CANTO E MÚSICA NA
LITURGIA
Sobre o canto litúrgico, a Instrução Geral do
Missal Romano diz:
“O Apóstolo aconselha os fiéis, que se
reúnem em assembleia para aguardar a vinda
do Senhor, a cantarem juntos salmos, hinos
e cânticos espirituais (cf. Cl 3,16), pois o
canto constitui um sinal de alegria do
coração (cf. At 2,46).
Conforme orientação do Concílio Vaticano II, a
música apropriada à liturgia é aquela que está mais
intimamente integrada à ação litúrgica e ao
momento ritual ao qual ela se destina”
(IGMR 39-40)
A música litúrgica expressa o mistério de Cristo e
a sacramentalidade da Igreja. O gesto
sacramental de cantar “a uma só voz” pressupõe
a participação ativa, interior, consciente, frutuosa,
plena de todo o povo sacerdotal congregado no
Espírito Santo, durante a ação litúrgica.
A ASSEMBLEIA
A assembleia litúrgica não é uma
simples congregação de pessoas,
como qualquer outra, reunida para
‘assistir’ a algo que acontece lá na
frente.
Uma vez constituída, mais que um
mero ajuntamento de pessoas, ela
é uma comunhão de cristãos e
cristãs, dispostos a ouvir
atentamente a palavra de Deus e
celebrar dignamente a Eucaristia.
Melhor ainda: é o próprio corpo de Cristo,
cujos membros somos cada um de nós.
E isto significa que, como tal, deve tratar-se de
uma assembleia altamente participativa, como
nos ensina o Concílio Vaticano II.
Dizia com estas palavras fortes o Concílio
Vaticano II: “Deseja ardentemente a Mãe Igreja
que todos os fiéis sejam levados àquela plena,
consciente e ativa participação das celebrações
litúrgicas, que a própria natureza da Liturgia
exige e à qual, por força do batismo, o povo
cristão, ‘geração escolhida, sacerdócio régio,
gente santa, povo de conquista’ (1Pd 2,9; cf. 2,45), tem direito e obrigação” (SC 14).
O canto litúrgico tem uma finalidade, um ritmo e
um modo próprio de ser. O canto litúrgico existe
para celebrar os Mistérios da fé.
É um modo de rezar, tanto assim que se atribui a
Santo Agostinho a frase: “Quem canta reza duas
vezes”.
No canto litúrgico os
dons de cada cantor ou
músico, devem ser
usados para exaltar o
Mistério de Cristo que é
celebrado e não a própria
pessoa ou grupo de
cantores.
O canto na Missa não é espetáculo e muito
menos animação das celebrações mas é parte
da própria liturgia.
O canto faz parte integrante da liturgia nas
celebrações.
Deste modo, merece um cuidado especial a
escolha relativa aos cantos litúrgicos que irão
ser cantados em uma Missa.
Há pelo menos duas condições para que o
canto na liturgia possa, de fato, ser oração:
Não podemos encarar o
canto litúrgico como
“divertimento” para tornar
a liturgia mais leve ou
agradável.
Devemos cantar e tocar
abrindo-nos à ação de
Deus que vem nos
transformar por meio do
canto.
Não podemos escolher qualquer canto para
a liturgia.
Cada canto deve respeitar o Tempo Litúrgico
e levar em conta o Mistério que está sendo
celebrado.
O canto litúrgico é diferente dos cânticos
que se cantam em encontros, reuniões ou
grupos de oração.
Grande parte da participação na liturgia é
assegurada pela música, pelo menos nos
domingos e dias festivos.
A música atrai, facilita a participação, porém,
pode causar também enormes estragos
espirituais se não for bem compreendida a
relação entre música e liturgia.
E, assim, em vez de se tornar uma aliada, acaba
impedindo a verdadeira participação com
devoção.
A escolha dos cantos litúrgicos pressupõe o
cumprimento de alguns critérios básicos:
 Os textos dos cantos sejam tirados da Sagrada
Escritura ou inspirados nela e das fontes
litúrgicas (cf. SC 121);
 O texto seja poético (evitando explicitações
desnecessárias,
moralismos,
intimismos,
chavões...);
 As melodias sejam acessíveis à grande
maioria da assembleia, porém, belas e
inspiradas;
 Não falte a dimensão comunitária, dialogal,
orante... nos textos e nas melodias.
 Seja levado em conta o tipo de celebração, o
momento ritual em que o canto será executado
e as características da assembleia (cf. SC 112)
 Sejam respeitados os tempo do Ano Litúrgico e
suas festas (cf. SC 107);
 Sejam levadas em conta as dimensões
comunitária, dialogal e orante nos textos e nas
melodias.
A música é a ‘alma’
da Liturgia.
O canto litúrgico
tem o poder de
unir as pessoas:
juntando nossa
voz à voz dos
irmãos e irmãs, ao
ritmo de instrumentos, vai-se criando em nós uma
abertura e uma consciência maior de
pertencermos e nos irmanarmos uns aos outros
em Cristo.
CANTAR O ADVENTO DO SENHOR
No início do ano litúrgico, ao
longo de quatro semanas, a
Igreja entoa um canto de
vigilante, amorosa e alegre
espera da vinda do Senhor, o
Príncipe da Paz, o Emanuel,
Deus-conosco. Este canto,
antes entoado pelos profetas,
João Batista e Maria, continua
ressoando no seio da Igreja
que clama: “Vem, Senhor, nos
salvar. Vem, sem demora, nos
dar a paz”.
CANTAR O NATAL DO SENHOR
Neste tempo, cantamos, com a euforia dos
profetas e evangelistas de todos os tempos, o
mistério da encarnação (Natal) e da
manifestação (Epifania) do Verbo de Deus, do
Príncipe da Paz, do Emanuel Deus-conosco.
A boa notícia é sobretudo para os pobres,
embora seja de alegria para todos os povos:
“A luz resplandeceu em plena escuridão”;
“Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorar
o Senhor”.
CANTAR A QUARESMA
Cantar a quaresma é, antes de tudo, cantar a dor
que se sente pelo pecado do mundo, que, em
todos os tempos e de tantas maneiras, crucifica
os filhos de Deus e prolonga, assim, a Paixão de
cristo. É um canto de penitência e conversão, um
canto sem “glória” e sem “aleluia”, um canto sem
flores e sem as vestes da alegria, um canto “das
profundezas do abismo” em que nos colocaram
nossos pecados (Sl 130)...
CANTAR A QUARESMA
... um grito penitente de quem
implora e suplica: “Tende piedade
de mim, Senhor, segundo a vossa
bondade, e conforme a vossa
misericórdia, apagai a minha
iniquidade” (Sl 50).
O hino da Campanha da
Fraternidade de cada ano
explicita o compromisso dos fiéis
na vivência concreta da
quaresma.
CANTAR O TRÍDUO PASCAL
Nesses três dias,
vivenciamos, de forma
condensada, o mistério
pascal de Cristo que se
desdobra nas celebrações do
“Tríduo Sacro” de sua morte,
sepultura e ressurreição.
CANTAR A CEIA DO SENHOR
O canto de abertura da Missa na Ceia do Senhor –
“Quanto a nós, devemos gloriar-nos na cruz de
nosso Senhor Jesus Cristo que é nossa salvação,
nossa vida, nossa esperança de ressurreição...” –
nos dá o “tom” do que será explicitado ao longo
da celebração:
CANTAR A CEIA DO SENHOR
É na glória dessa cruz que brilha o
mandamento do amor (lava-pés); é no
brilho dessa cruz que resplandece o
sacramento do amor (eucaristia); é no
resplendor dessa cruz que podemos
cumprir o pedido do Mestre: “fazei
isto em memória de mim”.
CANTAR A PAIXÃO DO SENHOR
Na Celebração da Paixão do Senhor, cantamos a
confiança do Servo Sofredor que se entregou, sem
reservas, nas mãos d’Aquele que o pode livrar “do
poder do inimigo e do opressor” (Sl 30,16) e
aguarda com ânimo forte e resistente a sua
salvação. Abandonando-nos com Cristo nas mãos
do Pai, cantamos a esperança da vitória de seus
fiéis seguidores, os “crucificados” de nossos dias.
CANTAR A VIGÍLIA PASCAL
Na noite do Sábado Santo, cantamos o
esplendor de uma luz que jamais se apagará.
Proclamamos as maravilhas de Deus que nos
libertou das trevas da morte e nos devolveu a
vida. Revigoramos nosso compromisso
batismal. E, enquanto nos alimentamos da
ceia eucarística, cantamos: “Celebremos
nossa páscoa, na pureza, na verdade, Aleluia!”
CANTAR A PÁSCOA DO SENHOR
O canto da Igreja no Tempo Pascal é
de exultação e de alegria.
Ressuscitados com Cristo, cantamos
sua glória, sua vitória sobre a morte.
O “aleluia” volta a ressoar em nossos
lábios, invadindo todo o nosso ser
com ardor sempre crescente, pois “as
coisas antigas já se passaram, somos
nascidos de novo!”
CANTAR O TEMPO COMUM
O Tempo Comum – o mais extenso do ano litúrgico
– nos possibilita desfrutar de outros aspectos da
vida e da missão de Jesus e seus discípulos, que
não são contemplados nos tempos do Natal e da
Páscoa. Cada domingo do Tempo Comum tem o
sabor de “páscoa semanal”.
CANTAR AS SOLENIDADES E FESTAS
Embora, ao longo de todo o
ano litúrgico, a Igreja celebre o
mesmo mistério de Cristo, no
decorrer da história foram
sendo agregadas ao
calendário litúrgico outras
celebrações do Senhor, da
Santíssima Virgem Maria e dos
santos e santas.
Deve-se promover cuidadosamente a
participação ativa de todo o povo de Deus
manifestada pelo canto. Quanto às equipes de
canto, compete-lhes garantir a devida execução
das partes que lhe são próprias e auxiliar a ativa
participação dos fiéis.
Em outras palavras, que cada ação ritual na
Eucaristia possa ser realmente vivenciada pela
assembleia como sendo sua, pois a assembleia
toda é celebrante.
Há necessidade de que se façam ensaios de canto
com o povo. Para isto se deve estudar a melhor
maneira para realizá-lo, o certo é que sem um
momento mínimo de ensaio o povo não terá
condições de cantar.
Montagem: Pe. Edson Luis Andretta
Fonte: * Instrução Geral do Missal Romano
* Guia Litúrgico-Pastoral-CNBB
* Diretório Litúrgico da Diocese de Amparo
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Canto e Música na Liturgia (Pe. Edson Luis