0
UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Pedagogia
Ana Paula Aparecida Conceição Gerona
Maiza de Fátima Marangon
A LEITURA DE CONTOS CLÁSSICOS FEITA PELO
PROFESSOR NAS SÉRIES INICIAIS (2ºANO)
LINS – SP
2012
1
Ana Paula Aparecida Conceição Gerona
Maiza de Fátima Marangon
A LEITURA DE CONTOS CLÁSSICOS FEITA PELO
PROFESSOR NAS SÉRIES INICIAIS (2ºANO)
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Banca Examinadora do
Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium, como requisito parcial para
obtenção do título de Graduação em
Pedagogia Sob a orientação da Profª
Ma Denise Rocha Pereira e a Profª Ma
Fátima Eliana Frigatto Bozzo.
.
LINS – SP
2012
2
Ana Paula Aparecida Conceição Gerona
Maiza de Fátima Marangon
A LEITURA DE CONTOS CLÁSSICOS FEITA PELO PROFESSOR NAS
SÉRIES INICIAIS (2ºANO)
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Centro
Universitário Católico Salesiano Auxilium para obtenção do título de graduação
do curso de Pedagogia.
Aprovado em ________/________/________
Banca Examinadora:
Prof(a) Orientador(a): Profª. Orientadora: Ma Denise Rocha Pereira
Titulação: Mestre em Educação. Área de Concentração Ensino na Educação
Brasileira (UNESP - Marília)
Assinatura: _________________________________
1ª Prof(a) Orientador(a): Profª. Luciane Noronha do Amaral
Titulação: Mestre em Letras.
Assinatura: _________________________________
2ª Prof(a) Orientador(a): Profª. Fátima Eliana Frigatto Bozzo
Titulação:
Assinatura: _________________________________
3
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele eu não teria forças
para essa longa jornada.
Aos meus pais, Valdir e Eni que não mediram esforços para que
eu chegasse ao meu objetivo final. Ambos serão os responsáveis por cada
vitória alcançada durante toda minha vida, foram vocês que me deram
o maior exemplo de força, coragem e principalmente fé, para que eu não
desistisse no primeiro obstáculo encontrado. Vocês são e sempre serão
meu maior porto seguro, meus maiores exemplos. Obrigado por estarem
comigo durante essa longa caminhada. Amo Vocês!
A minha irmã Ana Carolina, que apesar dos seus poucos
conhecimentos, me ajudou muito nessa trajetória.
Ao meu namorado Victor, um agradecimento mais que especial,
pois foi ele que esteve comigo em todas as horas, foi quem me ensinou a
dar valor aos pequenos detalhes, e me fez enxergar o real significado da
vida. Obrigado por estar comigo durante essa jornada, nos momentos
que mais precisei você estava lá. Vivenciou cada detalhe desse trabalho,
me deu apoio nos momentos mais difíceis, onde pensei em desistir. Soube
me compreender. Obrigado por tornar a minha vida mais feliz.
A minha orientadora Denise Rocha Pereira, e a professora
Fátima Eliana Frigatto Bozzo que com todos os seus conhecimentos me
ajudaram a crescer, e me tornar a pessoa que hoje sou. Vocês
contribuíram e muito para a realização e o sonho desse trabalho.
À amiga e companheira Maiza, o meu muito obrigado! Foi longa
essa caminhada, passamos tantos momentos juntas, dividimos alegrias e
tristezas, foi minha parceira desde o início. Vou levar você para sempre
na memória. Você fez parte dessa história!
Ana Paula
4
AGRADECIMENTO
Primeiramente a Deus que me deu força para chegar ao final
dessa grandiosa jornada, me dando toda coragem que eu precisava para
ir além dos meus limites nestes três anos dedicados à Pedagogia e não
me deixou faltar forças para ir até o final.
Aos meus, pais Geraldo e Jacira. Vocês são responsáveis por tudo
que sou e por tudo que acredito. Durante todos esses anos vocês sempre
estiveram ao meu lado me apoiando, me dando forças. Quantas noites
em claro passaram comigo, quantas angústias vivenciaram a cada
trabalho que teria que apresentar. Vocês sempre serão os meus maiores
exemplos de vitória, meus heróis e aqueles que mais amo. As minhas
sobrinhas, Bruna e Beatriz, que estiveram sempre ao meu lado, me
ajudando e incentivando a cada dia para que eu nunca desistisse.
Ao meu namorado, Fernando, pela paciência e compreensão
durante essa batalha.
A toda minha família em geral, que me apoiou e me ajudou
direta e indiretamente.
A minha amiga e companheira de TCC, Paula, pela paciência e
esforço para que pudéssemos chegar ate aqui. Você faz parte dessa
conquista!
A minha orientadora, Denise Pereira Rocha, pelos conhecimentos
transmitidos, pela experiência que me foi passada e pela paciência com
que me auxiliou durante todo esse tempo acadêmico.
A todos os professores, por transmitirem grande parte de seus
conhecimentos e, em especial, a professora Fátima Eliana Frigatto
Bozzo, que sempre acreditou no meu potencial.
Obrigada a todos aqueles que acreditaram que eu chegaria ao fim,
conquistando essa vitória tão desejada e esperada, numa batalha
incansável pelo sucesso.
Maiza
5
EPÍGRAFE
Chegamos filho.
É aqui. Prepare-se.
Aqui você vai descobrir um vale encantado
vai chegar na caverna misteriosa
e vai conhecer o estranho laboratório do
cientista louco.
E eu queria lhe dizer uma coisa. Não
esqueça, filho.
Uma rosa não é uma rosa.
Uma rosa é o amanhã,
uma mulher, o canto de um homem.
Uma rosa é uma invenção sua.
O mundo é uma invenção sua.
Você lhe dá sentido. Você o faz bonito.
Você o cobre de cores.
Um brinquedo, o que é um brinquedo?
duas ou três partes de plástico, de lata...
Uma matéria fria, Sem alegria, sem
História...
Mas não é isso, não é, Filho?
Porque você lhe dá vida,
Você faz ele voar, viajar...
Vamos, filho.
Sabe que lugar é esse?
É um lugar de sonhos.
Uma casa de brinquedos.
Vamos entrar.
Fernando Faro
6
RESUMO
Ler não é somente decodificar palavras, mas compreender significados e dar
sentidos, construindo novos valores, novas experiências, novas idéias e a
descoberta de outras culturas, assim ampliando sua visão de mundo. Além da
leitura ser uma atividade essencial à área do conhecimento, ela contribui para o
desenvolvimento de capacidades dos indivíduos, pois possibilita a percepção
de vários pontos de vista, estimula a criatividade e constrói um sentido real do
texto, transferindo-o para o mundo em que vive. A leitura de contos clássicos
propicia um grande fascínio nas crianças. Desta mesma maneira contados de
uma forma adequada, desperta no aluno um interesse maior e faz com que ele
sinta o prazer de ouvir e fantasiar um mundo imaginário, permitindo que esse
fascínio esteja vinculado com a realidade. O presente estudo tem como
objetivo analisar como se é feita à leitura de contos clássicos feita pelo
professor nas séries iniciais (2º ano), e quais seriam as contribuições dos
contos no processo da construção de um aluno leitor, visando também
investigar o trabalho do professor e sua colaboração mediante o trabalho de
leitura e escrita, seus métodos e as suas estratégias. No primeiro capítulo foi
abordado como se dá a leitura nas séries iniciais, o sentido e a formação do
leitor. No segundo capítulo foi estudado a origem e as definições dos contos
clássicos, suas formas do passado ao presente, e a comparação entre conto
de fadas e conto maravilhoso. No terceiro capítulo foi enfatizado a importância
dos contos clássicos, suas colaborações e conteúdos, as estratégias utilizadas
e a leitura colaborativa. Foram realizadas pesquisas bibliográficas e pesquisas
com professores e alunos, no qual foi possível verificar a importância da leitura
de contos e os seus significados. Com isso, o último capítulo do trabalho ficou
responsável por fazer uma análise qualitativa dos dois casos pesquisados,
através de observações feitas como alunas pesquisadoras no programa Bolsa
Alfabetização, no qual foi observado o embate desse tipo de ensino nos
educando envolvidos. Os resultados foram positivos diante desta pesquisa, no
qual ficou comprovado a importância dos contos clássicos no ambiente escolar,
principalmente nas séries iniciais com crianças em fase de alfabetização.
Palavras chaves: Leitura. Contos. Professor.
7
ABSTRACT
Reading is not only make out words but also understand meanings and give
directions, building new values, new experiences, new ideas and discovering
other cultures, thus broaden their worldview. Furthermore reading is an
essential activity to acquire knowledge, it contributes to capacity development of
individuals, as it allows the perception of several points of view, encourages
creativity and builds a real meaning of the text, shifting it to the real world.
Reading out classic tales provides a great fascination for children. Likewise told
properly, arouses more interest to the student and makes him feel the pleasure
of hearing an imaginary world and fantasize it, allowing this fascination to be
linked with reality. This study aims to analyze how it is made the classic tales
read out by the teacher in the early grades (2nd year), and what are the
contributions of the tales in the process of building a reader student, also aiming
to look into the teacher's work and their collaboration through the reading and
writing task, their methods and their strategies. In the first chapter was
approached how is reading in the early grades, meaning and reader shaping. In
the second chapter was studied the origins and definitions of classic tales, their
forms from past to present, and the comparison between: fairy tale and
wonderful tale. The third chapter has emphasized the importance of classic
tales, his collaborations and contents, strategies and collaborative reading.
Bibliographical research was performed and also surveys with teachers and
students, where it was possible to verify the importance of reading stories, and
their meanings. Thereat the last chapter was to make a qualitative analysis of
the two investigated cases through students observation of researchers in
Literacy Scholarship program, in which was observed in the students' interest
and appreciation for the importance of stories and classic tales in school
environment, the reading collaborative strategy applied by the teacher, in the
early grades with children beginning literacy and shaping the reader.
Keywords: Reading. Tales. Teacher
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Leitura .....................................................................................
14
Figura 2 - Diagrama ................................................................................
16
Figura 3 - O Livro ....................................................................................
21
Figura 4 - O Patinho Feio ........................................................................
22
Figura 5 - A Bela Adormecida ..................................................................
28
Figura 6 - Chapeuzinho Vermelho ...........................................................
32
Figura 7 - Ariel ........................................................................................
32
Figura 8 – Branca de Neve .....................................................................
33
Figura 9 - Cinderela ................................................................................
34
Figura 10 – Os três Porquinhos ...............................................................
34
Figura 11 – O Menino .............................................................................
36
Figura 12 – resposta da pergunta nº. 1 dos professores ........................
45
Figura 13 – resposta da pergunta nº. 2 dos professores ........................
46
Figura 14 – resposta da pergunta nº. 3 dos professores ........................
47
Figura 15 – resposta da pergunta nº. 4 dos professores .......................
48
Figura 16 – resposta da pergunta nº. 5a dos professores ......................
49
Figura 17 – resposta da pergunta nº. 5b dos professores ......................
50
Figura 18 – resposta da pergunta nº.6 dos professores ........................
51
Figura 19 - resposta da pergunta nº. 7 dos professores ..........................
52
Figura 20 – resposta da pergunta nº. 8a dos professores ......................
53
Figura 21 – resposta da pergunta nº. 8b dos professores ......................
54
Figura 22 – resposta da pergunta nº. 8c dos professores .......................
55
Figura 23 – resposta da pergunta nº. 8d dos professores ......................
56
Figura 24 – resposta da pergunta nº. 9 dos professores ........................
57
Figura 25 – resposta da pergunta nº. 10 dos professores ......................
58
Figura 26 – resposta da pergunta nº. 11 dos professores ......................
59
Figura 27 – resposta da pergunta nº. 12 dos professores ......................
60
Figura 28 – resposta da pergunta nº. 13 dos professores ......................
61
Figura 29 – resposta da pergunta nº. 14 dos professores ......................
62
Figura 30 – resposta da pergunta nº. 1a dos alunos ..............................
63
Figura 31 – resposta da pergunta nº. 1b dos alunos ..............................
64
9
Figura 32 – resposta da pergunta nº. 1c dos alunos ...............................
65
Figura 33 – resposta da pergunta nº. 2 dos alunos ................................
66
Figura 34 – resposta da pergunta nº. 3 dos alunos .................................
67
Figura 35 – resposta da pergunta nº. 4 dos alunos ................................
68
Figura 36 – resposta da pergunta nº. 5 dos alunos ................................
69
Figura 37- resposta da pergunta nº. 6 dos alunos ..................................
70
Figura 38 – resposta da pergunta nº. 7 dos alunos ................................
71
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................
11
CAPÍTULO I – A LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS ................................
14
1
O SENTIDO DA LEITURA ..............................................................
14
1.1 Formação do leitor e a literatura .....................................................
18
CAPÍTULO II – CONTOS DE FADAS E CONTOS MARAVILHOSOS:
DEFINIÇÕES E ORIGENS .....................................................................
2
21
CONTO DE FADA E CONTO MARAVILHOSO – DEFINIÇÕES E
REFLEXÕES ...........................................................................................
21
2.1 A origem dos contos: do passado ao presente ..............................
30
CAPÍTULO III – A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM CONTOS EM
SALA DE AULA, SUAS COLABORAÇÕES E OS
CONTEÚDOS TRAZIDOS .......................................................................
36
3
OS CONTOS EM SALA DE AULA .................................................
36
3.1 Estratégias de leitura e leitura colaborativa .....................................
39
CAPÍTULO IV – ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO
4
4.1
PESQUISA DE CAMPO COM PROFESSORES ............................
44
Pesquisa de campo com os alunos................................................. 63
CONCLUSÃO ..........................................................................................
72
REFERÊNCIAS .......................................................................................
75
APÊNDICES ............................................................................................
77
11
INTRODUÇÃO
Ler não é somente decodificar palavras, mas construir significados e
atribuir sentidos, novas experiências, idéias e poder descobrir outras culturas,
assim ampliando sua visão de mundo.
Por meio do contato com a leitura de forma interativa o leitor constrói o
significado do texto por meio do seu conhecimento sobre o assunto e do
conjunto de habilidades específicas sobre o ato de ler.
Além da leitura ser uma atividade essencial à área do conhecimento, ela
contribui para desenvolvimentos de capacidades dos indivíduos, pois possibilita
a percepção de vários pontos de vista, estimula a criatividade e constrói um
sentido real do texto, transferindo o leitor para o mundo em que vive.
Deve-se lembrar também que a leitura ocorre por diferente necessidade
humana, e, por isso, além do conhecimento citado acima, lê-se para
divertimento, para lembrar fatos, orientação, para saber das informações,
dentre outras necessidades. Sendo assim, para cada necessidade há um tipo
de gênero textual adequado.
As possibilidades trazidas pela literatura infantil vêm sendo cada vez
mais ampliadas e construídas para o nível do leitor ao qual se destina. Seu
maior significado vem através do desenvolvimento de crianças de diversas
idades, pois despertam suas fantasias, curiosidades, interesses sociais e
culturais, libertando o domínio de experiências de leitura, determinando o modo
como ela irá construir suas habilidades e adquirir a aprendizagem.
Para adquirir essa aprendizagem, é necessário o acompanhamento do
professor como mediador do processo. É preciso que ele transforme esses
contos em algo mágico e que possibilite que essa magia seja significativa e
prazerosa para as crianças, desenvolvendo a imaginação, a criatividade, a
autonomia, a emoção e seus sentimentos.
Dessa maneira, o professor precisa primeiramente de instrumentos que
lhe possibilitem esse trabalho e que promovam nos alunos a utilização de
estratégias que lhes permitam interpretar e compreender que ler é uma prática
social.
A leitura de contos clássicos desperta um grande fascínio na
humanidade e principalmente nas crianças. Contados de uma forma lúdica,
12
desperta nos alunos um interesse maior e faz com que sintam o prazer de ouvir
e fantasiar um mundo imaginário, permitindo que esse fascínio esteja vinculado
com a realidade.
Nesse momento de ler os contos o professor deve saber como utilizar
meios que despertem no aluno a curiosidade e a necessidade de ser um leitor,
visando a valorização da literatura como forma criativa, podendo esta ser uma
leitura muito atraente no processo de alfabetização.
Acredita-se nesta investigação que os contos clássicos abrem a
possibilidade de descobrir sua identidade, reconhecer as diversidades e
sentimentos humanos, aprendendo formas de comportamento que permitam
sua interação com a sociedade.
Partindo disso, o objetivo principal desta pesquisa é verificar o trabalho
do professor em séries iniciais e sua contribuição mediante aos trabalhos de
leitura e escrita, por meio dos contos clássicos, levando em conta quais os
métodos utilizados pelo mesmo, a sua postura como leitor, verificando os
benefícios em relação ao aprendizado do aluno.
Partindo desse objetivo geral e definido o caso a ser estudado, o
presente estudo terá ainda como objetivos específicos investigar as
contribuições da leitura de contos clássicos para o aluno em fase de
aprendizado de leitura e escrita na alfabetização (2º ano), conhecer quais e
como se dá as sequências didáticas no trabalho do professor com contos
clássicos, identificar como o professor desenvolve as estratégias de leitura e,
investigar qual a importância do trabalho com contos clássicos pela visão do
professor e o seu conhecimento a cerca do tema.
Quanto à pesquisa , esta será qualitativa e terá como objetivo primordial
a análise do conhecimento dos professores acerca dos contos clássicos e de
suas possibilidades no trabalho com alunos em processo de alfabetização,
constatado a partir de questionário e observação sistemática in locus.
Em relação aos sujeitos, foram realizados questionários com 2
professoras e 32 alunos, partindo do acompanhamento como alunas
pesquisadoras do Programa
estadual.
Bolsa Alfabetização de uma escola pública
A partir dos dados coletados, foi feita uma análise qualitativa,
realizados gráficos com as categorias de respostas, tecendo reflexões sobre os
13
aspectos levantados e o que as referências nos dizem, sobre a importância dos
contos para a escola.
Por meio disso, foi possível compreender a relação do professor com o
aluno, como se é feita a leitura de contos clássicos, sua importância, os
conteúdos trazidos e principalmente o sentido que os mesmos remetem na
construção do sentido e nos primeiros passos da leitura e da escrita.
O presente trabalho foi estruturado visando fazer um paralelo entre o
trabalho do professor e a maneira como o aluno vê e constrói o mundo, por
meio da literatura, desenvolvendo o processo de um indivíduo leitor.
Para tanto, se desenvolveu uma estrutura na qual o trabalho foi dividido
em quatro partes, que serão cada uma um capítulo desse estudo.
O primeiro capítulo ―A Leitura nas séries iniciais‖ foi feito um panorama
de como se dá a leitura nas séries iniciais, o sentido da leitura e a formação do
leitor.
A segunda parte ―Contos de fadas e contos maravilhosos: definições e
origens‖ foi estudado a origem dos contos clássicos, suas formas do passado
ao presente, e a comparação entre conto de fadas e conto maravilhoso.
No terceiro capítulo ―A importância do trabalho com contos em sala de
aula, suas colaborações e conteúdos trazidos‖ foi enfatizado a importância dos
contos clássicos, suas colaborações e conteúdos, as estratégias utilizadas e
leitura colaborativa.
Sendo assim, foram realizadas pesquisas bibliográficas e pesquisas com
professores e alunos, pelas quais foi possível verificar a importância da leitura
de contos e os seus significados. Com isso, a última parte do trabalho ficará
responsável por fazer uma análise qualitativa dos dois casos pesquisados, para
que seja observado o embate desse tipo de ensino nos educando envolvidos.
14
CAPÍTULO I
A LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS
Este capítulo tem como propósito trazer discussões sobre a construção
do sentido da leitura na formação do leitor, partindo de estudiosos e iniciar a
discussão sobre a formação do leitor literário.
1 O SENTIDO DA LEITURA
Figura 1 - Leitura
“O processo de leitura possibilita essa operação
maravilhosa que é o encontro do que está dentro do livro
com o que está guardado na nossa cabeça. Ruth Rocha“.
Historicamente, no ensino da leitura, por
muito tempo acreditou-se que ler dependeria apenas
do processo de decodificação de letras e sons e que
o sentido seria aprendido posteriormente.
Fonte:www.google.com.br
Após muitos estudos de pesquisa de estudiosos (SMITH, 1999; FREIRE,
1989; SOLÉ, 2003) pode-se afirmar que ler não é somente juntar letras e
formar palavras, significa também, saber interpretar e decodificar a mensagem,
dar sentido ao texto lido.
A leitura já foi também um traço que determinava o status social e com
fins diferentes do que se tem hoje. Apenas para ilustrar a relação da leitura na
sociedade, na idade média, por exemplo, saber ler era privilégio apenas para
uma determinada classe social e boa parte tinha vínculo apenas religioso:
[...] muitas crianças aprendiam a ler textos – basicamente orações
religiosas – escritos em latim, cujo significado obviamente não
entendiam, porque a própria língua na qual estavam codificados não
era acessível a elas. E também porque não era a compreensão o
que se esperava dessa alfabetização parcial. Muitas deixavam a
escola – em muitos casos a escola paroquial – depois de adquirir a
habilidade necessária para participar nos ritos religiosos, sem nunca
terem lido um texto em uma língua inteligível para elas. Parece óbvio
que, naquela época, a leitura não significava compreensão. (SOLÈ,
1998 p. 19).
15
A leitura, não era algo necessário à vida cotidiana, porém, atualmente
isto seria impossível, até mesmo as tarefas mais simples do nosso cotidiano,
exigi-nos a leitura, como pegar um ônibus, fazer compras, tomar um remédio,
entre outros. A leitura no mundo moderno e contemporâneo é uma ferramenta
indispensável para a nossa vida em sociedade.
Nos dias atuais, pode-se dizer que há um consenso sobre a
necessidade do domínio, da importância do ensino e a autonomia que o sujeito
pode ter quando se sabe ler. Ler num ambiente social e todas as demandas
que o meio nos impõe, parece quase algo que ocorre naturalmente. Porém o
processo de leitura não é um processo natural e sim algo cultural. Para isso,
precisamos aprender o código escrito, socialmente aceito e ter domínio sobre
ele. Além do código escrito existem outros códigos que podem nos transmitir
algumas mensagens. É o que diz a teórica Eveline Charmeux:
As mais elementares tarefas da vida cotidiana exigem o recurso ao
escrito: tomar o trem ou o metrô, fazer compras em um
supermercado, procurar uma rua na cidade, cozer alimentos,
telefonar em uma cabine pública, utilizar um carro, uma máquina de
lavar ou, pior! Um microcomputador, tudo isso requer atividades de
leitura, mais sofisticadas umas que outras, e todas diferentes.
(CHARMEUX, 2000, p.13-14).
A observação e o questionamento de fatos sociais, ou seja, fatos
ocorridos no nosso dia-a-dia são muito importantes para interpretação das
mensagens do nosso cotidiano, isso implica, em ler um noticiário, uma novela,
ler o amigo do lado, os passageiros do ônibus, os vizinhos da sua casa, leitura
de uma obra de arte, enfim, tudo aquilo que está ao nosso redor pode ser lido e
interpretado.
A compreensão da leitura implica na relação entre texto e contexto, com
isso a criança começa a ler e a compreender uma leitura antes mesmo de
codificar uma palavra, o seu aprendizado acontece no seu cotidiano, no seu
mundo, nas suas origens. Portanto, para se compreender e construir um
sentido para o texto, a criança faz sua antecipação de mundo, juntamente com
sua percepção visual.
A leitura de mundo precede a leitura da palavra, é o que diz Paulo
Freire:
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior
leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquela.
16
Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão
do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção
das relações entre texto e o contexto. (FREIRE, 2011, p.19-20).
A leitura deve ir além do que está escrito para ser compreendido. A partir
do momento em que começamos a compreender o mundo em nossa volta, a
prática da leitura já se faz presente em nossas vidas. O desejo de interpretar e
decifrar o sentido das mensagens que nos cercam, de perceber o mundo sob
diversas perspectivas, de relacionar a ficção com a realidade em que se vive
no contato com um livro, enfim, em todos estes casos está de certa forma
lendo, embora, muitas vezes, não demos conta.
A criança, mesmo antes de conseguir decodificar palavras e dar sentido
a elas, consegue com seu conhecimento prévio (informação-não-visual) e com
aquilo que está vendo (informação visual) saber o que está escrito. Isso é o
que chamamos de leitura significativa.
Conforme
Smith
(1999),
assim
como
Freire
(2011)
já
citado
anteriormente, precisa-se do contexto para garantir o sentido da palavra.
Portanto, para que se possa decodificar e dar sentido ao que está sendo
lido é essencial a informação visual e não-visual e há uma necessidade de
junção dos dois tipos de informações, como pode ser representado no
diagrama, trazido por Smith (1999):
Figura 2 - Diagrama
Fonte: Smith, 1999, p.20
Porém, nem tudo o que está diante de nossos olhos é aquilo que
realmente estamos vendo, pois na verdade quem vê é o cérebro e não os olhos
é o que diz Frank Smith:
17
É o cérebro que vê; os olhos simplesmente olham, geralmente sob a
orientação do cérebro. E o cérebro certamente não vê tudo o que
ocorre diante dos olhos. Às vezes, como todos sabem, o cérebro
pode cometer um engano, e podemos ver algo que não está diante
dos nossos olhos. (SMITH, 1999, p. 23).
A leitura como foi escrito anteriormente não é algo assim tão natural,
pois não fazemos uma leitura da mesma maneira, por exemplo, que comemos,
respiramos, dormimos. A leitura necessita de algo mais complexo. Portanto é
o cérebro que determina aquilo que estamos vendo. Os olhos tem a função de
colher as informações visuais, mas é o cérebro que transforma essas
informações e precisamente toma as decisões daquilo que enxergamos. O
cérebro nos dá também o sentido da leitura.
Nesse sentido, para Smith (1999) admite que os olhos tem um papel
fundamental para a percepção da leitura, pois não se pode ler com os olhos
fechados, ou no escuro (a não ser no sistema em Braile, o que não está sendo
considerado neste trabalho, porém também não deixa de ser uma informação
visual, mas que neste caso é uma informação tátil, captada pelas mãos). É
preciso alguma informação impressa, é o que denomina-se de informação
visual, entretanto apenas essa informação visual não é o suficiente para a
leitura. Há outro tipo de informação que seria necessária, um conhecimento
prévio sobre o assunto, certa habilidade geral em relação à leitura, chama-se
de informação não-visual.
Nesse sentido, há oferecimento de possibilidades na infância de acesso a
livros, e a diferentes portadores de textos e bibliotecas, assim como muitas
vivências de aprendizagens consistentes e experiências culturais significativas,
possibilitarão o hábito de ler, para que o indivíduo aprenda desde pequeno que
ler é algo importante e pode ser prazeroso, assim com certeza ele será um
adulto culto, dinâmico e perspicaz.
Num contexto onde a escrita e a leitura fazem parte das práticas
cotidianas, a criança tem a oportunidade de observar adultos
utilizando a leitura de jornais, bulas, instruções, guias para consulta e
busca de informações específicas ou gerais; o uso da escrita para
confecções de listas, preenchimento de cheques e documentos,
pequenas comunicações e atos de leitura dirigidos a ela (ouvir
histórias lidas). A participação nessas atividades ou a observação de
como os adultos interagem com a escrita e a leitura gera
oportunidades para que a criança reflita sobre o seu significado para
os adultos. (AZENHA, 1999, p. 44).
18
Portanto, ler é muito importante, porque por meio da leitura descobrimos
mais sobre o mundo, sobre a vida e sobre as pessoas.
1.1 Formação do leitor e a literatura
A leitura, como foi escrito anteriormente, não é algo assim tão natural,
não se faz uma leitura da mesma maneira, por exemplo, que se come, respira,
dorme, pois ela necessita de algo mais complexo. Portanto é necessário
aprender o código escrito, e ter domínio sobre ele, para que se possa viver em
sociedade.
A escrita nasceu por necessidade social de comunicação que apenas a
oralidade não preenchia entre os homens, porém a oralidade teve um papel
muito importante para a escrita, para a leitura e para a literatura.
No início, a literatura teve origem nas fontes orais. Nessa época a
literatura expressava as relações dos homens com os deuses e com os outros
homens, através de relatos, contos, ladainhas, orações e falavam de suas
lutas, caças e aventuras.
Conforme Aguiar (2004):
[...] o Brasil que é considerado um país de cultura tradicionalmente
oral, vê-se nos finais do século XIX, obrigado a abrir espaço para o
livro e o material impresso em geral, para assim então entrar no
mundo da modernidade. (AGUIAR, 2004, p. 61-76).
Ainda segundo Aguiar (2004), na mesma época no país, aconteceram
outros fenômenos, como a Abolição da Escravatura e o Advento da República.
Porém, o Brasil sente a necessidade de consolidar sua identidade nacional,
para isso, importa de modo especial obras literárias que representam através
do universo ficcional os segmentos mais significativos do país nascente.
Houve também um aumento pela procura dos livros, isso se deve a chegada
dos imigrantes e ao crescimento urbano.
Com isso, o país começa a ser dar conta da necessidade de conhecer
melhor sua realidade diversificada, para definir seu perfil e alcançar o patamar
da civilização Européia e a literatura, então, cumprir sua missão.
Hoje, além dos livros impressos, pela evolução tecnológica, existe uma
infinidade de materiais e suportes que possibilitam a leitura além de livro
impresso. Não somente o acesso virtual, mas o grande número de escritores e
19
assuntos, assim como a exploração de um público variado, contribuiu para a
disseminação do material de leitura.
Contudo, para formar leitores é necessária a contribuição de diversos
tipos de agentes. Um deles é a escola, pois ela assume a responsabilidade de
iniciar a criança em seu processo de alfabetização e de aperfeiçoamento da
leitura.
Como já se discutiu anteriormente, a leitura além de ser uma prática
social, tem um papel muito significativo no que diz respeito ao relacionamento
social e ao conhecimento de mundo. Entende-se também que ler não é
somente compreender, mas também uma forma de comunicação, de adquirir
conhecimentos, ampliação de novos horizontes em relação ao mundo e de
bem estar social. A leitura passa a ser uma atividade essencial na vida de
qualquer indivíduo, sendo usada de acordo com a necessidade estabelecida
em momentos e funções diversas.
Cabe então à escola não somente alfabetizar, mas sim colocar seus
alunos frente a uma convivência literária, assim fazendo seu papel de
contribuinte para a formação do leitor.
De modo especial, a literatura tem uma função relevante quando se fala
de formação de leitores em fase inicial, principalmente nas crianças. A literatura
de modo geral amplia e diversifica nossas visões e interpretações sobre o
mundo e da vida como um todo, pois as crianças em especial deixam-se
fascinar por certas histórias, porque elas materializam seu desejo de crescer,
de se transformar e de transformar o mundo. Espelhando-se nos heróis, por
exemplo, liberam suas emoções e conflitos interiores, saindo fortalecidas da
experiência proporcionada pela leitura.
Os livros, as histórias em si, nos levam para outros lugares, outras
culturas e situações diferentes, uma criança que adquire desde cedo o costume
de ler, com certeza se tornará um adulto muito mais criativo e dinâmico,
fazendo-se entender que a leitura é essencial para a vida do homem.
O material didático exigido na escola é de suma importância para o
aprendizado do aluno, porém cabe a ela transpor também outras alternativas
de leitura, assim conduzindo o leitor a variados meios de comunicação escrita.
Portanto, o livro didático, juntamente com outras fontes de leitura, deve
20
ser explorado pela escola e, consequentemente, pelos professores, fazendo
com que os alunos se interessam e tomem apreço pela leitura.
Para Solé (2003, p. 21), ―o leitor ativo é aquele que processa, critica,
contrasta e avalia a informação que tem diante de si, que a desfruta ou a
rechaça, que dá sentido e significado ao que lê‖.
Os textos de literatura infantil de boa qualidade podem com um bom
mediador, romper com equilíbrios e fazer pensar, pois são textos permeados
de movimentos, pelos sentidos dos contrários e pela abertura para o outro,
como traz Ceccantini (2004).
Nesta
pesquisa
monográfica,
aprofundou-se
sobre
os
contos
tradicionais, pois se acredita que tenham essas características: fazer pensar,
imaginar e dar abertura ao leitor, criando sentidos. Para crianças que estão em
processo de aprendizagem da leitura, acredita-se ser de suma importância a
leitura de textos interessantes. Para Smith (1999, p.135) as crianças devem ter
a oportunidade de ouvir e ler histórias ―que tenham um apelo intrínseco e que
despertem sua atenção naturalmente‖.
Cabe, enfim, à escola, oferecer uma formação de leitor, na qual as
crianças de hoje se tornem futuros apreciadores da leitura para que possam
assim, tornarem-se cidadãos confiantes e preparados não só para o mercado
de trabalho, mas sim, para a vida.
21
CAPÍTULO II
CONTOS DE FADAS E CONTOS MARAVILHOSOS: DEFINIÇÕES E
ORIGENS
As narrativas literárias contos de fadas ou contos maravilhosos são
textos hoje considerados de literatura infantil que circulam nas escolas de
ensino infantil e de ensino fundamental e merecem reflexões quanto a sua
origem e suas contribuições para a formação do leitor. Neste capítulo serão
trazidas algumas informações sobre os principais contos que são utilizados na
escola, suas definições, origens e modificações dos textos.
1
CONTO DE FADA E CONTO MARAVILHOSO – DEFINIÇÕES E
REFLEXÕES
Dupla delícia/ O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo
tempo acompanhado.
Mario Quintana
Figura 3 – O Livro
Conforme Vale (2001) os contos de fadas
tradicionais também são chamados de contos
maravilhosos. Mas há uma diferença entre conto
de
fada
e
conto
maravilhoso:
no
conto
maravilhoso o personagem principal é relacionado
com uma dificuldade social e econômica, em um
Fonte: www.google.com.br
desejo de satisfação pela conquista de bens
materiais. São narrativas que não existem fadas, sendo o maravilhoso
representado por animais falantes, gênios, anões, gigantes, objetos mágicos
entre outros.
Corso e Corso (2006), definem contos de fadas como:
Contos de fadas não precisam ter fadas, mas devem conter algum
elemento extraordinário, surpreendente, encantador, por isso os
contos são maravilhosos. Maravilhoso provém do latim mirabilis, que
significa admirável, espantoso e extraordinário. (CORSO; CORSO,
2006, p.27).
Como no conto de Andersen (1805 - 1875) no exemplo abaixo:
22
O Patinho Feio
Figura 4 – O Patinho Feio
Fonte: http://www.google.com.br
Estava muito agradável no campo. O ar rescendia a Verão; o milho
estava amarelo; a aveia estava pronta a ser ceifada; as medas de
feno nos prados pareciam pequenas colinas de erva e a cegonha
passeava por cima delas com as suas longas pernas vermelhas. A
toda a volta dos campos havia bosques e florestas com fundos lagos
de água fresca. Sim, estava mesmo muito agradável no campo. E,
brilhando ao sol, podia ver-se uma velha mansão rodeada por um
fosso. Grandes folhas de azedas cresciam nas paredes até à água;
algumas eram tão grandes que uma criança podia ficar de pé
debaixo delas. À sombra podia-se até pensar que se estava numa
florestazinha secreta e primitiva.
Era aí que uma pata chocava os seus ovos no ninho. Porém, já
estava a ficar bastante farta, porque os patinhos nunca mais
apareciam; quanto a visitas, quase não as tinha; os outros patos
preferiam nadar no fosso a ir ter com ela debaixo das grandes folhas
para conversar.
Por fim, os ovos começaram a estalar, um a seguir ao outro.
— Pip, pip!
O ninho ficou cheio de avezinhas que deitavam as cabeças fora
das cascas.
— Quac, quac! — disse a mãe. — Depressa, depressa! E as
criaturinhas saíram o mais depressa que puderam e olharam à sua
volta, no abrigo de folhas verdes; e a mãe deixou-as olhar à vontade,
porque o verde faz bem aos olhos.
— Como o mundo é grande! — disseram os pequenos.
É claro que agora tinham muito mais espaço do que dentro dos
ovos.
— Pensam que o mundo é só isto, seus patetas? — perguntou a
mãe. — Ora! O mundo estende-se muito para além do outro lado do
jardim, mesmo até ao campo do vigário. Embora, verdade seja dita,
eu nunca tenha lá estado. Já cá estão todos, não estão? —
Levantou-se do ninho. — Não, tu ainda não. Ainda falta o ovo maior.
Quanto tempo demorará ainda? Estou mesmo farta disto, se querem
saber.
E lá tornou a deitar-se
— Bem, que tal vão as coisas? — perguntou uma velha pata que
veio visitá-la.
— Este ovo está a demorar um tempo horrível — disse a mãe
pata. — Não há meio de estalar! Mas olhe para os outros! São os
patinhos mais bonitos que já vi, tal e qual o pai, aquela peste, que
nunca vem visitar-me!
— Deixe lá ver o ovo — disse a velha pata. — Ah! Acredite no que
lhe digo, isso é um ovo de peru. Uma vez aconteceu-me a mesma
coisa e nem calcula o trabalho que tive com os miúdos! Como eram
perus, tinham medo da água, e não consegui metê-los lá. Deixe ver.
É, é um ovo de peru. Deixe-o ficar e vá ensinar os outros a nadar.
23
— Bem, vou aguentar um pouco mais — respondeu a pata. — Já
aqui estou há tanto tempo que mais vale acabar o trabalho.
— Está bem, faça como quiser — respondeu a velha pata, e foi-se
embora.
Por fim, o grande ovo estalou.
—Pip, pip! — disse o jovem, saindo cá para fora.
Mas que grande e que feio que ele era! A mãe olhou para ele.
— Que grande patinho! — pensou. — Será mesmo um peru? Bem,
já vamos ver; há-de ir para a água, nem que eu tenha de o empurrar.
No dia seguinte, o tempo estava lindo, e a mãe pata saiu com
todos os filhos e desceu até ao fosso, onde mergulhou.
— Quac, quac! — chamou ela.
E, um atrás do outro, os patinhos saltaram para a água. Ficaram
com as cabeças debaixo de água, mas vieram logo à tona, e em
breve nadavam afanosamente. As suas patinhas mexiam-se
naturalmente, e lá estavam todos — até o feio cinzento nadava com
os outros.
— Não, isto não é um peru! — exclamou a mãe. — Que bem que
ele usa as patas e que direito que nada. É meu filho, isso não há
dúvida. Realmente, é bem bonito, se virmos bem. Quac, quac!
Venham comigo, meninos; venham conhecer o mundo e as outras
aves da quinta; mas fiquem perto de mim, para ninguém os pisar. E
cuidado com o gato!
E lá foram para o pátio da quinta. Aí havia um barulho horrível e
grande agitação, porque duas famílias discutiam por causa da
cabeça de uma enguia — e afinal quem a apanhou foi o gato.
— O mundo é assim — disse a mãe pata.
Ficou com água no bico, porque também ela teria gostado de
apanhar a cabeça da enguia.
— Vá, usem as pernas; despachem-se e façam uma vénia à velha
pata que está ali! E a pessoa mais importante da quinta; os
antepassados dela vieram da Espanha e, como vêem, tem um
pedacinho de pano vermelho atado a uma pata. Isso é uma coisa
muito especial: significa que ninguém a pode matar e que tanto os
homens como os animais têm de a tratar com respeito. Venham! Não
metam os pés para dentro! Um patinho bem educado anda com os
pés bem afastados, como o pai e a mãe. Vá! Façam uma vénia e
digam: «Quac!».
Os patinhos fizeram o que ela lhes disse, mas os outros patos do
pátio olharam para eles e disseram em voz alta:
— Lá vamos ter de aturar estes, como se já não fôssemos
bastantes! E, meu Deus!, que patinho tão esquisito aquele! Não o
queremos com certeza por aqui.
E um pato esvoaçou em direção ao patinho cinzento e deu-lhe
uma bicada no pescoço.
— Deixa-o em paz — disse a mãe. — Ele não está a incomodar
ninguém.
— Pois não, mas é muito grande e tem um ar esquisito —
respondeu o pato que o tinha bicado. —Tem de ser metido na
ordem.
— Bela família — comentou a velha pata com o paninho vermelho
à volta da perna. — Os patinhos são todos bonitos, excepto aquele,
não pode ser. Se ao menos a mãe pudesse tornar a fazê-lo!
— Isso é impossível, Vossa Senhoria — disse a mãe pata. — É
verdade que não é bonito, mas tem bom feitio e nada tão bem como
os outros. Atrevo-me até a dizer que, quando for crescido, é capaz
de vir a ser mais bonito e talvez, com o tempo, um pouco mais
pequeno. Ficou tempo de mais dentro do ovo e foi isso que lhe
estragou o aspecto. — Ajeitou-lhe a penugem do pescoço e alisoulhe uma penita ou outra. — Além disso — acrescentou —, é um pato,
24
por isso não tem muita importância se é bonito ou feio. É saudável,
tenho a certeza, e há-de vingar neste mundo.
— Seja como for, os outros patinhos são encantadores —
retorquiu a velha pata. — Bom, estejam à vontade, e se encontrarem
uma cabeça de enguia podem trazer-ma.
Isto foi o primeiro dia; depois, a sina do patinho cinzento piorou.
Que infeliz se sentia por ser tão feio! Era perseguido por todos. Os
patos tentavam dar-lhe bicadas; as galinhas também; e a rapariga
que dava de comer aos animais empurrava-o com o pé. Até os
irmãos e as irmãs estavam contra ele e diziam:
— Feio! Era bem feito que o gato te apanhasse!
A mãe também dizia em voz baixa:
— Quem me dera que estivesses longe...
E então ele foi-se embora. Primeiro, voou por cima da sebe — e os
passarinhos nos arbustos voaram alarmados.
«É por eu ser tão feio», pensou o patinho, fechando os olhos.
Mas continuou o seu caminho. Por fim, chegou aos charcos onde
vivem os patos bravos e ficou lá deitado toda a noite, porque estava
muito cansado e triste.
De manhã, os patos bravos apareceram e observaram o seu novo
companheiro.
— Que espécie de criatura és tu? — perguntaram.
O patinho virou-se para cada um e cumprimentou-os o mais
amavelmente que pôde.
— És mesmo feio, lá isso és! — disse um pato bravo. — Mas isso
pouco importa, desde que não cases com nenhuma das nossas
filhas.
Pobrezinho do patinho. A ideia de casar nem sequer lhe tinha
vindo à cabeça. Tudo o que queria era deitar-se e descansar nos
juncos e beber um pouco da água do charco.
Ali ficou durante dois dias, até que apareceram dois gansos
selvagens — dois jovens machos. Também tinham nascido há
pouco, mas eram muito vivos e descarados.
— Olá, amigo — disseram. — És tão feio que gostamos de ti. Que
tal vires conosco quando voarmos para mais longe? Num charco
perto daqui há umas lindas gansas, belas raparigas, com um
«quac!» que vale a pena ouvir. Com o teu aspecto esquisito pode ser
que tenhas sorte com elas.
Nesse momento ouviu-se «bang!, bang!» e ambos os alegres
gansos caíram mortos nos juncos. A água ficou vermelha de sangue.
Outra vez «bang!, bang!» — e um bando de gansos selvagens
levantou voo dos juncos. Era uma grande caçada. Os desportistas
estavam a toda a volta do charco; alguns estavam mesmo
empoleirados nas árvores. Fumo azul subia como nuvens dentro e
fora dos ramos escuros e ficava a pairar sobre a água. Os cães
faziam tchac!, tchac!, pela lama, esmagando os juncos. O pobre
patinho estava aterrorizado; quando tentava precisamente esconder
a cabeça debaixo da asa um cão enorme e assustador parou em
frente dele com a língua de fora e os olhos a brilharem de uma
maneira horrível. Encostou o focinho ao patinho, arreganhou os
dentes aguçados e depois — tchac!, foi-se embora sem lhe tocar.
— Oh, graças a Deus! — suspirou o patinho. — Sou tão feio que
até o cão pensa duas vezes antes de me morder. E ficou muito
quieto enquanto ouvia os tiros, um após outro, guincharem e troarem
pelos juncos. O dia já ia longo quando o barulho parou; mas a pobre
criatura nem então se atreveu a mexer-se. Por fim, levantou a
cabeça, espreitou cautelosamente em redor e apressou-se a fugir do
charco tão depressa quanto pôde. Correu por campos e prados, mas
o vento soprava tão forte contra ele que era difícil avançar.
25
Perto da noite, chegou a um casinhoto miserável; estava em tal
estado que nem sabia para que lado havia de cair, de modo que
continuava de pé. O vento soprava com tanta força que o patinho
teve de se sentar para não ser levado por ele, mas o vento parecia
ficar cada vez mais forte. Então notou que a porta já não tinha uma
dobradiça e estava pendurada de tal modo que ele conseguia
esgueirar-se lá para dentro, e foi isso mesmo que fez.
No casinhoto vivia uma velhota com um gato e uma galinha. O
gato, a quem ela chamava Filhinho, sabia arquear as costas e fazer
ronrom; também fazia faíscas, mas só quando lhe faziam festas ao
contrário. A galinha tinha umas pernitas curtas e por isso chamavase Pinta-Pernas-Curtas. Punha muitos ovos, e a velhota gostava
dela como se fosse sua filha.
Quando amanheceu, repararam logo no estranho pequeno
visitante. O gato começou a fazer ronrom, e a galinha a cacarejar.
— O que é que aconteceu? — perguntou à velhota, olhando a toda
a volta.
Mas já não via muito bem, de modo que tomou o pequeno recémchegado por uma pata adulta.
— Ora isto é que é sorte! — exclamou ela. — Agora vou ter ovos
de pata... desde que não seja um pato. Bem, veremos...
E o patinho ficou à experiência durante três semanas, mas não
apareceram ovos.
O gato era o senhor da casa, e a galinha a senhora. Passavam a
vida a dizer «Nós e o mundo...», porque pensavam que eram metade
do mundo e, claro, a metade melhor. O patinho achava que podia
haver outras opiniões sobre o assunto, mas a galinha não queria
ouvir falar nisso.
— Sabes pôr ovos? — perguntou. — Não? Então, faz o favor de
guardar as tuas opiniões para ti próprio!
O gato perguntou:
— Sabes arquear as costas e fazer ronrom ou soltar faíscas? Não?
Então o melhor que tens a fazer é ficares calado quando as pessoas
sensatas estão a falar.
De maneira que o patinho se sentava a um canto e aborrecia-se.
Vinham-lhe à ideia pensamentos sobre o ar livre e o sol, e depois
uma saudade extraordinária de flutuar na água. Por fim, não pôde
deixar de falar nisso à galinha.
— Que ideia tão disparatada! — exclamou ela. — O teu mal é não
teres nada que fazer; por isso é que tens essas fantasias. Põe mas é
uns ovos ou tenta fazer ronrom que isso passa-te.
— Mas é tão delicioso flutuar na água — disse o patinho. — É tão
bom baixar a cabeça e mergulhar até ao fundo!
— Deve ser óptimo! — disse a galinha sarcasticamente. — Não
deves estar bom da cabeça! Pergunta ao gato, que é a pessoa mais
inteligente que conheço, se ele gosta de flutuar na água ou de
mergulhar até ao fundo. Não faças caso da minha opinião; pergunta
à nossa dona, a velhota: não há ninguém mais sábio no mundo
inteiro. Achas que ela quer flutuar ou meter a cabeça dentro de
água?
— Não compreendes... — disse o patinho tristemente.
— Bem, se nós não te compreendemos, ninguém compreenderá.
Nunca saberás tanto como o gato ou a velhota, para já não falar de
mim. Não tenhas peneiras, miúdo, e agradece as coisas boas que te
têm acontecido. Não encontraste um quarto quente e companheiros
elegantes, com quem podes aprender muito se prestares atenção?
Mas tu só dizes disparates; nem sequer és uma companhia alegre.
Acredita que o que te digo é para teu bem. Vá, faz um esforço e põe
uns ovos ou, pelo menos, aprende a fazer ronrom e a deitar faíscas.
26
— Acho que o melhor é ir por esse mundo fora — respondeu o
patinho.
— Então vai — exclamou a galinha.
E o patinho lá foi. Boiou na água e mergulhou; mas parecia-lhe
que os outros patos não faziam caso dele por ele ser feio.
Até que chegou o Outono: as folhas do bosque ficaram castanhas
e amarelas; o vento apanhava-as e fazia-as rodopiar como loucas;
até o céu parecia gelado; as nuvens pairavam, pesadas com granizo
e neve, e o corvo, empoleirado numa sebe, gritava «crá, crá» por
causa do frio. Só de olhar para aquilo ficava-se logo a tremer. Foi um
tempo difícil também para o patinho.
Uma tarde, com o céu avermelhado pelo pôr do Sol, um bando de
grandes aves maravilhosas ergueu-se dos juncos. O patinho nunca
tinha visto aves tão belas. Eram de um branco brilhante, com longos
pescoços graciosos — na verdade, eram cisnes. Emitindo um
estranho som, abriram as esplêndidas asas e voaram para longe,
para terras mais quentes e lagos que não gelavam. Voaram até bem
alto e o patinho feio ficou muito excitado; andava à roda, à roda, na
água, e chamou-os com uma voz tão alta e estranha que até ele
próprio se assustou. Oh, nunca esqueceria aquelas aves
maravilhosas, aquelas aves felizes! Assim que a última desapareceu,
mergulhou mesmo até ao fundo e, quando voltou de novo à
superfície, estava excitadíssimo. Não sabia como se chamavam as
aves; não sabia de onde tinham vindo nem para onde voavam —
mas sentia-se mais atraído por elas do que por qualquer outra coisa.
No Inverno ficou ainda mais frio. O patinho tinha de nadar às voltas
na água para esta não gelar, mas cada noite a parte sem gelo se
tornava mais pequena. Depois, tinha de bater com os pés a toda a
hora, para quebrar a superfície; por fim, acabou por ficar estafado.
Parou e depressa gelou completamente.
De manhã cedo apareceu um camponês. Vendo a ave, foi até lá,
partiu o gelo com os socos de madeira e levou-a para casa, para a
mulher. Pouco tempo depois, o patinho reanimou-se. As crianças
queriam brincar com ele, mas ele julgava que queriam fazer-lhe mal
e, assustado, voou para dentro da selha do leite. O leite salpicou a
sala toda; a mulher deu um grito e deitou as mãos à cabeça; depois,
o patinho voou para dentro da cuba da manteiga, depois para o barril
da farinha, e depois saiu. Meu Deus, que espectáculo! A mulher,
ainda aos gritos, atirou-lhe o atiçador da lareira; as crianças, rindo e
guinchando, caíam umas por cima das outras, tentando apanhar o
patinho. Felizmente, a porta estava aberta; lá foi ele a correr para os
arbustos e para a neve recém-caída e aí ficou meio entontecido.
Mas seria demasiado triste contar-vos todas as dificuldades e
infelicidades por que ele teve de passar durante aquele Inverno
cruel. Um dia, estava a tentar aconchegar-se entre os juncos do
charco quando o Sol começou a enviar novamente raios quentes; as
cotovias cantavam; que maravilha! Tinha chegado a Primavera. O
patinho ergueu as asas. Pareciam mais fortes do que antes, e
levaram-no velozmente para longe; antes de perceber o que estava
a acontecer, encontrou-se num lindo jardim cheio de macieiras em
flor, com lilases perfumados que pendiam dos seus longos ramos
mesmo até um riacho sinuoso. E então, mesmo em frente dele,
saindo das sombras das folhas, apareceram três magníficos cisnes
brancos, agitando as penas enquanto deslizavam pela água. O
patinho reconheceu as maravilhosas aves e sentiu uma estranha
tristeza.
— Vou voar até àquelas nobres aves, mesmo que me matem à
bicada por me atrever a aproximar-me, feio como sou. Mas não me
importo... é melhor ser morto por umas criaturas tão esplêndidas do
27
que apanhar bicadas de patos e galinhas e pontapés da rapariga da
quinta ou ter de aguentar outro Inverno como o último.
Voou para a água e nadou em direção aos magníficos cisnes.
Estes viram-no e vieram ter com ele a toda a velocidade, agitando a
plumagem.
—Vá, matem-me — disse o pobre patinho curvando a cabeça
mesmo até à água enquanto esperava pelo fim.
Mas o que é que viu ele refletido em baixo? Observou-se bem — já
não era uma desajeitada ave feia e cinzenta. Era igual às orgulhosas
aves brancas ali ao pé: era um cisne!
Não interessa nascer num terreiro de patos quando se sai de um
ovo de cisne.
Sentiu-se feliz por ter sofrido tantas dificuldades, porque agora
dava valor à sua boa sorte e ao lar que finalmente tinha encontrado.
Os majestosos cisnes nadaram à sua volta e acariciaram-no com
admiração com os bicos. Umas criancinhas apareceram no jardim e
atiraram pão para a água e a mais pequenina gritou alegremente:
— Há mais um!
E as outras disseram, encantadas:
— E verdade, apareceu mais um cisne!
Bateram palmas e dançaram de contentamento; depois foram a
correr contar aos pais. Deitaram mais pão e bolo para a água e todos
disseram:
— O novo é o mais bonito de todos. Olhem que belo que é, aquele
novo!
E os cisnes mais velhos curvaram as cabeças diante dele.
Ele sentia-se muito envergonhado e escondeu a cabeça debaixo
de uma asa; não sabia o que fazer. Estava quase feliz de mais,
porque um bom coração nunca é orgulhoso nem vaidoso. Lembravase dos tempos em que tinha sido perseguido e desprezado, e agora
ouvia toda a gente dizer que era a mais bela de todas aquelas
maravilhosas aves brancas. Os lilases curvaram os ramos até à
água para o saudarem; o Sol enviou o seu calor amigo, e a jovem
ave, com o coração cheio de alegria, agitou as penas, ergueu o
pescoço esguio e exclamou:
— Nunca pensei que alguma vez pudesse sentir tamanha
felicidade quando era o patinho feio.
Fonte: http://guida.querido.net/andersen/conto-07.htm Acesso em:
27/07/2012
Já o conto de fada são histórias repletas de magia e encanto,
representado por personagens como reis, rainhas, príncipes, fadas, bruxas... e
que são desenvolvidos em um tempo e um espaço que os personagens além
de não serem seres pensantes, são dotados de características humanas.
O ambiente onde ocorrem essas histórias é muito impreciso e bem
distante que é na maioria das vezes caracterizadas por expressões como: ―Era
uma Vez...‖ e ―Num reino distante...‖, transmitindo e fazendo com que a criança
se insira nesse ambiente, trazendo o mundo mágico para a realidade do seu
mundo.
Exemplo:
28
A Bela Adormecida
Figura 5 – A Bela Adormecida
Fonte: http://www.google.com.br
Há muitos anos atrás, havia um rei e uma rainha que desejavam
muito ter um filho. Um dia, quando a rainha estava tomando banho,
um sapo pulou pela janela e disse-lhe:- Seu desejo será satisfeito.
Antes de um ano você terá uma filhinha. As palavras do sapo
tornaram-se realidade. A rainha teve uma linda menina. O rei exultou
de alegria. Preparou uma grande festa para a qual convidou todos os
parentes, amigos e vizinhos. Convidou também as fadas, para que
elas fossem boas e amáveis para com a menina. Havia treze fadas
no reino, mas o rei tinha apenas doze pratos de ouro para servi-las,
de modo que uma das fadas teria que ser posta de lado. A festa
realizou-se com todo o esplendor e, quando chegou ao fim, cada uma
das fadas ofereceu um presente mágico à criança. Uma deu-lhe
virtude; outra beleza; a terceira, riqueza, e assim por diante, foram-lhe
dando tudo o que ela poderia vir a desejar no mundo. Quando onze
das fadas já haviam feito suas ofertas, de repente, apareceu a
décima terceira fada. Ela desejava mostrar o despeito de que estava
possuída por não ter sido convidada. Sem cumprimentar nem olhar
para ninguém, entrou no salão e gritou para que todos ouvissem:Quando a princesa completar quinze anos, picar-se-á com um fuso
de tear envenenado e cairá morta. Sem dizer mais nada, retirou-se.
Todos os presentes ficaram horrorizados. A décima segunda fada,
porém, que ainda não tinha formulado o seu desejo, deu um passo à
frente. Ela não tinha capacidade para cortar o efeito da praga, mas
podia abrandá-la, de modo que disse:- Sua filha não morrerá, mas
dormirá um sono profundo, que durará cem anos. O rei ficou tão
preocupado em livrar a filha daquele infortúnio, que deu ordens para
que todos os fusos de tear que se encontrassem no reino fossem
destruídos. À medida que o tempo ia passando, as promessas das
fadas iam se realizando. A princesa cresceu tão bonita, modesta,
amável e inteligente, que todos que a viam se encantavam por ela.
Aconteceu que, justamente no dia em que ela completava quinze
anos, o rei e a rainha tiveram necessidade de sair. A menina,
encontrando-se sozinha, começou a vagar pelo castelo, revistando
todos os compartimentos. Finalmente chegou a uma velha torre onde
havia uma escada estreita, em caracol. Por ela foi subindo, até que
chegou a uma pequena porta, em cuja fechadura havia uma chave
enferrujada. Dando-lhe a volta, a porta abriu-se. Num pequeno
quarto, estava sentada uma velhinha, muito ocupada com um tear,
fiando. Vivia tão isolada na torre, que não tomara conhecimento da
ordem do rei, com relação aos fusos e teares. - Bom dia, vovozinha,
disse a princesa. Que está fazendo?- Estou fiando, respondeu a
velhinha e inclinou a cabeça sobre o trabalho. - Que coisa é esta que
gira tão depressa? Perguntou a princesa, tomando o fuso na mão.
29
Mal o tocou, porém, levou uma picada no dedo e, imediatamente caiu
numa cama que havia ao lado, entrando num sono profundo. A
velhinha desapareceu. Quem sabe se ela não era a fada má? O rei e
a rainha, que acabavam de chegar, deram alguns passos no
vestíbulo e adormeceram também. O mesmo sucedeu com os
cortesãos. Os cavalos dormiram nas cocheiras; os cães, no pátio;
os pombos, no telhado; as moscas, nas paredes. Até o fogo, na
lareira, parou de crepitar. A carne, que estava assando, no fogão,
parou de estalar. A ajudante de cozinha, que estava sentada, tendo à
frente uma galinha para depenar, caiu no sono. O cozinheiro, que
estava puxando o cabelo do copeiro, por qualquer tolice que ele havia
feito, largou-o e ambos adormeceram. O vento parou e, nas árvores
em frente ao castelo, nem uma folha se mexia. À volta do muro,
começou a crescer uma sebe de roseira brava. Cada ano ia ficando
mais alta, até que já não se podia mais ver o castelo. Décadas se
passaram e surgiu na região uma lenda, sobre a "Bela Adormecida",
como era chamada a princesa. De tempos em tempos, apareciam
príncipes que tentavam fazer caminho através da sebe, para entrar
no castelo. Não conseguiam, entretanto, porque os espinhos os
impediam e eles ficavam presos no meio deles. Após muitos anos,
um príncipe muito audacioso veio à cidade e ouviu um velho falar
sobre a lenda do castelo que ficava atrás da sebe, no qual uma linda
moça, chamada a "Bela Adormecida", dormia havia cem anos e, com
ela, todos os habitantes do castelo. Contou-lhe também que muitos
príncipes tinham tentado atravessar a sebe e nela haviam ficado
presos, morrendo. O príncipe então declarou:- Não tenho medo. Irei e
verei a "Bela Adormecida". O bondoso velho fez o que pode para
impedir que ele fosse, mas o rapaz não quis ouvi-lo. Agora, os cem
anos já se haviam completado. Quando o príncipe chegou à sebe,
como por encanto, os arbustos que estavam cheios de
brotos, afastaram-se e deram-lhe caminho. Após sua passagem,
fecharam-se novamente. No pátio, ele viu os cães dormindo. No
telhado, estavam os pombos, com as cabecinhas escondidas debaixo
das asas. Quando entrou no castelo, viu moscas dormindo nas
paredes. Perto do trono, estavam o rei e a rainha, também
adormecidos. Na cozinha, o cozinheiro ainda tinha a mão levantada,
como se fosse sacudir o copeiro. A ajudante de cozinha tinha à sua
frente uma galinha preta para depenar. O rapaz continuou a percorrer
o castelo. Estava tudo quieto. Finalmente chegou à torre, abriu à
porta do quarto onde a princesa dormia e entrou. Lá estava ela, tão
bonita que ele não se conteve: abaixou-se e beijou-a. Assim que a
tocou, a "Bela Adormecida" abriu os olhos e sorriu para ele. Levantouse, deu-lhe a mão e desceram juntos. O rei, a rainha e os cortesãos
acordaram também e entreolharam-se, espantados. Os cavalos, nas
cocheiras, abriram os olhos e sacudiram as crinas. Os cães olharam à
volta e abanaram as caudas. As pombas do telhado tiraram as
cabeças de sob as asas, olharam ao redor e voaram em seguida para
o campo. As moscas, na parede, começaram a mover-se,
lentamente. O fogo, na cozinha, acendeu-se novamente e assou a
carne. O cozinheiro puxou as orelhas do copeiro, enquanto a
ajudante começou a depenar a galinha. O príncipe, apaixonado,
casou-se com a princesa, num claro dia de sol, numa grande festa no
castelo, e viveram felizes por muitos e muitos anos. Irmãos Grimm
(1786 – 1859; 1785 -1863)
Fonte: http://pt.scribd.com/doc/7073929/Irmaos-Grimm-Varios-Contos
Acesso em: 27/07/2012
A estrutura dos contos de fadas e dos contos maravilhosos é simples, no
que contribui para o seu sucesso com as crianças. Esta narrativa inicia-se com
30
uma situação estável, que é completamente alterada através de conflitos
vividos por parte do herói. Estes conflitos são logo vencidos com a ajuda de
seres ou objetos mágicos, assim dando a magia e o encantamento da história.
Logo, o maravilhoso tem uma linguagem simbólica, assim fazendo uma
comunicação simples e interagindo com o pensamento mágico e natural das
crianças. Como explica Abramovich (1994) apud Aguiar (2004):
Os contos de fadas mantêm uma estrutura fixa. Partem de um
problema vinculado à realidade (como estado de penúria, carência
afetiva, conflito entre mãe e filho), que desequilibra a tranquilidade
inicial. O desenvolvimento é uma busca de soluções, no plano da
fantasia, com a introdução de elementos mágicos (fadas, bruxas,
anões, duendes, gigantes etc.). A restauração da ordem acontece no
desfecho da narrativa, quando há uma volta ao real. Valendo-se
desta estrutura, os autores, de um lado, demonstram que aceitam o
potencial imaginativo infantil e, de outro, transmitem à criança a ideia
de que ela não pode viver indefinidamente no mundo da fantasia,
sendo necessário assumir o real, no momento certo. (AGUIAR, 1994,
apud ABRAMOVICH, 2004 p. 120).
Assim, o conto faz com que a criança pense e experimente um modo de
simbolizar o mundo apresentado. Nesse sentido, Bettelheim (2007), nos remete
a reflexão sob a contribuição dos contos de fada, em relação aos aspectos
psicológicos:
Essa é exatamente a mensagem que os contos de fadas transmitem
à criança de forma variada: que uma luta contra as dificuldades
graves da vida é inevitável é a parte intrínseca da existência humana
– mas que, se a pessoa não se intimida e se defronta resolutamente
com as provações inesperadas e muitas vezes injustas, dominará
todos os obstáculos e ao fim emergirá vitoriosa. (BETTELHEIM,
2007, p.15)
Portanto, percebe-se que as crianças utilizam-se dos contos para
assimilar seus dramas mais íntimos e para dar sentido ao que estão vivendo.
Portanto, os contos de fadas e contos maravilhosos são bem vindos ao
universo infantil e isso explica a existência dessas histórias durante tantos anos
na humanidade.
1.1 A origem dos contos: do passado ao presente
Os contos de fadas surgiram de histórias da tradição oral. Eram histórias
contadas oralmente e que foram resgatadas da cultura em que se vivia, para
então, depois, serem reproduzidas na forma de escrita.
31
Eram
momentos
coletivos
nos
quais
todos
se
reuniam
independentemente da idade. Os mais antigos contavam as sua histórias,
emocionando sua platéia.
Porém, não eram histórias exclusivamente para crianças, sendo suas
estruturas contadas de uma maneira não adequada ao tipo de público. Foi
então que houve a necessidade de mudança ou de adaptação para os
menores.
Essa mudança começou a ocorrer com a chegada da modernidade, pois
começaram a levar em conta as modificações na estrutura da sociedade, assim
surgindo o sentimento de família e de infância em si.
Os contos escritos em forma de livros surgiram na França, no fim do
século XVII e no Brasil no século XIX. A produção para a infância surgiu com o
objetivo de ensinar valores éticos, ajudar a enfrentar a realidade social e a
adoção de hábitos.
Era necessária a produção de matérias que ajudassem na intenção de
consumo, publicidade e também de áreas pedagógicas, assim estabelecendo
um público-alvo.
Corso e Corso em seu livro Fadas no Divã (2006) definem que hoje em
dia há produtos para cada fase: bebês, crianças pequenas, escolares, prépúberes, adolescentes e adultos. Estes produtos no passado eram destinados
para a infância, e geralmente eram, sob suspeita adulta, de serem prejudiciais
a mente infantil.
Ao contrário dessa preposição, os contos atualmente estão isentos
desse tipo de desconfiança, pois a maioria foi submetida a mudanças
necessárias, mantendo, porém seu conteúdo básico.
Alguns contos que antigamente causavam espanto e terror tiveram suas
histórias mudadas, por exemplo, uma das versões mais comuns da história que
se conhece de Chapeuzinho Vermelho é que ela é salva pelo caçador, que no
final mata o lobo.
Entretanto, na versão original do Francês Charles Perrault (1628 - 1703)
o final não era tão feliz, mas sim, Chapeuzinho é uma garotinha bem educada
que recebe falsas instruções quando pergunta ao lobo sobre o caminho até a
casa da vovó e no fim, ela é simplesmente devorada pelo lobo e a história
acaba. Não havia caçador e nem vovozinha no final da história, como todos
32
conhecem, apenas um lobo gordo e a Chapeuzinho Vermelho que acaba
sendo devorada. (CONTOS, 2010) Conforme Bettelheim (2007):
Figura 6 – Chapeuzinho Vermelho
Fonte: http://www.google.com.br
Uma menininha encantadora e ―inocente‖ engolida por um lobo é
uma imagem que deixa na mente uma marca indelével. Em João em
Maria, a bruxa só planejou devorar as crianças; em Chapeuzinho
Vermelho, tanto a avó quanto a menina são efetivamente engolidas
pelo lobo. Chapeuzinho Vermelho, como a maioria dos contos de
fadas, existe em muitas versões diferentes. A mais popular é a dos
irmãos Grimm, na qual Chapeuzinho e a avó renascem e o lobo
recebe um castigo bem merecido. Mas a história literária desse conto
começa com Perrault. É pelo título dados por ele, Capuchinho
Vermelho, que o conto é mais conhecido em inglês, embora o título
dado pelos irmãos Grimm, Chapeuzinho Vermelho, seja mais
apropriado. Contudo, Andrew Lang, um dos estudiosos mais eruditos
e sagazes dos contos de fadas, observa que, se todas as variantes
de Chapeuzinho Vermelho terminassem como Perrault concluiu a
sua, seria melhor que o descartássemos. (BETTELHEIM, 2007, p.
234):
A moral da história é que não se deve falar com estranhos.
A história da princesa Ariel na versão de 1989 da Disney termina com
ela transformada em um ser humano para que possa casar com o príncipe Eric,
sendo realizada uma festa maravilhosa com a presença de seres humanos e
seres do mar. No entanto, no conto original de Hans Christian Andersen (18051875), Ariel vê o príncipe se casar com outra e entra em desespero. Oferecemlhe uma faca com a qual ela poderia matá-lo, mas, em vez disso, ela salta para
o mar e morre ao voltar para a costa. (CONTOS, 2010).
Figura 7 – Ariel
Fonte: http://www.google.com.br
33
A atual história que conhecemos da Branca de neve é de que a rainha
manda o caçador matar sua enteada, e trazer seu coração como prova. O
caçador com pena da linda moça não a mata, e para o disfarce traz o coração
de um animal no lugar.
Porém, essa história não foi totalmente distorcida, mas omitiu alguns
detalhes importantes: na história original dos Irmãos Grimm (1786 – 1859; 1785
- 1863), a rainha pede o fígado e os pulmões de Branca de Neve, para ser
servidos no jantar. Também no conto original, a princesa acorda com o barulho
e balanceio do cavalo do príncipe, enquanto era levada para o castelo. E não
há beijo mágico. Ainda na versão dos irmãos Grimm, a rainha é forçada a
dançar no final até a morte usando sapatos de pedra, quentes como brasas.
(CONTOS, 2010).
Figura 8 – Branca de Neve
Fonte: http://www.google.com.br
No conto da Cinderela, aprecia-se a linda princesa casando-se com o
príncipe, logo após descobrir que o sapatinho de cristal pertencia a ela.
Esse conto tem suas origens por volta do século I a.C, no qual a heroína
de Strabo se chamava Rhodopis e não Cinderela. A história era muito parecida
com a atual, mas com exceção dos sapatinhos de cristal e da carruagem de
abóbora. Porém, há uma versão mais apavorante dos irmãos Grimm (1786 –
1859; 1785 - 1863): nela, as irmãs de Cinderela para enganar o príncipe,
cortam os próprios pés para que eles caibam no sapato de cristal. O príncipe,
então, é avisado por alguns pombos. Elas passam o resto de suas vidas como
mendigas e cegas, por conta das bicadas dos pombos. E Cinderela vive feliz
no castelo do príncipe. (CONTOS, 2010).
34
Figura 9 – Cinderela
Fonte: http://www.google.com.br
Na história dos Três Porquinhos, o conto foi muito suavizado para as
crianças, ao narrar uma história cheia de violência sem mostrar violência. No
fim o conto mostra uma moral de ―como é bom ser esperto‖.
Muito se perdeu da história original. Mas não é tão longo quanto da
versão conhecida atualmente, já que o lobo mau não passa tanto tempo
assoprando casas. Ele só faz isso para pegar os dois primeiros porquinhos,
que são logo devorados. O terceiro e mais esperto porquinho é o estorvo de
todos. O lobo não consegue assoprar a casa de tijolos, e tenta logo trapacear o
porquinho. Ele faz de tudo para trazer o porco para fora de casa, prometendo
muitas comidas tentadoras e passeios. O porco, muito esperto, recusa a
tentação.
O lobo então volta à violência, escalando sua casa e entrando pela
chaminé. Porém, o porquinho muito do esperto já havia planejado tudo, e
colocou um caldeirão de água fervendo na lareira. O lobo cai ali dentro e morre.
(CONTOS, 2010)
Figura 10 – Os Três Porquinhos
Fonte: http://www.google.com.br
35
Há muitas versões dos contos de qualidade de escritores brasileiros
como Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Pedro Bandeira, entre outros, porém,
as histórias atuais não são tão trágicas como as de antigamente, boa parte do
conteúdo original foi mantido, com algumas modificações de acordo com a
modernidade, mantendo-se também os elementos necessários para uma boa
história.
36
CAPÍTULO III
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM CONTOS EM SALA DE AULA,
SUAS COLABORAÇÕES E OS CONTEÚDOS TRAZIDOS.
Neste capítulo tratar-se-á da reflexão da importância dos contos em sala
de aula e dos cuidados que se deve ter para que não haja facilitação
pedagógica, esvaziando os sentidos dos contos que podem trazer tantas
contribuições na formação do aprendiz.
2 OS CONTOS EM SALA DE AULA
"O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha.
Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta
própria”
Mário Quintana
Figura 11 - O menino
Os contos clássicos fazem parte da tradição
cultural, tendo como função buscar o mundo
literário,
propondo
à
criança
estratégias
de
aproximar suas primeiras experiências de leitura e
escrita, de maneira lúdica podendo e auxiliando
com o mecanismo psicológico, ajudando a vencer
Fonte:www.google.com.br
suas dificuldades e trazendo as soluções precisas.
O mundo literário significa preservar o valor estético dos contos e primar
por leituras de qualidade na sala de aula. Dizer que é dever da escola e do
professor despertar na criança o prazer da leitura tornou-se quase um chavão.
Infelizmente em nome desse dever, a escola muitas vezes tem oferecido
leituras de má qualidade, preocupada com o oferecimento de textos com
pequenos números de páginas, com versões de contos reduzidos e com
qualidade comprometida.
Muitas versões de contos foram trazidas para as salas de aula para
alunos em processo de alfabetização, tendo como única preocupação o
37
número de páginas para que o leitor inicial não se canse ao ler, não
compreendendo o papel do educador no trabalho com contos e a possibilidade
de outros textos fazerem parte do processo de alfabetização, sem dizer que se
inicialmente as crianças são desencorajadas a busca de textos por conta de
seus números de páginas, esse comportamento se reproduz como leitor.
Partindo das proposições de Ceccantini (2004), destacam-se dois
aspectos: a incompreensão do educador nos papel dos contos e a
responsabilidade do educador em fazer circular textos de qualidade no espaço
escolar:
Embora seja necessário reconhecer o papel fundamental que textos
curtos, simples e ilustrados possam ter na formação dos leitores
iniciantes, que se encontram nas primeiras fases do letramento e,
sobretudo, a função que tais textos podem desempenhar junto a
crianças que só tem acesso a eles na escola, oriundas, que são, de
meio iletrado, não é concebível que esse tipo de texto seja
transformado em norma quase que absoluta do que virá a ser
literatura lida pelo estudante ao longo do Ensino Fundamental.
Quem se vê na posição de mediador de leitura tem por dever ser
bastante exigente e seletivo nos títulos que indica, não se deixando
satisfazer com textos banais, didatizados, simplificadores, feitos por
encomenda pelo mercado para atender a esta ou aquela faixa etária,
a esta ou aquela série escolar, a este ou aquele tema da moda [...] É
preciso não ter medo de colocar na mão das crianças, o quanto
antes, textos literários densos, de maior complexidade, de ampla
envergadura, textos cuja literatura deixe marcas profundas na
personalidade de quem os lê. (CECCANTINI, 2004, p.132).
Neste sentido, a leitura de contos deve primeiramente começar de
histórias originais e não simplificados e nem adaptados ao contexto em que se
é trabalhada, menosprezando a história original.
Outra problemática encontrada na escola e a utilização de textos
literários é pedagogização dos contos para a retirada de lições de moral, ou
estabelecendo ligações com conteúdos, com função utilitária e pragmática,
perdendo o caráter estético e lúdico de ouvir e contar contos.
Conforme Ceccantini (2004), o discurso utilitário na literatura foi algo
sempre presente e está presente porque existe uma forte assimetria entre
adulto/criança em que os valores do universo adulto, ditam regras por meio de
histórias para inculcar valores ao universo infantil. Para este autor, Lobato
(1882-1948) é um autor que tem um projeto pedagógico, mas com um valor
estético, sem apelar para um pedagogismo, consegue com suas obras voltadas
ao público infantil, aguçar de forma intensa a imaginação do leitor.
38
É importante ressaltar que as crianças que estão entrando em um
mundo letrado, onde se iniciam em um processo de leitura e escrita é
necessário o trabalho com bons textos, estabelecendo a leitura de textos
originais com suas características e finalidades, assim fazendo com que a
criança amplie suas possibilidades de linguagem oral e escrita.
É nesse sentido que se faz necessário o suporte do professor, como
mediador do aprendizado, introduzindo assim em sua prática pedagógica a
literatura, propiciando ao aluno a autonomia, a criticidade, e os momentos de
encantamento e magia, sabendo que esses são elementos essenciais para a
formação de toda a criança.
Sendo assim, uma das maneiras mais completas e eficazes é trazer o
contato direto com contos no dia-a-dia das crianças, pois eles fazem com que
elas entrem em contato com a oralidade, os recursos visuais e não – visuais de
um texto, constrói seu espaço e demandam seus sentimentos expostos através
da história.
O ato de contar e ouvir histórias é um elemento primordial no
desenvolvimento de toda criança, e é por isso que ele é proposto em
documentos que estabelecem um plano de ensino básico, sendo escritos por
diferentes funções:
[...] Valer-se da linguagem para melhorar a qualidade de suas
relações pessoais, sendo capazes de expressar seus sentimentos,
experiências, idéias e opiniões, bem como acolher, interpretar e
considerar os dos outros, contrapondo-os quando necessário.
(BRASIL, 1997, p.33).
Os contos clássicos, na maioria das vezes, é o primeiro contato da
criança com a leitura, podendo ser realizadas pelos pais, ou até mesmo pelos
professores na sala de aula. São muito conhecidos pelas crianças, não
somente através dos livros, mas também, principalmente pelos filmes,
desenhos, histórias em quadrinhos, devido a sua intensa circulação na mídia.
O público infantil se identifica muito com esse tipo de texto literário, por
meio dos seus personagens e enredos, a criança atribui muitas vezes o
significado da história com a sua própria vida. Todo sentimento presente nos
contos favorece a criança um envolvimento cada vez maior com o texto: as
angústias, os medos, conflitos sociais e existenciais, o bem e o mal, ganhar e
39
perder, a morte, enfim, o conto faz com que a fantasia se torne verdade no
mundo imaginário infantil.
Sendo assim, a presença dos contos na escola possui uma importância
muito grande na formação da criança como ser social e como leitor. E é nesse
momento que o professor tem um papel fundamental nessa formação.
O professor deve organizar sua prática pedagógica, a fim de promover
ao aluno o interesse pela leitura, estimulá-lo a levantar hipóteses e, através
destas, iniciar uma discussão, constituir momentos de argumentações, pontos
de vista e principalmente a valorização da fala do aluno.
O professor, como adulto leitor, deve oferecer às crianças a
oportunidade de conhecer diversas narrativa, e a escolha do livro pode e deve
partir das crianças, percebendo assim, quais narrativas fazem mais sentido
para elas naquele momento. Sendo assim, se uma criança optar por ler ou
ouvir várias vezes a mesma história, provavelmente se deve a sua identificação
com a mesma.
3.1 Estratégias de leitura e leitura colaborativa
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho de
construção de conhecimento do significado do texto, a partir de seus
conhecimentos a respeito do assunto, das estratégias que necessita e que usa
ao longo da leitura.
Segundo Solé (1998) um bom leitor precisa utilizar-se de estratégias de
leitura que são recursos para a compreensão da mesma. As estratégias de
leitura são: seleção, antecipação, inferência, autocorreção, autorregulação:
Seleção: Ao ler um texto qualquer, a mente da pessoa seleciona o
que lhe interessa: nem tudo que está escrito é igualmente útil.
Escolhem-se alguns aspectos, chamados relevantes, e ignoram
outros, que são irrelevantes para o entendimento do texto. Quando se
lê um livro e ―pulam-se‖ certos trechos desinteressantes faz-se uma
seleção, isto é, presta-se atenção aos aspectos que interessam, ou
seja, àqueles sem os quais seria impossível compreender o texto. ―Ao
ler, fazemos isso o tempo todo: nosso cérebro sabe, por exemplo,
que não precisa se deter na letra que vem após o ―q‖, pois
certamente será ―u‖.
Antecipação: são hipóteses que o leitor levanta, antecipando
informações com base nas ―pistas‖ que vai percebendo durante a
leitura. Essa estratégia ocorre, por exemplo, quando no início da
leitura de um conto de fadas espera-se que apareçam personagens e
lugares característicos desse tipo de texto: madrasta ruim, princesas
40
e príncipes lindos e bons, fadas bruxas, castelos, reinos, florestas
encantadas etc. Além disso, o leitor espera encontrar palavras
expressões iniciais e finais que marcam o conto de fadas: ―Era uma
vez‖, ―viveram felizes para sempre‖, ―uma linda e boa princesa‖, ―uma
bruxa malvada‖ etc. Durante a leitura, comprova-se as antecipações
estavam corretas ou não. Se aparecem termos, palavras ou
personagens com características muito diferentes dessas, ocorre um
estranhamento do leitor, que precisará voltar e analisar o que foi lido.
Inferência: São os complementos que o leitor fornece ao texto a
partir de seus conhecimentos prévios. ―Permitem captar o que não
está dito no texto de forma explícita. A inferência é aquilo que lemos,
mas não está escrito. São adivinhações baseadas tanto em pistas
dadas pelo próprio texto como em conhecimentos que o leitor possui.
As vezes essas inferências se confirmam, e as vezes não; de
qualquer forma, não são adivinhações aleatórias. Além dos
significado, inferimos também palavras, sílabas ou letras. Boa parte
do conteúdo de um texto pode ser antecipada ou inferida em função
do contexto: portadores, circunstâncias de aparição ou propriedade
do texto.‖
Auto regulação: É a ponte que o leitor faz entre o que supõe
(seleção, antecipação, inferência) e as respostas que vai obtendo
através do texto. Trata-se de avaliar as antecipações e as inferências,
confirmando-as ou refutando-as, com a finalidade de garantir a
compreensão.
Autocorreção: Quando as expectativas levantadas pelas estratégias
de antecipação não são confirmadas, há um momento de dúvida. O
leitor, então, repensa a hipótese anteriormente levantada, constrói
outras e retoma as partes anteriores do texto para fazer as devidas
correções. É o caso do leitor, por exemplo, que volta para corrigir a
palavra que leu errado. (BRASIL, 1999. p, 67).
Para que se tenha um bom trabalho com leitura, o professor deve dispor
de vários fatores que se interligam, sendo fundamental a elaboração de um
plano, um roteiro, no sentido de organizar seu desempenho, garantindo
segurança e naturalidade. Para que isso possa acontecer, o primeiro passo é
escolher o que, e qual história contar, levando em conta a necessidade, o
público e a sociedade a que se destina.
Segundo Bräkling (2012), um leitor competente é aquele que usa a
linguagem escrita – e, portanto, a leitura – efetivamente, em diferentes
circunstâncias de comunicação; é aquele que se apropriou das estratégias e
dos procedimentos de leitura característicos das diferentes práticas sociais das
quais participa, de tal forma que os utiliza no processo de (re) construção dos
sentidos do texto.
Então para que se tenha uma leitura de qualidade é necessário que o
professor adquira alguns procedimentos importantes para que se obtenha um
bom resultado perante seus objetivos. Dentre esses procedimentos estão as
41
estratégias utilizadas durante a leitura. Estas estratégias referem-se à
capacidade:

De ativarmos o conhecimento prévio que temos sobre os
aspectos envolvidos na leitura – conhecimento sobre o assunto,
sobre o gênero, sobre o portador onde foi publicado o texto (jornal,
revista, livro, folder, panfleto, folheto, etc.); sobre o autor do texto,
sobre a época em que o texto foi publicado, quer dizer, sobre as
condições de produção do texto a ser lido – para selecionar as
informações que possam criar o contexto de produção de leitura,
garantindo a fluência da mesma;

De anteciparmos informações que podem estar contidas no
texto a ser lido;

De realizarmos inferências quando lemos, quer dizer, lermos
para além do que está nas palavras do texto, ler o que as palavras
nos sugerem;

De localizarmos informações presentes no texto;

De conferimos as inferências e antecipações realizadas ao
longo do processo do texto, de forma a podermos validá-las ou não;

De irmos sintetizando as informações dos trechos do texto;

De estabelecermos relações entre tudo o que o texto nos diz e
o que outros textos já nos disseram, e o que sabemos da vida, do
mundo e das pessoas. (BRÄKLING, 2012, p.1)
Assim, o processo de construção dos sentidos só terá significados
positivos se nos apropriarmos dessas estratégias e principalmente instigar os
alunos para que possam também apreciar o gosto pela leitura com diversas
maneiras de lê-la.
O mediador, então, ao instigar essa leitura pode e deve utilizar de
diferentes metodologias e técnicas. O trabalho com esses tipos de conteúdos
deve vir de uma organização de atividades didáticas fundamentais. Uma delas
é a leitura colaborativa, que é realizada paulatinamente, em conjunto, para
explicitar estratégias e procedimentos de um leitor.
Um exemplo disso vemos em Martinelli (2000), em seu texto: Um espaço
para o imaginário dentro da sala de aula: a arte de contar história, que traz a
experiência de uma leitura colaborativa de uma professora com um grupo de
crianças de 6 anos.
1.
Leitura do Título – A professora faz a pergunta para as crianças
– ―Por que vocês acham que o livro tem esse título?‖ (aqui ela pode
verificar os indícios nas quais as crianças se basearam para dar a
resposta, utilizando, no caso, a ilustração da capa).
2.
Confrontação e confirmação ou não das hipóteses levantadas a
partir do título.
3.
Levantamento de perguntas que levam ao um pequeno debate
sobre a história e o possível rumo que ela vai tomar.
4.
Indagação sobre o significado de determinada palavra,
utilizando o contexto para que, estabelecendo relações, as crianças
consigam compreendê-la.
42
5.
Questionamento sobre os fatos da história – Baseada em uma
afirmação do texto, a professora lança uma pergunta sobre a história
(por exemplo, o personagem afirma que o gatinho não estava feliz
com ele, e a professora pergunta se as crianças concordam com a
afirmação).
6.
Desafio à imaginação do grupo – A partir de uma descrição de
um cenário da história, a professora faz uma pergunta que estimula a
imaginação do grupo.
7.
Encaminhamento de soluções para os conflitos – Diante de um
empasse na história, a professora pergunta qual a solução que
poderiam propor. (MARTINELLI, 2000. p76-77)
Sendo assim, para que haja um trabalho participativo, o professor deve
organizar suas maneiras e estabelecer os objetivos para tal atividade.
Selecionando um texto adequado para esse tipo de atividade e utilizando-se
das estratégias de leitura.
Pode ser apresentado de maneira que todos possam visualizar,
realizando conversas antes da leitura. Se o texto irá tratar de um assunto como
animais, por exemplo, o professor deve explorar de vários métodos, como
perguntando às crianças quais animais têm em casa, quais gostariam de ter,
como é o nome, a cor, entre outros.
Já durante a leitura, o professor deve interromper a história solicitando a
participação dos alunos na localização de informações, antecipando fatos que
poderão ocorrer e a verificação dos mesmos.
Smith (1999) em seu livro Leitura significativa nos diz que ler em favor
das crianças ajuda a alcançar três objetivos importantes para começar a
aprendizagem da leitura e continuar aprendendo a ler: a) entender as funções
da escrita; b) adquirir conhecimento sobre a linguagem escrita e c) ter a chance
de aprender. No que diz respeito a adquirir conhecimento sobre a linguagem
escrita e a leitura feita pelo professor, quando se trata de crianças em
alfabetização ele aponta que a:
[...] a única maneira que as crianças têm de se tornarem
familiarizadas com a linguagem escrita, antes que possam ampliar o
seu conhecimento lendo sozinhas, é através da leitura que outra
pessoa faça para elas. (SMITH, 1999, p.133)
Como se vê, o papel do professor como leitor na sala de aula é
fundamental para que o aluno encontre oportunidades de se apropriar da
linguagem oral e escrita. De modo a pensar e materializar seus desejos de
43
maneira simples e objetiva. O professor deve então ser capaz de ver e envolver
as crianças em atividades que as levem a acreditar que a leitura é uma
atividade significativa.
44
CAPÍTULO IV
ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA DE CAMPO
Os instrumentos metodológicos deste Trabalho de Conclusão de Curso
consistiram em pesquisa bibliográfica e questionário de sondagem entregue a
02 (dois) professores do Ensino Fundamental do 2º ano do Ciclo I e 32 (trinta e
dois) alunos do Ensino Fundamental do 2º ano do Ciclo I.
A pesquisa foi realizada através de questionários de sondagem feito com
as professoras e teste de leitura com os alunos. Os resultados foram
analisados por categorias partindo das reflexões teóricas.
4 PESQUISA DE CAMPO COM PROFESSORES
O questionário foi preparado com 14 (quatorze) questões dissertativas
referentes às concepções teóricas da leitura de contos clássicos feitos pelo
professor nas séries iniciais (2º ano) que norteiam a prática-pedagógica dos
professores.
Participaram dessa pesquisa apenas profissionais do sexo feminino,
com idade entre 42 e 48 anos. A formação acadêmica das professoras consiste
em Pedagogia para uma das entrevistadas e Magistério e Pedagogia para a
outra entrevistada. O tempo de atuação profissional na área entre as
participantes é de 18 (dezoito) anos e 25 (vinte e cinco) anos no campo
profissional.
Quanto ao questionário, a primeira pergunta feita aos professores foi:
Para você, saber ler significa o quê? A professora A relatou a importância da
leitura, dizendo que a leitura está em tudo. A professora B destacou a leitura
como forma de se expressar idéias, opiniões, desenvolvendo, portanto,
habilidade de falar, de ouvir, e entender o que a leitura transmite.
“Se interessar de todas as coisas, pois a leitura está em tudo.”
(Professor A).
“É a capacidade que o leitor tem de expressar suas ideias e opiniões,
desenvolvendo a habilidade de falar, de ouvir e entender o que a leitura
transmite” (Professor B).
45
Figura 12 - resposta da pergunta nº. 1 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
A leitura é o caminho mais eficaz para a inserção do ser humano como
pessoa letrada no mundo. Através da leitura o ser humano consegue sua
autonomia na sociedade e também uma satisfação própria. Ler um livro pode
ser uma fonte de aprendizado e de prazer, porém deve ser estimulado desde a
infância, pois nessa fase é que a criança está procurando informações e
tentando entender o sentido de tudo aquilo que está em sua volta. Portanto, a
leitura é a porta para descobertas de novos conhecimentos, informações, que
devemos colocar em prática ao longo da vida, seja no nosso dia-a-dia ou na
nossa vida profissional.
Como viu-se as concepções de leitura trazidas pelas duas professoras
ambas trazem aspectos amplos sobre o sentido da leitura, não sendo
observadas nas respostas os aspectos técnicos da habilidade da leitura, dos
conhecimentos relativos a letras, relação fonema e grafema.
A segunda pergunta refere-se ao papel da escola não formação do leitor.
Obteve-se as seguintes respostas:
“Criar situações de leituras prazerosas para a formação de leitores”.
(Professor A).
46
“A escola é muito importante, pois incentiva os alunos a terem gosto pela
leitura, tornando-os críticos e criativos”. (Professor B).
Figura 13 - resposta da pergunta nº. 2 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Os argumentos quanto ao papel da escola confirmam que a escola tem
uma contribuição fundamental para a formação de alunos leitores. O aluno,
quando ainda criança, tem uma capacidade enorme de fantasiar, de imaginar,
e a escola aproveitando-se dessa fase de encantamento, deve oferecer aos
alunos bons livros e incentivá-los a leitura, levando-os assim à descoberta do
prazer da leitura.
A terceira pergunta é a respeito, na opinião dos professores
entrevistados, sobre os fatores que a leitura pode interferir na vida de um ser
humano. O professor A, relatou que o ser humano pode se tornar um cidadão
crítico, informado e com um futuro bom no mercado de trabalho. O professor B
relatou que as pessoas adquirem informações.
47
As respostas colocam o domínio da leitura relacionado à importância
desse saber e o reflexo na vida em sociedade.
Figura 14 - resposta da pergunta nº. 3 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
O Homem que não lê, torna-se desatualizado. A cada livro lido, sentimos
a necessidade de se obter mais informações e, assim, exercitamos essa
máquina tão importante que é o nosso cérebro, mas para que tudo isso
aconteça é preciso ter o hábito da leitura, e isso só é possível se nos tornamos
leitores desde a nossa infância. Tornando-se leitores fluentes várias são as
vantagens adquiridas: ser humano crítico, informado, autônomo, melhora do
vocabulário, enfim, inúmeras são as vantagens, porém, a participação da
escola, da família e do professor como mediador são indispensáveis.
A
quarta
questão
refere-se
aos
gêneros
que
os
professores
entrevistados consideram mais importantes para se trabalhar nas séries
iniciais. Obtiveram-se as respostas:
48
“Parlendas, poemas, músicas, fábulas e contos”. (Professor A).
“Receitas, contos, poemas, fábulas, reportagens, textos informativos e
histórias em quadrinhos”. (Professor B).
Figura 15 - resposta da pergunta nº. 4 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Pode-se perceber que a professora A e a professora B se utilizam dos
mesmos gêneros, porém a
professora B enriquece sua leitura com uma
variedade maior dos mesmos.
As variações de tipos textuais são importantes para o conhecimento e
informação do aluno sobre a existência de vários gêneros. É importante que o
professor proporcione ao aluno o direito de conhecer todos os gêneros
possíveis, ampliando, assim, seus conhecimentos.
Percebeu-se uma predileção pelos textos poemas, fábulas e contos que
apareceram com 17% das escolhas textuais. Sabe-se que para crianças em
processos de alfabetização é comum que haja a escolha de textos curtos e
textos que se sabe de memória, para que se faça também os ajustes sonoros
entre fonemas e grafemas. Os textos mais utilizados são cantigas, parlendas e
poemas.
A quinta pergunta é sobre a frequência com a qual os professores
49
entrevistados costumam ler aos seus alunos: diariamente, três vezes na
semana, duas vezes na semana ou outra resposta. As duas professoras
responderam que lêem diariamente.
Figura 16 - resposta da pergunta nº. 5a dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
A leitura diária feito pelo professor é essencial e fundamental para
estimular a criança para o despertar da leitura. É nesse momento, que o
professor estimula seu aluno, fazendo-o perceber o mundo fantástico que
existe por trás de um livro, despertando assim, sua curiosidade e seu interesse
pelo prazer da leitura.
Referindo-se ainda, a quinta questão (b), perguntou-se aos professores
qual o último livro lido pelos mesmos e qual era a tipologia. As respostas foram
50
as seguintes:
“O sucesso é ser feliz - Auto-Ajuda”. (Professor A).
“A cigarra e a formiga - Fábula”. (Professor B)
Figura 17 - resposta da pergunta nº. 5b dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Percebe-se que as duas histórias são de tipologias bem diferentes. O
livro da professora A é de uma tipologia de Autoajuda, e o da professora B, é
de uma tipologia de Fábulas. Ambas, porém, com suas respectivas
características e qualidades no que diz respeito à leitura. È fundamental que o
professor seja leitor de fato para que ele faça da leitura algo verdadeiro em sua
prática pedagógica.
A sexta questão refere-se a qual livro as professoras entrevistadas
recordam que tenham sido lidos para elas na sala em suas séries iniciais.
Obtiveram-se as seguintes respostas:
51
“Livro de histórias”. (Professora A).
“Ela não tinha o hábito de fazer a leitura”. (Professora B).
Figura 18 - resposta da pergunta nº. 6 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Através da entrevista pode-se observar que a professora A foi
contemplada com uma professora de infância que tinha o hábito de realizar
boas leituras, apesar de não citar de forma específica, afirmou livro de
histórias, e que foi através dessa iniciativa de proporcionar esse momento
prazeroso que ela se tornou uma leitora fluente. Porém a professora B apesar
de não ter tido a mesma sorte, também acabou se tornando uma leitora fluente,
a professora relatou sobre a importância e a necessidade da leitura, e o mesmo
é realizado com seus alunos.
Reflete-se que a prática pedagógica muitas vezes pode-se ser pautada
em vivência como alunos, podendo ser reproduzida ou superada, dependendo
da tomada de consciência do ser humano ao longo da vida.
A sétima questão é sobre os livros de literatura -contos clássicos- que as
professoras entrevistadas lembram de terem lido, quando estudantes, em suas
séries iniciais. As respostas foram as seguintes:
52
“Branca de Neve e Cinderela”. (Professora A).
“O Patinho Feio, Cinderela, Branca de Neve”. (Professora B).
Figura 19 - resposta da pergunta nº. 7 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Ambas as professoras lembraram-se de terem lido as mesmas histórias,
porém a professora B citou também a história do Patinho Feio. São histórias
contadas até hoje, o que confirma a importância do conto clássico na vida de
nossas crianças.
53
A questão oito (a) foi relacionada à quais tipos de leitura a professora faz
em sala de aula para os alunos. Onde se obteve a resposta de que, as duas
professoras utilizam-se de todos os gêneros textuais.
Figura 20 - resposta da pergunta nº. 8a dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Vale ressaltar que a leitura é uma atividade muito importante para a fase
inicial escolar, principalmente no 2º ano (segundo ano) do Ensino
Fundamental.
Para que se tenha uma leitura de qualidade, é necessário que o
professor realize a leitura de diversos gêneros, assim como foi analisado no
gráfico acima, no qual as duas professoras dispõem de diversas tipologias,
deste modo proporcionando um ensino significativo aos seus alunos.
Sabe-se, porém que é necessário que haja uma organização do trabalho
com textos em sala de aula, fazendo sequências didáticas, organizando
atividades permanentes e projetos.
54
Na pergunta de número oito (b), foram destacadas qual a freqüência
com que eram feitas as leituras por dia. No qual se observa que as duas
professoras disseram que a leitura é realizada uma vez ao dia.
Figura 21 - resposta da pergunta nº. 8b dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Na conversa com as duas professoras pode – se analisar que ambas
realizam a leitura uma vez por dia, e cada uma delas destina um tempo
propício para tal. A professora A, afirmou que a leitura é realizada no início da
aula, pois a mesma emprega a função para acalmar as crianças. Já a
professora B, acha favorável fazer a leitura após o intervalo, manifestando
também o desejo de acalmar os alunos, pois voltam muito agitados.
O papel da leitura muitas vezes é taxado como um ―calmante‖ para as
horas mais tumultuosas, no qual o professor lê para que as crianças fiquem
mais tranquilas. Porém, esse não é o papel da leitura, ler é trazer um mundo de
fantasia,
é
uma
atividade
completamente
rica
e
complexa.
Envolve
conhecimentos culturais e ideológicos. A leitura será sempre uma atividade de
reflexão, de maneira lúdica, ou a de se interar do mundo.
55
Esse motivo: relaxar e acalmar não apareceu nas respostas anteriores
quanto ao papel da leitura feita pelo professor em sala de aula, contradizendo
então a clareza do motivo que as levam a ler em sala de aula.
Dando continuidade as perguntas realizadas as professoras, a questão
de número oito (c), foi indagado quantas vezes na semana e quanto tempo é
destinado a leitura feita pelo professor. Obteve-se as seguintes respostas:
Figura 22 - resposta da pergunta nº. 8c dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
A professora A, ressaltou que varia o tempo de acordo com o que vai ser
lido. Não destacando nenhum tempo específico, por haver variações.
Já a professora B, dispôs de 20 minutos por dia, independentemente do
tipo de história a ser lida. Neste momento a professora aponta a narrativa –
história como leitura, porém em relação a pergunta relativa a gêneros
aparecem outros tipos de textos e que nesta pergunta não são lembrados pela
professora, deixando dúvidas sobre a leitura.
Cabe então aos professores reorganizar o tempo destinado à leitura, se
apropriando de diversas maneiras as quais se deve ter ao ler um tipo de texto.
56
Em continuidade ainda à questão relacionada à leitura, a pergunta de
número oito (d), foi questionado quanto tempo é destinado por semana a leitura
feita pelo aluno.
Figura 23 - resposta da pergunta nº. 8d dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Pode – se observar que a professora A utiliza de 50 (cinquenta) minutos
por dia, e uma vez por semana para a leitura feita pelo aluno. A qual é
realizada coletivamente, com diversas tipologias, escolhidas pelos mesmos.
A professora B disse que é destinado esse tipo de leitura pelo menos de
20 (vinte) a 30 (trinta) minutos por dia. Não especificando quais gêneros e nem
as estratégias utilizadas por eles.
57
A nona pergunta da pesquisa foi relacionada à quais ações e estratégias
as professoras achavam fundamentais para ensinar o aluno ler e quais dessas
elas utilizavam.
Figura 24 - resposta da pergunta nº. 9 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Ambas as professoras disseram que para que haja uma leitura de
qualidade é preciso partir do conhecimento prévio dos alunos, indagando-os a
participarem.
A professora A ressaltou também que utiliza de atividades como lista de
nomes e textos já conhecidos. A professora B disse utilizar de interferências
durante a leitura.
Ficou claro que as professoras fazem uso das estratégias de leitura,
porém precisam ampliá-las e abranger mais esses tipos de estratégias, pois
citaram apenas algumas.
58
As professoras foram questionadas na pergunta dez, sobre qual
a
importância do gênero literário – contos clássicos para a formação de seus
alunos.
Figura 25 - resposta da pergunta nº. 10 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
A professora A disse que era importante para conhecimento dos
mesmos e para formar leitores interessados. A professora B, ressaltou que os
contos têm a função de despertar a criatividade, a curiosidade, a imaginação e
tirarem conclusões durante a leitura.
Percebe-se que a professora A não fala da importância dos contos nos
aspectos psicológicos, ela se preocupa somente com a leitura e a formação de
leitores, mas não aponta as qualidades específicas do gênero. Já a professora
B tem um conhecimento acerca da importância dos contos, mas nenhuma das
professoras dá ênfase ao gênero que se pode ter em mãos, como algo que
possa contribuir para os aspectos pessoais.
Afinal, os contos além de terem
59
essas funções, atribuem significados relevantes aos alunos, contribuindo para
a sua formação.
A décima primeira questão foi perguntada as professoras quais contos elas já
trabalharam em sala este ano. Obtiveram – se as seguintes respostas:
Figura 26 - resposta da pergunta nº. 11 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
A professora A destacou os seguintes contos: João e Maria, Rapunzel,
Cinderela, Os sete cabritinhos e O pequeno Polegar. A professora B disse ter
trabalhado Branca de Neve, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela e a
Fera. Pode-se observar que o conto mais trabalhado entre as duas, foi o da
Cinderela. Conversando com ambas, percebeu – se a escolha desse conto
pelo gosto das crianças. Além desse clássico foram trabalhados outros
também. Entretanto não há uma diversidade muito grande entres os contos.
60
Na décima segunda questão será analisada quais são as características
da tipologia contos clássicos – que as professoras acham importante ter para
que o mesmo seja lido em sala de aula.
Figura 27 - resposta da pergunta nº. 12 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
“Para que eles tenham conhecimento de tipos de textos”. (Professora A)
“Os contos clássicos trabalham os sentimentos, a superação e a
transformação que podem ocorrer com as pessoas”. (Professora B)
De maneira geral, foi observado que a professora A, dispõe dos contos
apenas para o conhecimento de vários tipos de texto. Já a professora B, utiliza
os contos de maneira eficaz, trazendo o encantamento desses contos para a
realidade dos seus alunos. Trabalhando assim em conjunto.
Porém
nenhuma
das
duas
professoras
descreveu
sobre
as
características dos contos de maneira completa, situando personagens,
conflitos, desfecho, cenário, entre outros elementos.
A décima terceira questão vem com objetivo de saber qual estratégia o
professor acha importante para o trabalho com contos.
61
“Reescrita dos contos, para que aprendam estruturar o texto, pontuação
e ortografia”. (Professora A)
“Verificar o que os alunos sabem e o envolvimento do grupo durante a
leitura”. (Professora B)
Figura 28 - resposta da pergunta nº. 13 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
A professora A destacou a importância dos contos na escrita de textos,
desde sua elaboração até a pontuação e ortografia.
A professora B, realçou o conhecimento prévio dos alunos e
principalmente o envolvimento do grupo durante a leitura.
62
Os aspectos gramaticais foram destacados e a construção textual. Não
houve um detalhamento sobre a questão da leitura e sobre as estratégias de
leituras utilizadas nas respostas dadas.
Na última questão desde questionário, será analisado o que a
professoras entendem por leitura colaborativa.
Figura 29 - resposta da pergunta nº. 14 dos professores
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
A professora A diz que: ―A leitura colaborativa é a leitura em que o
professor e os alunos realizam paulatinamente, em conjunto, pausa
fundamental para explicitação das estratégias e procedimentos que um leitor
proficiente realiza”.
Para a professora B leitura colaborativa: “é quando há participação dos
alunos durante a leitura, seja lendo ou participando quando há algum
questionamento”.
63
Ambas demonstraram conhecimento sobre o assunto, porém é válido
ressaltar que além do saber teórico, é importante a prática em sala de aula,
pois a leitura colaborativa faz parte de um contexto muito amplo, podendo
abranger diversos tipos de estratégias, assim levando os alunos ao
conhecimento de vários tipos da realização de leitura além dos olhos.
4.1 Pesquisa de campo com os alunos
A presente pesquisa foi realizada com 32 (trinta e dois) alunos de duas
escolas públicas do ensino fundamental Ciclo I.
Foram 7 (sete) questões abordando o gosto das crianças pela leitura e
suas respectivas formas de ler. O questionário encontra-se no apêndice.
A primeira pergunta foi: ―Quais histórias você gosta que a professora
leia para vocês em sala? (listar os nomes). O gênero que obteve maior
preferência foram os contos, sendo que 12 (doze) dos alunos entrevistados
optaram pela história de ―Os três porquinhos‖, e 9 (nove) preferiram pela
história da ―Rapunzel‖. Sendo listados também outros genêros como fábulas,
histórias folclóricas e outras, teve também aqueles que nao lembraram ou não
quiseram responder.
Figura 30 - resposta da pergunta nº. 1a dos alunos
1a - Quais histórias você gosta que a professora lê para vocês
em sala? (Listar os nomes)
10%
4%
C ontos
12%
F ábula
Histórias
folclóricas
O utros
5%
69%
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Nâo lembra
64
Pode-se observar que a leitura diária realizada pela professora é
essencial para o aprendizado do aluno, além disso o incentivo para se tornar
um leitor ativo e um cidadão crítico se torna quase que um dever do professor.
Foi observado que os alunos entrevistados citaram além dos contos outros
gêneros. Mas, sem dúvida os contos tiveram uma porcentagem significativa, o
que confirma a importância desse gênero textual, pois, a leitura de contos
clássicos faz com que a criança entre em um mundo imaginário e de fantasia, e
através disso, se interesse pela leitura, tornando-se um futuro cidadão leitor.
A segunda pergunta da pesquisa foi em relação à qual história as
crianças haviam gostado mais. Foi confirmado a preferência pelo gênero
contos, sendo uma das mais votadas a história da ―Rapunzel‖. Contudo,
percebe-se que além desse gênero as crianças também citaram outros títulos,
porém com menor índice de satisfação.
Figura 31 - resposta da pergunta nº. 1b dos alunos
1b- Qual história você mais gostou?
C hapeuz inho
Vermelho
O s sete cabritinhos
A raposa e as uvas
J oão e Maria
7%
13%
3%
R apunz el
7%
3%
3%
3%
T urma da Mônica
7%
A B ranca de Nete
O gato de botas
O pequeno polegar
3%
3%
3%
3%
10%
3%
7%
3%
7%
10%
O s três porquinhos
O sapo curioso
C urupira
C inderela
A bruxa Malvina
A B ela e a F era
O patinho feio
F ábrica de palavras
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Não lembra
65
Os contos de fadas sem dúvida é um dos gêneros mais preferidos das
crianças. São histórias que mexem com o imaginário, estimulam a critividade e
fazem com que cada um construa um sentido real para o mundo em que vive.
As crianças se identificam muito com alguns personagens, materializando
assim seu desejo de crescer, de se transformar e de transformar o mundo,
liberando suas emoções e conflitos interiores, no desejo de resolver seus
próprios conflitos.
Figura 32 - resposta da pergunta nº. 1c dos alunos
1c- Por quê?
33%
34%
E moç ão
L egal
J oga as
tranç as
33%
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Quanto as respostas sobre o porquê, elas responderam:
“PORQUE ELA TRAIS MOITO EMOSÃO”
(―Porque ela traz muita emoção‖)
“PORCE É LECAL”
(―Porque é legal‖)
―PORQUE GOGOU AS TRANSA”
66
(―Porque jogou as tranças‖)
A terceira pergunta foi referente as histórias já conhecidas pelas
crianças, na qual havia 9 (nove) alternativas para múltiplas escolhas. Que
eram: Chapeuzinho Vermelho, Pinóquio, Cachinhos de Ouro, A Branca de
Neve e os sete anões, Os três porquinhos, Cinderela, Rapunzel, João e o pé
de feijão e o Patinho Feio.
Figura 33 - resposta da pergunta nº. 2 dos alunos
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Em relação a essa pergunta pode-se perceber o quanto os contos
clássicos fazem parte da vida de nossas crianças, pois entre os entrevistados
a maioria diz conhecer os contos citados, apenas uma minoria diz não
conhecer a história de Cachinhos de Ouro. Cabe ao professor como mediador,
fazer da leitura uma prática diária e principalmente com qualidade, oferecendo
aos alunos uma leitura prazerosa e ampliando o seu repertório.
67
A terceira pergunta refere-se as estratégias utilizadas pelos alunos ao
realizar a leitura. Pode-se observar que 15 (quinze) dos alunos entrevistados,
observaram a capa, 2 (dois) identificaram o autor, 11 (onze) identificaram o
título, 4 (quatro) folhearam o livro antecipadamente observando-o e 11 (onze)
dos entrevistados não realizaram nenhuma das alternativas.
Figura 34 - resposta da pergunta nº. 3 dos alunos
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Um dos métodos mais eficazes para se obter uma leitura de qualidade é
incentivar os leitores aprendizes para o uso de estratégias de leitura.
Estratégias estas que, os professores usam ou deveriam usar para facilitar o
processo de compreensão da leitura. Como podemos observar no gráfico a
cima, foram selecionadas algumas estratégias que os alunos deveriam utilizar
68
em relaçao a leitura realizada pelos mesmos. Dentre os 32 (trinta e dois) dos
alunos entrevistados, 11 (onze) não utilizaram nenhuma das estratégias.
No que se refere a quarta pergunta, foi questionado se os alunos
gostavam de ir à biblioteca, 30 (trinta) dos entrevistados responderam que sim,
que gostam de ir à biblioteca, e apenas 2 (dois) responderam que não.
Figura 35 - resposta da pergunta nº. 4 dos alunos
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
A existência e a utilização de uma biblioteca no contexto escolar são de
extrema importância para o aprendizado do aluno. Os livros são indispensáveis
tanto para a formação cultural quanto para a formação de uma pessoa como
cidadã e é na biblioteca, em meio a todos os livros, que um mundo diferente é
descoberto pelas crianças, adolescentes e adultos. Nessa pesquisa pode-se
perceber que a maioria das crianças frequenta e gosta de ir à biblioteca, pois lá
não encontra apenas livros. Mas sim um acervo que compreende mapas,
revistas, jornais e algumas até material multimídia. Tudo isso em um ambiente
calmo e tranqüilo, essencial para os bons estudos e a leitura. As funções da
69
biblioteca escolar são várias e, em muitas situações, complementares:
informativa; educativa; cultural e recreativa.
Na quinta pergunta foi indagado qual livro a criança gostaria de ter em
casa. No qual 5 (cinco) dos entrevistados preferiram a história de ―Pinóquio‖.
Percebe-se nessa pergunta que os alunos além dos contos, citaram outras
histórias, de gêneros variados.
Figura 36 - resposta da pergunta nº. 5 dos alunos
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Cabe a escola, oferecer aos alunos estímulos para a leitura. Mas,
importante também é a participação dos pais, incentivando seus filhos a lerem.
Esse trabalho deve ser realizado em conjunto, sendo o professor, a escola e os
pais, juntos assim contribuindo para a formação de um futuro leitor.
70
Referente à sexta pergunta do questionário, que foi sobre as
observações feitas pelas pesquisadoras diante a leitura dos alunos, cujo texto
proposto foi: ―O Príncipe – rã ou Henrique de Ferro‖ dos Irmãos Grimm. Os
resultados obtidos foram: 15 (quinze) alunos hesitaram ao lerem as palavras, 8
(oito) trocaram as palavras, 17 (dezessete) fizeram a auto-correção, 5 (cinco)
usaram a entonação inadequada e, 9 (nove) não conseguiram ler.
Figura 37- resposta da pergunta nº. 6 dos alunos
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Pode – se perceber que a maioria dos alunos, no momento da leitura,
trocaram
algumas palavras, porém percebendo o erro, no mesmo instante
faziam a auto-correção.
No texto proposto haviam palavras desconhecidas pelos alunos,
portanto houve hesitação ao lerem. A grande maioria sentiu dificuldade nesse
71
quesito, mas com a ajuda das pesquisadoras puderam realizar essa leitura de
sucesso.
Houve também alunos que não conseguiram ler, por não se encontrarem
no nível alfabético.
A última questão refere-se ao beneficios trazidos quanto a realização da
leitura em voz alta.
Figura 38- resposta da pergunta nº. 7 dos alunos
Fonte: elaborado pelas pesquisadoras
Observa-se que a maioria dos alunos realizaram a leitura com alguma
fluência. Porém uma parte dos alunos não conseguiram fazer a leitura, isso se
deve ao fato de não se encontrarem ainda no nível alfabético.
Percebe-se que a leitura em voz alta propicia ao aluno, a constatação do
próprio erro, facilitando assim sua auto-correção e proporcionando a satisfação
e o bom entendimento do texto.
72
CONCLUSÃO
Ao longo deste estudo foi discutido a educação de modo a formar
leitores e escritores, através do trabalho com contos clássicos.
Investigou-se o sentido da leitura e a formação do leitor juntamente aos
aspectos da literatura, no qual se pode perceber a importância da leitura na
vida social e acadêmica do ser humano.
Através dos estudos bibliográficos realizados com autores renomados,
como Freire (2011), Smith (1998), Solé (1999), pode-se analisar o processo de
construção da leitura, de modo a perceber que a leitura vai muito além do que
está escrito. É preciso conhecer o contexto para dar sentido à leitura.
Refletiu-se sobre os contos clássicos do passado ao presente, suas
formas, origens e as respectivas definições de conto de fada e conto
maravilhoso.
Percebeu-se que houve a necessidade de adaptação dos contos devido
à chegada da modernidade, constatou-se que, para essa adaptação não é
necessário sua redução, através de histórias simplificadas, pois é importante
manter a essência dos mesmos, garantindo assim uma leitura de qualidade.
Com esta pesquisa foi destacada a importância da leitura de contos
clássicos de modo a gerar leitores, suas contribuições e os conteúdos trazidos.
Contatou-se que é preciso ensinar estratégias e procedimentos para se
tornar leitor quando se fala de ambiente escolar. A literatura de Solé (1999) e
Brakling (2012) reforçam a necessidade do ensino de estratégias e
procedimentos de leitura que o professor necessita ao contar uma história.
Estratégias estas que diante as observações realizadas in lócus não foram
muito bem estabelecidas pelos professores, percebendo-se pela entrevista
alguns apontamentos sobre estratégias. Mas, que são de extrema importância
para o trabalho com leitura na escola. É importante ressaltar que o professor
tem um papel fundamental em organizar o comportamento leitor, antes mesmo
de o leitor saber ler convencionalmente.
O resultado deste trabalho foi também através de observações
realizadas como alunas pesquisadoras do Programa Bolsa Alfabetização, no
qual pode-se perceber que a leitura feita pelo professor, é uma das múltiplas
73
maneiras de se trabalhar com leitura dentro da sala de aula, sendo ela capaz
de aguçar o desejo de tornar-se um leitor ativo.
Através da pesquisa, mais precisamente pela análise dos dados
coletados, pode-se perceber que, quando um adulto leva a literatura para as
crianças, mesmo que elas ainda estejam em fase inicial escolar e não se
apropriaram da leitura por si só, apenas pelo contato, o interesse é despertado
e consequentemente esse prazer pode as leva-las a se interessar pelo que
vem depois.
Na pesquisa levantada com os professores, ficou claro que, eles têm o
domínio do ato de ler, utilizam-se de diversos gêneros textuais, inclusive os
contos, comprovando então sua importância nas séries iniciais. Porém,
destacaram os aspectos gramaticais e a construção textual, mas não se
apropriaram das estratégias de leitura.
A leitura colaborativa também foi um aspecto levantado na pesquisa, no
qual os professores disseram conhecer, mas somente no valor teórico, não
estabelecendo na prática do dia-a-dia. Fator esse muito significativo para as
crianças em inicio de alfabetização e principalmente nos primeiros contatos
com a leitura.
Referente às análises feitas com as crianças, pode-se perceber o
interesse pelos variados tipos de gêneros, mas o fascínio pelos contos é
relativamente maior, devido a sua estrutura, assim introduzindo novos modos
de pensar e, principalmente, através da sua forma lúdica, transmitindo a
criança a magia e o encanto
Diante ainda das observações realizadas com as crianças, mediante a
leitura de um texto proposto, observou-se que elas utilizam algumas
estratégias de leitura (localizam o autor, o título, observam a capa), isso se
deve aos professores também não enfatizarem de forma constante e
sistemática, pois por meio de conversa com tais e observações de leitura ficou
claro que eles não se utilizam desse fator. Fator esse que é primordial para a
relação das crianças com os livros, principalmente em crianças que estão
conhecendo e adequando-se ao mundo das letras.
Esse trabalho nos proporcionou diversas formas de analisar a leitura em
si, ampliando nossa visão e construindo laços para o futuro trabalho. Para nós
futuros professores, essa pesquisa foi um meio de conhecermos melhor o
74
universo infantil, vivenciando lado a lado o pensar das crianças em relação a
leitura.
75
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5ª ed. São Paulo:
Scipione, 2006
AGUIAR, V.T de. A formação do leitor. In: CECCANTINI, J.L.C.T.,PEREIRA, R.
F., ZANCHETTA, J. J. Pedagogia cidadã: Cadernos de Formação: Língua
Portuguesa. São Paulo: Unesp, Pró-Reitoria de Graduação, 2004, vol 2.p. 1730.
______. Conceito de leitura. In: In: CECCANTINI, J.L.C.T.,PEREIRA, R. F.,
ZANCHETTA, J. J. Pedagogia cidadã: Cadernos de Formação: Língua
Portuguesa. São Paulo: Unesp, Pró-Reitoria de Graduação, 2004, vol 1.p. 6176.
ANDERSEN, H. C. O patinho feio. Disponível em: http://guida.querido.net/
andersen /conto-07.htm. Acesso em: 27/07/2012
AZENHA, M. da G.. Construtivismo: de Piaget a Emilia Ferreiro. 7ª ed. São
Paulo: Ática, 1999.p.44.
BETTLHEIM, B. A Psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2007.
BRAKLING, K. L. Sobre Leitores e a formação de leitores: Qual a chave que
se espera? Disponível em: http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=
oassuntoe.interna&id_tema=9&id_subtema=2 Acesso em: 20/09/2012.
BRASIL. Secretaria de Ensino Fundamental. Alfabetização parâmetros em
ação. Programa de desenvolvimento profissional continuado. Brasília: 1997, p.
67.
CECCANTINI, J.L.C.T. Literatura Infantil – A narrativa. In: CECCANTINI,
J.L.C.T., PEREIRA, R. F., ZANCHETTA, J. J. Pedagogia cidadã: Cadernos
de Formação: Língua Portuguesa. São Paulo: Unesp, Pró-Reitoria de
Graduação, 2004, vol 2.p.131-148.
CHARMEUX, E. Aprender a Ler: Vencendo o Fracasso. 5º ed. São Paulo,
Cortez, 2000.p.13-14.
76
CONTOS DE FADAS. Disponível em http://feira-de-cultura2010.webnode.com
.br /contos-de-antigamente. Acesso em 12/08/2012.
CORSO, D. L.; CORSO, M.. Fadas no Divã: psicanálise nas histórias infantis.
Porto Alegre: Artmed, 2006. p.27.
FREIRE, P.. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam.
23 ed. São Paulo: Cortez, 1989.p.19-20.
MACHADO, A.M. Contos de Fadas: de Perrault, Grimm, Andersen & outros.
Trad. Maria Luiza X. de A. Borges.Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
MARTINELLI, L.C. Janelas da Pedagogia – Um Espaço para o imaginário
dentro da sala de aula: a arte de contar histórias. In: MUNDURUKU, D., et. al
Janelas da Imaginação: experiências singulares com os contos da tradição
oral e outras histórias. São Paulo, 2000.p.65-79
______. Contos de Grimm. Trad. Ana Maria Machado. São Paulo: Moderna,
2011.
SMITH, F. Leitura significativa, Trad. NEVES, Beatriz Affonso. 3. Ed. Porto
Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda.1999. p.23.
SOLÉ, I. Estratégias de Leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.p.19.
______l. Ler, leitura, compreensão: sempre falamos da mesma coisa? In:
Compreensão de leitura- a língua como procedimento. Rio Grande do Sul:
Artmed, 2003.
VALE, L. P.. Narrativas Infantis. In: SARAIVA, Juracy Assmann. Literatura e
Alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: Artmed,
2001. p. 43-49.
77
APÊNDICE
78
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES
I - Da identificação:
Sua idade:________________________________
Sexo: F ( )
M( )
Sua formação: ( ) Magistério; ( ) CEFAM; ( ) Normal Superior; ( ) Pedagogia
Tempo de atuação como professor (a):_______________________________
II - Das perguntas:
1-) Para você, saber ler significa o que?
2-) Qual é o papel da escola na formação do leitor?
3-) Quais fatores acredita que a leitura pode interferir na vida de um ser
humano?
4-) Quais gêneros você considera importante que se trabalhe nas séries
iniciais?
5-)
a- Você lê com frequência?
( ) sim; ( ) não; ( ) às vezes
b- Qual o último livro que você leu? Qual era a tipologia?
6-) Em sua infância qual livro você se recorda que a professora tenha para a
sala em suas nas séries iniciais?
7-) Quais livros de literatura – contos clássicos você se lembra de ter lido,
quando estudante, em suas séries iniciais?
8-) a. Na sala de aula para os alunos, quais tipos de leitura você faz?
79
b. Com que freqüência são feitas as leituras – por dia?
c. Quantas vezes na semana, quanto tempo é destinado a leitura feita pelo
professor?
d. Por semana, quanto tempo é destinado a leitura feita pelo aluno?
9) Que tipo de ações/estratégias são fundamentais para ensinar ao aluno ler e
que você usa em suas aulas?
11-) Qual é a importância do gênero literário – contos clássicos para a
formação dos alunos?
12-) Quais contos você já trabalhou em sala este ano?
13) Quais são as características desta tipologia contos de fada - que você
importante ter para que seja lido em sala de aula?
14) Quais estratégias você acha fundamental para o trabalho com contos?
80
APÊNDICE B
OBSERVAÇÃO E AVALIAÇÃO SOBRE A LEITURA DOS ALUNOS
Título do livro:___________________________________________________
1)a.Quais histórias você gosta que a professora lê para vocês em sala? (Listar
os nomes)
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
b. Qual história você mais gostou e porque?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
2) Quais história você já conhece?
( ) Chapeuzinho Vermelho
( ) Pinóquio
( ) Cachinhos de ouro
( ) A branca de neve
( ) Os três porquinhos
( ) Cinderela
( ) Rapunzel
( ) João e o Pé de Feijão
( ) Patinho Feio
3-) Se o aluno utiliza estratégias antecipadas.
(
(
(
(
) observa a capa
) identifica o autor
) identifica o título
) folheia o livro antecipadamente observando-o
4-) Você gosta de ir a biblioteca.
( ) sim
( ) não
(
) pouco
5-) Qual livro você gostaria de ter em sua casa?
6-) Texto proposto para leitura: Cachinhos de Ouro
( ) hesitação ao ler a palavra
( ) troca de palavra
( ) auto-correção
( ) entonação inadequada
81
7-) A leitura em voz alta revela que:
(
(
(
(
) Não conseguiu ou não quis ler
) Leu com muita dificuldade
) Leu com alguma fluência
) Leu com fluência
82
APÊNDICE C
TABELAS DA ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS COM PROFESSORES
1) Para você , saber ler significa o quê ?
Quantidade
%
Intensificar-se de todas
as coisas
1
25%
Expressar ideias e
opiniões
1
25%
Desenvolver habilidade
de falar, ouvir
1
25%
Entender o que a leitura
transmite
1
25%
2) Qual é o papel da escola na formação do leitor ?
Quantidade
%
Criar situações de leitura
1
25%
Formar leitores
1
25%
Incentivar os alunos
1
25%
Formar críticos e
criativos
1
25%
3) Quais fatores você acredita que a leitura pode interferir na vida de um
ser humano ?
Quantidade
%
Ser humano crítico,
informado
1
34%
Futuro bom no setor de
trabalho
1
33%
Adquirir informações
1
33%
83
4) Quais gêneros você considera importante que se trabalhe nas séries
iniciais ?
Quantidade
%
Parlendas
1
9%
Poemas
2
17%
Músicas
1
8%
Fábulas
2
17%
Contos
2
17%
Receitas
1
8%
Reportagens
1
8%
Textos Informativos
1
8%
Histórias em Quadrinho
1
8%
5 a)- Você costuma ler (de forma geral) com qual frequência aos alunos ?
Quantidade
%
Diariamente
1
100%
3 vezes na semana
2 vezes na semana
Outra resposta
5 b)- Qual o último livro que você leu ? Qual era a tipologia ?
Quantidade
%
O sucesso é ser felizAutoajuda
1
50%
A cigarra e a formiga
1
50%
84
6)- Em sua infância qual livro você se recorda que a professora tenha lido
para a sala em suas séries iniciais ?
Quantidade
%
Livro de histórias
1
50%
Ela não tinha hábito de
fazer a leitura
1
50%
7)- Quais livros de leitura – contos clássicos você se lembra de ter lido,
quando estudante, em suas séries iniciais ?
Quantidade
%
Branca de Neve
2
40%
O Patinho Feio
1
20%
Cinderela
2
40%
8 a)- Na sala de aula para os alunos, quais tipos de leitura você faz ?
Todos os gêneros
Quantidade
%
2
100%
8 b)- Com que frequência são feitas as leituras – por dia ?
Uma vez ao dia
Quantidade
%
2
100%
8 c)- Quantas vezes na semana, quanto tempo é destinado a leitura feita
pelo professor ?
Quantidade
%
Depende do que vai ser
lido
1
50%
20 minutos por dia
1
50%
85
8 d)- Por semana, quanto tempo é destinado a leitura feita pelo aluno ?
Quantidade
%
Uma vez por semana, 50
minutos
1
50%
20 a 30 minutos por dia
1
50%
9)- Que tipo de ações/estratégias são fundamentais para ensinar ao aluno
ler e que você usa em suas salas ?
Quantidade
%
Conhecimento prévio
2
40%
Listas de nomes
1
20%
Textos conhecidos
1
20%
Fazer interferências
1
20%
10)- Qual é a importância do gênero literário – contos clássicos para a
formação dos alunos ?
Quantidade
%
Ter conhecimentos dos
contos
1
16%
Formar leitores
1
16%
Despertar a criatividade
1
17%
Curiosidade
1
17%
Imaginação
1
17%
Conclusões durante a
leitura
1
17%
11)- Quais contos você já trabalhou em sala este ano ?
Quantidade
%
João e Maria
1
12%
Rapunzel
1
12%
Cinderela
2
25%
86
Os Sete Cabritinhos
1
12%
O Pequeno Polegar
1
13%
Chapeuzinho Vermelho
1
13%
A Bela e a Fera
1
13%
12)- Quais são as características desta tipologia contos de fada – que você
acha importante ter para que seja lido em sala de aula ?
Quantidade
%
Ter conhecimento de tipos
de textos
1
25%
Trabalhar sentimentos
1
25%
Trabalhar a superação
2
25%
Trabalhar a transformação
1
25%
13)- Quais estratégias você acha fundamental para o trabalho com contos ?
Quantidade
%
Reescrita dos contos
1
16%
Estrutura de textos
1
16%
Pontuação
1
17%
Ortografia
1
17%
Conhecimento prévio
1
17%
Envolvimento do grupo
1
17%
14)- Você sabe o que é leitura colaborativa ? Justifique
Sim, a leitura em que
professor e alunos
realizam paulatinamente,
em conjunto, pausa
fundamental para
explicitação das
estratégias e
procedimentos que um
Quantidade
%
1
50%
87
leitor proficiente realiza.
Sim, é quando há a
participação dos alunos
durante a leitura, sejam
lendo ou participando
quando há algum
questionamento.
1
50%
88
APÊNDICE D
TABELAS DA ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS COM ALUNOS
Título do Livro: O Príncipe-Rã ou Henrique de Ferro
Autor(a): Irmãos Grimm
1 a)- Quais histórias você gosta que a professora lê para vocês em sala ?
(Listar os nomes).
Quantidade
%
Contos
67
69%
Fábulas
5
6%
Histórias Folclóricas
12
12%
Outros
10
10%
Não Lembra
4
4%
1 b)- Qual história você mais gostou ?
Quantidade
%
A Fábrica de Palavras
1
3%
Cinderela
1
3%
Chapeuzinho Vermelho
2
6%
Os Sete Cabritinhos
1
3%
A Raposa e as Uvas
2
6%
João e Maria
2
6%
Rapunzel
3
9%
Turma da Mônica
1
3%
Branca de Neve
3
9%
O Gato de Botas
2
6%
O Pequeno Polegar
1
3%
Os Três Porquinhos
2
6%
O Sapo Curioso
3
9%
89
Curupira
1
3%
A Bruxa Malvina
1
3%
A Bela e a Fera
1
3%
O Patinho Feio
1
3%
Não Lembra
4
13%
Quantidade
%
Emoção
1
34%
Legal
1
33%
Joga as tranças
1
33%
1 c)- Porquê ?
2)- Quais histórias você já conhece ?
Quantidade
%
Chapeuzinho Vermelho
31
12%
Pinóquio
32
12%
Cachinhos de Ouro
18
6%
Branca de Neve
30
12%
Os Três Porquinhos
31
12%
Cinderela
30
11%
%Rapunzel
27
12%
João e o pé de feijão
32
12%
O Patinho Feio
28
11%
3)- Se o aluno utiliza estratégias antecipadas
Quantidade
%
Observa a capa
15
35%
Identifica o autor
2
5%
90
Identifica o título
11
25%
Folheia o livro
antecipadamente
observando-o
4
9%
Nenhum
11
26%
Quantidade
%
Sim
30
94%
Não
0
0%
Pouco
2
6%
4)- Você gosta de ir a biblioteca ?
5)- Qual livro você gostaria de ter em sua casa ?
Quantidade
%
Pinóquio
5
16%
Mônica
1
3%
João e o pé de feijão
2
6%
Os Três Porquinhos
2
6%
Rapunzel
2
6%
Pode Perguntar
1
3%
Bambi
1
3%
A cigarra Escritora
1
3%
O Patinho Feio
1
6%
Chapeuzinho Vermelho
2
6%
A Bela e a Fera
1
3%
Livro de histórias de
ratinho
1
3%
91
Abelhinha
1
3%
Saci Pererê
1
3%
Branca de Neve
2
6%
Curupira
1
3%
Homem Aranha
1
3%
Gibi
1
3%
Sapo Curioso
1
3%
Ursinho
1
3%
Não respondeu
2
6%
6)- Texto proposto para leitura: O Príncipe-Rã ou Henrique de Ferro
Quantidade
%
Hesitação ao ler a palavra
15
28%
Troca de palavras
8
15%
Autocorreção
17
31%
Entonação Inadequada
5
9%
Nenhum
9
17%
Quantidade
%
Não conseguiu ou não
quis ler
8
25%
Leu com muita dificuldade
4
12%
Leu com alguma fluência
12
41%
Leu com fluência
8
22%
7)- A leitura em voz alta revela que:
Download

a leitura de contos clássicos feita pelo professor nas séries iniciais