VISITA TÉCNICA: PROPOSTA INTERDISCIPLINAR NO
CURSO DE TURISMO/ PUCPR.
Raquel Panke Apolo, PUCPR, [email protected]
Renata Maria Ribeiro, PUCPR, [email protected]
Sandra Maria Mattar, PUCPR, [email protected]
Caroline Santanna de Oliveira, PUCPR, [email protected] (co-autor)
RESUMO
A atividade acadêmica realizada com a turma do 4º período do curso de Turismo (2005) da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná foi proposta por quatro Programas de Aprendizagem,
sendo eles: Sociologia do Turismo, Lazer e Turismo, Turismo e Meio ambiente e Organização de
Eventos. Como estratégia metodológica para integrar o processo de ensino-aprendizagem,
oportunizou-se uma visita técnica planejada com o intuito de aproximar teoria e prática. Esta
experiência ocorreu na Ilha do Mel, onde os alunos por meio de atividades desenvolvidas no local
puderam observar situações teoricamente estudadas e assim analisar de maneira interdisciplinar
fatos relacionados ao fenômeno turístico. A questão ecológica é fator fundamental na discussão
acadêmica, portanto esta proposta visa a tornar consciente o aluno de Turismo, por meio da análise
sociológica e ambiental e sua responsabilidade na sensibilização da comunidade e na conservação
dos recursos naturais. Quanto ao lazer foram planejadas pelos alunos, atividades de recreação para
locais fechados aplicadas durante o período de deslocamento. Também se planejou atividades
recreativas para locais abertos que enfatizaram a sociabilização dos alunos. A apresentação do
material produzido culminou numa exposição de fotografias, proposta pelo Programa de
Aprendizagem de Organização de Eventos que tem como um dos objetivos desenvolver a
compreensão da importância dos eventos para a comunicação de relatos acadêmicos que
corroboram para a proposta interdisciplinar presente no curso de Turismo da Pontifícia
Universidade Católica. E como decorrência de um novo paradigma de desenvolvimento social
percebe-se uma tomada de consciência dos problemas ambientais e sociais surgindo propostas de
práticas alternativas voltadas para sustentabilidade da atividade turística.
PALAVRAS-CHAVE: Turismo, Interdisciplinaridade, Ensino-Aprendizagem.
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1 INTRODUÇÃO
O Projeto Pedagógico do Curso de Turismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(2000):
O Curso de Turismo da PUCPR busca contemplar áreas ligadas a cada ramo da atividade turística:
agenciamento, planejamento turístico, docência, entre outros. Além disso, deve habilitá-lo para a compreensão
do meio onde está inserido em seus aspectos político, econômico, cultural, social, histórico e natural,
promovendo transformações nas organizações, na vida da sociedade, por meio de um crescimento equilibrado
e harmônico entre a oferta e a demanda entre a população local e os turistas.
Nesta compreensão busca-se estabelecer um diálogo entre as disciplinas por meio de
propostas interdisciplinares, pois se acredita que esta é tarefa fundamental das instituições de ensino
que tenham a preocupação com o processo integral do conhecimento, não de forma mecânica e
fragmentada, mas sim contextualizada.
Segundo Ferreira (2001, p.34):
O que caracteriza uma prática interdisciplinar é o sentimento intencional que ela carrega. Não há
interdisciplinaridade se não há intenção consciente, clara e objetiva por parte daqueles que a praticam. Não
havendo intenção de um projeto, podemos dialogar, inter-relacionar e integrar sem, no entanto estarmos
trabalhando interdisciplinarmente.
A educação é ação e processo de formação, pelo qual os indivíduos podem integrar-se na
cultura que vivem de maneira crítica e criativa. A proposta, portanto é trabalhar de forma
intencional a interdisciplinaridade, reconhecer o contexto social em seus aspectos: social, político,
econômico e ecológico, para que desta forma possamos nos situar e falar da sociedade da qual
fazemos parte.
Segundo Japiassu (1992, p.88):
A Interdisciplinaridade é a interação entre duas ou mais disciplinas, podendo ir da simples comunicação das
idéias até a integração mútua dos conceitos, da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos
procedimentos, dos dados e da organização da pesquisa.
As disciplinas quando trabalhadas separadamente, colaboram para a fragmentação do
conhecimento e da ciência, a conseqüência é a falta de visão por parte do aluno, do todo integrado,
da relação entre as partes. Assim, a educação constitui-se numa variável estratégica para o
desenvolvimento do turismo, assim como para a compreensão e o aperfeiçoamento das mais
diversas áreas do conhecimento, tanto científico, quanto de senso comum. (OMT, 1995)
Entretanto, a busca pelo entendimento das transformações que o mundo físico tem
passado em decorrência da ocupação humana sobre o espaço e os reflexos que o comportamento
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das sociedades tem provocado, constitui a dualidade básica para investigação científica.
Nesse contexto, as ciências naturais se detêm aos aspectos físicos enquanto que as
ciências sociais atentam para a compreensão do entorno social do Homem.
A investigação científica do fenômeno turístico tem se respaldado nas ciências sociais,
sendo considerado um campo fértil para o conhecimento sobre os aspectos multidisciplinares que o
envolve.
A multidisciplinaridade da investigação turística, de acordo com a Organização Mundial
do Turismo (OMT, 1995), implica no conhecimento aplicado em algumas áreas específicas, como a
sociologia, a ecologia, o lazer e a educação.
Nesse contexto, os aspectos sociológicos enfocam as condições sociais que permitem o
crescimento da atividade turística, considerando o turismo como fenômeno social e seus reflexos,
nos diversos âmbitos que o envolve. Entre eles, o fator econômico se destaca devido à importância
que se dá à quantificação de resultados, decorrentes de fluxos turísticos e sua relação com a balança
de pagamentos dos destinos turísticos, especialmente para países em desenvolvimento.
A necessidade do planejamento e da organização do turismo quanto aos elementos que
abraçam várias áreas do saber, estimularam a inserção da ecologia, que também é um campo
multidisciplinar a ser investigado para a formatação de destinos turísticos, principalmente, em
decorrência dos novos paradigmas de desenvolvimento que têm se estabelecido na
contemporaneidade.
Portanto, para que todos esses campos do conhecimento sejam devidamente somados
positivamente para o desenvolvimento do turismo enquanto ciência, a educação turística tem papel
fundamental neste processo.
Justifica-se esta afirmação, pois, a formação de indivíduos que compreendam a complexa
rede de inter-relações que o turismo forma, inicia-se por meio da transmissão de conhecimentos, os
quais devem vincular a investigação científica com a formação profissional, assim como otimizar a
utilização de novas técnicas e métodos necessários para entendimento das diversas concepções de
turismo.
Diante do exposto, o Ensino Superior do Turismo, de acordo com as Diretrizes
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Curriculares Nacionais (2000) recomendadas pelo Ministério da Educação do governo brasileiro,
propõe que os Cursos de Bacharelado em Turismo conciliem, ao mesmo tempo, uma visão tanto
generalista quanto especialista sobre o fenômeno turístico que seja pertinente à atuação profissional
no mercado, sem desconsiderar o desenvolvimento de aptidões e habilidades necessárias a uma
formação englobante.
Porém, para se vislumbrar uma aprendizagem significativa para o turismo, deve-se
incluir a relação entre ensinar e aprender, entre teoria e prática, entre as áreas do conhecimento que
o sustentam e os métodos de pesquisa epistemológicos, entre as dimensões técnicas e científicas.
A efetivação do processo ensino aprendizagem dos Cursos de Bacharelado em Turismo
precisa caminhar em direção à unificação dos aspectos ensino + pesquisa + extensão e mais,
reconhecer na multidisciplinaridade do conhecimento turístico a base para a construção de uma
abordagem que ultrapasse os limites de investigação atuais, levando a uma praxis interdisciplinar
capaz de reunir suas muitas facetas.
O saber turístico em construção tem reconhecido esta tendência e se apoiado numa
estrutura cada vez mais ampla, pois como afirma Fazenda (1999, p. 15): “o pensar interdisciplinar
parte da premissa de que nenhuma forma de conhecimento é em si mesma exaustiva. Tenta, pois, o
diálogo com outras fontes do saber, deixando-se irrigar por elas”.
Além destes aspectos, a atividade turística, tem sido considerada uma alternativa viável
para a consolidação de conceitos contemporâneos como o de sustentabilidade. Nesse sentido, a
educação turística deve contribuir para despertar nos futuros profissionais e estudiosos da área, a
responsabilidade social, ética e ambiental que a prática do turismo exige.
Assim, o ensino superior do turismo no Brasil se desenvolve buscando contemplar os
aspectos multidisciplinares que o integram; a aplicação da teoria vivenciada na prática; em dar
significância aos conhecimentos por meio da participação de programas de estudo em empresas
turísticas; em promover a cooperação entre as universidades e o mercado de trabalho, bem como em
práticas pedagógicas motivadoras e que incentivem a realização de pesquisas aplicadas.
(ANSARAH, 2002)
Nesse contexto, percebe-se que a superação do entendimento do fenômeno turístico pode
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ser ampliada considerando as muitas combinações científicas visualizadas por meio da aplicação de
visitas técnicas como estratégias de aproximação teórico-práticas.
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PROGRAMAS DE APRENDIZAGEM: TURISMO E MEIO AMBIENTE E
SOCIOLOGIA DO TURISMO
Segundo IMBÉRNON (2000, p.82), os desafios para a Educação neste novo século são:
O direito à diferença e a recusa a uma educação excludente; a educação ambiental como mecanismo
fundamental de preservação e melhoramento da natureza; a educação política dos cidadãos como uma
educação para a democracia; uma reformulação da função dos professores; as alternativas à escola como
espaço físico educativo.
Como podemos perceber, a questão ambiental é fator fundamental na discussão acadêmica,
portanto esta proposta visa tornar consciente o aluno de Turismo, por meio da análise Sociológica,
da sua participação na conscientização das pessoas e na preservação dos recursos naturais. E como
decorrência deste novo paradigma de desenvolvimento social, percebe-se uma tomada de
consciência dos problemas ambientais, surgindo propostas de um desenvolvimento alternativo
voltado para a sustentabilidade.
Porém, como todo processo de transição para um novo paradigma, o crescimento econômico
insustentável ocasionou, segundo Dias (2003, p.13):
Aumento dos problemas ambientais como: contaminação do ar, dos mananciais de água doce e dos mares;
esgotamento de recursos naturais; efeito estufa; diminuição da biodiversidade; diminuição da camada de
ozônio etc., transformando o meio ambiente em prioridade na agenda internacional, integrando a pauta de
diversas áreas, inclusive o Turismo.
Este modelo tradicional de desenvolvimento baseado na geração de renda por meio da
exploração dos recursos naturais foi gradativamente sendo substituído a partir da década de 80 para
uma concepção onde a base é a sustentabilidade, isto é, procurar atender as necessidades das
gerações atuais sem comprometer as necessidades das futuras gerações.
Desta forma, o conceito de desenvolvimento sustentável foi adotado pela Organização
Mundial do turismo (OTM), incluindo a prática do Turismo Sustentável, isto significa que os
recursos naturais, históricos e culturais para o Turismo devem ser preservados para uso contínuo no
futuro, bem como no presente.
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Conforme Castrogiovanni (2003, p.48) “A Sustentabilidade busca inicialmente a melhoria
da qualidade de vida humana, conservando a vitalidade e a diversidade existente no
Planeta.(...)Como toda prática de vida, a opção pela sustentabilidade depende de postura política”.
Esta postura depende de uma mudança de mentalidade em relação ao ambiente frente ao discurso
capitalista.
Segundo Dias (2003, p.17), o surgimento de novas formas de Turismo foram
favorecidas por algumas circunstâncias:
O aumento da consciência da necessidade de preservação dos recursos naturais;
A necessidade psicológica das pessoas de encontrarem alternativas de lazer diferentes das praticadas nos
grandes centros urbanos;
Maior aproximação de formas simples de vida em contraposição à complexidade da vida moderna nos
grandes centros urbanos;
Busca de melhor qualidade de vida, que traduz em maior interação com a natureza.
Verifica-se, portanto, o surgimento de um turista mais exigente com a qualidade ambiental
como forma de preservar a natureza e conseqüentemente a própria existência do homem.
Os Programas de Aprendizagem de Turismo e Meio ambiente e Sociologia do Turismo, tem
como aptidões e competências a serem desenvolvidas pelos alunos, entender o Turismo como
fenômeno coletivo e seu impacto social, cultural, político e econômico.
Impactos socioculturais, econômicos e ambientais negativos acontecem e seus efeitos sobre
a natureza e as culturas locais são indesejáveis, é necessário um trabalho de conscientização dos
alunos para um planejamento e gestão que possam minimizar ou prevenir tais problemas. A partir
de uma estratégia de ensino baseada em uma Visita Técnica, sob o ponto de vista de quatro
Programas de Aprendizagem acreditamos que o aluno possa ter uma visão integral dos problemas
vivenciados pela comunidade visitada e assim contribuir com soluções ou propostas de ação que
estejam de acordo com suas necessidades.
3 PROGRAMAS DE APRENDIZAGEM: LAZER E TURISMO E ORGANIZAÇÃO DE
EVENTOS
Em relação ao Programa de Aprendizagem de Lazer e Turismo, o aluno tem a possibilidade
em discutir o lazer como um fenômeno recente e estudado por muitos sociólogos como Domenico
de Masi e Joffre Dumazedier. De acordo com a história, o conceito que se tem atualmente, surgiu a
partir da Revolução Industrial, na qual as pessoas possuíam tempo de trabalho e não-trabalho
(denominado tempo livre ou disponível). Este período foi marcado por um novo modelo de
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produção com a ascensão da mecanização industrial, no qual a mão-de-obra era explorada ao
máximo.
O modelo fabril trouxe consigo implicações não somente de ordem econômica, separação
entre capital e trabalho, como também no aspecto social, inchaço dos centros urbanos, doenças,
condições salariais, bem como de trabalho desumanas e em contrapartida o enriquecimento dos
proprietários das fábricas.
De acordo com esse quadro desigual, pode-se verificar que também foi momento de luta
entre classes, proletariado e burguesia industrial. Período de reivindicações dos direitos
trabalhadores, sendo um deles menos horas de trabalho e mais tempo para descanso e práticas de
atividades de lazer.
Nota-se que o lazer nos dias atuais ganhou proporções, as pessoas fora do seu período de
trabalho possuem muitas opções para ocupar o seu tempo livre. Além disso, segundo WERNECK
(2001, p. 13) “os três segmentos mais promissores: a tecnologia da informação, as
telecomunicações e a indústria do lazer e seus componentes básicos – turismo, entretenimento,
transporte alimentação, hotelaria, ecologia”.
Assim, o a expansão desta área indica oportunidades de negócios, crescimento no mercado
de trabalho e geração de renda. Para tanto, torna-se necessário à preparação dos profissionais que
atuarão nesta área.
Na formação do profissional é necessário estudar matérias que estimulam um pensamento crítico sobre
história, a cultura, o meio ambiente, o homem e a sociedade. Concomitante à formação geral, deve-se
proporcionar o conhecimento disciplinar específico do curso, sempre voltado a ensinar o acadêmico recriar e
não copiar programas, projetos, metodologias e atividades. (PIMENTEL, 2003, p.75)
Desta forma, o Programa de Aprendizagem de Lazer e Turismo do Curso de Turismo da
PUCPR, tem como principais objetivos analisar as relações existentes entre trabalho e tempo livre,
reconhecendo a importância do lazer na sociedade e, sobretudo relacionar o lazer com a atividade
turística.
Torna-se essencial as compreensões teóricas sobre esses temas. No entanto, um trabalho
prático enriquece o conhecimento adquirido em sala de aula e pode favorecer maior assimilação do
conteúdo, ainda, proporcionar uma visão mais ampliada relacionando com outros temas que
envolvem a turismo.
Tendo em vista estes aspectos, de proporcionar prática pedagógica, bem como ao mesmo
tempo inter-relacionar outros temas ligados à área, é que foi proposto juntamente com os Programas
de Aprendizagem de Meio Ambiente e Turismo e Sociologia do Turismo a Visita Técnica para a
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Ilha do Mel - PR, tendo como público-alvo os alunos do 4º Período do Curso de Turismo da
PUCPR.
Por meio da seleção de imagens da Ilha do Mel, puderam observar as atividades de lazer de
acordo com interesses, fossem eles intelectuais, turísticos, físicos, manuais, artísticos, bem como as
que proporcionem convívio entre as pessoas.
A partir desta perspectiva lançou-se o desafio aos alunos quanto à organização da exposição
de fotografia, proposta pelo Programa de Aprendizagem de Organização de Eventos que teve como
objetivo principal, desenvolver aptidões, competências e habilidades nos alunos quanto à
compreensão da importância dos eventos e um destino turístico, a diferenciação dos tipos de
eventos, e os componentes que envolvem a organização de um evento com duas práticas distintas.
Segundo Matias (2002, p. 61), evento significa:
Ação profissional mediante pesquisa, planejamento, organização, coordenação, controle e
implantação de um projeto, visando atingir seu público-alvo com as medidas concretas e
resultados projetados.
O evento realizado sob a ótica de sua singularidade e particularidade, contemplou a tipologia
específica de exposição, caracterizada por “exibição pública de produção artística, industrial,
técnica ou científica”. (MATIAS, 2002, p. 66)
A incumbência das equipes era colher material que contemplasse as visões da Sociologia, do
Lazer, do Meio Ambiente e de Eventos, para posteriormente organizar a exposição explicativa
sobre a integração dos Programas de Aprendizagem.
Deste modo os registros fotográficos foram cuidadosamente selecionados pelos alunos que
ao montar a exposição, por seu total comprometimento e integração, quanto ao objetivo da
atividade, obtiveram resultados surpreendentes ao verificarem que as pessoas ao visualizarem a
exposição percebiam nitidamente a integração proposta, e a interdisciplinaridade entre os
Programas de Aprendizagem envolvidos.
4. A OPINIÃO DOS ALUNOS SOBRE A VISITA TÉCNICA
Conforme o grupo A, a visita foi de grande importância, “pois temos a vivência e
experiência de estar no local a ser estudado, sentindo pessoalmente as necessidades do lugar em seu
aspecto real e verdadeiro, conhecendo a cultura e história do local e também apontando idéias e
sugestões de melhoria para a população”.
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Para o grupo B, foi uma viagem bastante proveitosa para enriquecer ainda mais os
conhecimentos e ver na prática o que estudamos nos primeiros anos de faculdade, a teoria e a
prática se completam.
Os alunos do Grupo C relataram que os resultados da pesquisa foram surpreendentes pois as
respostas provindas dos entrevistados trouxe uma nova visão da Ilha do Mel, diferente do que se vê
nas revistas, jornais, internet, etc.
De acordo com o relato do grupo D para a Ilha do Mel continuar a ser um paraíso é
necessário tomar providências quanto à conscientização tanto do turista como da população local, as
leis devem ser cumpridas e as taxas repassadas a seus devidos interessados.
Na opinião dos alunos:do grupo E, a visita técnica foi de grande valia para toda a turma, pois
puderam observar que falta para os responsáveis da ilha, ou seja, seus habitantes e empreendedores,
perceberem a sua importância para o futuro deste belo atrativo. Conforme elas relatam ”nas
caminhadas que fizemos na ilha, observamos muitos aspectos positivos e negativos. Existe lixo
espalhado pelas trilhas, mas percebe-se que não é só lixo de turista como citam os moradores nas
entrevistas, entulhos e restos de materiais de construção não foram deixados pelos turistas”.
Conforme o grupo F eles puderam constatar que não existe uma preocupação muito grande
dos moradores com a preservação do meio ambiente.
Segundo o grupo G é importante limitar a visitação à Ilha do Mel para a sua preservação
ambiental, e o dinheiro da taxa deveria ser utilizado para melhoria de saneamento básico e na saúde,
pois lá não existe um posto de saúde e atendimento hospitalar para os moradores e turistas.
E finalizando o opinário dos alunos, o grupo H concluiu que a Ilha possui uma grande
diversidade de paisagens naturais belíssimas, é um lugar onde a intervenção do homem ainda não
foi tão grande, mas já se nota as suas mudanças e alguns aspectos negativos são encontrados na
região, como: sujeira nas trilhas e praias, falta de infra-estrutura para melhor atender os visitantes,
falta de consciência dos moradores com relação à importância de preservação do patrimônio
cultural e ambiental da região.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O curso de Turismo da PUCPR em seu projeto pedagógico prevê como estratégia
facilitadora do processo de ensino-aprendizagem a contemplação de visitas técnicas que permitam a
visão sistêmica do fenômeno turístico em consonância com diferentes campos do saber inerentes à
formação do Bacharel em Turismo.
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Desta maneira, a Visita Técnica para um determinado destino turístico proporciona o
conhecimento do local de estudo, compreensão da estrutura e seus fenômenos sociais. Torna-se
importante analisar os aspectos relevantes da localidade, contextualizá-los dentro do tema de estudo
e, principalmente, elaborar produção sobre os resultados alcançados.
Práticas pedagógicas desse caráter favorecem de sobremaneira o aprendizado dos alunos,
não somente em um programa de aprendizagem, como também, proporciona compreensão do todo,
relacionando outros conteúdos estudados. Portanto, cabe às Instituições de Ensino Superior nos
cursos de Turismo, possibilitar ao aluno a análise do Turismo enquanto um fenômeno social,
cultural e econômico, ultrapassando os limites de uma única disciplina para uma atitude
interdisciplinar.
A partir dos relatos dos alunos pudemos constatar como este recurso é importante para o
aprendizado. Ao opinar sobre a experiência, foi mencionado o quanto aprenderam com esta visita,
relacionando a teoria apreendida nos Programas contemplados nesta viagem à realidade observada,
conhecendo a história do local, sua cultura e o comportamento das pessoas. O que antes era visto de
maneira informal enquanto Turistas, sob o ponto de vista acadêmico a Visita Técnica favorece um
olhar crítico que promove o desenvolvimento da percepção da paisagem de forma contextualizada e
integral.
O Turismo segundo a Organização Mundial de Turismo (1995) é o setor da economia que
mais cresce na atualidade, abrindo possibilidades de empregos diretos e indiretos. Mas, por outro
lado, o relacionamento do turismo com o meio ambiente é muito complexo, pois envolve muitas
atividades causando efeitos ambientais diversos ocasionando impactos negativos que podem
gradualmente destruir os recursos ambientais dos quais depende o Turismo.
É importante, pois, que estes profissionais conheçam as exigências desta nova sociedade,
para atuar de maneira eficiente nesta realidade. Conforme Capra :
A compreensão de que todos nós compartilhamos esta Terra será a fonte de um novo código ético. A
imagem de uma futura Terra sustentável tem sido pintada com grandes pincéis. O desafio das décadas
vindouras é aprimorar com detalhes, através do trabalho das corporações, dos governos, das organizações
ambientais, dos partidos políticos e dos cidadãos. Nós acreditamos que o ideal da sustentabilidade é uma
preciosa meta, incitante para os seres humanos, cansados de uma época esbanjadora e destrutiva. Promete
um sentido de segurança e oportunidades para esforços de colaboração internacional, que tem estado
ausentes da Terra nas décadas recentes.(2004)
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Podemos dizer que o turismo na sociedade que emerge, supera a visão econômica e se firma
pelas dimensões política, social e cultural. Neste momento histórico marcado pela mudança, onde
novas tecnologias foram criadas, transformando o cotidiano das pessoas, faz-se necessária também
uma reflexão em torno de nossas práticas em um turismo capaz de criar efeitos benéficos no meio
ambiente, avaliando o compromisso que temos com as novas gerações, contribuindo para a
conservação e o aumento da consciência ambiental.
Através destas reflexões, percebe-se que o turismo tem despertado
interesse para
investigação científica e que o ensino sobre suas múltiplas faces, de forma integrada, pode
contribuir para a formação do Bacharel em Turismo comprometido com a produção significativa do
saber turístico.
Neste sentido, muitas são as perspectivas previstas para a consolidação da
interdisciplinaridade como facilitadora do ensino do turismo no contexto universitário. Entretanto,
não basta que tais proposições sejam impostas a um grupo para que sejam executadas, mas sim, que
haja a compreensão da complexidade do fenômeno turístico como um todo dentro da ação
pedagógica por meio da atitude interdisciplinar que deve ser tomada por cada professor, para então
sedimentar-se em todo o corpo docente.
REFERÊNCIAS
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Turismo.São Paulo, ECA.
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CASTROGIOVANNI, Antonio C; GASTAL,Susana.Turismo
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na
pós-
modernidade
CAPRA, F. Palestra na Fiep em 2004, baseada em seu último livro As conexões ocultas: a ciência
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DIAS,Reinaldo. Turismo Sustentável e Meio Ambiente.São Paulo,Atlas: 2003.
FAZENDA, I. (1999) Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. São Paulo, Loyola.
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MATIAS, Marlene. Organização de Eventos. 2ª Ed. São Paulo. Manole, 2002.
PIMENTEL, Giuliano. Lazer Fundamentos, estratégias e atuação profissional. Jundiaí, SP:
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