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Rio de Janeiro, 8 de junho de 2008 - Ano XXVIII - No. 1.374
Liminar na última hora
evitou leilão do Bennett
A notícia estourou como uma bomba, mesmo para os que já acompanham preocupados a longa crise do Instituto Metodista Bennett.
Na quinta-feira passada soube-se que a valiosa propriedade ocupada
pelo Bennett, na Rua Marquês de Abrantes, seria leiloada às 15 horas
da sexta-feira. O motivo seria uma dívida não quitada, que era cobrada por um banco. Informou-nos a Secretária Executiva da AIM na
Primeira Região, Rosemarí Constantino, que ela e advogados da Igreja estiveram em São Paulo desde a segunda-feira, buscando uma
solução negociada. Inclusive, na quinta-feira já tinham em mãos um
cheque de R$ 2,8 milhões, que quitaria a dívida em questão. No entanto, o banco credor, optou por manter o leilão. Começou, então,
uma corrida contra o tempo para se obter uma liminar que suspendesse o leilão. Como num filme de suspense, tal liminar só foi assinada poucos minutos antes do horário marcado para o leilão. Agora,
a dívida será discutida na Justiça, o que dará mais tempo à Igreja.
Espera-se que o susto desperte os responsáveis e que seja encontrada
uma solução definitiva para a situação do Bennett, que está sob jurisdição da Sede Geral.
ICP fecha escola e pede socorro
O IMAS – Instituto Metodista de Ação Social, nome atual do antigo
ICP – Instituto Central do Povo, vive uma crise sem precedentes na
sua história. A mais antiga instituição de serviço social particular do
Rio de Janeiro, com mais de 100 anos de existência, está encerrando
diversos cursos, devido à absoluta falta de recursos para se manter.
Situado no bairro da Gamboa, região muito carente, foi criado pelo
célebre missionário americano Dr. Tucker. Durante muitos anos foi
mantido pela Igreja dos Estados Unidos. Nos últimos anos, houve
colaboração do Bennett, que tendo que conceder bolsas de estudo
para manter seu status de instituição filantrópica, as repassava ao
IMAS. No princípio deste ano foi firmado um novo convênio entre as
duas instituições, por meio do qual o IMAS receberia R$ 22 mil mensais. Porém com o agravamento da situação financeira do Bennet,
não houve o repasse. Então, como já noticiamos, os pagamentos aos
funcionários atrasaram e as dívidas já existentes aumentaram. Recentemente a COREAM determinou que só continuassem em funcionamento os cursos auto-sustentáveis. E embora os Cânones digam que
as instituições regionais, como o IMAS, devem ser mantidas pela
respectiva Região, a existência daquela instituição centenária está
ameaçada. A respeito da crise envolvendo Bennett e ICP, leia nesta
edição artigos de Mario Way, Lina Maria Lopes e João Wesley Dornellas.
Vila celebra seus 106 anos
No próximo domingo, dia 15 de
junho, a Igreja Metodista de Vila
Isabel estará completando 106 anos
de sua organização. É uma história
de muita luta e de muitas vitórias.
A comemoração começará no sábado, com uma programação na
Praça Barão de Drummond, das 16
às 19 horas. Já foi obtida a licença
da Prefeitura, contratada a montagem de um palanque e providenciada a instalação do sistema de som.
Serão distribuídos folhetos à população de Vila Isabel convidando
para aquele evento. No domingo,
no culto matutino, teremos a presença de nosso ex-pastor Rev. Antônio Faleiro Sobrinho. À noite a
mensagem será do Rev. Luciano
Vergara. Após o culto, apagaremos
as 106 velinhas do tradicional bolo
de aniversário.
Uma das práticas do JV é não fazer
sensacionalismo. Muitas vezes tomamos conhecimento de notícias
desagradáveis, de maneira informal, mas preferimos aguardar a
confirmação do fato. A crise que
envolve Bennett e IMAS há muito
tempo freqüenta as páginas do JV,
embora vários detalhes não sejam
conhecidos. É com tristeza que publicamos os artigos de pessoas que
tanto lutaram pelo IMAS, como
Mario Way e Lina Lopes, e agora
vêm a situação chegar a este ponto.
Esperamos que estas notícias e reflexões ajudem a superar esta crise.
Roberto Pimenta
Diretor do Jornal da Vila
Pensando sobre o ICP
O Sr. Mario Way, missionário leigo americano, colabora na direção do ICP desde 1962,
apesar de já estar aposentado. É o atual Vice-Diretor. Ele encaminhou uma carta às autoridades
da Primeira Região de nossa Igreja, onde faz relatos e crítica inúmeras atitudes que levaram o
ICP à situação atual. Mas, ele não se detém nesta parte: faz também constatações e sugestões
para se superar as atuais dificuldades. É o que publicamos abaixo, para que nelas possamos
meditar e, quem sabe, acrescentar outras que possam ser de valia neste momento.
Conclusões a que estou chegando
1. Há um grupo que apóia o ICP, aprecia os
resultados do seu trabalho, acredita que o
convite "Vinde e Aprendei" faz parte do
plano de Deus, e que "Servir com Amor" é
o segundo grande mandamento de Jesus.
2. A maioria dos metodistas e das Igrejas
Locais não tem muito interesse no trabalho
do ICP, e não sentem prazer ou obrigação de
colaborar
com
uma
Instituição
Regional. Talvez não saibam que por
apenas três reais por membro, por ano,
seriam cobertas as nossas necessidades!
3. A maioria não conhece a história e
pioneirismo da sua Igreja Metodista no
Brasil; a sua luta para liberdade religiosa e
direito de distribuir a Bíblia em Português;
o seu exemplo ao governo do que precisa
ser feito na educação e saúde, etc. O Dr.
Tucker e o ICP tiveram papeis importantes
nestas lutas.
.
4. Embora falem de João Wesley, não
seguem o seu conselho que "atos de
misericórdia" têm que acompanhar "atos de
piedade"; seu exemplo de tolerância e
cooperação com outras Igrejas; a sua luta
para justiça e direitos para todos.
.
5.Continuar com as atividades? Diminuir os
serviços consideravelmente? Fechar? A
maioria não se importa.
.
6. Alguns acham que seria melhor acabar
com o "saco sem fundo", vender as
propriedades
e
pagar
as
dívidas.
ALERTO às pessoas que pensam assim que
.
o
IMAS (ICP, Escola
Dr.
Álvaro
Alberto, e Acampamento Clay) é uma
instituição filantrópica inscrita no Conselho
Nacional de Assistência Social e de
Utilidade Publica Federal, Estadual, e
Municipal. Pelo seu estatuto, o IMAS não
pode ser vendido. Só pode ser doado à
outra entidade filantrópica ou ao Governo.
.
Onde vamos achar mais "Discípulos e
Discípulas" para "salvar" o ICP?
.
A "salvação" pode vir através de pessoas
que querem:
.
1. Achar uma Universidade ou Escola para
alugar o prédio escolar;
.
2. Ajudar com a Campanha de aumentar o
número de contribuintes (telefonando,
preparando boletos, agradecendo, etc.);
.
3; Incentivar grupos
Acampamento Clay;
4. Achar patrocinadores
publicidade;
para
usar
o
.
em troca
de
5.Indicar organizações que queiram fazer
parcerias com o ICP;
.
6.Tentar fazer um contrato melhor para a
Escola Dr. Álvaro Alberto, em Caxias;
.
7.Ajudar o Evangemed a pagar as suas
despesas no ICP: luz, telefone, água,
limpeza;
8.Estabelecer uma contribuição mensal para
os alunos que têm bolsa.
.
ICP - O último a sair apaga a luz
Lina Maria Lopes (Amiga do ICP, Voluntária no ICP, Ex-Diretora, Ex-conselheira, Ex-Vice-Presidente do
Conselho Diretor deposto) E-mail expedido em 6 de junho de 2008 a cerca de uma centenas de pessoas
Você já ouviu falar de John Wesley?
Não, então eu vou apresentá-lo. Ele é a base da
Igreja Metodista, semana passada mesmo,
comemoramos o Dia do Coração Aquecido de
John Wesley. Todas as Regiões Eclesiásticas
comemoraram esse dia. O Distrito do Catete
celebrou com um Culto com a maior parte das
Igrejas presentes, tivemos Conjuntos de Louvor
de várias Igrejas, todos contentes. Ah! Lá fora
também tinha uma barraquinha, do ICP, com
D. Anita e Sr. Marion Way vendendo pães e
objetos dos Jogos Pan Americanos que foram
doados para arranjar alguns trocados. Trocados
mesmos, pois eu fiquei no Caixa e repassei
R$380,00 para a Instituição.
O Metodismo é uma religião social. Para
Wesley, “o Evangelho de Cristo não conhece
outra religião que a social nem outra santidade
que a social. Este mandamento temos de Cristo,
que o que ama a Deus, também ama a seu
irmão”. Pelos atos de misericórdia, o cristão
expressa o seu amor ao próximo, à justiça e a
uma vida digna.
Apesar de tudo isso, no dia 20 de maio
de 2008, a COREAM da 1ª. Região dediciu:”
mediante as dificuldades de manutenção da
Instituição, manter somente o Pré-Escolar, a
Informática, o Reforço Escolar e a Padaria. O
diretor deverá proceder ao fechamento dentro
das normas legais.”
Trocando em miúdos, a COREAM
determina que cesse o convênio com a
Prefeitura para a Manutenção de 216 crianças,
de 3 meses a 3anos e 11 meses, mandando as
crianças para suas casas, deixando que essas
mães deixem seus trabalhos; que mantenha as
duas turmas de pré-escolar, 50 crianças de 4 e 5
anos, cujas mães pagam uma mensalidade de
R$105,00, manter o Reforço Escolar para 120
crianças, que tem um projeto próprio de
R$1000,00 mensais, manter a Informática que
atende 250 jovens pagando R$10,00 cada um,
manter a padaria escola, que tem cursos de
padeiro e confeiteiro, com valor do curso de
R$30,00.
Wesley criava escolas para que as
crianças pobres pudessem aprender além de
escrever, ler e contar, conhecer também a Deus
e Jesus Cristo. Há tempos atrás, nós já
deixamos de ensinar as crianças a ler e escrever,
terminamos com o ensino fundamental que ia
até a quarta série. O ICP já teve até o Científico,
hoje temos cada vez menos.
O comunicado do Gabinete Episcopal,
de 04 de junho decide pelo encerramento das
atividades desenvolvidas no ICP e para a qual
não temos receitas próprias. Isso significa
diminuir
para
crescer.
Cumpra-se
o
determinado pela COREAM.
Trocando em miúdos novamente, o
Gabinete Episcopal se responsabilizará por
toda a despesa decorrente da demissão de
professores, ou será que vai deixar para o ICP
também?
Estamos perdendo cada vez mais.
Estamos perdendo espaço numa região
favelizada, com grandes chances de sermos
invadidos pelo tráfico, pois teremos muitas
salas ociosas, menos gente da comunidade
circulando, menos crianças e menos sorrisos.
Wesley dizia para pensarmos e
deixarmos pensar, por isso eu estou pensando
que nossa história está indo pelo ralo. Num
momento em que a Região Portuária está se
revitalizando, nós estamos encolhendo em vez
de ganharmos mais espaço. Estou pensando na
grande repercursão que o ICP teve na área da
saúde juntamente com Oswaldo Cruz, que foi o
modelo para os postos de saúde que temos
hoje, que foi a primeira escola para surdos e,
principalmente, por sermos a 1ª.. Obra Social
do Brasil, criada no tempo em que nós
Metodistas
éramos
uma
Comunidade
Missionária a Serviço do Povo.
Cada ano apagamos mais uma luz, falta
pouco para apagarmos a última. Quem sair por
último apague a luz.
“O povo chamado Metodista está
convicto de que o Reino de Deus somente será
implantado na terra quando todos os seres
humanos, sem distinção de nenhuma espécie,
puderem igualmente aproveitar as benção da
vida em sua plenitude”.
Coisas tristes mas verdadeiras
João Wesley Dornellas
Nem tudo são flores em nossa Igreja Metodista no presente momento. Como não existe
um veículo de comunicação em nossa Igreja que
informe realmente tudo o que está ocorrendo no
âmbito das igrejas locais, nas administrações regionais e, em especial, em nossas instituições,
pouca gente fica sabendo das coisas. Um pouco
disto se deve a um mito em nossa visão religiosa.
Por ele, o cristão não critica nada, nem mesmo o
que está errado, muito menos as pessoas. Precisamos aprender a criticar e exigir que os criticados se expliquem, até mesmo, para que a verdade
possa aparecer de maneira clara.
Estou falando de instituições de nossa Igreja. A primeira delas é a UNIMEP, a Universidade Metodista de Piracicaba. Ela tem estado em
crises continuadas desde que foi empossado o
novo reitor, que tem sido muito criticado, principalmente por ter demitido o diretor do Colégio,
gerando protestos dos pais de alunos e dos próprios professores. O Piracicabano é a escola pioneira do metodismo brasileiro e as autoridades
precisavam olhar melhor para ela. Um dos problemas, na minha opinião, é que se criou uma
espécie de “sindicato” e as pessoas mudam de
uma instituição para outra. “Quem tem padrinho
não morre pagão”. No meio de e.mails que circulam por aí não se tem uma palavra esclarecedora
de nenhuma autoridade da Igreja. A exceção é o
site de nossa igreja. Lá estão inseridos detalhes da
crise da UNIMEP.
Outro problema, para o qual não se tem
nenhum esclarecimento por parte das autoridades, ocorreu com o Bennett, que faliu, segundo
dizem. As autoridades da Igreja (bispos e COGEIME), ao que se sabe, deram o Bennett para o
Granbery, que agora dá as cartas na instituição,
que tem centenas de ações trabalhistas (ao que
dizem) contra ele. Que vai perder todas, aumentando a sua dívida, porque realmente não fizeram o mínimo que um cristão deve fazer, isto é,
cumprir a lei. Contra tudo o que é princípio do
Metodismo, demitiram empregados e não pagaram os seus direitos, sugerindo que fossem reclamar os seus direitos na Justiça.... Foram, é claro. Poucos anos atrás, o Bennett, havia emprestado ao Granbery, que estava mal, dois milhões
de reais. Só que, quando a UNIMEP assumiu o
Granbery, exigiu que a dívida fosse perdoada e,
parece, os bispos concordaram com isto, prejudicando o Bennett..
Ou seja, a problemática UNIMEP, assumiu o Granbery que, por sua vez, encampou o
Bennett. Só que entre os dois eventos, o Bennett
resolveu, com a concordância das autoridades,
assumir o ICP - Instituto Central do Povo, cujo
nome histórico, de mais de 100 anos, fundado
que foi por Tucker, mudaram para IMAS, Instituto Metodista de Ação Social. A operação, dizem,
foi feita para assumir sua qualificação de instituição filantrópica, para o Bennett não ter que pagar
a parte do empregador do INSS. Isto foi desmentido, mas o Bennett prometeu, mesmo sem ter,
colocar dinheiro no ICP, misturando uma instituição de ensino com uma de ação social. No ano
passado ventilei essa questão em diversos artigos, achando que não ia dar certo. Não deu. Airton Campos também escreveu a respeito. Agora,
como tínhamos previsto, depois da absorção do
Bennett pelo Granbery, o ICP ficou na mão. Por
decisão das autoridades gerais da Igreja, desvincularam-no do Bennett e deixaram de colocar
dinheiro. A situação do ICP é angustiante e já se
pensa em fechá-lo pura e simplesmente, interrompendo todos os serviços que presta, inclusive
uma creche para o pessoal da Favela que o circunda. Os salários dos funcionários do ICP estão
atrasados há mais de três meses, há muitas dívidas e a situação é insustentável. O próprio missionário Marion Way, que em e.mail publicado
no Jornal da Vila no ano passado achava que a tal
fusão era boa, já mudou de opinião. Vale a pena
ver as notícias em nosso site. Esperamos que tudo
seja informado à Igreja. O ICP não pode ter esse
triste fim. Estou triste por ter estado com a razão
no que escrevi há mais de um ano. Infelizmente,
eu estava certo.
Outro problema da Igreja, sobre o qual
ninguém informa nada oficialmente é o impasse
jurídico com relação à Cedro, editora terceirizada
de nossa Igreja. A Secretária Executiva da Sede
Geral quer romper o contrato com a Cedro, que
não presta realmente bons serviços, mas ela está,
com assistência de um pastor-advogado, brigando com a Igreja. Vamos voltar com detalhes sobre
tudo.
Meu pai
Sandra Alves Peixoto
Q
uero agradecer ao Marcys, da Igreja de
Cascadura e ao Alfredo, de nossa igreja.
Eles programaram uma confraternização
com os jovens dos anos 60 onde homenagearam
dois dos vários personagens importantes da Igreja Metodista: Nelson Alves Peixoto e Jether Pereira Leal. Este encontro aconteceu no dia 17 de
maio. Como em todo primeiro encontro, ocorreram
acertos e desacertos, mas os
acertos superaram os desacertos. Foram muitas lembranças, conversas, discursos e fotos que nos levaram
ao passado. No final tivemos uma palavra que me
pareceu espontânea do
Zezé; eu acho que não estava na programação, mas
que me levou ao túnel do
tempo.
Eu não fiz parte diretamente desse grupo que
se confraternizou, mas como filha do Peixoto, eu
circulei por esse grupo, era
a caçulinha. Parte da minha infância e adolescência convivi com vários jovens, seja na igreja, nos
passeios, confraternizações com outras igrejas ou
na minha casa. Eu sempre dividi meu pai, no bom
sentido, com esse grupo. E tenho um carinho
muito grande por vários desses jovens, que hoje
compartilho do seu convívio. Hoje a idade já não
faz tanta diferença, mas naquela época fazia.
E baseada na palavra do Zezé eu me lancei
no túnel do tempo. Meu pai foi uma pessoa que
eu considero fora do seu tempo. Eu o considero
um homem sem medo de inovar, de sonhar. Ao
mesmo tempo em que era rigoroso com as suas
convicções, ele não se limitava à rotina, ele sempre procurava inovar para manter os jovens dentro da igreja.
Não me lembro exatamente em que ano,
ele levou uma bateria para dentro da igreja. Hoje
é comum, apesar de muitas pessoas ainda não
terem se acostumado com o “barulho”, mas há 40
anos? Como foi essa recepção? E o que é interessante, a bateria naquele tempo foi introduzida por
Paulo Sérgio, na época meu namorado, e hoje em
dia, seu neto Leonardo, e que não por acaso é
afilhado do Paulo Sérgio, continuou com a tradição. Coincidência?
Volto a dizer, apesar das suas convicções
rígidas, ele mantinha a mente aberta, como no
caso de fazer festas juninas, com direito a quadrilha, obviamente ensaiada por ele e com todos os
doces característicos dessa festa pagã, mas que lá
o sentido era totalmente diferente. Simplesmente
uma maneira de nos divertirmos dentro da igreja. E o
desfile de modas? E as peças teatrais? Lembro do
Chapeuzinho
Vermelho.
Das gincanas, das apresentações culturais com declamações. Em me lembro
de uma com a Viviane, que
foi muito boa, das apresentações ao piano, ao violão,
das competições esportivas, que nos ocupava o
sábado inteiro com futebol,
vôlei, tênis de mesa e mais
alguma coisa que não me
lembro.
Mas ele não esquecia da educação cristã. Tínhamos estudo bíblico, ele fazia questão que freqüentássemos a Escola Dominical. No domingo
não era diferente do sábado. Passávamos o dia
todo na igreja, com direito ao ensaio do coral, a
devocional. E as confraternizações com outras
igrejas do Rio e também com as de fora do Rio?
Você pensa que meu pai se limitava aos
sábados e domingos na sua dedicação à igreja?
Não. Durante a semana tínhamos o encontro dos
jovens que faziam o jornal na minha casa. Curtia
muito ver meu pai fazer o jornal. A maneira dele
desenhar me encantava, ainda guardo alguns
instrumentos, e o entra e sai dos jovens discutindo o melhor layout, a utilização do estêncil na
confecção do jornal, grampear e distribuir no domingo.
Meu pai foi um sonhador, mas com os pés
no chão. Mas o que é mais importante, foi o que
Zezé falou. A maior parte daqueles jovens está,
direta ou indiretamente, ainda ligada à igreja.
Meu pai considerava os jovens não como jovens,
(conclui na página 4)
Meu pai (conclusão da página 3)
mas como seus filhos e como pai estava sempre
atento a todos. E minha mãe, Elzira, uma mulher
que sempre o apoiou integralmente e também
participava dessa filharada toda. Acompanhava
os eventos, fazia ovos de páscoa, e principalmente, apoiava os sonhos do meu pai, tanto com relação à igreja, como na sua vida profissional.
Quantos sonhos meu pai não teve em ter
um negócio próprio. Ele se aventurava, como se
diz, “com a cara e a coragem”, mas infelizmente
não decolava e ele voltava sem dinheiro e com
dívidas. Mas a minha mãe estava lá para dar apoio. No final de sua vida, em seus momentos de
lucidez, eu ainda via meu pai fazer minha mãe
ficar ruborizada com os seus galanteios. Por que o
seu Peixoto era um galanteador. Sempre valorizou a grande mulher que teve, dando atenção e se
via isso em pequenos momentos, mas que tinham
um grande valor. Como por exemplo, frases que
sempre escutei e não importava se era a milésima
vez que ela ouvia. Minha mãe sempre abria um
sorriso que ia de orelha a orelha, quando escutava
dele: “O café tem um sabor especial quando é
servido pelas suas mãos”. E não importava se era
de uma garrafa térmica ou se tinha sido preparado na hora. O que valia era a atenção, o cuidado
de demonstrar que ela era de grande valor para
ele.
Este era um pouquinho do meu pai na
minha visão (e já ficou um texto enorme). Para
falar tudo dele eu teria que escrever um livro.
Sempre procurei valorizar meus pais na saúde e
na doença. E sempre digo que quase tudo que sou
devo a eles. Eles me passaram a vontade de ir em
frente, de estudar, de ultrapassar os obstáculos,
de sonhar e ir atrás dos meus sonhos. E eu procuro devolver todo esse amor com carinho e atenção
todos os dias e, principalmente, dizendo:
“MUITO OBRIGADA”.
JORNAL DA VILA
ANO XXVIII – Nº 1375
Publicado semanalmente pelo Ministério de Comunicação da Igreja Metodista de Vila Isabel –
Boulevard 28 de Setembro, 400 – Rio (RJ)
Fundador: Carlos Valle Rego
Diretor: Roberto Pimenta
Redator: Luiz Pimenta
Xerox e distribuição: Walquírio Mattos
Os artigos assinados são de responsabilidade de
seus autores
O que há pela Vila
A
s coletas dos cultos matutino e vespertino de
hoje serão destinadas ao Instituto Central do
Povo. É uma pequena parte do muito que eles
necessitam. Porém, se cada um fizer alguma coisa, muito se pode mudar. Como as coletas de hoje
seriam destinadas ao nosso Reforço Escolar, uma
coleta futura irá para aquele importante trabalho.
N
o domingo passado dissemos que a banda
que estaria presente na Praça Barão de
Drummond era a do Edson Mudesto. Mas, houve
troca de sobrenomes. Na realidade, quem estará
na praça é o conjunto de nosso irmão Edson Fernandes, membro de nossa igreja e que canta no
Coral Henrique Soares. Desculpem-no o equívoco.
N
ossos jovens e juvenis terão hoje a Escola
Dominical Diferente. Será no Parque Laje,
onde estudarão a lição e desfrutarão daquele belo
local de nossa cidade. Aqui na igreja, no culto da
manhã, teremos a recepção de novos membros e
também momentos especiais com as classes de
nossa Escola Dominical.
deixar nosso agradecimento à RoQueremos
semarí Constantino, secretária da AIM na 1ª.
R.E., que num dia muito tenso, como foi a sextafeira passada, foi muito atenciosa com os redatores do Jornal da Vila, prestando detalhadas informações sobre o que ocorria com o Bennett.
D
evemos orar sem cessar, a qualquer hora.
Mas temos alguns horários especiais em que
todos os membros são instados a orar por nossa
igreja. Participemos deste movimento e nos lembremos também de nossos irmãos que passam
por momentos difíceis.
C
ertamente por pressão de algumas organizações não-governamentais que trabalham com
índios, e possivelmente por excessos cometidos,
várias igrejas cristãs assinaram com o Ministério
Público de Mato Grosso do Sul um termo de conduta, em que se comprometem a respeitar a liberdade cultural e religiosa de indígenas da reserva guarani de Dourados. O termo foi firmado
pelas igrejas Metodista, Presbiteriana, Cristã do
Brasil, Assembléia de Deus, Católica Romana e
algumas outras neopentencostais. Naquela reserva vivem cerca de 12.000 indígenas, existindo ali
36 templos evangélicos. Há muitos anos a Igreja
Metodista tem a Missão Metodista de Taperopã.
Há mais de 70 anos nossa Igreja trabalha com os
índios caiuás.
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