Uma questão de educação
Mário Salvador
É impossível negar que há violência no Brasil. O noticiário sobre o assunto nos
impede de mentir. E as notícias se espalham pelo mundo, mostrando uma imagem
muito negativa do nosso país.
Mas dentro do tema violência há um setor que está surpreendendo, por várias e
inúmeras razões, principalmente por ser uma área na qual não deveria, em
hipótese alguma, existir qualquer tipo de violência. Refiro-me à educação.
Num rápido passeio pelos jornais anotei algumas notícias sobre a violência nas
escolas. Registro algumas, para conhecimento de quem que não as tenha lido:
Em Pirajuí-SP, dois estudantes foram repreendidos pela diretora da escola onde
estudam. Têm 15 e 16 anos. Em represália, foram à casa dela, pularam o muro e
chegaram à garagem. Quebraram o vidro do carro da Diretora, um fusca; puseram
fogo em papéis que estavam no interior do veículo, que se incendiou. O fogo
alcançou o teto da garagem destruindo-a. Os bombeiros evitaram a destruição da
residência pelo fogo. A ação dos adolescentes foi descoberta pela própria Diretora.
E eles confessaram o ato, justificando-o: ficaram aborrecidos com a reprimenda
que levaram dela. Se a moda pega...
É sabido que muitos discentes são chegados a uma colinha nas provas. Mas, sem
dúvida alguma, houve um pouco de exagero no uso de cola, por alguns menores,
na cidade de Macatuba-SP. Registra o jornal que um grupo de alunos daquela
cidade passou cola de secagem rápida na cadeira da professora. Ela ficou presa ao
móvel, pela roupa.
Em Araçatuba-SP, a servente Nair Silva Alves, 67 anos e 30 anos de serviço, teve
os dois braços quebrados e problema em um dos olhos, ao ser pisoteada por alunos
da terceira à oitava séries, ao abrir o portão da escola para que eles entrassem no
recinto. Ao prestar queixa à polícia, por insistência da filha, ela declarou: "Não vi
quem foi. Só sei que alguns alunos me empurraram e caí de bruços. Entrei em
pânico e comecei a gritar por socorro". Ela disse que teme sofrer retaliações e
desabafou: "Este é o momento de maior decepção da minha vida. Os alunos não
respeitam professores, funcionários, diretores, ninguém".
Entretanto, registra o jornal, a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Educação
enviou nota ao jornal, dizendo que "a servente recebeu um esbarrão dos alunos,
caiu e sofreu ferimentos". Pois é! A servente já começou a sofrer represálias. E não
foi dos alunos. A corda continua rebentando do lado mais fraco.
Há registro em coluna (não, sociais; claro!) escrita por pessoa que conhece bem o
setor da educação indicando que em Uberaba duas professoras foram agredidas por
alunos: uma levou um tapa no rosto e outra, teve seus cabelos incendiados.
Se continuarmos a procurar, certamente iremos encontrar milhares de notícias
ruins sobre o procedimento de alunos nas nossas escolas.
E os milhões de
desacatos de alunos a professores que não chegam à imprensa ou que a imprensa
se nega a publicar?
As notícias ruins estão registradas acima. E o que fazer para acabar com esta
situação, que parece piorar dia a dia?
Talvez a solução esteja nas famílias, pois sabemos que a educação vem do berço. E
como está a situação da família, a quem compete educar os filhos, para que
tenham um comportamento racional? É aí, caros amigos, que a porca vai torcer o
rabo, como dizem os sábios do povo. Mas a coisa anda tão complicada, que é
possível dizer, hoje, que o rabo é que vai torcer a porca.
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