ROTEIRO DO TRABALHO DE CAMPO
Curso de Odontologia da UFPR
MS 071 - Odontologia Social e Preventiva II
Curitiba
2010
Reconhecimento do território
(Micro-áreas para intervenção sob a lógica da Estratégia Saúde da Família)
1) Discussão sobre objetivos do trabalho
2) Apresentação da área escolhida:
? Coordenação da Unidade (ASL)
? Cirurgião-dentista supervisor técnico
? TSB/ASB e Agentes Comunitários de Saúde
3) Apresentação e análise do mapa do território
4) Visita de observação ao território selecionado, para análise e relatório de:
? Ambiente físico: ruas, casas, saneamento (esgoto, lixo), água, luz,
acesso e transporte
? Contexto social e comunitário: pontos de encontro, área de lazer,
escolas, creches, templos religiosos, farmácias, estabelecimentos de
saúde, associação de moradores, movimentos e organizações
populares locais
O relatório deve conter considerações pessoais de cada um dos membros da
equipe de alunos, bem como uma síntese do grupo
A Visita Domiciliar: guia prático e tecnologias envolvidas
1) Como fazer a Visita Domiciliar (utilizar instrumento didático-pedagógico
fornecido pelos professores)
2) Como fazer a abordagem familiar: técnicas de observação, entrevista, registro
da história ou relato oral (trabalhar com evidências narrativas)
3) Preenchimento da ficha de avaliação socioeconômica, acesso e autopercepção
em saúde bucal
4) Coleta de informações para a elaboração da folha de rosto do prontuário
familiar: Genograma, Ciclo de Vida Familiar, F.I.R.O. e P.R.A.C.T.I.C.E. (conversar
com Agente Comunitária de Saúde sobre o perfil da família e a necessidade de
uso destes instrumentos)
5) Elaboração do relatório: perfil da família
O relatório deve conter considerações pessoais de cada um dos membros da
equipe de alunos, bem como uma síntese do grupo
Diagnóstico da família e situação de saúde geral e bucal
1) Indicadores subjetivos (perceptivos) de saúde geral da família:
? Enfatizar recursos positivos da família, rede de suporte interna e
externa (vizinhança e envolvimento comunitário), dinâmica familiar
? História médica, medicamentosa, nutricional, comportamental,
hábitos (doenças, uso prolongado de medicamentos, internações
hospitalares, cirurgias, transtornos familiares, uso de drogas lícitas
ou ilícitas)
2) Avaliação
?
?
?
?
?
?
?
normativa das condições bucais dos membros da família:
Cárie
Periodontopatias
Maloclusão grave
Edentulismo/ uso de prótese
Traumatismos bucais/dentários
Fissuras
Alterações de tecido mole
3) Completar, caso necessário, coleta de informações para o Genograma e Ciclo
de Vida Familiar
4) Elaboração de relatório: perfil clínico de necessidades de atenção em saúde
bucal da família e referência ambulatorial para outras necessidades de saúde
(clínica ampliada)
O relatório deve conter considerações pessoais de cada um dos membros da
equipe de alunos, bem como uma síntese do grupo
Métodos de controle de determinantes sócio-ambientais, riscos,
doenças e redução do dano
(intervenções domiciliares justificadas)
1) Estratégias de atenção domiciliar em saúde bucal:
? Educação e promoção da saúde, identificando potencialidades
intersetoriais no território
? Métodos intradomiciliares de prevenção e controle de doenças
bucais (fluoretos, selantes, escovação supervisionada)
? Manutenção familiar programada
2) Estratégias de assistência domiciliar em saúde bucal:
? Definição de emergência e priorização de sintomas
? Adequação do meio bucal
? ART
? Referência ambulatorial
3) Discussão de atividades clínicas com portadores de necessidades especiais
4) Relatório das atividades domiciliares realizadas
O relatório deve conter considerações pessoais de cada um dos membros da
equipe de alunos, bem como uma síntese do grupo
(Idem ao anterior)
Avaliação de processo e resultados parcialmente alcançados.
Propostas para a seqüência dos trabalhos.
Fonte: MOYSÉS, S. T.; KRIGER, L. e MOYSÉS, S. J., Eds. Saúde bucal das famílias: trabalhando
com evidências. São Paulo: Artes Médicas. 2008. 308 p.
GUIA PRÁTICO PARA REALIZAR A VISITA DOMICILIAR*
O que é a visita domiciliar?
É uma intervenção que reúne pelo menos três “tecnologias leves” a serem
apreendidas e desenvolvidas:
1. A observação.
2. A entrevista.
3. A história ou relato oral.
Por que o domicílio é um lugar para intervenção?
As pessoas tendem a enfrentar melhor suas dificuldades quando estão em seu
próprio meio social, familiar ou comunitário. O domicílio é o lugar do cotidiano, da
realidade concreta, do mundo vivido.
Para que realizar visita domiciliar?
Muitos
segmentos
profissionais
realizam
cotidianamente
visitas
de
(re)conhecimento,
também
chamadas
exploratórias,
ou
visitas
de
acompanhamento, classificadas como interventivas. A visita deve servir para o
alcance de um objetivo planejado, que é a melhor aproximação da realidade do
sujeito/grupo familiar observado ou atendido.
Como realizar a visita domiciliar?
A visita deve ser entendida como uma opção metodológica para realizar um
trabalho. Como qualquer outra atividade profissional, de natureza técnica e
humana, exige predisposição e interesse genuíno pelo outro (o sujeito que recebe
*
Fonte: Amaro, S. (2003). Visita domiciliar: guia para uma abordagem complexa. Porto Alegre: AGE, 64 p.
a intervenção). A visita ocorre, sempre, como uma “entrada consentida” no mundo
existencial do outro. Portanto, nossa própria presença e o uso de instrumentos de
registro precisam ser “autorizados”.
CHECKLIST PARA A VISITA DOMICILIAR
? A visita domiciliar impõe a capacidade de autodisciplina para a observação, a
habilidade técnica para a entrevista e o imperativo ético para a escuta da história
ou relato oral:
? Não vá iniciar um visita domiciliar com um modelo de realidade pré-concebido.
Devemos estar abertos a captar a verdade daquela realidade única, a ser
visitada, e não a verdade que acreditamos ou queremos ver.
? Não vá pensando que esta família é igual da Dona Fulana, que eu conheço e tem
tais problemas...
? Nem tudo é o que você vê, nem tampouco como você vê. A realidade é bem
maior do que o nosso olhar ou percepção podem captar. Devemos
conscientemente deixar de lado preconceitos e mitos pessoais e olhar a
realidade com curiosidade respeitosa e espírito investigativo.
? Devemos reconhecer nossos limites e não nos apressarmos em fazer
interpretações sobre uma realidade que mal começamos a conhecer.
? A aparição de situações ou fatores inesperados durante a visita deve ser
considerada como bem-vinda. Devemos estar prontos para surpresas. Como em
uma viagem, explore o inesperado e o diferente. Não espere encontrar somente o
seu mundo.
? A realidade que nos surpreende ou choca tende a ser vista como um desvio ou
perversão. Na verdade, pode apenas ser um padrão de realidade diferente
daquele a que estamos habituados. Não devemos tentar encaixar a realidade
alheia em nossa própria realidade.
? Lembre-se de que o que há para ver, que possa ser de grande interesse para
nosso trabalho, pode se ocultar na primeira visita.
? Uma visita não é a busca de uma coisa específica ou uma prova que atesta algo
premeditado. A visita apenas pede olhar nos olhos e dialogar. Nosso papel é de
educador e não de moralizador. Fazemos perguntas e reflexões, nunca
comentários proibitivos e advertências punitivas.
? Nosso roteiro de entrevista, contendo questões-guia é como um mapa de
localização de nossos objetivos (ancoragem teórica). Ele deve ser usado com
espontaneidade, jamais deve ser “lido”ou “recitado”.
? A visita é precedida por agendamento, informando dia, horário e quem são os
visitadores. Devemos respeitar o tempo alheio e fazer bom uso dele. A duração
da visita deve ser compatível com o alcance dos objetivos; não estamos
realizando “uma visitinha rápida”.
? O encontro da realidade do outro e da nossa própria realidade redefine nossa
percepção de doença, morte, saúde e vida.
Boa Visita!
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Odontologia Social e Preventiva II