71
FITOSSOCIOLOGIA DE UMA ÁREA DE CERRADO NA
ESTAÇÃO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
AMBIENTAL GALHEIRO, PERDIZES (MG): UMA
COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS
Giovanni Guimarães Landa ([email protected]) 1,2
Juliana Lima Passos Rezende ([email protected]) 1,2
Flávia de Souza Lima ([email protected])1,3
Márcio de Souza Werneck ([email protected])1,4
1
Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre,
Departamento de Biologia Geral, Instituto de Ciências Biológicas, UFMG,
Belo Horizonte – MG, Brasil
2
Departamento de Ciências Biológicas, PUC Minas
3
Universidade Federal do Triângulo Mineiro/Uberaba
4
Centro de Ciências Naturais e Humanas
Universidade Federal do ABC
RESUMO
Compararam-se dois métodos de estudo fitossociológico em uma área de cerrado localizada na
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Galheiro situada na sub-bacia do Rio Araguari,
no município de Perdizes, MG. Foram utilizadas 55 parcelas de 4x10m no método de Parcelas e
100 pontos no método de Quadrantes. Foram amostrados todos os indivíduos com diâmetro à
altura do solo ≥ 5 cm. Calculou-se o IVI, IVC, índice de Shannon (H’) e Equabilidade (J’) dentre
outros parâmetros fitossociológicos. Em ambos os métodos foram obtidos resultados semelhantes
na amostragem da fitocenose estudada. Apesar da área amostrada ter sido pequena foi
encontrada uma alta diversidade em ambos os métodos quando comparada com outros trabalhos
em região de cerrado.
Palavras - Chave: cerrado, estrutura, método do quadrante, método do quadrado.
1. INTRODUÇÃO
Um dos instrumentos utilizados para a preservação de áreas naturais representativas dos
biomas no Estado de Minas Gerais tem sido a criação de unidades de conservação, mediante a
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
72
aplicação da Resolução CONAMA n.º 02/96 (BRASIL 1996). Esta resolução determina que para
o licenciamento ambiental de empreendimentos com relevante impacto ambiental seja exigido
pelo órgão licenciador, e como medida compensatória, a criação de uma unidade de conservação
sob responsabilidade do empreendedor. Para a seleção da área onde será criada a unidade de
conservação, são avaliadas áreas alternativas de acordo com estudos sobre os aspectos bióticos,
físicos e sócio-econômicos.
Os estudos fitossociológicos destacam-se como um dos principais critérios técnicos no
levantamento quali-quantitativo de uma fitocenose. Estes estudos permitem obter informações
importantes sobre as formações vegetais ocorrentes em áreas de interesse, como a composição
florística parcial e a estrutura e dinâmica da comunidade vegetal. O aprofundamento desses
estudos através de um levantamento florístico, também representa um dos parâmetros essenciais
para a análise quali-quantitativa de uma fitocenose.
Para a obtenção dos dados necessários ao conhecimento da organização e funcionamento
de uma comunidade arbórea são geralmente utilizados dois métodos distintos: o método de
Parcelas (MUELLER-DOMBOIS e ELLEMBERG 1974) e o método de Quadrantes (COTTAM
e CURTIS 1956). Esses métodos diferem basicamente quanto à natureza das unidades de
amostragem e as suas utilizações devem considerar os objetivos do trabalho, o tempo disponível
para o estudo e a precisão das análises estatísticas (WERNECK, 1998). O objetivo deste estudo
foi comparar a eficiência dos métodos de parcela e quadrante para análise de parâmetros qualiquantitativos da vegetação de uma área de cerrado na Estação de Pesquisa e Desenvolvimento
Ambiental (EPDA) Galheiro, uma vez que tais métodos são os mais utilizados nos biomas
brasileiros (MARTINS 1993).
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
73
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Área de estudo
A área de estudo localiza-se na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)
Galheiro (19º10’e 19º15’S e 47º6’e 47º11’W) no município de Perdizes, região do
Triângulo/Alto Paranaíba no Estado de Minas Gerais, às margens do Reservatório de Nova Ponte,
na confluência do Rio Galheiro com o Rio Quebra-Anzol, ocupando uma área de
aproximadamente 2.897 ha. A RPPN foi criada em 1994. A variação altimétrica está entre 760 e
1000m. O clima da região, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, é
Quente Úmido, com excedente hídrico de 950mm em média na estação chuvosa e de 70 a 120mm
em média na estação seca. (IBGE,1989)
De acordo com a classificação fitogeográfica de Fernandes e Bezerra, a área localiza-se
no Setor do Planalto da Província Central ou dos Cerrados (Fernandes e Bezerra, 1990). A
cobertura vegetal caracteriza-se pela dominância da formação cerrado stricto sensu, abrangendo
19% da reserva. Ocorrem outras tipologias vegetacionais como: campo limpo (9%), campo
cerrado (17,5%), cerradão (1,9%), floresta estacional semidecidual (14%) e mata perenifólia de
galeria (10,5%), totalizando aproximadamente 72% da unidade com vegetação natural. No ano de
1993, anterior à implantação da RPPN, houve um grande incêndio na região que atingiu grande
parte da reserva. Neste estudo foi avaliada somente a fisionomia de cerrado stricto sensu.
2.2 Coleta e análise dos dados
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
74
Foram empregados os métodos de parcelas (MUELLER-DOMBOIS e ELLEMBERG
1974) e o de quadrantes (COTTAM & CURTIS 1956) para a obtenção de dados
fitossociológicos, durante o período de 08 a 12/09/99. Foram utilizadas 55 parcelas de 4x10m no
método de Parcelas. Os pontos dos quadrantes foram distribuídos a uma distância de 10 metros
entre eles, nos mesmos locais onde se empregou as parcelas, perfazendo um total de 100 pontos.
O estabelecimento do número de parcelas foi determinado pelo número de indivíduos obtidos no
método de quadrantes. Em ambos os métodos foram amostrados todos os indivíduos lenhosos
com diâmetro a 20 cm do solo ≥ 5cm. As árvores mortas, em pé, também foram amostradas pelos
dois métodos. Todos os indivíduos foram coletados, herborizados e depositados no Herbário
BHCB da Universidade Federal de Minas Gerais.
A densidade, frequência e dominância relativas, o valor de importância (VI) e o valor de
cobertura (VC) foram estimados para cada método (MUELLER-DOMBOIS e ELLEMBERG
1974), visando a observação de diferenças na descrição da estrutura da vegetação. Calcularam-se
também o índice de Shannon (H’) e a equabilidade (J’) correspondente (KREBS 1994). Todos os
cálculos foram realizados pelo programa FITOPAC, versão 2.0 (SHEPHERD 1996). O valor de
H’ entre os dois métodos foi comparado por meio do teste t (MAGURRAN 1988), objetivando
verificar diferenças na amostragem da diversidade entre os dois métodos.
Com o intuito de observar diferenças na amostragem entre os dois métodos, comparou-se
a estrutura em classes de tamanho através do teste de Kolmogorov-Smirnov (ZAR, 1999) e a
similaridade florística quali-quantitativa através dos índices de Sorensen (qualitativo) e de
Morisita (quantitativo) que variam de 0 a 1 (FELFILI et al, 1993).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
75
Pelo método de Parcelas foram amostradas 53 espécies num total de 429 indivíduos,
distribuídos em 29 famílias e pelo método de Quadrantes, 48 espécies num total de 400
indivíduos, distribuídos em 27 famílias (Tabelas 1, 2 e 3). Foram encontradas 39 espécies em
comum, considerando os métodos utilizados.
Conforme as tabelas 2 e 3 verificou-se que o maior IVI foi obtido para as árvores mortas.
Tendo este índice sofrido maior influência da frequência relativa, supõe-se que estes indivíduos
sejam remanescentes da vegetação existente anterior a última queimada registrada na área no ano
de 1993, anterior à data de implantação da RPPN (1994). De acordo com as observações de
campo, a maioria dos indivíduos mortos apresentava-se queimada, amostrados em quase todos os
pontos/parcelas. Foi encontrado um maior número de indivíduos no método de Quadrantes para
Morta, Piptocarpha rotundifolia, Miconia albicans, Dalbergia miscolobium e Myrcia variabilis,
do que no método de Parcelas. Provavelmente esta diferença deve-se a maior área amostrada no
primeiro método (Tabela 1).
Tabela 1 - Comparação entre dados quantitativos obtidos através dos métodos de Parcelas
e de Quadrantes na RPPN Galheiro.
Dados Quantitativos
Parcelas
Quadrantes
Número de indivíduos
429
400
Número de espécies
53
48
Número de famílias
29
27
Densidade total (ind./ha)
1950
1349,04
Área basal total (m2)
3,04
3,49
2
Área basal por hectare (m /ha)
13,82
11,77
Índice de Shanon-Weaver (H’)
3,50
3,41NS
Equabilidade (J)
0,89
0,89
✦
Área total amostrada (ha)
0,220
0,297
NS
- Não significativo ao nível de P<0,05 para os valores de H’ comparados na mesma
linha.
✦
Área Equivalente
Os valores dos índices de diversidade obtidos para Parcela e Quadrante (3,50 e 3,41
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
76
respectivamente, diferença não significativa ao nível de P< 0,05) foram similares a valores
encontrados por Felfili e colaboradores trabalhando com cerrado na Chapada da Pratinha, no
Distrito Federal (FELFILI et al, 1993). Estes valores também se situam na faixa de 3,37 a 4,29
obtidos por Oliveira-Filho em florestas mesófilas da região Sudeste (OLIVEIRA-FILHO, 1989).
Tabela 2 - Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas segundo o Método de
Quadrante na RPPN Galheiro, Perdizes (MG).
Espécies
MORTA
Piptocarpha rotundifolia
Miconia albicans
Pterodon pubescens
Aspidosperma macrocarpum
Davilla rugosa
Dalbergia miscolobium
Myrcia variabilis
Miconia ferruginata
Caryocar brasiliense
Qualea parviflora
Bowdichia virgilioides
Qualea grandifolia
Stryphnodendron adstringens
Dimorphandra mollis
Byrsonima verbascifolia
Aspidosperma tomentosum
Schefflera macrocarpa
Eremanthus cf. glomerulatus
Erythroxylum tortuosum
Styrax sp.
Acosmium dasycarpum
Palicourea rigida
Erythroxylum suberosum
Byrsonima coccolobifolia
Qualea multiflora
Kielmeyera coriacea
Curatella americana
Lafoensia pacari
Famílias
Asteraceae
Melastomataceae
Fabaceae
Apocynaceae
Dilleniaceae
Fabaceae
Myrtaceae
Melastomataceae
Caryocaraceae
Vochysiaceae
Fabaceae
Vochysiaceae
Fabaceae
Fabaceae
Malpighiaceae
Apocynaceae
Araliaceae
Asteraceae
Erythroxylaceae
Styracaceae
Fabaceae
Rubiaceae
Erythroxylaceae
Malpighiaceae
Vochysiaceae
Clusiaceae
Dilleniaceae
Lythraceae
n DR DoR FR IVI IVC
40 10.00 9.78 9.12 28.90 19.78
33 8.25 6.66 7.41 22.32 14.91
34 8.50 3.63 7.41 19.54 12.13
14 3.50 10.16 3.70 17.37 13.66
20 5.00 7.21 4.84 17.05 12.21
21 5.25 4.44 5.13 14.82 9.69
11 2.75 8.53 2.85 14.13 11.28
21 5.25 3.54 5.13 13.91 8.79
17 4.25 4.02 4.27 12.54 8.27
9 2.25 7.51 2.28 12.04 9.76
15 3.75 4.22 3.99 11.96 7.97
8 2.00 6.49 1.99 10.48 8.49
9 2.25 3.11 2.56 7.92 5.36
12 3.00 1.96 2.85 7.80 4.96
10 2.50 2.43 2.85 7.78 4.93
11 2.75 1.28 2.56 6.60 4.03
10 2.50 1.29 2.56 6.35 3.79
10 2.50 1.29 2.28 6.07 3.79
9 2.25 0.80 2.56 5.61 3.05
9 2.25 0.87 2.28 5.40 3.12
7 1.75 0.71 1.99 4.45 2.46
6 1.50 1.12 1.71 4.33 2.62
7 1.75 0.43 1.99 4.18 2.18
6 1.50 0.70 1.71 3.91 2.20
6 1.50 0.60 1.71 3.81 2.10
5 1.25 0.58 1.14 2.97 1.83
2 0.50 1.33 0.57 2.40 1.83
2 0.50 1.22 0.57 2.29 1.72
4 1.00 0.40 0.85 2.26 1.40
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
77
Espécies
Famílias
n DR DoR FR IVI IVC
Tabebuia ochracea
Bignoniaceae
3 0.75 0.45 0.85 2.06 1.20
Vochysia elliptica
Vochysiaceae
3 0.75 0.38 0.85 1.98 1.13
Connarus suberosus
Connaraceae
3 0.75 0.30 0.85 1.90 1.05
Himathantus obovatus
Apocynaceae
3 0.75 0.26 0.85 1.86 1.01
Matayba guianensis
Sapindaceae
3 0.75 0.16 0.85 1.77 0.91
Neea theifera
Nyctaginaceae
2 0.50 0.60 0.57 1.67 1.10
Erythroxylum sp.
Erythroxylaceae 2 0.50 0.21 0.57 1.28 0.71
Plathymenia reticulata
Fabaceae
2 0.50 0.16 0.57 1.23 0.66
Myrcia sp 1
Myrtaceae
1 0.25 0.42 0.28 0.96 0.67
Solanum lycocarpum
Solanaceae
1 0.25 0.09 0.28 0.63 0.34
Roupala montana
Proteaceae
1 0.25 0.09 0.28 0.63 0.34
Indeterminada 1
1 0.25 0.08 0.28 0.62 0.33
Indeterminada 2
1 0.25 0.07 0.28 0.61 0.32
Ouratea castaneaefolia
Ochnaceae
1 0.25 0.07 0.28 0.61 0.32
Heteropterys sp.
Malpighiaceae
1 0.25 0.07 0.28 0.60 0.32
Cabralea canjerana
Meliaceae
1 0.25 0.06 0.28 0.60 0.31
Indeterminada 3
1 0.25 0.06 0.28 0.59 0.31
Protium sp.
Burseraceae
1 0.25 0.05 0.28 0.59 0.30
Legenda: n = número de indivíduos; DR = densidade relativa; DoR = dominância
relativa; FR = frequência relativa; IVI = índice de valor de importância; IVC = índice de
valor de cobertura.
Tabela 3 - Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas segundo o Método de
Parcelas, na RPPN Galheiro, Perdizes (MG).
Espécies
Famílias
n
MORTA
29
Qualea parviflora
Vochysiaceae
24
Piptocarpha rotundifolia
Asteraceae
28
Davilla rugosa
Dilleniaceae
28
Miconia albicans
Melastomataceae 31
Aspidosperma macrocarpum
Apocynaceae
21
Dalbergia miscolobium
Fabaceae
10
Caryocar brasiliense
Caryocaraceae 10
Miconia ferruginata
Melastomataceae 17
Plathymenia reticulata
Fabaceae
19
Myrcia variabilis
Myrtaceae
14
Qualea grandifolia
Vochysiaceae
10
Byrsonima verbascifolia
Malpighiaceae 16
DR
6.76
5.59
6.53
6.53
7.23
4.90
2.33
2.33
3.96
4.43
3.26
2.33
3.73
DoR
6.20
7.74
6.15
6.45
3.66
6.50
7.61
7.26
2.98
3.41
2.98
4.19
1.47
FR
6.90
5.33
5.96
5.33
6.27
5.33
2.51
2.82
4.39
2.51
3.76
3.13
4.39
IVI
19.86
18.66
18.64
18.30
17.16
16.73
12.45
12.41
11.33
10.34
10.00
9.66
9.59
IVC
12.96
13.33
12.68
12.97
10.89
11.40
9.94
9.59
6.94
7.83
6.24
6.52
5.20
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
78
Espécies
Pterodon pubescens
Erythroxylum tortuosum
Stryphnodendron adstringens
Curatella americana
Schefflera macrocarpa
Dimorphandra mollis
Eremanthus cf. glomerulatus
Qualea multiflora
Connarus suberosus
Lafoensia pacari
Erythroxylum suberosum
Matayba guianensis
Xylopia sericea
Byrsonima coccolobifolia
Acosmium dasycarpum
Aspidosperma tomentosum
Styrax sp.
Vochysia elliptica
Bowdichia virgilioides
Erythroxylum sp.
Himathantus obovatus
Neea theifera
Inga cf. fagifolia
Roupala montana
Hyptidendron sp.
Palicourea rigida
Kielmeyera coriacea
Hirtella sp.
Siparuna sp.
Indeterminada 5
Indeterminada 6
Terminalia sp.
Indeterminada 4
Zeyhera montana
Indeterminada 7
Aegiphyla sp.
Myrtaceae 1
Ouratea castanaefolia
Myrcia sp 1
Licania sp.
Famílias
Fabaceae
Erythroxylaceae
Fabaceae
Dilleniaceae
Araliaceae
Fabaceae
Asteraceae
Vochysiaceae
Connaraceae
Lythraceae
Erythroxylaceae
Sapindaceae
Annonaceae
Malpighiaceae
Fabaceae
Apocynaceae
Styracaceae
Vochysiaceae
Fabaceae
Erythroxylaceae
Apocynaceae
Nyctaginaceae
Fabaceae
Proteaceae
Lamiaceae
Rubiaceae
Clusiaceae
Chrysobalanaceae
Monimiaceae
Combretaceae
Bignoniaceae
Verbenaceae
Myrtaceae
Ochnaceae
Myrtaceae
Chrysobalanaceae
n
11
15
10
5
11
8
8
7
6
6
6
10
9
6
5
6
4
4
2
4
3
3
2
2
1
2
1
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
DR
2.56
3.50
2.33
1.17
2.56
1.86
1.86
1.63
1.40
1.40
1.40
2.33
2.10
1.40
1.17
1.40
0.93
0.93
0.47
0.93
0.70
0.70
0.47
0.47
0.23
0.47
0.23
0.47
0.47
0.23
0.23
0.23
0.23
0.23
0.23
0.23
0.23
0.23
0.23
0.23
DoR
4.41
1.76
1.99
4.11
1.12
2.58
1.18
1.72
1.00
0.98
1.12
0.81
0.63
0.53
0.62
0.95
0.58
0.54
1.34
0.40
0.36
0.30
0.80
0.33
0.76
0.15
0.68
0.27
0.14
0.25
0.19
0.13
0.12
0.10
0.09
0.08
0.08
0.08
0.07
0.07
FR
2.51
2.82
2.82
1.57
3.13
1.88
2.19
1.88
1.88
1.88
1.57
0.94
0.94
1.25
1.25
0.63
1.25
1.25
0.63
0.94
0.94
0.94
0.31
0.63
0.31
0.63
0.31
0.31
0.31
0.31
0.31
0.31
0.31
0.31
0.31
0.31
0.31
0.31
0.31
0.31
IVI
9.48
8.07
7.14
6.84
6.82
6.32
5.24
5.23
4.28
4.26
4.09
4.08
3.67
3.19
3.04
2.98
2.76
2.72
2.43
2.27
2.00
1.94
1.58
1.42
1.31
1.24
1.23
1.05
0.92
0.80
0.74
0.67
0.66
0.65
0.64
0.63
0.62
0.62
0.61
0.61
IVC
6.97
5.25
4.32
5.28
3.68
4.44
3.05
3.35
2.39
2.38
2.52
3.14
2.73
1.93
1.79
2.35
1.51
1.47
1.80
1.33
1.06
1.00
1.27
0.80
1.00
0.62
0.91
0.73
0.61
0.48
0.42
0.36
0.35
0.33
0.32
0.32
0.31
0.31
0.30
0.30
Legenda: n = número de indivíduos; DR = densidade relativa; DoR = dominância relativa;
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
79
FR = frequência relativa; IVI = índice de valor de importância; IVC = índice de valor de cobertura.
A distribuição dos diâmetros dos indivíduos amostrados concentrou-se na classe entre 5 e
15 cm e a altura entre 1 e 5 m nos dois métodos utilizados (Figura 1 A e B). Em ambos os
métodos foram amostrados poucos indivíduos com diâmetro > 30cm e altura superior a 9 m.
Felfili e Silva Júnior, estudando uma área de cerrado em Brasília, constataram também que várias
espécies da comunidade agruparam-se na classe de diâmetro entre 5 e 15 cm, sendo que algumas
destas sofreram ação do fogo (FELFILI e SILVA JÚNIOR,1988). O baixo diâmetro e a baixa
estatura encontrados em nosso estudo evidenciaram um padrão semelhante ao encontrado por
estes autores.
A figura 2 mostra os valores IVI e de IVC para as dez famílias que apresentaram os
maiores valores destes índices. Fabaceae foi a família que apresentou maior IVI em ambos os
método utilizados (49,73 Parcela; 60,18 Quadrante). Estes valores representam 16,58% do IVI
total na Parcela e 20,06% no Quadrante. O IVC, que é um índice de importância onde não se
considera a frequência relativa, foi aproximadamente equivalente para todas as dez famílias, com
exceção de Fabaceae que apresentou o maior valor deste índice.
O número de indivíduos por espécie foi aproximadamente o mesmo para Miconia
albicans em ambos os métodos (Figura 3). Os indivíduos mortos que ocuparam o 2° lugar (29
ind.) no método de Parcelas, passaram a ocupar o 1º lugar no método de Quadrantes (40 ind.).
O resultado apresentado acima pode ser justificado pelo fato de que no método de
Quadrantes a área percorrida é maior do que aquela percorrida no método de Parcelas,
proporcionando maior amostragem destes indivíduos. Entre as dez espécies mais importantes
conforme o IVI, Qualea parviflora e Plathymenia reticulata somente apareceram nas Parcelas,
enquanto Myrcia variabilis somente apareceu nos Quadrantes. Este fato provavelmente deve-se à
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
80
insuficiência da área amostral.
Figura 1 – (A) Diâmetro e altura dos indivíduos amostrados através do método de Parcelas;
16
14
Altura (cm)
12
10
8
6
4
2
0
0
5
10
15
20
25
30
35
Diâmetro (cm)
16
14
Altura (cm)
12
10
8
6
4
2
0
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
Diâmetro (cm)
(B) Diâmetro e altura dos indivíduos amostrados através do método de Quadrante.
B
Valor IVI / IVC
60
50
40
30
20
10
0
IVI
60
50
40
30
IVC
20
10 Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
Revista
Família
Fa
ba
c
M
el
as
t
As
te
r
Ap
oc
y
Vo
ch
y
Di
lle
n
M
yr
C t
ar
yo
c
M
al
pi
g
Er h
yt
hr
o
0
Fa
ba
c
Vo
ch
y
M
el
as
t
D
ille
n
As
te
r
Ap
oc
y
M
yr
Er t
yt
h
M ro
al
pi
g
C h
ar
yo
c
Valor IVI / IVC
A
Família
81
Figura 2 – Valor de IVI e de IVC por família. A – dados obtidos nas parcelas; B – dados obtidos nos
quadrantes. (Fabac – Fabaceae; Vochy – Vochysiaceae; Melas – Melastomataceae; Dillen – Dilleniaceae;
Aster – Asteraceae; Apocy – Apocynaceae; Myrt – Myrtaceae; Erythro – Erythroxylaceae; Malpigh –
Malpighiaceae; Caryoc – Caryocaraceae.)
B
M
Espécie
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
M
or
ta
M
.a
lb
P.
ro
t
D
.r
ug
M
.v
a
A. r
m
ac
M
.f
er
P.
pu
b
D
.m
is
C
.b
ra
No. indivíduos
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
.a
lb
M
or
ta
P.
ro
t
D
.r
ug
Q
.p
ar
A. v
m
a
P. c
re
tic
M
.f
e
D
.m r
is
c
C. o
br
as
No. indivíduos
A
Espécie
Figura 3 – Número de indivíduos por espécie. A – dados obtidos nas parcelas; B – dados obtidos nos
quadrantes. (M. alb – Miconia albicans; P. rot – Piptocarpha rotundifolia; D. rug – Davilla rugosa; Q.
parv – Qualea parviflora;A.mac – Aspidosperma macrocarpum; P. retic – Plathymenia reticulata; M. fer
– Miconia ferruginata; D. misco – Dalbergia miscolobium; C. bras – Caryocar brasiliense; M. var –
Myrcia variabilis; P. pub - Pterodon pubescens.)
A figura 4 mostra as curvas espécie - área obtidas para os dois métodos. A curva para o
método de Parcela foi obtida a partir do número de espécie por área amostrada, enquanto que
para o método de Quadrantes, a partir do número de espécies por número de pontos amostrados.
Os gráficos mostram que houve uma inflexão da curva mas não sua estabilização. Isto sugere que
para se atingir a suficiência amostral para a comunidade estudada, o número de pontos ou a área
amostrada deve ser ampliada. Nascimento & Saddi, trabalhando em duas áreas de cerrado em
Cuiabá de 3.000 e 6.000m2, também não obtiveram a estabilização de suas curvas
(NASCIMENTO e SADDI, 1992). Martins sugere uma área mínima de 1ha para que se tenha
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
82
uma melhor amostragem (MARTINS, 1993).
A similaridade observada pelo índice de Sorensen foi de 0,79 e de 0,95 pelo índice de
Morisita, valores estes altos e esperados, visto que os dois métodos foram aplicados na mesma
área e que o número de indivíduos determinado pelo método de Parcelas foi ajustado para o
método de Quadrantes.
A
60
50
40
40
Nº Spp
Nº Spp
B
50
30
20
30
20
10
10
0
0
200 400
600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200
Área (m 2)
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90 100
Nº de pontos
Figura 4 – Curvas espécie-área. A – Curva obtida através do método de Parcelas; B – Curva obtida
através do método de Quadrantes.
4. CONCLUSÕES
Mesmo tendo o método de Parcelas apresentado maior número de espécies e indivíduos,
não foi encontrada diferença significativa entre a diversidade (H’) entre os dois métodos. Neste
caso, o método de Quadrantes mostra-se mais viável, quando se considera o esforço amostral
despendido que neste caso é menor, com a vantagem de se percorrer uma extensão maior da área.
Deste modo, o método de quadrantes poderia ser empregado com uma boa margem de segurança
nos estudos de impacto ambiental.
O alto índice de diversidade obtido vem justificar a manutenção da RPPN visto que se
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
83
trata de uma área com alta diversidade em relação a outras áreas de cerrado citadas.
Recomenda-se ainda, principalmente nos estudos de impacto ambiental, a ampliação das
áreas e dos pontos amostrais de maneira que se possa obter uma área mínima representativa de
toda a fitocenose em questão.
5. AGRADECIMENTOS
Agradecemos à CEMIG pela permissão de trabalho na RPPN Galheiro, bem como pelo
uso de suas instalações.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Resolução CONAMA n.º 2 de 18 de abril de 1996. Dispõe sobre a compensação de
danos ambientais causados por empreendimentos de relevante impacto ambiental. Diário Oficial
da União n.º 80 de 25 de abril de 1996.
COTTAM, G. & CURTIS, J. T. The use of distance measures in phytosociological sampling.
Ecology. v.37, p. 451 –460, 1956.
FELFILI, J. M.e SILVA JÚNIOR, M. C. Distribuição dos diâmetros numa faixa de cerrado na
Fazenda Água Limpa (FAL) em Brasília – DF. Acta Bot. Bras. v.2, n.1-2. p.85 – 104, 1988.
FELFILI, J. M.; SILVA JÚNIOR, M. C.; REZENDE, A . V.; MACHADO, J. W. B.; WALTER, B. M. T.;
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
84
SILVA, P. E. N. e HAY, J. D. Análise comparativa da florística e fitossociologia da vegetação
arbórea do cerrado sensu stricto na Chapada Pratinha, DF – Brasil. Acta Bot. Bras. v.6, n.2, p.
27 – 46, 1993.
FERNANDES, A . e BEZERRA, P. Estudo Fitossociológico do Brasil. Fortaleza, Stylus
Comunicações, 1990, 205 p.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Balanço Hídrico e Clima da Região dos
Cerrados. E. NIMER e A.M.P. BRANDÃO (Coords.), Rio de Janeiro, 1989. 166 p.
KREBS, C.J. Ecology – The experimental analysis of distribution and abundance. 4. ed. New
York: Harper & Collins, 1994.
MAGURRAN, A .E. Ecological diversity and its measurement. New Jersey:Princeton
University Press, 1988. 179p.
MARTINS, F. R. Estrutura de uma floresta mesófila. 2.ed.Campinas: EDUNICAMP, 1993,
246p.
MUELLER – DOMBOIS, D. & ELLEMBERG, H. Aims and methods for vegetation ecology. New
York: John Willey & Sons, 1974, 547p.
NASCIMENTO, M. T. & SADDI, N. Structure and floristic composition in an area of cerrado in
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
85
Cuiabá – MT, Brazil. Revta Brasil. Bot., v. 15, n. 1, p. 47 – 55, 1992.
OLIVEIRA – FILHO, A . T. Composição florística e estrutura comunitária da floresta de galeria do
córrego da Paciência, Cuiabá, MT. Acta Bot. Bras., v.3, n. 1, p. 91 – 112, 1989.
SHEPHERD, G. J. Fitopac 1: manual de usuário. Departamento de Botânica, UNICAMP, 1996,
92p.
WERNECK, M.S. Comparação entre dois métodos para análise florística e estrutura de um
trecho de floresta mesófila da mata da PUC Minas, Belo Horizonte - MG. Bios, v. 6, n. 6, p. 2131, 1998.
ZAR, J. H. Biostatistical analysis. New Jersey: Prentice-Hall, 1996.
Revista Sinapse Ambiental – Setembro de 2010.
Download

FITOSSOCIOLOGIA DE UMA ÁREA DE CERRADO NA