ANÁLISE DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS DE BASE
TECNOLÓGICA COMO PROMOTORA DO DESENVOLVIMENTO
REGIONAL BRASILEIRO: UMA ABORDAGEM TEÓRICA
Autor: Marcelo Luiz Mendes da Fonseca1
Resumo: Incubadora de empresa é parte importante do sistema local de inovação tecnológica,
pois permite a transferência de tecnologia entre as Instituições de Ciência e Tecnologia
(ICT’s) e o setor produtivo. As incubadoras de empresas visam servir de suporte estrutural
para pequenas e micro empresas de base tecnológica, que buscam a diversificação e a
revitalização econômicas. O artigo revela o importante papel das incubadoras na transferência
tecnológica, na geração de emprego e no desenvolvimento regional utilizando uma
abordagem neo-schumpeteriana. O pressuposto deste estudo é que as incubadoras de
empresas de base tecnológica promovem novas possibilidades de desenvolvimento
profissional autônomo via empreendedorismo e geram novos postos de trabalho e renda. O
artigo objetiva contribuir para o debate sobre política de desenvolvimento regional a partir da
análise de mecanismos de criação e consolidação de pequenas empresas de base tecnológica.
O estudo, de natureza exploratória, foi realizado por meio do levantamento de informações
secundárias, disponíveis em trabalhos acadêmicos da área de economia da tecnologia e da
inovação. Conclui-se que as incubadoras possuem um importante papel no aprendizado e
desenvolvimento tecnológico em vista da sua aproximação com o setor empresarial.
Palavras chaves: Economia da tecnologia; empreendedorismo; incubadora de empresa.
Abstract: The business incubators is an important part of the local system related to
technological innovation, since it allows the transference of technology between the
Institutions of Science and Technology (ICT´s) and the productive sector. The
companies´incubators aim to serve as a structural support for small and micro technology
based companies, which seek for an economic diversification and revitalization. The article
reveals the important role of incubators in generating jobs and in the regional development
making use of a neo schumpertian approach . The assumption of this study is that the
incubators of technology based companies promotes new possibilities of an autonomus
professional development through entrepreneurship and that they create new jobs and income.
The article aims to contribute for the discussion about politics of regional development based
on the analysis of mechanisms of creation and cosolidation of small technology based
companies. The study, of a exploratory nature, was developed by collecting secondary data,
available in acadamic works of the economy sector of technology and innovation. We
conclude that incubators have a major role in the technological development considering its
approach with the business sector.
Key words: Economy of technology ; entrepreneurship; company´s incubator
(1) Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Fluminense (UFF), pós-graduação em
Análise de Politicas Públicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestrado em Economia
Empresarial pela Universidade Cândido Mendes (UCAM). É Analista em C&T - Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação e professor-tutor do curso de Administração Pública da Fundação Centro de Ciências e
Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro. Endereço: Rua. Gal. Bruce, 586 – São Cristovão/RJ.
Tel: (21) 3514-5289. E-mail: [email protected]
ANÁLISE DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS DE BASE
TECNOLÓGICA COMO PROMOTORA DO DESENVOLVIMENTO
REGIONAL BRASILEIRO: UMA ABORDAGEM TEÓRICA
1 – INTRODUÇÃO
A inovação é um processo que envolve o uso e a transformação do conhecimento
técnico e científico em problemas relacionados com a produção tendo como objetivo o lucro.
Diante dessa conjuntura, passou-se a reconhecer a importância da mudança nas relações entre
os atores que podem influenciar o desempenho da inovação no meio empresarial. Dessa
forma, para que a inovação ocorra é imperativa a interação entre os diferentes agentes
envolvidos neste processo.
Entre os diversos meios utilizados para estimular o desenvolvimento de inovações no
Brasil, um merece destaque: as Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica (IEBT’s).
Essas incubadoras são criadas com a finalidade de acompanhar as transformações
tecnológicas e buscar atender às novas exigências do processo de trabalho. As IEBT’s visam
proporcionar aos empreendedores, interessados em criar a sua própria empresa de base
tecnológica, a oportunidade de participar de programas de formação na área de
desenvolvimento de novos negócios.
O empreendedorismo pode ser uma das formas das economias enfrentarem os desafios
para o desenvolvimento social e econômico em países com processo de desenvolvimento do
setor industrial e busca por maior produtividade, como é o caso brasileiro.
O empreendedorismo está diretamente ligado à identificação e à exploração de
oportunidades econômicas e, dentre as muitas definições encontradas na literatura, uma que
parece englobar os diferentes aspectos do empreendedorismo é: o processo de fazer algo novo
(criação) e/ou algo diferente (inovação) com o propósito de criar riqueza para o indivíduo e
agregar valor para a sociedade (DORNELAS, 2001).
O empreendedorismo tecnológico possui algumas particularidades em relação ao
empreendedorismo tradicional que tornam tal processo de criação mais difícil (FONSECA,
2003). As empresas de base tecnológica fazem, em geral, parte de uma nova indústria e
propõem ao mercado algum tipo de inovação, sofrendo por isso o processo de “liability of
newness”. Isto é, ainda não existe no mercado uma base de conhecimento sólida para o tipo
de produto ou ação que a nova empresa está propondo. Em consequência, o processo de
2
criação e de legitimização da nova empresa torna-se mais difícil. Mais do que criar uma
empresa, muitas vezes os empreendedores tecnológicos precisam criar um novo mercado.
As incubadoras de Empresas como o próprio nome sugere, existem para atender essas
empresas iniciantes que são caracterizadas, principalmente, como micro e pequenas.
Habitualmente denominadas incubadoras de empresas de base tecnológica, ou incubadoras
tecnológicas, tinham como propósito, assim, a criação de empresas com potencial para levar
ao mercado novas ideias e tendências tecnológicas.
Atualmente, além do objetivo inicial, elas possuem o objetivo de contribuir para o
desenvolvimento local e setorial. Esse tipo de incubadora de empresas assumiu um papel
relevante na promoção da interação entre as entidades públicas e privadas, com a finalidade
de estimular a cooperação entre universidades, centros de pesquisa, empresas privadas e o
poder público. Dentro dessa conjuntura desafiadora, as incubadoras de empresas podem se
tornar instrumentos importantes para a promoção da inovação e competitividade na micro e
pequena empresa. Dessa forma, para que a inovação aconteça na empresa é importante a
interação
entre
os
agentes
envolvidos
no
processo
de
inovação
(Governo,
Universidades/Institutos de Pesquisa e empresas), a apropriação do conhecimento e a geração
de tecnologia (ZEN & HAUSER, 2005).
De acordo com a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores (ANPROTEC), disseminar a cultura empreendedora, gerar novas empresas, postos
de trabalho e renda tem sido a meta do sistema brasileiro de incubação. Em 2011 a
Associação registrou em seus quadros 384 incubadoras que são responsáveis por 2.509
empresas graduadas, faturam R$ 4,1 bilhões anuais e empregam 29.205 pessoas. As empresas
incubadas somam 2.640, com 16.394 postos de trabalho e faturamento de R$ 533 milhões
(ANPROTEC, 2012).
O Governo Federal vem realizando esforços para o fortalecimento das atividades
inovativas no Brasil, incentivando o financiamento de projetos e a criação de mecanismos
legais para impulsionar a transferência de tecnologia. O Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI) estimula iniciativas de incubadoras e existem projetos por todo o país. Por
meio de metodologias específicas para a sua implantação está sendo possível proporcionar um
crescimento acelerado no número de incubadoras de empresas, assim como arranjos
produtivos locais e parques tecnológicos.
Essa política também contempla a criação de programas tais como o SIBRATEC, o
Pró-Inova, os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) e outras possibilidades de
apoio à inovação pelas diversas entidades de fomento, tais como fundações de amparo à
3
pesquisa, CNPq, FINEP, etc. Essa nova política brasileira em prol de programas de fomento e
estruturação para a inovação culminou em 2004 na Lei 109731 de incentivos à inovação e a
pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo.
Com a entrada em vigor da Lei de Inovação Tecnológica (LIT), no início de dezembro
de 2004, o país passou a contar com um novo instrumento de fomento à inovação e à pesquisa
científica e tecnológica no ambiente produtivo, visando facilitar a integração entre centros de
pesquisa e empresas. A LIT busca promover e incentivar o desenvolvimento científico, a
pesquisa e a capacitação tecnológicas de forma a viabilizar o desenvolvimento, conforme
definem os artigos 218 e 219 da Constituição Federal.
O interesse no tema emerge da percepção que as incubadoras de empresas podem
influenciar no desenvolvimento local de uma região à medida que participam diversos agentes
envolvidos na atividade produtiva. Políticas públicas de apoio à implantação de incubadoras
de empresas são importantes na medida em que agem como intermediadoras, reguladoras e
coordenadoras das atividades do arranjo produtivo local. Além disso, é importante valorizar a
ênfase em inovação em empresas de menor porte e em atividade produtiva cuja relevância
econômica não era então percebida.
2 – INCUBADORAS DE EMPRESAS: UM RELATO HISTÓRICO
O modelo de incubadora nasceu no estado de Nova York no final da década de 1950
em meio à crise econômica norte-americana. Quando uma fábrica da Massey & Ferguson
fechou e deixou ocioso um galpão de 80 mil metros quadrados e uma alta taxa de desemprego
na região, Joseph Mancuso, um empresário estabelecido na região, resolveu adquirir o imóvel
e arrendá-lo a uma grande empresa que desejasse se instalar no bairro. Entretanto, Mancuso
desistiu dessa primeira ideia e resolveu dividir o galpão para que empresas de menor porte
pudessem ali se instalar e formarem um “condomínio” de pequenas empresas e, desse modo,
viabilizar um novo negócio. O líder do projeto incluiu um pequeno conjunto de serviços
(contabilidade, secretaria, marketing, etc) que poderiam ser compartilhados pelas empresas
residentes do condomínio com o objetivo de criar melhores condições de trabalho aos novos
empresários. Uma das primeiras empresas a se instalar no “condomínio” foi um aviário que
acabou designando ao prédio a denominação de incubadora (DIAS e CARVALHO, 2002).
1
Brasil, Lei 10973/04. Incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo.
Publicado no Diário Oficial da União em 3.12.2004.
4
Outro registro importante é o da região hoje conhecida como Vale do Silício, na
Califórnia, em função de iniciativas da Universidade de Stanford. Na década de 1950, essa
instituição de ensino criou um Parque Industrial e, posteriormente, um Parque Tecnológico
chamado Stanford Research Park, com o objetivo de promover a transferência de tecnologia
desenvolvida na Universidade às empresas e criar novas empresas intensivas em tecnologia.
Essa iniciativa objetivava convergir os interesses dos centros de pesquisa das universidades,
dos órgãos governamentais e empresários para o desenvolvimento econômico e tecnológico
da região.
No Brasil, os primeiros projetos de parques tecnológicos surgiram na década de 1980,
por meio de convênios do CNPq com instituições localizadas em Joinvile (SC), São Carlos
(SP), Santa Maria (RS) e Manaus (AM). De acordo com Fonseca (2003), o conceito de
incubadora, na sua origem, estava associado ao propósito de estimular o surgimento de
negócios resultantes de projetos tecnológicos, desenvolvidos nos centros de pesquisa,
universitários ou não. Essas iniciativas, que semearam a noção de empreendedorismo
inovador no Brasil, alavancaram o surgimento de um dos maiores sistemas mundiais de
incubação de empresas.
O movimento recebeu apoio de agências financiadoras como a Financiadora de
Estudos e Projetos (FINEP) e, posteriormente, conduziu à constituição da ANPROTEC. O
propósito da Associação é a articulação com organismos governamentais e nãogovernamentais, objetivando o desenvolvimento de incubadoras de empresas e parques
tecnológicos. Essas experiências estimularam o surgimento de parques tecnológicos em várias
regiões do país e, em sintonia com as políticas de incentivo a C&T, foi natural o surgimento
de incubadoras de empresas como espaços destinados ao desenvolvimento tecnológico e da
inovação.
Alcântara (2009) cita o exemplo do Centro Incubador de Empresas de Base
Tecnológica – CIETEC - que foi criado em 1988 com a parceria da Secretaria de
Desenvolvimento do Estado de São Paulo, SEBRAE-SP, a Universidade de São Paulo, o
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
(IPEN). O CIETEC tornou-se um dos maiores centros incubadores da América Latina
permitindo que as empresas assistidas interagissem com outros institutos de pesquisa,
empresas e universidades, com informação e capacitação técnica.
O crescente número de incubadoras criadas no Brasil, principalmente no final da
década de 90, foi possível graças ao apoio de diversas instituições tais como o Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Federação das Indústrias do Estado de São
5
Paulo (FIESP), organismos administrados pela Confederação da Indústria (CNI) – Serviço
Social da Indústria (SESI), Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (SENAI) – e a ANPROTEC. Destacam-se também órgãos do governo federal tais
como o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a
Financiadora de Projetos (FINEP) e as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICT’s) que
abrigam a maioria dessas incubadoras.
No ano de 2009, foi instituído no Brasil o Programa Nacional de Apoio às Incubadoras
de Empresas e aos Parques Tecnológicos (PNI) pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI), com o objetivo de fomentar o surgimento e a consolidação de incubadoras,
caracterizadas pela inovação tecnológica, pelo conteúdo tecnológico de seus serviços,
produtos e processos, além de modernos métodos de gestão (MCTI, 2012).
3 – QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA
Os economistas clássicos, como Adam Smith e David Ricardo, já no final do séc.
XVIII estavam conscientes das profundas ligações entre avanços científicos e progresso
técnico na indústria. Os autores foram pioneiros no estudo das causas e consequências da
automação da manufatura, pois se preocupavam em identificar a origem da riqueza das nações
e seus impactos sobre renda e trabalho.
Os modelos neoclássicos assumem as hipóteses de retornos constantes de escala e
concorrência perfeita, que estão relacionos a um estado de equilíbrio e não a um processo que
leva à mudança. Os recursos são alocados de maneira eficiente e as firmas, que são todas
iguais, não são capazes de gerar mudanças nos produtos ou nos métodos de produção.
Sob essa hipótese, o progresso técnico é representado por um parâmetro constante na
função de produção. Além disso, a tecnologia é tratada como um bem público não rival e não
excludente. Assim, as firmas não possuem poder de mercado e não obtêm lucros de
monopólio como resultado de suas descobertas (MANKIW, 2009).
Schumpeter (1982) recuperou ideias clássicas de desenvolvimento, mudanças
descontínuas e progresso técnico e propôs que o elemento motriz da evolução do capitalismo
é a inovação, seja ela em forma de introdução de novos bens ou técnicas de produção. Ele fez
a distinção entre invenção (descoberta de um princípio que enriquece o conhecimento e que
não possui, por si só, o aspecto econômico) e inovação (criação de uma função de produção
6
nova através do emprego de recursos inéditos em busca do lucro) e desenvolveu a ideia de
que os ciclos longos da economia estão submetidos à lógica de destruição criadora embutida
na inovação.
Para Schumpeter, mesmo partindo de objetivos individuais, os efeitos da inovação são
amplos e levam à reorganização da atividade econômica, garantindo o aspecto instável e
evolutivo do sistema capitalista. Dessa forma, o desenvolvimento é definido pela realização
de inovações, que se caracterizam pela introdução de novas combinações produtivas ou
mudanças nas funções de produção.
No final dos anos 1970, os chamados economistas “neo-schumpeterianos”, ou
evolucionistas, apontam para uma estreita relação entre crescimento econômico e mudanças
que ocorrem com a difusão de inovações tecnológicas. As inovações introduzidas no sistema,
embora sejam geradas em um núcleo produtivo, costumam ter uso bastante difundido. Esse
caráter genérico dado às tecnologias possibilita a sua aplicação não só nos setores em que
foram geradas, mas também em um amplo leque de atividades com repercussões em todos os
setores da economia.
A abordagem “neo-schumpeteriana” surge como uma alternativa às deficiências
imputadas à teoria neoclássica tradicional, pois permite compreender a inovação, ou seja, a
introdução de novidades, como uma mudança descontínua que altera as condições estruturais
e afasta a economia da posição de equilíbrio. Segundo Bezerra (2010), os “neoschumpeterianos” estão mais interessados em explicar as diferentes propriedades do processo
inovativo e de que modo as diferentes combinações dessas propriedades geram assimetrias
entre os agentes.
3.1 O APRENDIZADO TECNOLOGICO
A abordagem de acumulação de conhecimento em processos de aprendizagem foi
fundamental para a elaboração da teoria da firma inovadora que participa em um ambiente
complexo e em constante transformação. Penrose (1959) explorou esse tema ao aproveitar as
possibilidades de crescimento das firmas baseados em seus recursos, principalmente os
internos. A autora define a firma como uma coleção de recursos produtivos que podem ser
utilizados de acordo com os objetivos da direção da empresa, ou seja, para ela a firma é mais
que uma mera unidade administrativa.
Segundo Queiroz (2006) o aprendizado tecnológico surgiu na literatura ligado ao
pensamento de um processo pelo qual um determinado agente “acumula conhecimentos e
7
cujo resultado fundamental é um aperfeiçoamento contínuo de tecnologia, com seguintes
ganhos de desempenho.” Já Arrow (1962) foi responsável por dar a contribuição pioneira
sobre a expressão muito utilizada quando o assunto é aprendizado tecnológico: “aprender
fazendo”.
Desde então, o learning-by-doing2 passou a ser encontrada em qualquer trabalho que
aborde o aprendizado. Essa seria uma característica decorrente do próprio aprendizado que
ocorre durante a atividade produtiva, ou seja, os agentes envolvidos acumulariam
conhecimentos no processo de produção da firma a partir da observação até possíveis
intervenções no mesmo.
Rosemberg (1982) apresentou outro conceito, da mesma forma bastante usual nos
papers sobre aprendizado: o learning-by-using que ocorre com a utilização do produto pelo
seu usuário final, resultando na introdução de melhorias incrementais no produto.
Lundvall (1988) destacou o learning-by-interacting, salientando que as interações
entre fornecedor, produtor e usuário final também levariam a processos de aprendizado
interativo proporcionando acumulação de conhecimentos para as empresas. O processo de
aprendizado ocorre na troca de informação entre as empresas e o que resta da cooperação
tecnológica com outras empresas, sejam elas fornecedores ou usuários ao longo da cadeia
produtiva.
Os estudos sobre aprendizado ganharam espaço na teoria econômica a partir do
entendimento da importância de seu papel na mudança técnica. Segundo Queiroz (2006):
a visão simplista de tecnologia como bem público e exogeneidade foi dando lugar a um
entendimento que revelava aspectos dela inteiramente obscurecidos pelo conceito atrasado da
função de produção, como: seu caráter tácito; sua determinação parcialmente endógena; sua
natureza incremental relacionada a diversos tipos de aprendizado; sua característica
cumulativa, etc (QUEIROZ, 2006, p. 199).
Dessa forma, o autor aponta que a teoria evolucionista se afasta das outras teorias
convencionais, sobretudo abandonando aspectos maximizadores da teoria neoclássica. Essa
abordagem também introduz a noção de rotinas envolvendo as transformações que estariam
na raiz do processo de busca por inovações pelas empresas. Quando o processo de
aprendizado vira uma rotina na vida de qualquer empresa, pode-se dizer que ocorreu a
institucionalização da inovação.
2
Consiste em uma forma de aprendizado que ocorre no processo de produção após as atividades de P&D terem
se completado. Também são incluídas as inovações incrementais obtidas ao longo do processo produtivo.
8
3.2 HIPOTESE DE CATCHING UP E O SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÕES
A hipótese de catching up defende que o progresso tecnológico de um país decorre da
interação entre dois tipos de firmas: as firmas inovadoras que são responsáveis pela difusão
das inovações no sistema econômico e as firmas imitadoras ou defensivas cuja busca
tecnológica se baseia na adaptação de tecnologia existente.
Mais especificamente, os modelos de catching up derivam de uma extensão do
argumento de Schumpeter para a difusão do progresso tecnológico mundial. O ponto de
partida é a existência de níveis diferenciados de capacitações tecnológicas entre regiões que
determinam um gap de produtividade entre eles. Há diferenciação entre regiões adiantadas ou
desenvolvidas e regiões atrasadas.
O nível de capacitação de cada região está subordinado tanto a sua capacidade de
inovação e difusão quanto a sua capacidade de imitar a inovação introduzida pelas outras
regiões. Assim, a taxa de crescimento de cada região (país) é diretamente proporcional ao
tamanho de seu gap, isto é, inversamente proporcional ao seu nível de capacitação
tecnológica.
A probabilidade de uma região realizar o catching up está condicionada à capacidade
inovativa e ao esforço imitativo da região atrasada. No entanto, depende também,
inversamente, do esforço de inovação e difusão da região desenvolvida. De forma resumida,
pode-se afirmar que a fronteira tecnológica permite o deslocamento e as taxas de crescimento
do produto e de elevação da produtividade das regiões atrasadas têm de ser suficientes para
compensar o deslocamento da fronteira.
Os países atrasados (“seguidores”), que não possuem infraestrutura científica para
deslocar a fronteira do conhecimento, podem alavancar seu progresso tecnológico a partir de
duas fontes. A primeira é a absorção das inovações desenvolvidas nos países líderes por meio
da imitação tecnológica. A segunda fonte é o desenvolvimento de inovações a partir dos
avanços científicos realizados pelos países líderes, o que caracterizaria a chamadas “janelas de
oportunidades” (Oliveira, Jayme Jr. e Lemos, 2006).
Para que o gap se reduza, é necessário que o esforço inovação/imitação do país
(região) atrasado seja superior ao do país (região) adiantado. Além disso, tem-se como ponto
importante a capacidade de reter e apropriar a inovação, por meio da difusão da tecnologia,
tanto já incorporada no processo produtivo ou produto como na forma de know-how. Em
grande parte, o processo de estagnação prematuro das regiões atrasadas deve-se à não
capacidade de endogeneização tecnológica.
9
A questão fundamental é que o processo de catching up ocorre quando um país
seguidor consegue sustentar ao longo do tempo um processo superior ao dos países líderes por
causa de uma significativa eficiência na absorção tecnológica.
Entretanto, o atraso tecnológico não é a única condição para que ocorra o processo de
catching up. É necessário também que o país atrasado possua uma série de características
sócio-econômicas que lhe permitam obter as “vantagens do atraso”. Essas características estão
relacionadas com a infraestrutura educacional e científica do país, aos gastos em P&D, à
qualificação da mão de obra, entre outras, e constituem os Sistemas Nacionais de Inovação
(SNI).
Um SNI pode ser visto como uma rede de instituições dos setores público e privado,
cujas atividades e interações geram e difundem novas tecnologias, sendo a inovação e o
aprendizado seus aspectos cruciais. Um país terá mais chances de realizar o catching up,
quanto mais seu SNI possuir características semelhantes ao dos países adiantados
(Albuquerque, 1999).
O Sistema Nacional de Inovação é conceituado como um conjunto de instituições
distintas que contribuem para o desenvolvimento da capacidade de inovação e aprendizado de
um país ou região. A idéia básica do conceito de sistemas de inovação é que o desempenho
inovativo depende não apenas do desempenho de empresas e organizações de ensino e
pesquisa, mas também de como elas interagem entre si e com vários outros atores, e como as
instituições afetam o desenvolvimento dos sistemas. Desse modo, entende-se, que os
processos de inovação que ocorrem no âmbito da empresa são, em geral, gerados e
sustentados por suas relações com outras empresas e organizações, ou seja, a inovação
consiste em um fenômeno sistêmico e interativo, caracterizado por diferentes tipos de
cooperação (Cassiolato 2005).
O conceito de SNI pode ser entendido como uma construção institucional que
impulsiona o progresso tecnológico em economias capitalistas, seja produto de uma ação
articulada, seja de um somatório de decisões não planejadas (Nelson, 1993).
A abordagem do SNI elaborada no contexto do referêncial teórico “neoschumpeteriano” foi desenvolvida com base em estudos empíricos que demonstraram a
importância das redes formais e informais de inovação (ainda que não classificadas dessa
forma). Essa abordagem procura entender de que forma as instituições envolvidas no processo
inovativo contribuem e impactam no mesmo.
Segundo a abordagem de sistemas de inovação, as empresas não inovam de forma
isolada, mas sim dentro de um contexto onde são estabelecidas relações diretas ou indiretas,
10
formais ou informais, entre diversas instituições e organizações, e levando em consideração o
ambiente macroeconômico no qual estão inseridas. Diferentemente da visão linear de
inovação, essa abordagem reconhece que a inovação se prolonga para além das atividades
formais de P&D.
Os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
de maneira geral, geraram SNI’s desenvolvidos que, além dos substânciais recursos investidos
em P&D das suas empresas, se caracterizam por uma ampla variedade de instituições
tecnológicas. Segundo Albuquerque (1999), nesses SNI’s maduros3 é possível classificar
padrões de interações entre as dimensões científicas e tecnológicas muito mais complexos que
resulta em lucro econômico. Outra característica desses Sistemas são os fluxos de informação
e de conhecimento que ocorrem em ambas as direções que promovem círculos virtuosos na
produção e na difusão de conhecimento.
No que diz respeito às peculiaridades dos SNI’s imaturos, como é o caso do
brasileiro, eles se caracterizam pela existência de conexões parciais entre a infraestrutura
científicas e as atividades tecnológicas. O fluxo de conhecimento entre ciência e tecnologia
fica restrito a um número reduzido de conexões ou interações.
Em síntese, quanto maior a capacidade de crescimento de uma região menos
desenvolvida em relação a uma outra mais desenvolvida observa-se a existência de um
processo de catching up. Por outro lado, quanto maior a capacidade de crescimento de uma
região mais desenvolvida em relação a uma região menos desenvolvida, verifica-se uma
elevação no gap tecnológico entre essas regiões.
O rápido crescimento observado em alguns países estimulou, por parte de outros, a
criação de novas estratégias de catching-up, com o objetivo de reprodução de alguns casos de
sucesso em termos de desenvolvimento econômico e social. Em alguns casos a estratégia foi
um sucesso, em outros a mesma estratégia fracassou. O fato é que todos tentam promover a
capacitação tecnológica de suas empresas com vistas ao aumento da participação no comércio
internacional e ao fortalecimento regional ou local.
3.3 - INCUBADORA DE EMPRESA COMO INDUTORA DO PROGRESSO
TECNOLOGICO REGIONAL
3
O autor sugere uma tipologia que diferencia o SNI de acordo com o seu nível de desenvolvimento, a saber:
maduro nos países desenvolvidos; imaturos em países em um nível intermediário; e inexistente nos países menos
desenvolvidos.
11
Diferente de Schumpeter que destacava o progresso tecnológico como um processo de
oferta que afetaria o equilíbrio do fluxo circular, Freeman (1997) defende que o avanço
tecnológico seria consequência das múltiplas relações externas mantidas por uma firma, seja
em seu ambiente externo seja em parcerias com outras empresas.
As correntes econômicas neo-schumpeterianas colocam a firma com elemento central
do processo inovador. O que faz com que a firma obtenha essas vantagens são as atividades
de inovação, e/ou imitação tecnológica. Assim elas estão em constante busca por inovações,
para garantir a obtenção de lucros e a difusão da inovação tecnológica (Freeman et.al, 2008).
Até então, o processo de inovação era pensado como uma sequência linear de fases
gerando produtos e processos difundidos em seguida no mercado. Na perspectiva de um
modelo linear foi cunhado o termo “fronteiras sem fim” para caracterizar a inexistência de
limites da contribuição da ciência para a inovação.
Atualmente a inovação é tratada como resultante de um processo contínuo de trocas
nas relações entre ciência, tecnologia e P&D nas universidades, indústrias e governo. Estamos
agora diante de “transições sem fim”. Diversas abordagens que enfatizam a alta relevância da
cooperação estratégica entre os diferentes atores no processo de inovação têm sido
apresentadas nas últimas décadas. Em todas elas o papel da geração do conhecimento nos
processos de inovação tem se tornado ainda mais central.
Uma destas abordagens é a Hélice Tríplice desenvolvida por Henry Etzkowtz e Loet
Leydesdorff (1998) que é baseada na perspectiva da Universidade como indutora das relações
com as Empresas (setor produtivo) e o Governo (setor regulador e fomentador da atividade
econômica). Essa relação objetiva a produção de novos conhecimentos, a inovação
tecnológica e o desenvolvimento econômico. A inovação é traduzida como um processo
dinâmico nas relações entre C&T e P&D nas universidades, governo e empresas em uma
espiral de “transições sem fim” (Figura 1).
FIGURA 1 – Representação bidimensional da Hélice-Triplice
12
Fonte: Etzkowitz e Leydescorff (2000)
A tese da hélice tríplice é de que a interação universidade, indústria e governo é o
caminho para melhorar as condições para inovação em uma sociedade baseada no
conhecimento. O governo é membro da hélice tríplice como a fonte de relações reguladas por
contratos que garantem interações estáveis, a indústria é o “locus” da inovação e a
universidade é a fonte de novos conhecimentos e tecnologias, o princípio gerador das
economias baseada no conhecimento (ETZKOWITZ et al. 1998).
Relações trilaterais entre governo, indústria e universidade estão surgindo em regiões
com diferentes estágios de desenvolvimento e com diferentes sistemas sócio-econômicos num
modelo espiral “hélice-tríplice da inovação” (ETZKOWITZ e LEYDESDORF, 1998). As
regiões procuram criar uma dinâmica de desenvolvimento econômico baseado no
conhecimento (ETZKOWITZ, 2002).
A partir de estudos a respeito do movimento de incubadoras no Brasil, foi formulado o
modelo expandido da Hélice Tríplice que analisa as interações entre o setor gerador de
conhecimento, o setor produtivo e o governo, possibilitando uma análise mais profunda dos
atores (ALMEIDA, 2000; ETZKOWITZ et al., 2005).
Nessa visão, a avaliação das interações para a produção e aplicação de conhecimentos
é considerada uma ferramenta metodológica importante para análise dos processos de
inovação, pois a transferência de conhecimento dá origem à formação de redes de
conhecimentos. E, em alguns casos, essas redes dão lugar aos espaços regionais de
conhecimentos e estes aos espaços potencialmente favoráveis a inovação.
Assim, segundo a tese da hélice tríplice, é importante a realização de esforços para
compreender como se gera o conhecimento e em que contexto ele flui e se distribui de
maneira a poder definir políticas públicas na área de C&T.
4 – PANORAMA ATUAL DAS INCUBADORAS NO BRASIL
13
O aumento da quantidade de incubadoras vem sendo estimulado por diversos
programas de incentivo à inovação e ao empreendedorismo, como o Plano de Ação de
Ciência, Tecnologia e Inovação (2007-2010). Esta seção apresenta um panorama geral das
incubadoras de empresas no país, a partir de levantamento realizado pela ANPROTEC.
Atualmente existem 384 incubadoras em operação no Brasil conforme Gráfico 1, que
mostra a evolução do movimento de incubadoras brasileiro no período de 1988 a 2011. Este
cenário é diferente em comparação, por exemplo, com países desenvolvidos como os Estados
Unidos, que possuem 1.115 incubadoras de empresas, e o Reino Unido, que possui as
incubadoras de maior porte, com média de 73 empresas e 413 empregos gerados
(ANPROTEC, 2012).
GRÁFICO 1 – Número de incubadoras de empresas em operação no Brasil
Elaboração própria com base nos dados da ANPROTEC (2004; 2006; 2012).
Segundo a última pesquisa realizada pela ANPROTEC (2012), 67% declararam o seu
foco de atuação em tecnologia, 15% em economia solidária e 13% em produtos e tecnologias
tradicionais. O tamanho médio das empresas, ou empreendimentos incubados, medido pela
mão de obra empregada, é de 7,28 postos de trabalho. No grupo de empresas graduadas, o
tamanho médio chega a 12,69 postos de trabalho por empresa ou empreendimento.
No que se refere à distribuição regional, segundo a mesma pesquisa, a região Sul e
Sudeste concentram o maior número de incubadoras, em torno de 70% e os estados que mais
se destacam em relação ao número de incubadoras são o Rio Grande do Sul e São Paulo. A
metade das incubadoras da última pesquisa ANPROTEC tem até oito anos de idade e a sua
14
maior frequência encontra-se na faixa entre 3 a 5 anos e as fontes de receitas são, na grande
maioria, das entidades gestoras e públicas.
. A Figura 1 mostra que as incubadoras brasileiras mantêm alianças estratégicas
prioritariamente com universidades, seguidas pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE e outras associações empresariais. As incubadoras cooperam de forma
mais intensiva entre si do que com outras organizações.
FIGURA 2 – Alianças Estratégicas das Incubadoras de Empresas
Fonte: ANPROTEC (2012).
As universidades e centros de pesquisa são os locais de maior frequência das
incubadoras, seguida pelos governos municipais. As incubadoras que responderam à pesquisa
apontaram estar voltadas, em primeiro lugar, à dinamização da economia local e, em segundo
lugar, à criação de spin-offs4.
Dentre as incubadoras atualmente em operação no Brasil, 67% têm um perfil
tecnológico. A ANPROTEC (2012) aponta também que: (i) 58% das incubadas têm como
foco o desenvolvimento de novos produtos ou processos oriundos de pesquisa científica; (ii)
as incubadoras tecnológicas estão focadas em setores intensivos de conhecimentos científicotecnológicos; e (iii) além do objetivo inicial, as incubadoras tecnológicas têm o propósito de
contribuir para o desenvolvimento local e setorial.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
4
Spin-off ou derivagem é um termo em inglês utilizado para descrever uma nova empresa que nasceu a partir de
um grupo de pesquisa de uma empresa, universidade ou centro de pesquisa público ou privado, normalmente
com o objetivo de explorar um novo produto ou serviço de alta tecnologia. É comum que esta se estabeleça em
incubadoras de empresas ou áreas de concentração de empresas de alta tecnologia
15
Ainda não há ainda consenso acerca das abordagens ou teorias sobre a melhor forma
de produção de tecnologia pelas empresas, ou de melhores processos que levem a inovação.
No entanto em um sistema de produção cada vez mais complexo, as saídas individualistas não
se mostram as mais eficientes para um melhor aproveitamento das potencialidades
econômicas e sociais de uma nação. Assim sendo, o objetivo deste artigo foi analisar à
importância das incubadoras de empresas como promotoras de desenvolvimento regional a
luz do pensamento “neo-shumpeteriano” que focaliza a inovação como um processo de
aprendizado interativo.
Esse pensamento privilegia a inovação tecnológica como um fator endógeno do
desenvolvimento, e a promoção de empreendimentos de base tecnológica é um fator
importante e deve ser incentivado por uma política tecnológica efetiva por parte do poder
público. Uma das formas de incentivos são os mecanismos de criação de empresas de base
tecnológica, como as incubadoras de empresas focadas nesse segmento de negócio.
Neste sentido, inicialmente foram apresentadas as características das incubadoras de
base tecnológica. Foi destacado que o crescimento econômico numa economia baseada no
conhecimento depende de uma infraestrutura técnica envolvendo várias instituições públicas e
privadas, recursos humanos bem treinados e em políticas públicas que apoiam e promovem a
inovação.
Quando se considera a abordagem “neo shumpeteriana” para o processo inovativo,
parte-se de um novo entendimento do papel da política de inovação, e sua razão de existir.
Assim, esta abordagem destaca as políticas que afetam a inovação como elemento chave de
interação com os outros atores e contribuem para determinar o desempenho e a capacidade
inovativa das empresas. Defende o aprendizado coletivo como forma de acesso de pequenas e
médias empresas ao mercado global.
O foco regional torna-se pertinente uma vez que o papel das incubadoras como
instrumento de política integradora responde a um ambiente caracterizado por uma gama de
programas de suporte às pequenas e médias empresas. Como visto anteriormente, as
incubadoras se propõem a garantir um mecanismo de rápido diagnóstico e controle para o
decréscimo da taxa de falências das empresas residentes, o que fortalece o desenvolvimento
regional.
O segmento das incubadoras tem crescido muito nos últimos anos, oferecendo novas
oportunidades de negócios e emprego, principalmente nas áreas mais desenvolvidas
tecnologicamente, atraindo empreendedores, pesquisadores e mão de obra mais qualificada.
16
Além disso, estimula a pesquisa e o desenvolvimento de produtos mais avançados
tecnologicamente, abrindo espaços para inovações no mercado brasileiro. Por meio de
práticas cooperativas e interação de empresas, além das parcerias com as Instituições de
Ciência e Tecnologia, surgem empresas mais capacitadas para enfrentar a concorrência do
mercado.
As empresas de base tecnológica representam um novo mercado de trabalho que,
aliado a políticas eficientes, poderá trazer resultados importantes para economia brasileira, em
um futuro próximo. É por meio da ação conjunta entre os diversos atores do sistema de
inovação, em especial o governo e a iniciativa privada, que será possível a criação de
ambientes favoráveis para a desconcentração regional das atividades de CT&I, permitindo o
avanço da economia brasileira.
Muito ainda precisa ser feito pelas empresas, pelo governo e pelas demais instituições
de aprendizado a fim de que a inovação se destaque cada vez mais na construção de bases
sustentáveis para o desenvolvimento sócio econômico brasileiro.
17
6 – BIBLIOGRAFIA
ALBUQUERQUE, E. M. Notas sobre a contribuição de Kenneth Arrow para a
fundamentação teórica dos sistemas nacionais de inovações. Revista Brasileira de
Economia, abr./jun.1996
ALCÂNTARA, D. Financiamento de pequenas empresas de base tecnológica no estado
de São Paulo: estudo de caso com empresas do CIETEC. Dissertação de mestrado em
economia política na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2009.
ALMEIDA, M. et al. The University-industry-government relationships and the
technological development programs – a preliminar survey about the instituions in the
Rio de Janeiro, Brasil. In: MELLO, J. & Etzkowitz, h. Rio de Janeiro 2000 – Third Triple
Helix Conference. Rio de Janeiro, 2000.
ANPROTEC, Estudo, Análise e Proposições sobre as Incubadoras de Empresas no Brasil
– relatório técnico / Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. – Brasília, 2012.
ARROW, K. The Economic Implications of Learning by Doing, Review of Economic
Studies 29(3), London, 1962.
BEZERRA, Carolina Marchiri. Inovações tecnológicas e a complexidade do sistema
econômico. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010
CASSIOLATO, J, LASTRES, H. Sistemas de inovação e desenvolvimento: as implicações
de política. Revista São Paulo em Perspectiva. v19 nº1 p. 34-45. São Paulo 2005.
DIAS, C. e CARVALHO, L. F. Modelo de Gestão de Incubadoras de Empresas –
Implementação do modelo. REINC. José Alberto Sampaio Aranha (colaborador). Rio de
Janeiro: Rede de Incubadoras do Rio de Janeiro, 2002.
DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001
ETZKOWITZ, H. (2002) ‘From Science Park to Technopolis’. Technology Access Report,
volume XV, number 10, November, pp. 14 – 16.
ETZKOWITZ, H. and LEYDESDORF, L. ‘Triple Helix of innovation: introduction’.
Science and Public Policy, volume 25, number 6, December, pp. 358 – 364, 1988.
ETZKOWITZ, H. & MELLO, J. & ALMEIDA, M. Towards “meta-innovation” in Brazil:
the evolution of the incubator and the emergence of a triple helix. Research policy.
Volume 34, pp. 411-424, 2000.
FONSECA, S. Avaliação do processo de implantação e do desempenho de incubadoras
empresariais mistas: um estudo de caso no Estado de São Paulo. Dissertação (Doutorado
em Administração), Departamento de Administração, FEAC. Universidade de São Paulo,
2003.
18
FREEMAN, C.; SOETE, L. The economics of industrial innovation. Cambridge: The MIT
Press, 3d, 1997.
LUNDVALL, B. A . Innovation as na Interactive process: from user-producer
interaction to the national system of innovation. In :Dosi et al. Technical Change and
Economic Theory, London Pinter, 1988.
MANKIW, N. Princípios de microeconomia. São Paulo: Cenage Learning, 2009
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI. Programa Nacional de Apoio às
Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos. Disponível em:
<http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/5228.html>. Acesso em: 27 abri. 2014.
NELSON, R.R. (editor) National Innovation Systems – a comparative analysis. New
York/Oxford, Oxford University Press (1993).
OLIVEIRA, F. H.; JAYME JR, F. G.; LEMOS, M. B. Increasing Returns to Scale and
International Diffusion of Technology: An Empirical Study for Brazil. World
Development, Canadá, v. 34, n. 1, p. 1-40, 2006.
PENROSE, E. The Theory of de Growth of the firm. Oxford:Basil BlacKwell, 1959.
QUEIROZ, Sérgio. Aprendizado Tecnológico. In Economia da Inovação Tecnológica,
São Paulo: Hucitec. 2006.
ROSENBERG, N. Inside the black box: technology and economics. Cambridge:
Cambridge University Press, 1982.
SCHUMPETER, J. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre
lucros, capital, crédito, juros e o ciclo econômico. São Paulo: Abril Cultura, 1982.
ZEN, A., HAUSER, G. A articulação e o desenvolvimento dos parques tecnológicos: O
caso do Programa Porto Alegre Tecnópole. Bahia: ALTEC, 2005.
19
Download

Análise das incubadoras de empresas de base tecnológica