Juntos
pelas crianças
COMUNICADO DE IMPRENSA
O conflito marcou uma geração inteira de crianças no Iraque, afirma a UNICEF
A Agência das Nações Unidas para a Infância apela a um novo impulso a favor das crianças
vulneráveis que estão no Iraque e anuncia um reforço da Operação de Emergência no país
GENEBRA/AMÃ, 17 de Junho de 2008 – O conflito comprometeu o potencial de uma geração inteira de
crianças iraquianas, afirmou hoje a UNICEF. A organização apelou para que haja um novo impulso de ajuda
humanitária que permita chegar às crianças vulneráveis que estão no país.
“Uma criança que complete 18 anos no Iraque em 2008 tem atrás de si quase duas décadas de sanções,
conflito e insegurança”, afirmou Sigrid Kaag, Directora Regional da UNICEF para o Médio Oriente e Norte de
África. “Para preservar a geração de jovens que está hoje a crescer, precisamos de proteger as crianças da
violência, agilizar o acesso da ajuda humanitária e proporcionar mais recursos destinados a necessidades
específicas das crianças.”
O impacte cumulativo do conflito
Os serviços sociais para as crianças, desgastados por falta de investimento durante a década de 1990, foram
posteriormente ainda mais fragilizados pela insegurança prolongada e pelo êxodo dos técnicos iraquianos.
Apenas 40% as crianças iraquianas têm acesso a uma fonte de água de funcionamento regular. As taxas de
imunização estão agora abaixo dos 50 por cento nalguns distritos cidades do país, tendo desencadeado um
surto de sarampo este ano.
As consequências para as crianças no Iraque são visíveis quando comparadas com os progressos
alcançados noutros pontos da região. Por exemplo, as taxas de mortalidade de menores de cinco anos
(46/1000 nados vivos) são duas a três vezes mais elevadas do que na Síria (14/1000) e na Jordânia
(25/1000).
Os efeitos negativos na educação são particularmente preocupantes. Dado que o ano lectivo no Iraque chega
ao fim durante esta semana, os exames finais têm sido adiados para milhares de alunos do ensino
secundário. Outras crianças, incluindo muitas em Sadr City, realizaram os exames finais embora tenham
concluído apenas uma parte do programa devido às interrupções no calendário escolar. As taxas de
matrícula escolar, que em 2005 se situavam nos 83 por cento segundo levantamento efectuado pelo
Ministério Iraquiano da Educação, podem ter descido abaixo dos 60 por cento em 2007, de acordo com
dados preliminares recebidos das províncias do Iraque. Um novo levantamento relativo ao ano lectivo
2007/2008 está a ser finalizado com o apoio da UNICEF.
A violência, o isolamento e a falta de oportunidades têm também sujeitado as crianças a um maior risco de
exploração e maus-tratos, incluindo a utilização de crianças por grupos armados. Mais crianças estão
também a ser detidas por suspeita de envolvimento com os referidos grupos. no A UNICEF está a apelar a
um reforço do cumprimento da Convenção sobre os Direitos da Criança e respectivos protocolos facultativos
por parte dos agentes internacionais, estatais e não-estatais no Iraque, bem como um aumento do espaço
disponível para a acção humanitária, que são prioritários para as crianças.
Um novo impulso para a acção
As condições operacionais no Iraque continuam a ser um desafio, e o acesso continua a ser uma
preocupação central para as organizações humanitárias no terreno e para as comunidades. Contudo existem
sinais visíveis da crescente capacidade de prestação de ajuda humanitária no país.
“Vislumbra-se uma nova oportunidade para ir ao encontro das necessidades no terreno através de parcerias
mais fortes,” afirmou Kaag. “Até agora os resultados deste ano indicam que conseguimos responder mesmo
em condições muito difíceis.”
A UNICEF está a reforçar a sua presença e parcerias no Iraque, a fim de chegar às muitas crianças
vulneráveis que actualmente não são visíveis. Em Julho, um mecanismo alargado de resposta de
emergência, IMPACT:Iraq, será posto em prática em todo o país com o apoio de outras ONG internacionais.
Através desta iniciativa, as equipas humanitárias nas várias províncias do Iraque irão desenvolver um pacote
de intervenções na área dos cuidados de saúde, água potável, saneamento, educação e protecção de
emergência, que visa abranger 360 mil crianças e suas famílias. Os levantamentos e avaliações regulares
irão reforçar a percepção dos sectores onde a acção humanitária é mais necessária no Iraque, e em que
medida faz a diferença.
Sigrid Kaag pediu um maior apoio ao Apelo de Emergência Consolidado Iraque 2008 (Iraq’s 2008
Consolidated Emergency Appeal - CAP), que, até agora, só recebeu menos de 50 por cento do financiamento
pretendido. Sigrid Kaag saudou a generosa resposta internacional para a contribuição da UNICEF ao CAP,
nomeadamente de países como o Reino Unido, Estados Unidos da América, Suécia, Noruega, Holanda, e os
Comités Nacionais para a UNICEF. Continua a ser urgentemente necessário um investimento a longo prazo
nos serviços para as crianças a fim de criar sinergias entre a estratégia humanitária e a estratégia de
desenvolvimento do Iraque.
“Temos uma oportunidade para dar prioridade às condições de vida das crianças no Iraque e para
investirmos no seu futuro,” afirmou Kaag. “Eles precisam e merecem a nossa ajuda, do mesmo modo como
apoiamos os seus pares nos países vizinhos.”
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Para mais informações, é favor contactar:
Abdel-Rahman Ghandour, UNICEF MENA-RO, [email protected], +96279 700 4567
Claire Hajaj, UNICEF Iraq, [email protected], +962 7969 26190
Veronique Taveau, UNICEF Geneva, [email protected], +41 79 216 9401
Helena de Gubernatis, UNICEF Portugal, [email protected], +351 21 317 75 13/00
Nota aos editores: As declarações de Sigrid Kaag foram proferidas no decurso de um evento intitulado
Voices of Iraqi Children em Genebra, durante o qual jovens de Bagdade falaram à comunidade internacional
acerca dos suas vidas, dos seus desafios e das suas esperanças para o futuro. O evento incluiu a actuação
de uma jovem pianista de 16 anos, que perdeu o seu pai devido à violência no país em 2004.
Acerca da UNICEF: A UNICEF está no terreno em mais de 150 países e territórios para ajudar as crianças a
sobreviver e a desenvolver-se, desde os primeiros anos de vida e ao longo da adolescência. A UNICEF, que
é o maior fornecedor de vacinas dos países em desenvolvimento, apoia a saúde e nutrição infantil, o acesso
a água potável e saneamento, uma educação básica de qualidade para todos, rapazes e raparigas, e a
protecção das crianças contra a violência, a exploração e a SIDA. A UNICEF é inteiramente financiada por
contribuições voluntárias de particulares, empresas, fundações e governos.
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