CONCEPÇÃO ASSISTIDA
A concepção assistida em geral não é o primeiro recurso no tratamento da infertilidade. Antes
devem ser tentadas outras opções, como a orientação quanto ao momento da relação sexual. Na
realidade, a via de tratamento escolhida pelo médico dependerá principalmente do resultado de
suas investigações. Os medicamentos para fertilidade, junto com a relação sexual no momento
adequado, por exemplo, não terão, qualquer utilidade para um casal cuja infertilidade resulte de
uma obstrução das trompas de Falópio da mulher; somente uma correção cirúrgica ou a
concepção assistida podem ser de ajuda neste caso.
A variedade de opções é muito ampla, dependendo do diagnóstico e do tipo de infertilidade
constatada. Entretanto, se a concepção assistida for considerada adequada, os procedimentos
disponíveis são a indução da ovulação (com medicamentos para a fertilidade), a fertilização in vitro
(FIV), a transferência intratubária de gametas (GIFT), a inseminação artificial por doador (AID ou
ID), a inseminação intra-uterina com ou sem superovulação (IUI), a doação de óvulos e FIV, e a
injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI) com FIV.
Indução da ovulação
O princípio da indução da ovulação é estimular os ovários (com medicamentos para a fertilidade) a
produzir um pequeno número de óvulos (geralmente dois e não mais que três), e permitir que a
fertilização ocorra por relação sexual normal. As mulheres mais adequadas a esta forma de
tratamento são aquelas com distúrbios hormonais e uma condição conhecida como síndrome do
ovário policístico. É crucial para o sucesso que a relação sexual seja programada para coincidir
com a ovulação que o tratamento conseguiu. A monitoração da resposta ao tratamento é, portanto,
uma parte vital do programa, a fim de serem maximizadas as probabilidades de uma gravidez bem
sucedida e minimizados quaisquer riscos. A probabilidade média de concepção depois de um ciclo
de tratamento é de 15 a 25 por cento.
Fertilização in vitro
A FIV é a técnica original do 'bebê de proveta', sendo provavelmente o
procedimento de concepção assistida mais amplamente praticado no
mundo. Em termos simples, a FIV remove vários óvulos do ovário,
fertiliza-os no laboratório com o esperma do parceiro masculino, e
transfere uma pequena seleção dos embriões resultantes para o útero,
para implantação e gravidez. Embora a FIV tenha sido desenvolvida
para tratar casais cuja principal causa de infertilidade é uma lesão
tubária, foi constatado que a técnica é útil também nos casos de
endometriose, de distúrbios do esperma (espermatozóides em número
baixo ou com má formação), e mesmo de infertilidade não explicada.
Estudos indicam que a expectativa de gravidez após um ciclo de
tratamento é de aproximadamente 25 por cento, e que a probabilidade
de parto é ligeiramente menor. No global, o índice médio de bebês
levados para casa após a FIV é de aproximadamente 15 por cento para
cada ciclo de tratamento. Esses índices não são muito diferentes dos
de casais férteis normais. A maioria dos estudos mostrou que os
índices de gravidez diminuem nas mulheres depois dos 35 anos, razão
pela qual muitos especialistas em infertilidade encorajam os casais a
agir rapidamente, quando a parceira feminina está com pouco mais de
trinta anos de idade.
Passo a passo na FIV
(Fertilização in vitro)
1 - Tratamento medicamentoso, para estimular vários óvulos a amadurecer
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Agonistas GNRH para suprimir qualquer outra atividade
hormonal (injeções/spray nasal durante (geralmente) duas
semanas antes das gonadotrofinas e então, dependendo da
resposta, mais 10-14 dias)
Gonadotrofinas para estimular o crescimento dos folículos e
provocar a ovulação
2 - Monitoração do tratamento para medir o crescimento dos folículos,
individualizar as doses do medicamento, e prevenir efeitos colaterais sérios
•
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Através de ultra-som transvaginal (duas ou três vezes durante
um ciclo de tratamento)
Algumas vezes pela dosagem de hormônios em uma amostra
de sangue
3 - Coleta dos óvulos, geralmente sob anestesia local, levando entre 10 e 20
minutos
•
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Orientada por ultra-som transvaginal
Coleta através da vagina (32-36 horas depois da última injeção
de hormônio)
4 - Amostra de esperma, colhida no mesmo dia que a coleta dos óvulos
5 - Fertilização
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Óvulos e espermatozóides preparados e mantidos juntos em
cultura durante a noite.
Ovos examinados ao microscópio no dia seguinte.
6 - Transferência do embrião (geralmente dois a três dias depois da
fertilização)
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Transferência transvaginal de não mais que três embriões
Embriões colocados no útero
Embriões de reserva geralmente congelados
7 - Teste/monitoração da gravidez
Transferência intratubária de gametas
A GIFT difere da FIV porque os óvulos coletados no ovário são
transferidos de volta à trompa de Falópio quase imediatamente
após sua coleta (junto com uma pequena amostra de esperma).
Os médicos têm tempo apenas para examinar os óvulos,
selecionar não mais que três, e acrescentar o esperma, antes
de recolocar a mistura de volta na trompa. Portanto, ao
contrário da FIV, a fertilização não ocorre in vitro (isto é, em
laboratório), mas em seu ambiente natural na trompa de
Falópio. Entretanto, como os ovos estão sendo coletados e
recolocados durante o mesmo procedimento, os médicos
precisam ver o que está acontecendo - isso é realizado com um
pequeno instrumento cirúrgico conhecido como laparoscópio. A
laparoscopia requer um pequena incisão no abdome - e
também requer anestesia geral.
A CIFT, como a FIV, provou ser uma técnica bem sucedida de concepção assistida e, como não
exige fertilização laboratorial ou exame dos embriões, muitas vezes pode ser realizada tanto em
um hospital local como em clínicas especializadas. Contudo como a fertilização ocorre dentro da
trompa de Falópio, é essencial que a parceira feminina tenha trompas sadias.
Os índices de gravidez com o GIFT dependem de circunstâncias individuais, mas têm sido
registrados valores elevados, ao redor de 36 por cento, com índices médios ao redor de 26 por
cento de nascimentos vivos. Enquanto algumas clínicas conseguem obter esses índices de
sucesso verdadeiramente elevados, outras apresentarão resultados bem menos eficazes. O GIFT
comprovou ser um tratamento útil em casais com infertilidade não explicada e nos casos leves de
endometriose, desde que as trompas de Falópio estejam sadias!
O tratamento medicamentoso e a monitoração da GIFT são idênticos aos da FIV até a etapa 3 do
quadro Passo a Passo acima.
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Capítulo 03