VISITA TÉCNICA: PROPOSTA INTERDISCIPLINAR NO CURSO DE TURISMO/ PUCPR. Raquel Panke Apolo, PUCPR, [email protected] Renata Maria Ribeiro, PUCPR, [email protected] Sandra Maria Mattar, PUCPR, [email protected] Caroline Santanna de Oliveira, PUCPR, [email protected] (co-autor) RESUMO A atividade acadêmica realizada com a turma do 4º período do curso de Turismo (2005) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná foi proposta por quatro Programas de Aprendizagem, sendo eles: Sociologia do Turismo, Lazer e Turismo, Turismo e Meio ambiente e Organização de Eventos. Como estratégia metodológica para integrar o processo de ensino-aprendizagem, oportunizou-se uma visita técnica planejada com o intuito de aproximar teoria e prática. Esta experiência ocorreu na Ilha do Mel, onde os alunos por meio de atividades desenvolvidas no local puderam observar situações teoricamente estudadas e assim analisar de maneira interdisciplinar fatos relacionados ao fenômeno turístico. A questão ecológica é fator fundamental na discussão acadêmica, portanto esta proposta visa a tornar consciente o aluno de Turismo, por meio da análise sociológica e ambiental e sua responsabilidade na sensibilização da comunidade e na conservação dos recursos naturais. Quanto ao lazer foram planejadas pelos alunos, atividades de recreação para locais fechados aplicadas durante o período de deslocamento. Também se planejou atividades recreativas para locais abertos que enfatizaram a sociabilização dos alunos. A apresentação do material produzido culminou numa exposição de fotografias, proposta pelo Programa de Aprendizagem de Organização de Eventos que tem como um dos objetivos desenvolver a compreensão da importância dos eventos para a comunicação de relatos acadêmicos que corroboram para a proposta interdisciplinar presente no curso de Turismo da Pontifícia Universidade Católica. E como decorrência de um novo paradigma de desenvolvimento social percebe-se uma tomada de consciência dos problemas ambientais e sociais surgindo propostas de práticas alternativas voltadas para sustentabilidade da atividade turística. PALAVRAS-CHAVE: Turismo, Interdisciplinaridade, Ensino-Aprendizagem. 3530 1 INTRODUÇÃO O Projeto Pedagógico do Curso de Turismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2000): O Curso de Turismo da PUCPR busca contemplar áreas ligadas a cada ramo da atividade turística: agenciamento, planejamento turístico, docência, entre outros. Além disso, deve habilitá-lo para a compreensão do meio onde está inserido em seus aspectos político, econômico, cultural, social, histórico e natural, promovendo transformações nas organizações, na vida da sociedade, por meio de um crescimento equilibrado e harmônico entre a oferta e a demanda entre a população local e os turistas. Nesta compreensão busca-se estabelecer um diálogo entre as disciplinas por meio de propostas interdisciplinares, pois se acredita que esta é tarefa fundamental das instituições de ensino que tenham a preocupação com o processo integral do conhecimento, não de forma mecânica e fragmentada, mas sim contextualizada. Segundo Ferreira (2001, p.34): O que caracteriza uma prática interdisciplinar é o sentimento intencional que ela carrega. Não há interdisciplinaridade se não há intenção consciente, clara e objetiva por parte daqueles que a praticam. Não havendo intenção de um projeto, podemos dialogar, inter-relacionar e integrar sem, no entanto estarmos trabalhando interdisciplinarmente. A educação é ação e processo de formação, pelo qual os indivíduos podem integrar-se na cultura que vivem de maneira crítica e criativa. A proposta, portanto é trabalhar de forma intencional a interdisciplinaridade, reconhecer o contexto social em seus aspectos: social, político, econômico e ecológico, para que desta forma possamos nos situar e falar da sociedade da qual fazemos parte. Segundo Japiassu (1992, p.88): A Interdisciplinaridade é a interação entre duas ou mais disciplinas, podendo ir da simples comunicação das idéias até a integração mútua dos conceitos, da epistemologia, da terminologia, da metodologia, dos procedimentos, dos dados e da organização da pesquisa. As disciplinas quando trabalhadas separadamente, colaboram para a fragmentação do conhecimento e da ciência, a conseqüência é a falta de visão por parte do aluno, do todo integrado, da relação entre as partes. Assim, a educação constitui-se numa variável estratégica para o desenvolvimento do turismo, assim como para a compreensão e o aperfeiçoamento das mais diversas áreas do conhecimento, tanto científico, quanto de senso comum. (OMT, 1995) Entretanto, a busca pelo entendimento das transformações que o mundo físico tem passado em decorrência da ocupação humana sobre o espaço e os reflexos que o comportamento 3531 das sociedades tem provocado, constitui a dualidade básica para investigação científica. Nesse contexto, as ciências naturais se detêm aos aspectos físicos enquanto que as ciências sociais atentam para a compreensão do entorno social do Homem. A investigação científica do fenômeno turístico tem se respaldado nas ciências sociais, sendo considerado um campo fértil para o conhecimento sobre os aspectos multidisciplinares que o envolve. A multidisciplinaridade da investigação turística, de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT, 1995), implica no conhecimento aplicado em algumas áreas específicas, como a sociologia, a ecologia, o lazer e a educação. Nesse contexto, os aspectos sociológicos enfocam as condições sociais que permitem o crescimento da atividade turística, considerando o turismo como fenômeno social e seus reflexos, nos diversos âmbitos que o envolve. Entre eles, o fator econômico se destaca devido à importância que se dá à quantificação de resultados, decorrentes de fluxos turísticos e sua relação com a balança de pagamentos dos destinos turísticos, especialmente para países em desenvolvimento. A necessidade do planejamento e da organização do turismo quanto aos elementos que abraçam várias áreas do saber, estimularam a inserção da ecologia, que também é um campo multidisciplinar a ser investigado para a formatação de destinos turísticos, principalmente, em decorrência dos novos paradigmas de desenvolvimento que têm se estabelecido na contemporaneidade. Portanto, para que todos esses campos do conhecimento sejam devidamente somados positivamente para o desenvolvimento do turismo enquanto ciência, a educação turística tem papel fundamental neste processo. Justifica-se esta afirmação, pois, a formação de indivíduos que compreendam a complexa rede de inter-relações que o turismo forma, inicia-se por meio da transmissão de conhecimentos, os quais devem vincular a investigação científica com a formação profissional, assim como otimizar a utilização de novas técnicas e métodos necessários para entendimento das diversas concepções de turismo. Diante do exposto, o Ensino Superior do Turismo, de acordo com as Diretrizes 3532 Curriculares Nacionais (2000) recomendadas pelo Ministério da Educação do governo brasileiro, propõe que os Cursos de Bacharelado em Turismo conciliem, ao mesmo tempo, uma visão tanto generalista quanto especialista sobre o fenômeno turístico que seja pertinente à atuação profissional no mercado, sem desconsiderar o desenvolvimento de aptidões e habilidades necessárias a uma formação englobante. Porém, para se vislumbrar uma aprendizagem significativa para o turismo, deve-se incluir a relação entre ensinar e aprender, entre teoria e prática, entre as áreas do conhecimento que o sustentam e os métodos de pesquisa epistemológicos, entre as dimensões técnicas e científicas. A efetivação do processo ensino aprendizagem dos Cursos de Bacharelado em Turismo precisa caminhar em direção à unificação dos aspectos ensino + pesquisa + extensão e mais, reconhecer na multidisciplinaridade do conhecimento turístico a base para a construção de uma abordagem que ultrapasse os limites de investigação atuais, levando a uma praxis interdisciplinar capaz de reunir suas muitas facetas. O saber turístico em construção tem reconhecido esta tendência e se apoiado numa estrutura cada vez mais ampla, pois como afirma Fazenda (1999, p. 15): “o pensar interdisciplinar parte da premissa de que nenhuma forma de conhecimento é em si mesma exaustiva. Tenta, pois, o diálogo com outras fontes do saber, deixando-se irrigar por elas”. Além destes aspectos, a atividade turística, tem sido considerada uma alternativa viável para a consolidação de conceitos contemporâneos como o de sustentabilidade. Nesse sentido, a educação turística deve contribuir para despertar nos futuros profissionais e estudiosos da área, a responsabilidade social, ética e ambiental que a prática do turismo exige. Assim, o ensino superior do turismo no Brasil se desenvolve buscando contemplar os aspectos multidisciplinares que o integram; a aplicação da teoria vivenciada na prática; em dar significância aos conhecimentos por meio da participação de programas de estudo em empresas turísticas; em promover a cooperação entre as universidades e o mercado de trabalho, bem como em práticas pedagógicas motivadoras e que incentivem a realização de pesquisas aplicadas. (ANSARAH, 2002) Nesse contexto, percebe-se que a superação do entendimento do fenômeno turístico pode 3533 ser ampliada considerando as muitas combinações científicas visualizadas por meio da aplicação de visitas técnicas como estratégias de aproximação teórico-práticas. 2 PROGRAMAS DE APRENDIZAGEM: TURISMO E MEIO AMBIENTE E SOCIOLOGIA DO TURISMO Segundo IMBÉRNON (2000, p.82), os desafios para a Educação neste novo século são: O direito à diferença e a recusa a uma educação excludente; a educação ambiental como mecanismo fundamental de preservação e melhoramento da natureza; a educação política dos cidadãos como uma educação para a democracia; uma reformulação da função dos professores; as alternativas à escola como espaço físico educativo. Como podemos perceber, a questão ambiental é fator fundamental na discussão acadêmica, portanto esta proposta visa tornar consciente o aluno de Turismo, por meio da análise Sociológica, da sua participação na conscientização das pessoas e na preservação dos recursos naturais. E como decorrência deste novo paradigma de desenvolvimento social, percebe-se uma tomada de consciência dos problemas ambientais, surgindo propostas de um desenvolvimento alternativo voltado para a sustentabilidade. Porém, como todo processo de transição para um novo paradigma, o crescimento econômico insustentável ocasionou, segundo Dias (2003, p.13): Aumento dos problemas ambientais como: contaminação do ar, dos mananciais de água doce e dos mares; esgotamento de recursos naturais; efeito estufa; diminuição da biodiversidade; diminuição da camada de ozônio etc., transformando o meio ambiente em prioridade na agenda internacional, integrando a pauta de diversas áreas, inclusive o Turismo. Este modelo tradicional de desenvolvimento baseado na geração de renda por meio da exploração dos recursos naturais foi gradativamente sendo substituído a partir da década de 80 para uma concepção onde a base é a sustentabilidade, isto é, procurar atender as necessidades das gerações atuais sem comprometer as necessidades das futuras gerações. Desta forma, o conceito de desenvolvimento sustentável foi adotado pela Organização Mundial do turismo (OTM), incluindo a prática do Turismo Sustentável, isto significa que os recursos naturais, históricos e culturais para o Turismo devem ser preservados para uso contínuo no futuro, bem como no presente. 3534 Conforme Castrogiovanni (2003, p.48) “A Sustentabilidade busca inicialmente a melhoria da qualidade de vida humana, conservando a vitalidade e a diversidade existente no Planeta.(...)Como toda prática de vida, a opção pela sustentabilidade depende de postura política”. Esta postura depende de uma mudança de mentalidade em relação ao ambiente frente ao discurso capitalista. Segundo Dias (2003, p.17), o surgimento de novas formas de Turismo foram favorecidas por algumas circunstâncias: O aumento da consciência da necessidade de preservação dos recursos naturais; A necessidade psicológica das pessoas de encontrarem alternativas de lazer diferentes das praticadas nos grandes centros urbanos; Maior aproximação de formas simples de vida em contraposição à complexidade da vida moderna nos grandes centros urbanos; Busca de melhor qualidade de vida, que traduz em maior interação com a natureza. Verifica-se, portanto, o surgimento de um turista mais exigente com a qualidade ambiental como forma de preservar a natureza e conseqüentemente a própria existência do homem. Os Programas de Aprendizagem de Turismo e Meio ambiente e Sociologia do Turismo, tem como aptidões e competências a serem desenvolvidas pelos alunos, entender o Turismo como fenômeno coletivo e seu impacto social, cultural, político e econômico. Impactos socioculturais, econômicos e ambientais negativos acontecem e seus efeitos sobre a natureza e as culturas locais são indesejáveis, é necessário um trabalho de conscientização dos alunos para um planejamento e gestão que possam minimizar ou prevenir tais problemas. A partir de uma estratégia de ensino baseada em uma Visita Técnica, sob o ponto de vista de quatro Programas de Aprendizagem acreditamos que o aluno possa ter uma visão integral dos problemas vivenciados pela comunidade visitada e assim contribuir com soluções ou propostas de ação que estejam de acordo com suas necessidades. 3 PROGRAMAS DE APRENDIZAGEM: LAZER E TURISMO E ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS Em relação ao Programa de Aprendizagem de Lazer e Turismo, o aluno tem a possibilidade em discutir o lazer como um fenômeno recente e estudado por muitos sociólogos como Domenico de Masi e Joffre Dumazedier. De acordo com a história, o conceito que se tem atualmente, surgiu a partir da Revolução Industrial, na qual as pessoas possuíam tempo de trabalho e não-trabalho (denominado tempo livre ou disponível). Este período foi marcado por um novo modelo de 3535 produção com a ascensão da mecanização industrial, no qual a mão-de-obra era explorada ao máximo. O modelo fabril trouxe consigo implicações não somente de ordem econômica, separação entre capital e trabalho, como também no aspecto social, inchaço dos centros urbanos, doenças, condições salariais, bem como de trabalho desumanas e em contrapartida o enriquecimento dos proprietários das fábricas. De acordo com esse quadro desigual, pode-se verificar que também foi momento de luta entre classes, proletariado e burguesia industrial. Período de reivindicações dos direitos trabalhadores, sendo um deles menos horas de trabalho e mais tempo para descanso e práticas de atividades de lazer. Nota-se que o lazer nos dias atuais ganhou proporções, as pessoas fora do seu período de trabalho possuem muitas opções para ocupar o seu tempo livre. Além disso, segundo WERNECK (2001, p. 13) “os três segmentos mais promissores: a tecnologia da informação, as telecomunicações e a indústria do lazer e seus componentes básicos – turismo, entretenimento, transporte alimentação, hotelaria, ecologia”. Assim, o a expansão desta área indica oportunidades de negócios, crescimento no mercado de trabalho e geração de renda. Para tanto, torna-se necessário à preparação dos profissionais que atuarão nesta área. Na formação do profissional é necessário estudar matérias que estimulam um pensamento crítico sobre história, a cultura, o meio ambiente, o homem e a sociedade. Concomitante à formação geral, deve-se proporcionar o conhecimento disciplinar específico do curso, sempre voltado a ensinar o acadêmico recriar e não copiar programas, projetos, metodologias e atividades. (PIMENTEL, 2003, p.75) Desta forma, o Programa de Aprendizagem de Lazer e Turismo do Curso de Turismo da PUCPR, tem como principais objetivos analisar as relações existentes entre trabalho e tempo livre, reconhecendo a importância do lazer na sociedade e, sobretudo relacionar o lazer com a atividade turística. Torna-se essencial as compreensões teóricas sobre esses temas. No entanto, um trabalho prático enriquece o conhecimento adquirido em sala de aula e pode favorecer maior assimilação do conteúdo, ainda, proporcionar uma visão mais ampliada relacionando com outros temas que envolvem a turismo. Tendo em vista estes aspectos, de proporcionar prática pedagógica, bem como ao mesmo tempo inter-relacionar outros temas ligados à área, é que foi proposto juntamente com os Programas de Aprendizagem de Meio Ambiente e Turismo e Sociologia do Turismo a Visita Técnica para a 3536 Ilha do Mel - PR, tendo como público-alvo os alunos do 4º Período do Curso de Turismo da PUCPR. Por meio da seleção de imagens da Ilha do Mel, puderam observar as atividades de lazer de acordo com interesses, fossem eles intelectuais, turísticos, físicos, manuais, artísticos, bem como as que proporcionem convívio entre as pessoas. A partir desta perspectiva lançou-se o desafio aos alunos quanto à organização da exposição de fotografia, proposta pelo Programa de Aprendizagem de Organização de Eventos que teve como objetivo principal, desenvolver aptidões, competências e habilidades nos alunos quanto à compreensão da importância dos eventos e um destino turístico, a diferenciação dos tipos de eventos, e os componentes que envolvem a organização de um evento com duas práticas distintas. Segundo Matias (2002, p. 61), evento significa: Ação profissional mediante pesquisa, planejamento, organização, coordenação, controle e implantação de um projeto, visando atingir seu público-alvo com as medidas concretas e resultados projetados. O evento realizado sob a ótica de sua singularidade e particularidade, contemplou a tipologia específica de exposição, caracterizada por “exibição pública de produção artística, industrial, técnica ou científica”. (MATIAS, 2002, p. 66) A incumbência das equipes era colher material que contemplasse as visões da Sociologia, do Lazer, do Meio Ambiente e de Eventos, para posteriormente organizar a exposição explicativa sobre a integração dos Programas de Aprendizagem. Deste modo os registros fotográficos foram cuidadosamente selecionados pelos alunos que ao montar a exposição, por seu total comprometimento e integração, quanto ao objetivo da atividade, obtiveram resultados surpreendentes ao verificarem que as pessoas ao visualizarem a exposição percebiam nitidamente a integração proposta, e a interdisciplinaridade entre os Programas de Aprendizagem envolvidos. 4. A OPINIÃO DOS ALUNOS SOBRE A VISITA TÉCNICA Conforme o grupo A, a visita foi de grande importância, “pois temos a vivência e experiência de estar no local a ser estudado, sentindo pessoalmente as necessidades do lugar em seu aspecto real e verdadeiro, conhecendo a cultura e história do local e também apontando idéias e sugestões de melhoria para a população”. 3537 Para o grupo B, foi uma viagem bastante proveitosa para enriquecer ainda mais os conhecimentos e ver na prática o que estudamos nos primeiros anos de faculdade, a teoria e a prática se completam. Os alunos do Grupo C relataram que os resultados da pesquisa foram surpreendentes pois as respostas provindas dos entrevistados trouxe uma nova visão da Ilha do Mel, diferente do que se vê nas revistas, jornais, internet, etc. De acordo com o relato do grupo D para a Ilha do Mel continuar a ser um paraíso é necessário tomar providências quanto à conscientização tanto do turista como da população local, as leis devem ser cumpridas e as taxas repassadas a seus devidos interessados. Na opinião dos alunos:do grupo E, a visita técnica foi de grande valia para toda a turma, pois puderam observar que falta para os responsáveis da ilha, ou seja, seus habitantes e empreendedores, perceberem a sua importância para o futuro deste belo atrativo. Conforme elas relatam ”nas caminhadas que fizemos na ilha, observamos muitos aspectos positivos e negativos. Existe lixo espalhado pelas trilhas, mas percebe-se que não é só lixo de turista como citam os moradores nas entrevistas, entulhos e restos de materiais de construção não foram deixados pelos turistas”. Conforme o grupo F eles puderam constatar que não existe uma preocupação muito grande dos moradores com a preservação do meio ambiente. Segundo o grupo G é importante limitar a visitação à Ilha do Mel para a sua preservação ambiental, e o dinheiro da taxa deveria ser utilizado para melhoria de saneamento básico e na saúde, pois lá não existe um posto de saúde e atendimento hospitalar para os moradores e turistas. E finalizando o opinário dos alunos, o grupo H concluiu que a Ilha possui uma grande diversidade de paisagens naturais belíssimas, é um lugar onde a intervenção do homem ainda não foi tão grande, mas já se nota as suas mudanças e alguns aspectos negativos são encontrados na região, como: sujeira nas trilhas e praias, falta de infra-estrutura para melhor atender os visitantes, falta de consciência dos moradores com relação à importância de preservação do patrimônio cultural e ambiental da região. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O curso de Turismo da PUCPR em seu projeto pedagógico prevê como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem a contemplação de visitas técnicas que permitam a visão sistêmica do fenômeno turístico em consonância com diferentes campos do saber inerentes à formação do Bacharel em Turismo. 3538 Desta maneira, a Visita Técnica para um determinado destino turístico proporciona o conhecimento do local de estudo, compreensão da estrutura e seus fenômenos sociais. Torna-se importante analisar os aspectos relevantes da localidade, contextualizá-los dentro do tema de estudo e, principalmente, elaborar produção sobre os resultados alcançados. Práticas pedagógicas desse caráter favorecem de sobremaneira o aprendizado dos alunos, não somente em um programa de aprendizagem, como também, proporciona compreensão do todo, relacionando outros conteúdos estudados. Portanto, cabe às Instituições de Ensino Superior nos cursos de Turismo, possibilitar ao aluno a análise do Turismo enquanto um fenômeno social, cultural e econômico, ultrapassando os limites de uma única disciplina para uma atitude interdisciplinar. A partir dos relatos dos alunos pudemos constatar como este recurso é importante para o aprendizado. Ao opinar sobre a experiência, foi mencionado o quanto aprenderam com esta visita, relacionando a teoria apreendida nos Programas contemplados nesta viagem à realidade observada, conhecendo a história do local, sua cultura e o comportamento das pessoas. O que antes era visto de maneira informal enquanto Turistas, sob o ponto de vista acadêmico a Visita Técnica favorece um olhar crítico que promove o desenvolvimento da percepção da paisagem de forma contextualizada e integral. O Turismo segundo a Organização Mundial de Turismo (1995) é o setor da economia que mais cresce na atualidade, abrindo possibilidades de empregos diretos e indiretos. Mas, por outro lado, o relacionamento do turismo com o meio ambiente é muito complexo, pois envolve muitas atividades causando efeitos ambientais diversos ocasionando impactos negativos que podem gradualmente destruir os recursos ambientais dos quais depende o Turismo. É importante, pois, que estes profissionais conheçam as exigências desta nova sociedade, para atuar de maneira eficiente nesta realidade. Conforme Capra : A compreensão de que todos nós compartilhamos esta Terra será a fonte de um novo código ético. A imagem de uma futura Terra sustentável tem sido pintada com grandes pincéis. O desafio das décadas vindouras é aprimorar com detalhes, através do trabalho das corporações, dos governos, das organizações ambientais, dos partidos políticos e dos cidadãos. Nós acreditamos que o ideal da sustentabilidade é uma preciosa meta, incitante para os seres humanos, cansados de uma época esbanjadora e destrutiva. Promete um sentido de segurança e oportunidades para esforços de colaboração internacional, que tem estado ausentes da Terra nas décadas recentes.(2004) 3539 Podemos dizer que o turismo na sociedade que emerge, supera a visão econômica e se firma pelas dimensões política, social e cultural. Neste momento histórico marcado pela mudança, onde novas tecnologias foram criadas, transformando o cotidiano das pessoas, faz-se necessária também uma reflexão em torno de nossas práticas em um turismo capaz de criar efeitos benéficos no meio ambiente, avaliando o compromisso que temos com as novas gerações, contribuindo para a conservação e o aumento da consciência ambiental. Através destas reflexões, percebe-se que o turismo tem despertado interesse para investigação científica e que o ensino sobre suas múltiplas faces, de forma integrada, pode contribuir para a formação do Bacharel em Turismo comprometido com a produção significativa do saber turístico. Neste sentido, muitas são as perspectivas previstas para a consolidação da interdisciplinaridade como facilitadora do ensino do turismo no contexto universitário. Entretanto, não basta que tais proposições sejam impostas a um grupo para que sejam executadas, mas sim, que haja a compreensão da complexidade do fenômeno turístico como um todo dentro da ação pedagógica por meio da atitude interdisciplinar que deve ser tomada por cada professor, para então sedimentar-se em todo o corpo docente. REFERÊNCIAS ANSARAH, M. (1995) Turismo em análise: Educação e Formação do Bacharel em Turismo.São Paulo, ECA. BAHL, M. (2002) Novas diretrizes curriculares (artigo). Brasília: MEC. BENI, M. (1998) Análise Estrutural do Turismo. São Paulo, SENAC. CASTROGIOVANNI, Antonio C; GASTAL,Susana.Turismo (des)inquietações.Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. na pós- modernidade CAPRA, F. Palestra na Fiep em 2004, baseada em seu último livro As conexões ocultas: a ciência para uma vida sustentável. DIAS,Reinaldo. 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