ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
GABINETE de APOIO
ao Deputado MENDES BOTA
Eleito em representação da Região do Algarve
Palácio de S. Bento 1249-068 Lisboa
Telef: 213 917 282 Mail: [email protected]
Sítio electrónico: www.mendesbota.com
COMUNICADO Nº 28/XII
MENDES BOTA DENUNCIA ABANDONO E DEGRADAÇÃO EM ESTAÇÕES
DE COMBÓIOS E APEADEIROS DO ALGARVE – UMA SENSAÇÃO DE
TERCEIRO MUNDO
O deputado Mendes Bota desafia responsáveis políticos, REFER, CP, cidadãos, a
percorrerem o roteiro ferroviário da Linha Regional do Algarve, e reflectirem sobre o
que vêm. Abandono e degradação. Desleixo e fealdade. “Uma sensação de Terceiro
Mundo”, é como Mendes Bota define a situação da maioria das estações de comboios e
apeadeiros do Algarve. Um péssimo cartaz turístico. Um não-serviço prestado às
pessoas. Isto não pode continuar. Algo tem que ser feito para eliminar esta vergonha.
Vale a pena ler as Perguntas que endereçou ao Governo, e olhar para a reportagem
fotográfica que se serve de anexo.
PERGUNTAS AO GOVERNO
Assunto: ABANDONO E DEGRADAÇÂO EM MUITAS DAS ESTAÇÕES DE COMBÓIOS E
APEADEIROS DA LINHA REGIONAL DO ALGARVE – UMA SENSAÇÃO DE TERCEIRO
MUNDO
DESTINATÁRIO – Ministério da Economia e do Emprego
Exma. Sra. Presidente da Assembleia da República,
A linha regional de comboios do Algarve deveria constituir um factor de
comodidade e fiabilidade nas vidas, não só das populações autóctones, mas também
dos muitos milhares de visitantes que todos os anos afluem a esta região do País. Esta
perspectiva vincou-se ainda mais com a crescente sobrelotação da principal via
rodoviária do Algarve, a ER125, agravada com a imposição de portagens na Via do
Infante, bem como pela subida dos combustíveis para preços incomportáveis para
muitos.
Todos os dias, de segunda a Domingo, milhares de pessoas, entre elas jovens,
idosos, estudantes, turistas, fazem da linha ferroviária do Algarve uma alternativa aos
incómodos do tráfego rodoviário. Para além de ser um meio de transporte ecológico e
económico, é também um dos mais seguros do mundo, se o compararmos com os
meios rodoviário, aéreo ou marítimo.
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Esta linha liga o Algarve de ponta a ponta, de Vila Real de Santo António a
Lagos. No seu percurso estabelece um elo de ligação entre a vasta zona litoral do
Algarve, e deveria estimular a interacção de trabalhadores e turistas de vários sítios
diferentes, e assumir-se como uma parte importante daquele que é o principal sector
económico da região – o turismo – e um dos mais importantes do País.
Este meio de transporte deveria merecer uma profunda reflexão sobre o seu
papel na sociedade algarvia de hoje, sobre a necessidade de investimento no chamado
“metro de superfície”, e na correcção de um traçado que, tendo sido executado em
tempos muitos distantes e com outras realidades e conjunturas, não acompanhou a
dinâmica demográfica e económica da região do Algarve.
Infelizmente, a situação de penúria financeira a que o País chegou, não augura
tão cedo um pacote de investimento público que permita inverter em profundidade a
estratégia do sector de transportes na Região. Afirmar o contrário, só pode radicar da
demagogia e da inconsciência. Mas, pelo menos de forma faseada, será possível iniciar
esse caminho, assim se defina a sua meta.
Situação diferente, é aceitar sem reparo as condições de degradação a que a CP
e a Refer têm deixado chegar, não só o material circulante, mas sobretudo a maioria
das suas estações e apeadeiros, passando os limites do tolerável, e que ali jazem à
vista de quem passa, constituindo um lamentável cartão de visita da região mais
turística de Portugal.
De facto, se exceptuarmos os melhoramentos de que foram alvo as estações
abrangidas pelos percursos Alfa e Intercidades, pouco resta que se salve no meio do
naufrágio geral.
Basta uma pequena volta por alguns destes sítios para que rapidamente se
forme um padrão do desleixo a que estão sujeitos. A começar pelos grafitis: são uma
constante ao longo de toda a linha (incluindo nas principais estações), qual tribo de
‘artistas’ nómadas que, pela calada da noite, saltam das moitas e silvados circundantes
para, de sprays e marcadores em punho, darem azo nas paredes de cada estação às
suas ansiedades expressionais.
Outra prática que logo se detecta é a da vedação dos WC’s públicos: ao longo
de toda a linha não se detecta uma única estação em que as casas-de-banho estejam
acessíveis aos clientes. Na maioria dos casos, uma chave tem que ser primeiro pedida a
quem a guarde, sendo que noutros casos estas encontram-se efectivamente
entaipadas ou pura e simplesmente não existem. Porém, bem fora que os problemas
dos clientes se cingissem à obtenção da chave. Uma vez passado este obstáculo, aquilo
com que nos deparamos são, quase sempre, antros de uma imundície fétida, pouco
atreitos a qualquer decência sanitária.
Os problemas de acessibilidade são mais que muitos – e neste caso será
pertinente destacar a deficiente sinalização no acesso às estações/apeadeiros, sendo
que muitas vezes esta é mesmo inexistente, para além de que, uma vez chegados à
estação, os estacionamentos não existem, são insuficientes, ou ficam ao critério do
utente, dependendo da avaliação que se pode fazer de certos descampados
‘mobilados’ a pedregulhos que muitas vezes circundam as estações à laia de
parqueamento. Em relação à acessibilidade apeada da estação propriamente dita,
destaque para as rampas de acesso que são completamente impróprias para
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deficientes e pessoas em cadeiras de rodas, pela falta de manutenção e uso
inadequado de calçadas, cujas pedras se encontram muitas vezes soltas, tornando a
sua travessia um autêntico Cabo das Tormentas.
Estes são apenas alguns dos problemas mais comuns, mas há muitos mais. O
lixo, por exemplo, parece reproduzir-se em velocidades prodigiosas nas plataformas de
embarque, ao longo das linhas e nas zonas adjacentes. A situação de desleixo nalguns
sítios chega a ser chocante. Cresce abundante vegetação nas plataformas de
embarque. Há janelas partidas e portas arrombadas. De facto, tão desolador é o
cenário em certos sítios, que estes tornaram-se no porto de abrigo onde toda a sorte
de toxicodependentes e delinquentes vêm parar de noite.
Vale a pena terminar realçando duas das situações reportadas, as quais
sintetizam perfeitamente a indiferença da CP/ Refer na manutenção das suas
estruturas. Em Poço Barreto, o acesso de automóveis à garagem de um privado dá-se
pela plataforma de embarque. Já na estação da Luz, grassa o bucolismo inovador,
sendo que alguém terá tomado por iniciativa erigir e manter aquilo a que alguns
poderão apelidar de jardim em volta do WC público, vedando o seu acesso até ao
aventureiro mais audaz.
Não é demais salientar: a situação das estações de comboios e apeadeiros do
Algarve é vergonhosa para a Região. É uma sensação de Terceiro Mundo. A própria
relação do País com a sua rede ferroviária tem, desde sempre, sido uma de orgulho e
carinho, o que torna tudo ainda mais incompreensível. Dificilmente um turista que se
depare com tal situação quererá repetir a experiência. O Algarve não se pode dar ao
luxo de fazer montra destas autênticas chagas paisagísticas. Sem condições, não há
credibilidade. Sem credibilidade, perdem-se clientes. Sem clientes, corre-se o risco de
desaparecer toda uma matriz económica que durante décadas foi fomentada à custa
desta linha e que foi erigida em torno desta e doutras estruturas semelhantes.
Assim, ao abrigo do arsenal máximo das disposições constitucionais, legais e
regimentais, solicita-se a V. Exa. se digne obter do Ministério da Economia e do
Emprego resposta às seguintes perguntas:
1. Tem o Governo consciência da situação em que se encontra a maioria das
estações de comboios e dos apeadeiros da Linha Regional do Algarve, e que
medidas tenciona tomar a esse respeito?
2. Qual a estratégia de transporte ferroviário para o Algarve, designadamente nas
ligações intra-regionais, e que investimentos estão previstos para o próximo
triénio?
Lisboa, 3 de Novembro de 2012
O deputado
Mendes Bota
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03/11/2012 - estações e apeadeiros do algarve