LITERATURA INFANTIL MOÇAMBICANA
SOUZA, A;
VIEIRA, J. T;
SILVEIRA, M. R. M.;
ANDRADE, N. A;
SILVA, T. A. S.
Resumo: A literatura infantil produzida em Moçambique, como as demais
literaturas
africanas,
apresenta
uma
extensão literária
portuguesa.
Suas produções literárias surgem a partir de 1940, com obras publicadas por
escritores e intelectuais, em geral, de contestação ao colonialismo português.
Moçambique apresenta uma grande diversidade cultural como a maioria dos
países africanos, não possuindo uma identidade própria. Ao conquistar sua
independência, os líderes moçambicanos buscaram eliminar a língua dos
colonizadores portugueses, mas isso se tornou impossível diante das
diversidades linguísticas presentes no país. Como sabemos, Moçambique é
conhecida por sua cultura regional, suas vestes, etc. Sua literatura edificou- se
através das histórias e fábulas passadas de geração em geração,
não
deixando perder a magia de contar e ouvir histórias.
Palavras- Chave: Literatura, Moçambique, Infantil.
Abstract: Children's literature produced in Mozambique, like other African
literatures, presents an extension Portuguese literary. His literary productions
come from 1940, with works published by writers and intellectuals in general
opposition to Portuguese colonialism. Mozambique has a great cultural diversity
as the majority of African countries, not having an identity. On gaining its
independence, the Mozambican leaders sought to eliminate the language of
Portuguese colonizers, but that became impossible in the face of linguistic
diversity in the country. As we know Mozambique is known for its regional
culture, his clothes, etc. His literature built up through the stories and fables
passed down from generation to generation, leaving no losing the magic of
telling and listening to stories.
Keywords: Literature, Mozambique, Infant.
Introdução
Moçambique é um país situado na costa oriental da África e banhado
pelo Oceano Índico. Lá habitam um pouco mais que vinte e um milhões de
habitantes. Moçambique faz fronteira com África do Sul e sua população é
composta por uma diversidade de etnias e de variações linguísticas que se
encontram presentes em toda a África.
A literatura moçambicana busca, por meio dos fatos, a parceria e o
encontro com culturas diferentes, busca aprofundar os campos teóricos e fazer
análises do que realmente está tentando identificar, tenta explorar a ideologia
da época, além de discutir o passado para saber o que realmente aconteceu e
o que já se encontra concluído, mas de diferentes formas.
A literatura moçambicana surgiu em meio ao racismo de homens e
mulheres negros, que eram domesticados pelos brancos, porém eram
marcados como estereótipos negativos e tinham como características a
oralidade e transmissão das tradições e crenças. E, para combaterem a
sobreposição entre as culturas, vários escritores dedicaram-se à escrita de
uma literatura engajada, a qual teve relação com os acontecimentos
vivenciados pelos povos da época. Esse momento de preocupação resultou na
fase da literatura moçambicana, em que as obras apresentam os costumes,
crenças e tradições, e também serviu para mostrar que os negros e brancos
tinham os mesmos direitos de poder escrever sua própria história. Segundo
Tutikian (2006, p. 15), “A literatura é fonte de cultura e cultura é a fonte da
identidade”, desse modo, ela pretende cumprir a função de importante
elemento na construção de uma identidade nacional.
A literatura é cultura, pois mostra as identidades através das crenças e
costumes. A identidade de cada cultura mostra autonomia, religião, política e
economia de um povo.
Referência Metodológica
A literatura de Moçambique é escrita em língua portuguesa, sendo
comum ser mesclada com expressões moçambicanas, vindas de autores
moçambicanos. Essa literatura é representada por Paulina, Chiziane, José
Craveirinha, Mia Couto, entre outros. É uma literatura muito nova, durante um
tempo, a mesma era realizada somente por portugueses ou descendentes, pois
os moçambicanos não tinham escolarização e demorou um grande tempo para
que eles tivessem esse direito, que só começou no início do século passado.
Durante algum tempo, em razão do processo de colonização, o que se
tinha a respeito de textos literários dos países africanos se restringia aos
registros de descobrimentos. Contestando esse acrescentamento de culturas,
muitos escritores moçambicanos começaram a fazer uma literatura engajada,
tendo assim várias fases de acordo. A primeira delas foi fazer os leitores
raciocinarem sobre o que estava acontecendo em seu país através da
literatura. A segunda foi para expor as difíceis condições de Moçambique, em
que o autor Mia Couto mostra tudo isso em “Terra Sonâmbula”, publicado em
1992. A terceira e atual fase dessa literatura foi quando houve a preocupação
com o resgate da cultura africana.
Quando se fala da África, a realidade está sempre misturada
com o fantástico. Não se trata de algo mágico ou religioso, mas
de algo relativamente diferente: há toda uma cosmogonia, um
modo de entender sobre os vários mundos que compõem um
universo coexistem em harmonia. (CORRENTE D’ ESCRITAS,
2011 apud BRATKOWSKI, 2012, p. 108).
Nas obras estão claramente os costumes, as crenças e as tradições
desse povo. Para os moçambicanos, a realidade e o fantástico acatam a outra
ordem.
Realidade e história também vão transparecer nos textos
literários produzidos em Moçambique, que está passando pela
tentativa de afirmação identitária, pois o país não foi só
prejudicado nos campos da política e da economia, mas
também submetido à aceitação e à assimilação de uma cultura
diferente da sua. (BRATKOWSKI 2012, p. 108).
A literatura de Moçambique leva consigo, desde o tempo colonial, a
realidade desse povo, suas esperanças, suas angústias causadas pelos
conflitos que haviam, buscando mostrar suas raízes e suas culturas ancestrais.
Antes, era colocada em evidência a denúncia ao sistema colonial, a fé e a
esperança na edificação do socialismo, a convicção de que o caminho
escolhido conduziria à fantasia, ao sonho que eles tanto almejavam e, também,
pelos que morreram lutando contra os exércitos coloniais.
Hoje tais literaturas refletem as contradições e os desafios
vivenciados pelos povos africanos no chamado “mundo
globalizado”. Criticam as elites dirigentes e denunciam as razões
que levaram os projetos da utopia a naufragarem. Além disso,
ainda resgatam elementos importantes das culturas fundadoras,
trazem seus desenhos e nuances para as páginas dos livros, de
onde se ouve o tambor africano. Dado que diferencia o texto
africano de outros textos, mas que, ao mesmo tempo, o lança no
caleidoscópio de culturas do mundo globalizado. (MIRANDA,
2009, p. 56).
Essa literatura nos fornece rudimentos para podermos conhecer a
história da resistência contra o colonialismo, o qual ainda existe nas ideias e
representações nas sociedades pós-coloniais sobre negros e indígenas.
Conclusão
A literatura moçambicana tem fortes traços de sua realidade social. Tal
literatura expõe o desafio de viver em um mundo globalizado, criticando seus
dirigentes e resgatando elementos da sua cultura fundadora, trazendo- as para
as páginas de seus livros. A literatura infantil, em Moçambique, é caracterizada
como de pouco valor, assim os escritores optam pela literatura adulta, o que
leva as crianças a lerem livros de adulto, inadequados para a faixa etária, tendo
em vista sua capacidade de compreensão.
Sabemos que devemos estimular a criança a ter gosto pela leitura, mas
como, se colocamos diante dela livros com palavras complicadas e com
números de páginas assustadores? Em vez de estimular o gosto pela leitura,
estamos “matando” um provável leitor de sucesso. Um livro escrito para
crianças deve ter bastante ilustração e escrita prudente, sempre respeitando a
faixa etária dos pequenos leitores, o que leva os escritores moçambicanos a
preferirem escrever para adultos, mesmo tendo capacidade de escrever para
crianças.
Referências Bibliográficas
BRATKOWSKI, Bianca Rodrigues. O antes e o depois da independência:
vivências e tradições na literatura moçambicana. Boitatá, Londrina, n. 13, p.
102- 113, 2012.
MIRANDA, Maria de. Literatura Angolana e Moçambicana: espelho da
resistência e da disposição de construir um novo tempo. Augustus, Rio de
Janeiro, v. 14, n. 27, 2005.
TUTIKIAN, Jane. Velhas identidades novas: o pós-colonialismo e a
emergência das nações de língua portuguesa. Porto Alegre: Sagra Luzzatto,
2006
OLIVEIRA, Maria Anória de Jesus. Literatura Infanto-Juvenil Contemporânea
no Brasil e em Moçambique: Tecendo Negritudes. Itabaiana: Gepiadde, São
Paulo, V. 7, 2010.
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