O velho relojoeiro
O velho relojoeiro
Por Jefferson Santos
Data de Publicação: 17 de Junho de 2015
Breves considerações sobre o conhecimento agregado.
Em um subúrbio londrino existia um relojoeiro, já com idade avançada. Trabalhar, para
ele, era a razão de sua vida. Ensinar seu ofício era um prazer constante. Poucos,
entretanto, tinham a paciência com a qual ele se dedicava aos relógios de todo o tipo.
Seus aprendizes não tinham a mesma abnegação e logo desistiam. Ele já havia
consertado muitos relógios ao longo de sua vida.
Certa feita, um rico senhor apareceu em sua modesta lojinha. Com desdém, quase sem
disfarçar a repugnância por aquele estabelecimento tão diferente das lojas de classe alta
que ele freqüentava, abordou o humilde artesão. "Meu caro senhor! Aqui tenho um
relógio muito raro. Ele está com um defeito que, até agora, nenhum especialista, nesta
ilha ou fora dela, conseguiu descobrir." "O que podes fazer?!" "Quanto tempo levarás
para consertá-lo?!"
Sem disfarçar sua descrença naquela, para ele, simplória figura, muito distante de sua
casta, o empinado senhor pousou suavemente o relógio na mesa da oficina. Já em
retirada exclamou: "Outros especialistas levaram muito tempo com ele e nada
consertaram! Espero que não tome muitos dias para descobrir! Cuidado!! É uma peça
rara!"
Sem nada dizer o velho calmamente pegou sua lente monocular, buscou em uma caixa de
ferramentas uma haste muito fina e longa. Abriu a raridade e detidamente analisou seu
interior. Com firmeza, adentrou a ferramenta por trás das engrenagens antigas e
robustas. Alcançou uma haste muito delicada, quase invisível. Recolocou-a no lugar e
devolveu o relógio para o impávido aristocrata. "Aí o tens funcionando perfeitamente!"
Ainda sem acreditar no que via, o elegante senhor perdeu a rigidez e quase curvando-se
em gratidão exclamou: "Como pode?! Tão rápido!!! Quanto custa?" Sem titubear o velho
respondeu: "São duas mil libras, caro senhor!" Sem acreditar no que ouvia o petulante
cliente exclamou: "Que ultraje!! Tal preço por um trabalho que não durou um minuto!!!"
Sem querelas, o velho tomou delicadamente o relógio do nobre, introduziu a pinça e
retirou a haste de seu recanto. Devolveu a relíquia para o espantado homem: "Toma! Vai
procurar quem te faça mais barato!"
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O velho relojoeiro
Essa estória nos ilustra a segurança e a competência geradas pelo conhecimento
agregado com trabalho diligente. O valor cobrado recompensava anos de experiência e
dedicação, que permitiram ao mestre corrigir tão rapidamente o defeito. Ao colocar o
relógio na condição original, ele impôs o devido respeito que sua excelência reclamava...
Pois sabia que poucos, ou mesmo ninguém, poderia resolver o problema sem danificar a
raridade.
Como toda fábula, essa traduz-nos verdades simples, colhidas de experiências
vivenciadas.
Quantos relógios você já consertou em sua carreira?!?! Quais deles eram raridades?!?!
Pense sempre nessa fábula! Procure desenvolver e aplicar a excelência em tudo o que
você fizer e a recompensa lhe virá de forma natural e consequente.
Boa sorte!
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