividades entre 3 e 5°,
inserida em um conjunto regional de
configurando, assim, as chapadas, entre
formas
por
950 e 1050 metros de altitude, onde se
Ab’Saber (1972 apud Del Grossi, 1991, p.
localizam as nascentes do rio Uberabinha.
56)
Chapadões
Tal superfície encontra-se sustentada pelos
Tropicais do Brasil Central” e pelo
arenitos da Formação Marília e recoberta
RADAM
e
por sedimentos de idade cenozóica, os
Chapadas da Bacia Sedimentar do Paraná,
quais dão origem a latossolos vermelho-
constituindo
Planalto
amarelos e vermelho-escuros, sobrepostos
Setentrional da Bacia Sedimentar do
a couraças e concreções ferruginosas de
Paraná.
extensões e espessuras variáveis. Nessa
de
relevo
como
denominadas
“Domínio
(1983)
a
dos
como
Planaltos
subunidade
Para Schneider (1996), as formas do
unidade, a vegetação natural original era
relevo regional estão associadas à evolução
representada
pelo
da Bacia Sedimentar do Paraná, isto é, sua
fitofisionomias
vegetais
estrutura geológica, evolução tectônica e
cerrado stricto sensu ao campo cerrado.
cerrado,
que
em
vão
do
superfícies de erosão. Portanto, considera-
As áreas de relevo medianamente
se que o relevo em sua forma atual é
dissecado constituem a transição entre a
resultante da evolução passada e presente,
chapada
condicionada pelo embasamento geológico
intensamente dissecado, com uma altitude
e pelos processos morfoclimáticos.
entre 750 e 900 metros. São encontradas
Baccaro
a
unidade
de
relevo
propôs
a
no médio curso do rio, onde o relevo é
geomorfológica
da
relativamente entalhado e o basalto aflora
região em quatro unidades distintas: áreas
no talvegue dos principais rios. Nesta
elevadas de cimeira, áreas de relevo
unidade, verifica-se o predomínio de
medianamente dissecado, áreas de relevo
latossolos vermelho-escuros distróficos,
intensamente dissecado e área de relevo
originalmente recobertos por cerradões e
compartimentação
(1989)
e
8
cerrados. Neste compartimento, é comum a
Uso e Ocupação do Solo
ocorrência de couraças ferruginosas que
causam ressaltos topográficos e rupturas de
Até a década de 1970, a região dos
declive nas vertentes e dão origem a solos
Cerrados praticamente não era utilizada
hidromórficos,
para o desenvolvimento de atividades
revestidos
por
campos
úmidos com gramíneas, ciperáceas e, mais
agrícolas,
raramente, os buritis. Manchas de latossolo
climáticas e pedológicas pouco favoráveis
roxo ocorrem próximas aos vales que
à agricultura. Da mesma forma, as
atingem os níveis dos derrames basálticos.
superfícies de chapada inseridas neste
em
função
das
condições
As áreas de relevo intensamente
domínio morfoclimático, contexto em que
dissecado, conforme Baccaro (1989) são
se insere a bacia do rio Uberabinha, eram
aquelas onde a rede de drenagem principal
consideradas como áreas de baixa aptidão
se apresenta em vales encaixados no
para esse tipo de atividade, em decorrência
basalto,
superfícies
da baixa fertilidade natural de seus solos,
topográficas variam de 640 a 800 metros.
por isso, foram ocupadas inicialmente pela
Ocorrem na porção inferior da bacia do
pecuária extensiva e reflorestamentos.
sendo
que
as
Uberabinha, à jusante da cidade de
A pecuária extensiva na região se
Uberlândia. Os diferentes níveis são
desenvolveu principalmente até o final da
relacionados à diferenciação litológica do
década de 1960, sendo esta a principal
material predominantemente basáltico e
atividade de ocupação do solo pelo
cristalino, onde as rochas mais resistentes à
homem.
erosão mantêm os patamares topográficos.
Nesse
compartimento
Segundo Schneider (1996), a partir
encontram-se
da década de 1960, a silvicultura se tornou
sedimentos
mais expressiva, devido aos subsídios
cenozóicos constituídos por cascalheiras,
financeiros de políticas governamentais.
concreções
Os incentivos fiscais concedidos aos
recobrindo
o
basalto,
limoníticas
e
colúvios
arenosos. A vegetação natural dessas áreas
produtores
é
relevante atrativo à produção de florestas
constituída
formações
predominantemente
florestais
como
as
por
matas
rurais
significaram
um
homogêneas.
ciliares, que acompanham as nascentes e
Durante esse período, iniciou-se o
os leitos dos rios, passando pela mata
plantio de grandes florestas homogêneas
mesófila de encosta e a mata seca
especialmente dos gêneros Eucalyptus e
(decídua), nas encostas com afloramento
Pinus,
basáltico.
atraídas pelos incentivos fiscais.
por
empresas
reflorestadoras
9
No entanto, a partir de 1975, as
especialmente para a rotação de milho e
atividades de silvicultura passaram por um
soja, além da cana-de-açúcar (Borges e
declínio em função da diminuição de
Nishiyama, 2007).
investimentos financeiros do governo.
Dessa forma, a região dos Cerrados
Base Cartográfica
começou a ser intensamente explorada, a
partir da década de 1970, devido aos
A base cartográfica se constitui em
incentivos governamentais dos programas
um material de grande importância no
de
estudo
desenvolvimento
POLOCENTRO
e
regional
de
bacias
hidrográficas,
pois
Tais
possibilita não somente a sua localização,
programas de indução do crescimento
como também a elaboração de documentos
possibilitaram a evolução da tecnologia no
cartográficos
desenvolvimento de novas variedades de
diferentes características, como a geologia,
grãos mais apropriadas para as condições
o relevo, o uso e ocupação do solo, etc.
de solo e clima existentes na maior parte
Ademais, a base cartográfica é um
do Cerrado do Brasil Central, aliada à
instrumento fundamental para a confecção
correção da acidez dos solos. Assim, a
de bancos de dados, que representam um
agricultura sucedeu à pecuária e aos
recurso bastante útil e eficaz para tratar
remanescentes
natural,
dados geográficos. Dessa forma, elaborou-
especialmente com os cultivos da soja e do
se uma base cartográfica da área de estudo
milho. A característica do relevo de
(Figura 02), que foi utilizada para a
chapadas, relativamente plano, possibilitou
elaboração de mapas de localização e do
a inserção da agricultura mecanizada,
banco de dados no ArcView GIS 3.2, que
voltada para a produção em larga escala.
armazena
de
PRODECER.
-
vegetação
No final da década de 1990, em razão
os
que
representem
resultados
trabalho.
das características favoráveis do clima,
relevo e de disponibilidade da água nos
mananciais superficiais, teve-se o início da
agricultura irrigada que, juntamente com o
abastecimento urbano, é responsável pelo
consumo da maior parte da água disponível
na bacia.
Recentemente, o tipo de agricultura
mais praticado é a cultura temporária,
Figura 02: Base Cartográfica.
Org.: BORGES, R. F. (2008).
do
suas
presente
10
Instituto Mineiro de Gestão das Águas
modificação e atualização de dados,
efetuados por meio de um sistema de
O Instituto Mineiro de Gestão das
gerenciamento de banco de dados.
Um
Águas - IGAM é uma autarquia estadual
banco de dados geográfico armazena e
que possui a função de planejar e
recupera dados de natureza geográfica em
promover ações direcionadas à preservação
suas diferentes geometrias, bem como as
da quantidade e da qualidade das águas, no
informações
estado de Minas Gerais.
realização de complexas operações de
O
gerenciamento
dos
recursos
descritivas
e
permite
a
análise sobre os dados espaciais.
hídricos é realizado por meio da concessão
O software ArcView GIS 3.2 se
de outorgas de direito de uso da água, do
constitui em uma ferramenta comumente
monitoramento da qualidade das águas
utilizada para a criação de bancos de
superficiais e subterrâneas do Estado, dos
dados,
planos de recursos hídricos, bem como da
informações a uma posição geográfica,
consolidação
Bacias
permitindo a visualização e análise de
Hidrográficas (CBHs) e Agências de
dados, assim como a criação de mapas que
Bacia.
os represente.
de
Comitês
de
pois
possibilita
associar
Assim, em decorrência da função de
Dessa forma, em virtude de sua
conceder outorgas de água desempenhada
grande eficiência no armazenamento e
pelo IGAM, foi possível adquirir dados
cruzamento de informações, o ArcView
acerca das propriedades rurais situadas na
GIS 3.2 foi o software utilizado para a
área da bacia hidrográfica do Uberabinha,
elaboração do banco de dados (Figura 03)
por meio do sítio eletrônico e da sede do
que contêm os resultados deste trabalho.
IGAM, no município de Uberlândia. Tais
dados
compreendem
informações
referentes às outorgas concedidas, como a
localização do ponto de intervenção para
captação de água, a vazão autorizada, bem
como a finalidade de utilização da água.
Banco de Dados
Segundo Rosa (2007), o banco de
dados consiste na inserção, remoção e/ou
Figura 03: Banco de Dados no ArcView GIS 3.2.
Org.: BORGES, R. F. (2008).
11
Uso da Água na Bacia do Uberabinha
9,94%, o consumo humano 8,6% e a
lavagem de veículos 6,35% (Quadro 01).
De acordo com o resultado do
tratamento estatístico dos dados referentes
Tipo de Atividade
Total (m³/ano) Percentual
Consumo Industrial
6.762.985,8
47,79
às outorgas deferidas nos anos de 2002 a
Irrigação
3.045.782,7
21,52
2007, fornecidos pelo IGAM, a forma de
Dessedentação de Animais
1.406.301,0
9,94
captação de água mais utilizada na bacia
Consumo Humano
1.217.299,9
8,60
do rio Uberabinha é a superficial. Este tipo
Lavagem de Veículos
898.826,1
6,35
de captação de água representou 55% dos
Outros
820.699,2
5,80
14.151.894,7
100
requerimentos de outorga concedidos e a
captação subterrânea 45%, conforme pode
ser visualizado no gráfico 01.
Total
Quadro 01: Captação anual de água subterrânea na
bacia do rio Uberabinha por tipo de atividade.
Org.: BORGES, R. F. (2008).
Contudo,
Relação do tipo de Captação de Água na Bacia do Rio
Uberabinha-MG (em m³/h)
a
água
superficialmente
45%
captada
é
utilizada
majoritariamente para a irrigação de
culturas agrícolas e para o consumo
55%
humano, que utilizam, respectivamente,
Captação Superficial
Captação Subterrânea
Gráfico 01: Relação do tipo de captação de água na
bacia do rio Uberabinha.
Org.: BORGES, R. F. (2008).
67,22%
e
21,91%
do
total
de
17.003.065,29 m³ de água por ano. A
indústria é responsável pelo consumo de
5,78% da água proveniente de captação
O volume de captação de água
subterrânea na bacia do rio Uberabinha é
de 14.151.894,7 m³ por ano, sendo este
superficial,
a
piscicultura
2,92%,
a
dessedentação de animais 1,77% e outras
atividades 0,39% (Quadro 02).
volume de água utilizado para o consumo
industrial, irrigação, dessedentação de
Tipo de Atividade
Total m³/ano
Percentual
Irrigação
11.429.965,98
67,22
Consumo Humano
3.726.172,00
21,91
Consumo Industrial
982.836,90
5,78
Piscicultura
495.817,20
2,92
Dessedentação de Animais
301.766,81
1,77
Outros
66.506,40
0,39
17.003.065,29
100
animais, consumo humano, lavagem de
veículos, entre outras finalidades menos
representativas. As atividades industriais
são as maiores consumidoras da água
proveniente
de
captação
subterrânea,
representando 47,79 % do consumo de
água, seguida pela irrigação com 21,52%.
A dessedentação de animais compreende
Total
Quadro 02: Captação anual de água superficial na
bacia do rio Uberabinha por tipo de atividade.
Org.: BORGES, R. F. (2008).
12
Os gráficos 02 e 03 demonstram a
bacia do rio Uberabinha, a saber: irrigação,
captação anual de água subterrânea e
consumo
superficial para cada tipo de atividade
animais, consumo humano, lavagem de
desenvolvida na área compreendida pela
carros, entre outras menos significativas.
industrial,
dessedentação
de
Captação Anual de Água Subterrânea por Tipo de Atividade
7000000
6000000
m³/ano
5000000
4000000
3000000
2000000
1000000
0
Consumo
Industrial
Irrigação
Dessedentação
de Animais
Consumo
Humano
Lavagem de
Veículos
Outros
Atividades
Gráfico 02: Captação anual de água subterrânea na bacia do rio Uberabinha por tipo de atividade.
Org.: BORGES, R. F. (2008).
Captação Anual de Água Superficial por Tipo de Atividade
12000000
m³/ano
10000000
8000000
6000000
4000000
2000000
0
Irrigação
Consumo
Humano
Consumo
Industrial
Piscicultura
Dessedentação
de Animais
Outros
Atividades
Gráfico 03: Captação anual de água superficial na bacia do rio Uberabinha por tipo de atividade.
Org.: BORGES, R. F. (2008).
Por meio dos gráficos, é possível
para finalidades industriais representa,
verificar a considerável diferença entre a
aproximadamente, 47,79% da captação
captação de água destinada à irrigação e ao
subterrânea e, por outro lado, a captação
consumo industrial, principalmente, uma
de
vez que a maior parte da água utilizada
principalmente à irrigação, sendo que esta
água
superficial
é
destinada
13
atividade consome cerca de 47% de todo o
seguidas
volume de água captado, utilizando apenas
dessedentação de animais, entre outros. A
21,52% da água subterrânea.
irrigação consome 47% da água captada, o
do
consumo
humano³,
da
As demais atividades utilizam em
consumo industrial 25%, o consumo
maior quantidade a água de captação
humano 16%, a dessedentação de animais
subterrânea, exceto a piscicultura, que
6%, , a lavagem de veículos 3% e as
utiliza apenas água de captação superficial,
demais atividades compreendem 3% do
e o consumo humano, que utiliza a água
consumo de água na bacia hidrográfica do
captada
Uberabinha (Quadro 03 e Gráfico 04).
superficialmente
em
maior
quantidade.
Tipo de Atividade
Por meio dos dados contidos na
Total (m³/ano) Percentual
Irrigação
14.475.749,68
47
relação de outorgas deferidas, foi possível
Consumo Industrial
7.745.822,70
25
também
Consumo Humano
4.943.471,90
16
consumo de água por atividade na bacia do
Dessedentação de Animais 1.902.118,20
6
rio Uberabinha (captação subterrânea e
Lavagem de Veículos
965.332,50
3
superficial). Os resultados mostraram que
Outros
862.893,79
3
30.895.387,77
100
realizar
uma
estimativa
do
as atividades que mais consomem a água
nesta bacia são a irrigação de culturas
agrícolas e as atividades industriais,
Total
Quadro 03: Captação anual de água na bacia do rio
Uberabinha por tipo de atividade.
Org.: BORGES, R. F. (2008).
Estimativa de Consumo de Água na Bacia do Rio
Uberabinha por Atividade
25%
16%
47%
6%
3% 3%
Irrigação
Consumo Industrial
Consumo Humano
Dessedentação de Animais
Lavagem de Veículos
Outros
Gráfico 04: Estimativa do Consumo de água na bacia do rio Uberabinha por atividade.
Org.: BORGES, R. F. (2008).3
3
Os resultados referentes ao consumo humano de água por captação superficial e captação total (subterrânea e superficial) foram baseados
nos dados fornecidos pelo DMAE, devido à insuficiência de informações contidas nos processos de requerimento de outorgas de água
disponíveis para a realização do presente trabalho, uma vez que estes compreendem apenas os requerimentos do período de 2002 a 2007.
14
O
Agência Nacional das Águas
CNARH
foi
instituído
pela
Resolução ANA, nº 317, de 26 de agosto
A Agência Nacional das Águas –
de 2003, que torna obrigatório o registro
ANA é uma autarquia sob regime especial,
de pessoas físicas e jurídicas de direito
com
e
público ou privado, que fazem uso de
financeira, vinculada ao Ministério do
recursos hídricos. O registro no CNARH
Meio Ambiente, conduzida por uma
se aplica, sobretudo, aos usuários de
Diretoria
por
recursos hídricos que captam água ou
finalidade criar condições técnicas para
lançam efluentes diretamente em corpos
implementar a Lei das Águas, promover a
hídricos.
autonomia
administrativa
Colegiada,
que
tem
gestão descentralizada e participativa, em
Assim, com o intuito de contribuir
sintonia com os órgãos e entidades que
para a execução deste cadastro nacional e
integram
de
de adquirir dados para caracterizar o uso
Gerenciamento de Recursos Hídricos,
da água na bacia do rio Uberabinha, o
implantar os instrumentos de gestão, como
questionário (Anexo), que será aplicado
a outorga preventiva e de direito de uso de
em
recursos hídricos, a cobrança pelo uso da
continuidade ao presente trabalho, baseou-
água e a fiscalização desses usos, entre
se no Manual do Usuário para o Cadastro
outras atribuições.
Nacional
o
Neste
Sistema
sentido,
Nacional
de
posterior
Usuários
de
para
dar
Recursos
Hídricos. Os dados obtidos por meio da
implementado ações de regularização de
aplicação dos questionários serão inseridos
usos de recursos hídricos em todo o País.
no sistema de cadastro CNARH, no sítio
Dentre essas ações está o Cadastro
eletrônico da ANA, na página de internet:
Nacional
http://cnarh.ana.gov.br, assim como no
Usuários
ANA
fase
tem
de
a
uma
de
Recursos
Hídricos (CNARH), que tem por objetivo
banco de dados do ArcView.
conhecer as demandas pelo uso de água e
O Sistema CNARH possibilita, a
subsidiar o gerenciamento de recursos
cada usuário, o preenchimento voluntário
hídricos, de forma compartilhada entre a
dos dados relativos ao uso da água e a
União e os Estados, e a implementação de
consulta
instrumentos como a outorga de direito de
informações sempre que esse uso for
uso de recursos hídricos, a cobrança pelo
alterado. O Cadastro ainda permite que,
uso da água e os planos de recursos
por
hídricos.
acessados
e
correção
intermédio
todos
on-line
da
Internet,
os
demais
das
sejam
serviços
necessários aos procedimentos para a
15
regularização, desde o seu inicial registro
Integrado, Pontos de Interferência e
até a emissão final da outorga de direito de
Finalização e Envio da Declaração ao
uso.
Sistema (Figuras 05 e 06).
Para ter acesso a esses serviços,
primeiramente o usuário deve se registrar
mediante
o
endereço
<http://cnarh.ana.gov.br>,
da
página
onde
deverá
selecionar uma das bacias hidrográficas
indicadas nos ícones localizados na porção
inferior da página (Figura 04).
Figura 05: Sistema de Cadastramento Online.
Fonte: <http://cnarh.ana.gov.br/>
Figura 04: Sistema de Cadastramento Online.
Fonte: <http://cnarh.ana.gov.br/>
Ao Acessar uma das bacias, o
Figura 06: Sistema de Cadastramento Online.
Fonte: <http://cnarh.ana.gov.br/>
usuário visualizará a tela de registro no
sistema CNARH, onde poderá registrar-se
ou, caso já esteja registrado, prosseguir
para
iniciar
ou
retificar
declarações
existentes.
usuário poderá criar uma nova declaração,
o
preenchimento
de
uma
declaração existente (em aberto), retificar
uma declaração existente ou excluir uma
declaração em aberto.
do
Empreendimento Integrado compreende
três
quadros
denominados
empreendimento, endereço e outorgas, que
por
Caracterização
três
do
uso
que
caracterizam
empreendimento
usuário
fisicamente
de
o
recursos
hídricos. O item Pontos de Interferência
visa identificar quais são as interferências
realizadas pelo empreendimento para uso
da água nos seus diversos componentes.
A declaração do sistema CNARH é
composta
Caracterização
visam identificar quais as finalidades de
Após registro no sistema CNARH, o
continuar
A
itens,
a
saber:
Empreendimento
Por fim, o item Finalização e Envio da
Declaração ao Sistema, que permite ao
16
usuário finalizar a sua declaração de uso
atual, de forma que estas forneçam
da água (ANA, 2007).
também subsídios para o gerenciamento
adequado e eficaz dos recursos hídricos,
com a finalidade de solucionar problemas
atuais e evitar problemas futuros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho se mostrou
A atividade que consome a maior
importante, pois permitiu a elaboração de
quantidade de água na área compreendida
um banco de dados da bacia do rio
pela bacia do rio Uberabinha é a irrigação
Uberabinha, bem como um diagnóstico
de culturas agrícolas, que corresponde à,
preliminar do uso da água na mesma,
aproximadamente, metade do consumo da
elevando o nível de conhecimento acerca
água
o
desta bacia e, principalmente, criou as
desenvolvimento das atividades humanas.
condições iniciais para que esta pesquisa
Tal
associada,
continue sendo desenvolvida com vistas à
principalmente, ao uso e a ocupação do
obtenção de informações mais detalhadas,
solo nesta bacia hidrográfica, que, de
por meio da aplicação de questionários nas
acordo com Borges (2008), possui cerca
propriedades rurais, que resultará em um
de 56% de sua área ocupada por culturas
diagnóstico completo do uso da água na
anuais e 0,4% por pivôs centrais.
área de estudo, o qual se constituirá em um
captada
nesta
característica
área
está
para
A água é um elemento fundamental
subsídio à elaboração de um Plano de
a ser considerado na gestão urbana e
Recursos Hídricos para a bacia do rio
regional, devido à sua potencialidade de
Uberabinha.
induzir ou dificultar o desenvolvimento
Assim,
social
e
criar
um
cadastro de usuários de recursos hídricos
gerenciamento das águas é fundamental
da bacia do rio Uberabinha no sítio
para garantir sua qualidade e quantidade
eletrônico da ANA, contribuindo, assim,
em
para o desenvolvimento do Sistema de
adequados
Portanto,
possível
o
níveis
econômico.
será
aos
múltiplos
usuários, atuais e futuros (LEAL, 2003).
Cadastro
Desta forma, é cada vez mais
importante
o
desenvolvimento
de
Nacional
de
Usuários
de
Recursos Hídricos (CNARH), que possui
grande importância, pois objetiva conhecer
pesquisas acerca dos recursos hídricos
as
para que sejam adquiridas informações
dependem
que possibilitem uma melhor compreensão
subterrâneas e promover a regularização
das condições do uso da água no contexto
de todos os usuários segundo os critérios
necessidades
das
das
águas
populações
que
correntes
ou
17
da Política Nacional de Recursos Hídricos
BACCARO,
(Lei
Geomorfológicos
9.433/1997)
e
das
legislações
estaduais pertinentes.
Por fim, constatou-se também a
Uberlândia.
C.
A.
do
D.
Estudos
município
Sociedade
&
de
Natureza,
Uberlândia, v.1, n. 1, p. 17-21, jun. 1989.
grande eficácia e aplicabilidade do banco
de dados no software ArcView GIS 3.2,
BORGES,
F.
que permitiu armazenar as informações
Avaliação
Temporal
inerentes ao uso da água na área de estudo,
Aqüífero Freático da Bacia Hidrográfica
bem como relacioná-las a sua localização
do Rio Uberabinha. 2007 (não publicado).
A.;
NISHIYAMA,
de
Recarga
L.
do
geográfica, por meio das coordenadas
UTM ou geográficas de um determinado
BORGES, F. A. Avaliação das Atividades
ponto e de dados referentes ao mesmo,
Minerárias na Área de Nascentes do Rio
assim como às distintas informações que o
Uberabinha. 2008 (não publicado).
compõe.
BRITO,
J.
L.
S.
Adequação
das
potencialidades do uso da terra na bacia
REFERÊNCIAS
do ribeirão Bom Jardim no Triângulo
Mineiro
(MG):
ensaio
de
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS.
geoprocessamento. 2001. 184 p. Tese
CNARH – Cadastro Nacional de Usuários
(Tese de Doutoramento) – Faculdade de
de Recursos Hídricos. Manual do Usuário.
Filosofia
Brasília, 2007. 66 p.
Humanas/Departamento
Letras
e
Ciências
de
Geografia/USP, São Paulo. 2001.
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS.
CNARH – Cadastro Nacional de Usuários
COSTA , F. M. P; NISHIYAMA, L. Bacia
de Recursos Hídricos. Disponível em:
do
<http://cnarh.ana.gov.br/> Acesso em: 17
condições
nov. 2007.
armazenagem de água no subsolo. 2004
Rio
Uberabinha:
naturais
e
influência
das
antrópicas
na
(não publicado).
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA; AGÊNCIA NACIONAL DE
DEL GROSSI, S. R. De Uberabinha a
ÁGUAS. Introdução ao Gerenciamento de
Uberlândia: Os Caminhos da Natureza –
Recursos Hídricos. 3. ed. Brasília, 2001.
Contribuição ao estudo da Geomorfologia
328 p.
Urbana. 1991. 208p. Tese (Doutorado em
18
Geografia) – Departamento de Geografia
BRAGA, R.; CARVALHO, P. F. de.
da Faculdade de Filosofia, Letras e
(Org.). Recursos Hídricos e Planejamento
Ciências Humanas, Universidade de São
Urbano
Paulo, São Paulo, 1999.
Laboratório de Planejamento Municipal –
e
Regional.
Rio
Claro:
Deplan – UNESP – IGCE. 2003. 131 p.
DMAE – Departamento Municipal de
Água e Esgoto. Consumo de água em
NISHIYAMA, L. Geologia do município
Uberlândia.
de
Disponível
em:
Uberlândia
e
áreas
adjacentes.
<http://uberlândia.mg.gov.br>. Acesso em:
Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 1, n.
06 mai. 2007.
1, p. 09 – 16, jun. 1989.
FREITAS, A. J. de. Gestão de Recursos
_____________. Cadastro de Usuários de
Hídricos. In: SILVA, D. D. da.; PRUSKY,
Recursos Hídricos na Bacia do Rio
F. F. (Ed.). Gestão de Recursos Hídricos:
Araguari e na Sua Área de Influência
Aspectos
Direta do Lago da Usina Hidrelétrica de
legais,
Administrativos
e
econômicos,
Sociais,
Brasília:
Miranda
no
Rio
Araguari
e
Seus
Ministério do Meio Ambiente. 2000. 118
Enquadramentos em Classes Segundo os
p.
Seus
Preponderantes.
2006
(não
publicado).
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística.
População
estimada
para
RADAM
–
BRASIL.
Programa
de
2007. Disponível em: <http://ibge.gov.br>.
Integração Nacional: Levantamento de
Acesso em: 27 jan. 2008.
Recursos Naturais. v. 31. 768 p. Rio de
Janeiro, 1983. Folha SE – 22, Goiânia,
IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das
Escala 1/1000000.
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<http://www.igam.mg.gov.br/
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ROSA, R. Introdução ao Sensoriamento
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Remoto. 6 º ed. Uberlândia: Editora da
&gid=14&Itemid=202>. Acesso em: 28 de
Universidade Federal de Uberlândia, 2007.
set. 2007.
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LEAL, A. C. Gestão Urbana e Regional
SCHNEIDER, M. O. Bacia do Rio
em Bacias Hidrográficas: interfaces com
Uberabinha: Uso agrícola do solo e meio
gerenciamento de Recursos Hídricos. In:
ambiente. 1996. 157 p.Tese (Doutorado
19
em
Geografia)
–
Departamento
de
Geografia da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 1996.
SHIMIZU, W.A. Oxigênio Dissolvido e
Demanda Bioquímica de Oxigênio no Rio
Uberabinha: Um estudo da Poluição
Orgânica Biodegradável. 2000. 67 p.
Dissertação (Mestrado em Geografia) –
Instituto
de
Geografia,
Universidade
Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2000.
SILVIA, A. M; PINHEIRO, M.S. de F.
FREITAS,
N.E.
de.
Guia
para
a
Normalização de Trabalhos TécnicosCientíficos: projetos de pesquisa, trabalhos
acadêmicos, monografias, dissertações e
teses. 5. ed. Uberlândia: UFU, 2006. 145p.
20
ANEXO
Questionário para Cadastro dos
Usuários de Recursos Hídricos na Bacia do Rio Uberabinha
21
1) IDENTIFICAÇÃO DO IMÓVEL
NOME DO IMÓVEL (FANTASIA):
RAZÃO SOCIAL:
Nome:
PROPRIETÁRIO
RG:
CPF:
Endereço completo:
PESSOA FÍSICA
Telefone(s):
E-mail:
Nome:
PROPRIETÁRIO
RG:
CPF:
Endereço completo:
PESSOA JURÍDICA
Telefone(s):
E-mail:
CPF/CNPJ
Rua/avenida/praça/alameda/estrada/rodovia/lugar:
LOCALIZAÇÃO DO IMÓVEL
Município:
Distrito:
Distância à sede do Município:
Rodovia:
UTM:
COORDENADAS
(
Geográficas: (
)
)
Latitude:
Latitude 2:
Longitude:
Longitude 2:
Datum:
BACIA HIDROGRÁFICA
Zona:
Estadual:
Federal:
ÁREA PROPRIEDADE (Ha)
DESCRIÇÃO SUCINTA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
NA PROPRIEDADE.
2) POPULAÇÃO
RESIDENTE
TEMPORÁRIA
Número
de
Pessoas
Sexo Masculino
Sexo
Feminino
22
3) CADASTRO DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA PROPRIEDADE
3.1 CRIAÇÃO DE ANIMAIS
TIPOS
Bovinocultura
Suinocultura:
Caprinocultura:
Eqüinos:
Avicultura:
Nº DE CABEÇAS
( )
Corte
( )
Confinada
( )
Leiteira
( )
Matrizes
( )
Terminação
( )
Corte
( )
Leiteira
( )
( )
Frango
( )
Peru
( )
Outras
Ranicultura:
( )
Piscicultura:
( )
Outras:
( )
ÁREA (Ha)
OBSERVAÇÕES
23
3.2 ATIVIDADES AGRÍCOLAS
TIPOS
Nº DE CABEÇAS
IRRIGAÇÃO
Sim/Não
Soja:
( )
Milho:
( )
Feijão:
( )
Cana-de-açúcar:
( )
Algodão:
( )
Trigo:
( )
Milheto:
( )
Arroz:
( )
Girassol:
( )
Batata:
( )
Cenoura:
( )
Cebola:
( )
Horticultura:
( )
Café:
( )
Laranja:
( )
Outras:
( )
ÁREA (Ha)
Irrigada
Não Irrigada
PRODUÇÃO
ton.sacas/ano
Máxima
Mínima
Especificar:
Especificar:
3.3 ATIVIDADES INDUSTRIAIS
TIPOS DE ATIVIDADES
NÚMERO DE
FUNCIONÁRIOS
TURNOS
ÁREA (Ha)
Total
Útil
PRODUÇÃO / ANO
Mínima
Máxima
24
3.4 ATIVIDADES MINERÁRIAS
NÚMERO DE
FUNCIONÁRIOS
TIPOS DE ATIVIDADES
ÁREA (Ha)
Total
Útil
TURNOS
PRODUÇÃO / ANO
Mínima Máxima
4 CADASTRO DE USOS DE RECURSOS HÍDRICOS
4.1 USOS DOS RECURSOS HÍDRICOS E FINALIDADE
CÓDIGO (Tabela 01)
USOS DOS RECURSOS HÍDRICOS (TABELA 02)
FINALIDADES (TABELA 03)
4.2 FONTES DE CAPTAÇÃO DA ÁGUA
FONTES DE CAPTAÇÃO
(
(
(
(
(
(
(
SUPERFICIAL:
) Surgência
) Córrego
) Ribeirão
) Rio
) Lagoa
) Lago de hidrelétrica
) Outra:
(
(
(
(
SUBTERRÂNEA: (poços)
) Poço tubular profundo
) Poço tubular
) Poço tipo cisterna
) Outra:
Nº DE CAPTAÇÕES
USOS NÃO
USOS
OUTORGADOS
OUTORGADOS
VAZÃO
OUTORGADA
(m³/h)
LOCALIZAÇÃO
Coordenadas
Datum:
Zona
25
4.3 – DETALHAMENTO DAS FINALIDADES DE USOS DE RECURSOS HIDRICOS
CONSUMO HUMANO
FONTES
Nº DE
CAPTAÇÃO
PESSOAS
VAZÃO DE
CONSUMO (m³/h)
DESSED. DE ANIMAIS
Nº DE
ANIMAIS
VAZÃO DE
IRRIGAÇÃO
MÉTODO
CONSUMO (m³/h)
TAB 03
ÁREA
IRRIGADA
(Ha)
INDUSTRIAL
VAZÃO DE
CONSUMO (m³/h)
ESPECIFICAR
TAB. 06
VAZÃO DE
CONSUMO (m³/h)
OUTRAS
ESPECIFICAR
TAB. 01 e 02
VAZÃO DE
CONSUMO
(m³/h)
SUBTERRÂNEA
SUPERFICIAL
DE
5 – OUTRAS INFORMAÇÕES CAPTAÇÃO SUBTERRÂNEA - POÇO
Ano perfuração:
Profundidade (m):
Diâmetro (mm):
Nível estático (m):
Diâmetro da Tubulação (mm):
Sucção:
Saída de recalque:
Recalque:
Empresa perfuradora
Nome:
Endereço:
Telefone/fax:
CNPJ:
Recalque:
Responsável Técnico
Nível dinâmico (m):
Conjunto motor-bomba:
Potencia (CV):
Profundidade de instalação (m):
Vazão de teste (m3/h):
Vazão outorgada (m3/h):
Controle de vazão:
Altura de recalque (m):
Reservatório de água:
Tempo de funcionamento
da bomba (dd/mm/aaaa)
Método de Perfuração:
Proteção sanitária:
Perfil construtivo:
Perfil litológico
Tipo de Aqüífero:
Perfil litológico
Perfil geológico
Perfil do aqüífero
Lage de proteção:
Cimentação sanitária (m):
(
(
(
(
(
(
)
)
)
)
)
)
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
(
(
(
(
(
(
)
)
)
)
)
)
Não
Não
Não
Não
Não
Não
26
6 - OUTRAS INFORMAÇÕES CAPTAÇÃO SUPERFICIAL
Nome do curso d’água:
Coordenadas:
Derivação do curso d'água:
Caso afirmativo, responda!
Latitude:
(
)
Longitude:
Sim
(
)
Datum:
Não
Tipo de derivação:
Vazão derivada (m3/h):
Vazão total do curso d’água (m3/h):
Extensão da derivação (m):
N° de dias de captação no mês:
N° de meses no ano de captação:
N° de horas de captação por dia
Cálculo de vazão: Q7, 10
Condições de reservação de água:
Método empregado para determinação
de vazão:
(
)
Sim
Barragem com regularização de vazão:
(
)
Não
Barragem sem regularização de vazão:
Área ocupada (ha):
Tanques:
Tratamento de água:
(
)
Sim
(
)
Não
Tipo de tratamento:
Tipos:
Realiza análises físico-químicas:
Periodicidade:
Em quantos pontos de coleta?
Consumo de água por atividade:
7 – TRATAMENTO DE EFLUENTES
Tipo de efluente gerado:
Lançamento
Rede de esgoto municipal:
Diretamente em corpos d’água:
(
)
Sim
(
)
Não
Tratamento de Efluentes:
Reutilização de água
Tipos de uso:
Percentual de reutilização:
Reator anaeróbio:
Lagoa de tratamento:
Tanques séptico:
Outro - definir
Zona:
Download

diagnóstico preliminar do uso da água na bacia hidrográfica do rio