Universidade Estadual de Campinas
Fórum Permanente de Conhecimento e
Tecnologia da Informação
realização: CGU/CORI
organização: PREAC/IE
Gestão do Conhecimento
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Uma questão instigante
Se foi sempre vital para todas as ações dos homens, inclusive
as de ordem econômica, por que só recentemente surgiu uma
maior preocupação com o conhecimento como relevante ativo
econômico e fator de produção e que, portanto, deve ser
gerido?
O que haveria na raiz da valorização recente de algo que, na
realidade, teria sido sempre importante?
Quais as bases da gestão do conhecimento?
Possível resposta: fonte de desempenho elevado e sustentável
- preservação e ampliação de posições competitivas - transita
da detenção e comercialização de ativos tangíveis para ativos
intangíveis e dynamic capabilities conteúdo tácito  só
pode ser compartilhado de forma voluntária.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Alguns autores que fornecem um referencial para a
compreensão do tema:
Crawford, 1994;
Davenport, 1998;
Dosi, 1988;
Hamel e Prahalad; 1997
Manasco, 1997;
Nonaka, 1998;
Penrose, 1959;
Schumpeter, 1942;
Stewart, 1998;
Teece, 1998
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Estrutura da apresentação
Empresa
Conhecimento como um ativo
Gestão do conhecimento: o que é; requisitos e racionalidade
fonte de diferenciação
acentua as assimetrias
fonte de vantagens competitivas sólidas, meio de
preservar e ampliar posições competitivas
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Noções necessárias para delimitar a questão no âmbito
das empresas
Empresa: meio (um dos possíveis) para a valorização do
capital, mas também fonte de recursos diversos, dotada de
uma história,
uma trajetória,
um conjunto de recursos herdados (acumulados),
relações internas (formais e informais) próprias,
um conjunto de competências
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Competências: capacitações tecnológicas e comerciais e
habilidades únicas, traço distintivo da empresa (Penrose, 1959).
O que diferencia uma empresa de outra: modo pelo qual as
atividades são administradas, de maneira a que competências
sejam traduzidas em vantagens competitivas.
Esses elementos, por seu caráter único e por seu conteúdo em
grande parte tácito, portanto “monopolizável” e dificilmente
copiável, constituem:
eixo de coordenação do processo de crescimento,
síntese dos conhecimentos e experiências acumulados na
organização,
fonte de vantagens competitivas consistentes.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Consolidação dessas vantagens: requer considerar fortemente
as pessoas que interagem na empresa; é nelas que reside o
conhecimento  adoção e a integração de novos processos e
ferramentas de gestão que favoreçam:
a experimentação,
a aquisição de conhecimentos,
sua difusão
Isto é, criar condições favoráveis à comunicação, ao
aprendizado e ao compartilhamento.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Racionalidade da gestão do conhecimento: uma
possível interpretação
A maior atenção aos recursos humanos e suas relações,
formais e informais, no interior da empresa como fator
relevante na construção das competências e no resultado
final da empresa teve como natural desdobramento o foco
crescente nas questões relativas à aprendizagem e ao
conhecimento e à sua gestão.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Racionalidade da gestão do conhecimento: uma
possível interpretação
Revisão das formas de relações com as novas tecnologias de
informação e comunicação e com o ser humano 
identificação e valorização das experiências e conhecimentos
acumulados pelas pessoas nas organizações  funcionário
criativo, que acumula conhecimentos específicos e se dispõe a
compartilhá-los, volta a ser valorizado.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Racionalidade da gestão do conhecimento:outra
possível interpretação
Objetivo das empresas: permanência continuada no mercado.
Requer estratégias, mecanismos e ações que permitam
adequada taxa de retorno  importância da construção de
vantagens competitivas (dificilmente imitáveis) pela inovação.
Atual contexto econômico: intensificação do processo de
mundialização e liberalização dos mercados; aceleração do
esgotamento de produtos; fragilização das bases das vantagens
competitivas tradicionais; rápida difusão das inovações 
intensificação da concorrência entre empresas  busca por
inovações torna-se imperiosa.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Racionalidade da gestão do conhecimento: outra
possível interpretação
Inovações tecnológicas: mais facilmente difundíveis.
Tecnologias de informação e comunicação: meios facilitadores
da implantação das técnicas de gestão do conhecimento 
necessárias, apesar de não suficientes.
Têm custo significativo, não estão livres no mercado  não
acessíveis a todas as empresas.
Se de fato forem necessárias para a implantação da gestão do
conhecimento, esta tenderá a acentuar as assimetrias entre
empresas, reforçando seu caráter de fonte de vantagem
competitiva.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Racionalidade da gestão do conhecimento: outra
possível interpretação
Inovações organizacionais: maior capacidade de resistência
no processo de difusão (recursos herdados, expectativas,
caráter tácito e subjetividade dos ativos envolvidos).
Conteúdo tácito e processo anterior de aprendizado de cada ser
humano (sua “inteligência”) ou de cada firma (suas rotinas): a
partir de uma mesma informação, diferentes agentes produzem
diferentes conhecimentos  fonte de vantagens competitivas.
Evidenciam-se a racionalidade empresarial e a funcionalidade
da Gestão do Conhecimento para os objetivos das empresas.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Racionalidade da gestão do conhecimento: outra
possível interpretação
Busca de melhorias tecnológicas e organizacionais é um
processo cumulativo  conhecimento, importante por si e por
seus desdobramentos.
No processo de aprendizado, queimam-se etapas já sabidas;
cada trajetória é importante para a sua continuidade 
dependência do caminho escolhido no desenvolvimento do
conhecimento  aumento do estoque de conhecimentos de
uma organização depende do patrimônio (estoque) anterior.
Detenção do conhecimento  “monopólio” econômico e
vantagens decorrentes.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Racionalidade da gestão do conhecimento: outra
possível interpretação
Reconhecimento da importância do conhecimento como o
recurso mais valioso de qualquer organização não é novo.
As mais diversas organizações sempre procuraram mantê-lo
sob seu domínio, “moldando-o” , mantendo-o sob controle e
direcionando-o para determinados objetivos.
Conhecimento tem certo grau de apropriabilidade interesse
na sua produção interna e privada, como fonte de vantagens de
diferenciação e de maior e sustentável lucratividade.
Uma das formas: reter as pessoas que detêm o conhecimento
considerado relevante.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Racionalidade da gestão do conhecimento: outra
possível interpretação
No contexto atual, impulso à busca de inovações na forma de
gestão das empresas, freqüentemente ocorre em paralelo a
intensos processos de reestruturação, com dispensa de pessoas,
as detentoras do conhecimento  crucial preservar o
conhecimento; torná-lo “propriedade” da organização.
O novo então é a mudança qualitativa na forma de reter o
conhecimento: tentar transformá-lo de ativo de uma pessoa em
ativo coletivo (na organização), dissociando a preservação do
conhecimento na empresa, da retenção das pessoas.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Racionalidade da gestão do conhecimento
Percepção nas empresas: a gestão do conhecimento de algum
modo contribui para ampliar de maneira sustentada a taxa de
retorno  crescente difusão (apesar de ainda restrita) dessa
“prática” organizacional.
Gestão do Conhecimento: forma como é tratado o
conhecimento na organização e os meios empregados para
isso; novidade do ponto de vista da estrutura organizacional
nova prática gerencial  “ativos intangíveis”  redução,
ou mesmo ausência, de hierarquia, para que informação,
comunicação, aprendizado e conhecimento fluam rapidamente.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Alguns conceitos sobre o conecimento
Conhecimento observável: grandes parcelas de tecnologia e
de “conhecimento” podem ser facilmente observadas quando
se analisa um produto, sendo sempre possível realizar imitação
conceitual ou engenharia reversa.
Conhecimento não observável: conhecimento e tecnologia de
processo indisponíveis à primeira vista para imitação ou
reversão  parte significativa dessas tecnologias e desses
conhecimentos pode ser protegida por seus proprietários se
estes o desejarem  desconsiderado o mecanismo de
patentes, a tecnologia de processos é mais resguardável que a
tecnologia de produto (Teece, 1998).
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Alguns conceitos sobre o conhecimento
Dois “tipos” de conhecimento: explícito e tácito
Explícito: “pode ser expresso em palavras e números e
compartilhado nas formas de dados, fórmulas científicas,
especificações e manuais; pode ser prontamente transmitido
entre indivíduos formal e sistematicamente” (Nonaka, 1998).
Codificável - transmissão não requer de forma incisiva o
contato direto entre transmissor e receptor, podendo se dar de
forma impessoal (Teece, 1998).
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Alguns conceitos sobre o conhecimento
Tácito: “altamente pessoal, difícil de ser formalizado,
dificilmente visível, ‘expressável’, comunicado ou
compartilhado com outros; constitui-se de compreensões
subjetivas, de intuições; está fortemente associado às ações e
às experiências dos indivíduos, assim como a seus valores,
ideais e emoções” (Nonaka, 1998).
Não codificável - difícil articulação em uma forma
significativa e completa; transferência é um processo lento e
custoso; presença de elementos intangíveis da habilidade que
não podem ser formalizados em palavras  mais sujeito à
ambigüidade e a erros de compreensão (sempre se sabe mais
do que se é capaz de repassar aos outros); requer a interação
transmissor/receptor (Teece, 1998).
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Alguns conceitos sobre o conhecimento
Duas dimensões para o conhecimento tácito: dimensão técnica
e dimensão cognitiva
dimensão técnica - “abarca habilidades e talentos pessoais
informais, o know-how”
dimensão cognitiva - “constituída de crenças, valores, ideais,
esquemas e modelos mentais que indivíduos têm de forma
arraigada e que se admite como verdadeiro; apesar de ser
difícil de ser articulada, essa dimensão do conhecimento tácito
modela a forma como cada indivíduo percebe o mundo”
(Nonaka, 1998).
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Propriedades do conhecimento
Quanto à difusão e à auto-reprodução - ao contrário de
outros recursos, não se degrada nem perde valor quando
difundido ou transacionado; aumenta e regenera-se à medida
que é utilizado;
Quanto à substitutibilidade - pode, em certas
circunstâncias, substituir ou reduzir a utilização de outros
fatores; status de “ativo” e “fator de produção”, mas com
características peculiares;
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Propriedades do conhecimento
Quanto à transportabilidade - com as novas tecnologias,
pode atravessar o globo em segundos;
Quanto à possibilidade de compartilhamento - a troca e a
partilha de experiências e conhecimentos validam os
resultados do trabalho e reforçam as competências dos
agentes envolvidos, daí pessoas e empresas buscarem o
compartilhamento do conhecimento (Crawford, 1994)
Evidências para que organizações percebam o potencial
advindo da detenção, produção e utilização do conhecimento,
e sua gestão.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Gestão do conhecimento
Questão: como tornar o conhecimento propriedade da
empresa, um de seus ativos (intangível)?
Trata-se de criar condições favoráveis para a
motivação, a criação e a perpetuação do conhecimento
e valorizá-lo como um bem que não se esvai, não se
gasta, mas está sujeito à obsolescência: reside aqui o
desafio da gestão do conhecimento.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Gestão do Conhecimento
Configurar estrutura, desenvolver mecanismos, direcionar
meios e orientar ações de forma a criar, utilizar, potencializar,
compartilhar, armazenar e mensurar o conhecimento, em
especial o tácito, com vistas a melhorar os resultados da
organização.
Forma de se prover mecanismos – mesmo que temporários
– de adaptação aos novos requisitos da concorrência.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Gestão do Conhecimento
Requer como práticas: a aquisição e compartilhamento, a
retenção e a medição do conhecimento.
Importância da criação de espaços de compartilhamento;
estabelecimento de relações de aprendizado com funcionários,
fornecedores e clientes, gestão dos ativos intelectuais e da
mensuração do valor do conhecimento  por quais meios e
em qual intensidade o conhecimento agrega valor  busca
de elo quantitativo entre o valor do ativo do conhecimento –
intangível – e os resultados – tangíveis.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Ambiente para a gestão do conhecimento
Espaços de compartilhamento (Bas) - “locus” para a
emergência de relacionamentos (Nonaka, 1998).
Pode ser um espaço físico (ex. um escritório), virtual
(conexões eletrônicas/informatizadas) ou mental (
compartilhamento de idéias, valores e experiências), o contato
direto com clientes, etc.
Virtude: meio para que se avance nos conhecimentos
individuais e coletivos; base sólida para o compartilhamento
do conhecimento; meio de transferi-lo da esfera pessoal para a
esfera da empresa; transformá-lo em um novo conhecimento;
tornar insights individuais em traços distintivos da
organização; ... torná-lo um ativo da organização; esse é o
“estado” do conhecimento que o torna fonte de vantagem
competitiva sustentável.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Ambiente para a gestão do conhecimento
Criação e gestão do conhecimento - processo, crescente e em
forma de espiral, de interações entre conhecimentos explícito e
tácito (Nonaka,1998).
Desenvolve-se em quatro distintas fases (no interior de “Bas”):
socialização - compartilhamento de conhecimento tácito, a
partir da convivência natural e da proximidade física (contato
face a face);
externalização - expressão do conhecimento tácito em uma
forma tangível, que possa ser compreendida por outros
(diálogo e uso de metáforas para a conversão de
conhecimentos tácitos em explícitos);
De conhecimento tácito pessoal para conhecimento da
empresa.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Ambiente para a gestão do conhecimento
combinação - conversão de conhecimento explícito em
conjuntos mais complexos de conhecimento explícito, uso
intensivo de tecnologias, a comunicação, os processos de
difusão e de sistematização do conhecimento são cruciais
(interações face a face não são essenciais; possibilidade para
interações no mundo virtual; a lógica cartesiana deve
prevalecer)  adensamento do conhecimento explícito das
organizações;
internalização - conversão de conhecimento explícito em
conhecimento tácito organizacional, por meio de learningby-doing, treinamento e exercícios, para que o conhecimento
explícito seja encorpado em ações e práticas (visando à
assimilação do conhecimento explícito).
De conhecimento explícito para conhecimento tácito da
empresa  identidade própria, fator de diferenciação.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Conclusão
Objetivo da gestão do conhecimento: transformação da
organização em um grande espaço de compartilhamento e de
aprendizado; não de um aprendizado qualquer, mas sim de
um aprendizado que possibilite o alcance de vantagens
competitivas amplas e sustentáveis.
Compartilhamento do conhecimento deve contribuir para o
desenvolvimento pessoal e coletivo: funcionários adquirem
novos conhecimentos; consumidores, ao ceder informações a
seu respeito, podem obter produtos e serviços que atendam
melhor suas especificações.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Conclusão
Adoção da Gestão do Conhecimento, para ser virtuosa, o
deve ser para a empresa - por meio do aumento da
rentabilidade, da redução de custos e do aumento da
lucratividade - e para os funcionários, clientes, fornecedores e
demais agentes que com ela se relacionam.
Enfim, a gestão do conhecimento deve ser mais que o
processo formal e direcionado de pesquisa de informações
úteis à empresa e às pessoas que nela interagem.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Conclusão
A gestão do conhecimento tem como parte de seus
objetivos a construção das condições necessárias para
o reconhecimento da importância de compartilhar
conhecimentos.
A partir desse reconhecimento criam-se as bases para a
a construção de uma "rede articulada de
conhecimentos", que deveriam representar fontes de
agregação de valor para as pessoas, para a
organização, para a sociedade.
Bases Conceituais da Gestão do Conhecimento
Conclusão
Capacidade de trabalhar em equipes, de se relacionar, de
participação ativa, de aprender e de compartilhar conhecimentos,
requisito cada vez mais fundamental, mas a predominância de
ambientes internos instáveis e não favoráveis ao aprendizado
coletivo induz à retenção de conhecimentos como mecanismo,
mesmo que ilusório, de preservação.
Ora, os conhecimentos tácitos representam o recurso mais
valioso, talvez o “último” sob domínio dos funcionários. Se
assim é, por que detentores de competências próprias e de
conhecimentos tácitos os compartilhariam com possíveis
“concorrentes” no interior da empresa para que esta amplie sua
rentabilidade?
Esse continua a ser o desafio da gestão do conhecimento em
qualquer uma de suas acepções teóricas ou de implementação.
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Apresentação