A ENFERMAGEM É IMPORTANTE
A Enfermagem é importante fornece informação breve de referência,
com uma perspectiva internacional da profissão de enfermagem
sobre questões sociais e de saúde actuais
Folha Informativa
Segurança na imunização:
uma função fundamental dos enfermeiros
A Organização Mundial de Saúde estima que sejam administradas cerca de 12 biliões de
injecções por ano em todo o mundo. Destas injecções, cerca de 20% são administradas para
imunização. Em muitas partes do mundo, a imunização é feita sobretudo por enfermeiros, que
são ainda responsáveis pela formação e supervisão de outros profissionais de saúde. Portanto, é
importante que os enfermeiros tenham uma boa formação e estejam informados acerca de todos
os aspectos da segurança na imunização.
As imunizações são uma das intervenções de saúde pública mais eficazes e seguras. Graças ao
sucesso da imunização as doenças infantis incapacitantes, tais como a poliomielite, estão quase
erradicadas e algumas, tal como a varíola, foram erradicadas.
No entanto, a imunização, em certa medida, tornou-se uma vítima do seu próprio sucesso. À medida que os programas de imunização se tornam mais bem sucedidos no controlo da doença, o
público deixa de ver muitas das doenças infecciosas infantis, o que por vezes leva os pais a
perguntarem-se porque deverão vacinar os seus filhos. Também as percepções aumentadas dos
riscos associados às vacinas podem aumentar as preocupações e os rumores sobre a sua segurança
e a relutância por parte de alguns pais em trazerem os filhos para serem imunizados. Este facto deu
lugar a desafios na saúde pública no que respeita à segurança na imunização e pode ameaçar a
manutenção dos níveis elevados de cobertura que são necessários. Os enfermeiros e outros
prestadores de cuidados de saúde precisam de estar na linha da frente para garantir a segurança
na imunização e dissipar mitos acerca de rumores e alegações. Devem ainda estar preparados para
prevenir e resolver as ocorrências adversas após as imunizações (EAAI).
Desafios à segurança na imunização
Os programas de imunização enfrentam desafios importantes relacionados com a segurança1:
Cerca de um terço das imunizações são realizadas de uma forma que não garante uma
técnica estéril.
● As ocorrências adversas após as imunizações (OAAI) e os rumores públicos não são
considerados de forma eficaz pelos programas de imunização.
●
ICN ● CIE ● CII
3, Place Jean-Marteau, 1201 Geneve - Switzerland - Tel. +41 22 908 01 00
Fax: +41 22 908 01 01 - e-mail: [email protected] - web: www.icn.ch
Segurança na imunização: uma função fundamental dos enfermeiros, pág. 2/4
● As
tecnologias mais seguras de imunização não estão acessíveis à maior parte dos programas.
A segurança da imunização corre o risco de ser alvo de rumores persistentes devido a
comunicações intempestivas. Uma vez espalhados, estes rumores são difíceis de alterar. Os
enfermeiros, como coluna vertebral da segurança na imunização, devem trabalhar em conjunto
com outros para enfrentar estes desafios e aumentar a confiança nos programas de imunização e
a prontidão dos pais em levarem os filhos para serem imunizados. O objectivo final consiste em
aumentar o número de crianças que são imunizadas contra as principais doenças infantis e em
controlar e erradicar as doenças preveníveis através de vacinas.
●
Estratégias para garantir a segurança na imunização
Uma abordagem holística à segurança na imunização diz respeito à qualidade das vacinas, manutenção
da cadeia de frio, administração de vacinas, disponibilização de informações exactas acerca das
imunizações, eliminação de objectos cortantes e vigilância de ocorrências adversas após as imunizações
(OAAI)2. A cultura da segurança na imunização deve ser praticada a todos os níveis do sistema de cuidados
de saúde. Isso requer um conjunto de mensagens poderosas de defesa e de formação:3
Garantir a segurança das vacinas:
Utilize apenas vacinas de qualidade, segurança e eficácia demonstradas.
★ Exerça pressão no sentido do empenhamento na segurança das crianças nos programas de
imunização.
★ Sublinhe a segurança na imunização como sendo uma prioridade na reforma dos serviços de
saúde.
★ Apoie as autoridades nacionais de regulamentação.
★Garanta a colaboração entre todos os intervenientes chave das profissões da saúde.
★
Garantir materiais e equipamento suficientes, incluindo:
Fornecimento suficiente de seringas e agulhas para as injecções seguras.
Equipamento de esterilização com as partes sobresselentes adequadas.
★ Caixas para a eliminação segura dos materiais utilizados.
★ Combustível para a esterilização e/ou queima de objectos cortantes contaminados antes de os
mesmos serem enterrados.
★
★
Gestão da cadeia de frio:
Cumpra as temperaturas recomendadas de conservação.
★ Verifique os prazos de validade das vacinas.
★ NÃO congele as vacinas da BCG se o diluente estiver incluído na embalagem.
★ Assegure-se de que, em todas as etapas da cadeia de frio, as vacinas são transportadas a uma
temperatura entre os 0 e +8°C.
★ A vacina da poliomielite pode ser descongelada e congelada de novo sem perigo para a vacina.
As vacinas da IPV, DPT, DT, Hepatite-B e TT sofrem graves danos ao serem congeladas a
temperaturas abaixo dos 0°C.
★
Segurança na imunização: uma função fundamental dos enfermeiros, pág. 3/4
Uma vez perdida a potência, devido à exposição ao calor ou ao frio, esta não pode ser
recuperada repondo a vacina à temperatura correcta de conservação.
★ Se a potência se perder através da exposição ao calor, o aspecto das vacinas não se altera.
Portanto, a única forma de avaliar se uma vacina dum frasco para injectáveis perdeu a potência
é através de um teste laboratorial completo.
★
Garantir a segurança das injecções:
★ Garanta
a segurança da injecção, utilizando uma agulha e seringa estéreis. Quando disponíveis
utilize seringas auto-inutilizáveis ou descartáveis.
★ Cumpra os procedimentos de esterilização com precisão.
★ Não recapsule as seringas, para prevenir a picada de agulha. Se recapsular, utilize o método
com um só gesto, com apenas uma mão.
★ Faça a formação de todo o pessoal envolvido na imunização relativamente à vigilância e gestão
dos OAAI.
Controlar a segurança da eliminação:
★ Inclua
a segurança na imunização e a gestão da eliminação de resíduos nas políticas nacionais
de imunização.
★ Forneça acesso a uma eliminação e destruição seguras de objectos cortantes para a imunização
de rotina e em massa.
★ Promova a consciencialização para a eliminação de resíduos hospitalares.
★ Implemente políticas e procedimentos de segurança a todos os níveis do sistema de cuidados de
saúde.
★ Garanta a responsabilização pela eliminação de resíduos.
★ Eduque a comunidade acerca dos riscos dos locais de eliminação de resíduos.
Minimizar as OAAI:
Reconstitua as vacinas do sarampo e da BCG apenas com o diluente fornecido pelo fabricante.
★ Elimine as vacinas reconstituídas no final de cada sessão de imunização.
★ Não devem armazenar-se junto das vacinas quaisquer outros fármacos ou substâncias, no
frigorífico do centro de imunização.
★ Faça a formação e assegure uma supervisão próxima dos profissionais que fazem a imunização
para garantir que estão a ser seguidos os procedimentos adequados e para prevenir mortes ou
lesões após a imunização.
★ Participe na investigação de ocorrências adversas após a imunização para determinar com
precisão qual a causa do incidente e corrigi-la.
★
Garantir a segurança na imunização constitui um poderoso instrumento de saúde pública no controlo e
erradicação das doenças. Ao trabalhar com a Organização Mundial de Saúde e outros organismos, o
Conselho Internacional de Enfermeiros procura garantir que os enfermeiros estejam bem preparados no
que se refere à segurança na imunização, para que todas as crianças fiquem protegidas de doenças
incapacitantes.
Segurança na imunização: uma função fundamental dos enfermeiros, pág. 4/4
Erros comuns que podem levar a OAAI
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Demasiada vacina administrada numa dose.
Local ou via de imunização inadequados.
● Seringas e agulhas não esterilizadas.
● Vacina reconstituída com o diluente incorrecto.
● Uso de uma quantidade errada de diluente.
● Utilização inadvertida de vacina ou diluente em vez de um fármaco.
● Vacina incorrectamente preparada para utilização, p. ex. uma vacina adsorvida não
ser agitada antes da utilização.
● Vacina ou diluente contaminados.
● Vacina conservada de forma incorrecta.
● Contra-indicações ignoradas, p. ex. criança que teve uma reacção grave após uma
dose anterior de DTP voltar a ser imunizada com a mesma vacina.
● Desatenção ao ler os rótulos dos frascos para injectáveis, resultando em equívoco
relativamente ao conteúdo.
● Vacina reconstituída não eliminada no final de uma sessão de imunização e utilizada
numa sessão posterior.
Fonte: www.who.int
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Para mais informações, contacte:
Tesfamicael Ghebrehiwet: [email protected]
1
World Health Organization web site: www.who.int
Dicko et al (2000), Safety of Immunizations injections in Africa: not simply a problem of logistics. Bulletin of the World
Health Organization, 2000, 78 (2), p.163-168.
3
WHO (2000), Report of the Second Steering Committee on Immunisation Safety. Geneva: WHO.
2
Edição Portuguesa
Tradução do original inglês
"Immunisation Safety: An Essential Nursing Function"
Ordem dos Enfermeiros (Hermínia Castro)
Revisão
Maria Isabel Soares / Lisete Fradique
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12 - 2001 Segurança na imunização.qxp