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edição nº
Revista da Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo
Pipa com Segurança
Saiba como aproveitar as
próximas férias escolares sem
medo de acidentes
Cantinho do Céu,
às margens da
Represa Billings
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
PÁGINAS 23 a 26
Vai Dar Praia!
Região da Guarapiranga e Billings receberá investimento de R$ 2,8 bilhões,
melhorando a qualidade da água na cidade e a vida dos moradores
PÁGINAS 4 a 7
Sem Espirros
Descubra como deixar a casa imune aos ácaros e à alergia
PÁGINAS 19 a 21
ÍNDICE
o
3 – OPINIÃO E CARTAS
g
Edifício
Cineasta
HABITAÇÃO
RENOVA SP
DIÁRIO DE OBRAS
Chorar
12 – Começa a construção das unidades no Sapé
13 – Mapa das obras na cidade
14 – Residencial Caraguatatuba entra na fase final
15 – Quatro blocos da Gleba H estão em acabamento
16 – Contenção no Morro dos Macacos está prestes a terminar
de alegria
EMPREGOS & FINANÇAS
RICARDO PEREIRA LEITE
17 – Entenda a polêmica em torno das sacolinhas plásticas
No mês de abril, a Prefeitura participou da 5ª
Bienal de Arquitetura de Roterdã, na Holanda, e
do seminário “Para uma Geografia Emergente de
Gentrificação Global Sul”, realizado em Santiago,
no Chile, e em Londres, na Inglaterra, simultaneamente.
Na exposição holandesa, com os projetos para
o Cantinho do Céu e o Cabuçu de Cima, a comunidade internacional mais uma vez reconheceu a
qualidade e a adequação das propostas implantadas pelo Programa Municipal de Urbanização
de Favelas, da Secretaria Municipal de Habitação.
No evento sobre gentrificação, foram apresentados os primeiros projetos de inclusão social do
Brasil – Real Parque, Jardim Edite e Barra Funda
– aos quais foram introduzidos conceitos inovadores, permitindo que famílias de baixa renda
habitem localizações adequadas, independentemente do preço da terra, respeitando suas relações sociais.
A Prefeitura pôs em prática pela primeira vez
no país teorias cantadas por diversos agentes
que trabalham pela inclusão social; cantadas,
mas nunca antes decantadas.
A emoção dessas realizações foram brilhantemente retratadas no artigo da arquiteta Marcy
Sallowicz, na página ao lado. Muitos de nós nos
emocionamos ao ler o texto, choramos mesmo.
Mas são lágrimas de alegria.
Ricardo Pereira Leite é secretário municipal de Habitação
Renova SP
MAIO | JUNHO 2012
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CONSTRUÇÃO & DECORAÇÃO
19 –Saiba como deixar sua casa segura contra a alergia
22 – Pergunte ao Arquiteto e Passo a Passo
CULTURA & LAZER
‘Pipeiro’ na
Vila Cordeiro
23 – Como soltar pipas sem correr riscos
26 – Minha Receita – Salpicão de frango
27 – Meu Bairro, Minha História – Nadijane de Oliveira, de Paraisópolis
28 – Retrato
Capa: Foto de Newton Santos
EXPEDIENTE
a
r
t
i
4 – Programa Mananciais vai mudar a cara das represas
8 – Tapumes do Edíficio Cineasta ganham mural inspirado no candomblé
10 – Projeto para Escola de Música em Paraisópolis ganha prêmio
11 – Comunidades que tiveram Jornada da Habitação comentam evento
Prefeito do Município de São Paulo: Gilberto Kassab
Secretário Municipal de Habitação: Ricardo Pereira Leite
Secretário Municipal de Comunicação: Marcus Vinicius Sinval
Superintendente de Habitação Popular: Elisabete França
Diretora Comercial e Social da Cohab-SP: Ângela Barbon
Conselho Editorial: Elisabete França (presidente), Alonso López, Ana Lúcia
Callari Sartoretto, Ângela Barbon, Carlos Alberto Pellarim, Felinto Cunha, Luiz
Henrique Girardi, Luiz Henrique Tibiriçá Ramos, Marcel Costa Sanches, Márcia
Maria Fartos Terlizzi, Maria Cecília Sampaio Freire Nammur, Maria Teresa Diniz,
Nancy Cavallete da Silva, Nelci Alves da Silva Valério, Ricardo Sampaio, Tereza
Beatriz Herling, Vanessa Padiá e Violêta Saldanha Kubrusly
Coordenadoria de Imprensa do Município: Emerson Figueiredo
Coordenador de Imprensa da Secretaria Municipal de Habitação:
Sérgio Duran (jornalista responsável, MTB: 24.043)
Editor: Fernando Cassaro
Repórteres: Débora Yuri e Marcos Palhares
Fotógrafos: Hype Fotografia
Projeto Gráfico e Diagramação: André Bunduki/DinBrasil
Impressão e Acabamento: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
Renova SP é uma publicação mensal da Secretaria Municipal de Habitação produzida pela DS Comunicação/Popcom Assessoria de Comunicação e Imprensa.
Tiragem: 100 mil exemplares. Distribuição Gratuita
ARTIGO
MARCY JUNQUEIRA SALLOWICZ
Sonho de criança
Em 1964, eu era criança, mas me lembro bem da Música
Popular Brasileira dando o tom na minha casa. Eram delícias
amorosas ou canções sobre um Brasil que precisávamos
construir, como “Marcha para um Dia de
Sol”, de Chico Buarque.
Como muitos de minha geração, e até
das seguintes, éramos criados por pessoas
que trabalhavam em nossas casas, e, no
vapor mágico das cozinhas, nos acolhiam
com gestos e histórias inesquecíveis. Certa
vez, cantarolando a “Marcha...” (Eu quero ver
um dia, numa só canção, o pobre e o rico
andando mão e mão), falei para a amorosa Dalila de minha
infância que ela iria morar na casa do vizinho. Ela deu uma
gargalhada e respondeu: “Ah, filha, é mais fácil o dia virar noite e a noite virar dia.”
Pois bem, estamos em 2012, moro há 24 anos no Real Par-
que. Nestas mais de duas décadas, avistava da minha janela
uma favela com moradias improváveis, crianças soltas na rua,
jovens vendedores de drogas.
Surpreendentemente, há um ano, a paisagem através da janela foi mudando radicalmente. A favela deu lugar a vários conjuntos
de apartamentos, com varandas nos quartos
e nas salas, ventilação natural... Enfim, formas de moradias pensadas e desenhadas
por arquitetos.
E será em um desses dignos apartamentos onde a Dete – querida colaboradora que, ao longo destes 24 anos, ajudou a criar meus filhos e
a cuidar da casa – irá morar. Finalmente terá endereço, luz,
água e esgoto. Será minha vizinha.
Realizou-se o sonho da minha infância e o dia não precisou
virar noite.
Marcy Junqueira Sallowicz é moradora do Real Parque
C
A
R
T
“Parabéns pela Renova SP. As edições são muito boas. Já guardei vários artigos, especialmente os que
abordam temas relacionados às reformas.” – Raphael Oliveira
“Moro no Inocoop do Campo Limpo,
em frente à Rua Monforte de Lemos, e
gostaria de saber se há um projeto de
urbanização para a favela localizada
na via?” – Luis Carlos
RECLAM
AQUI
E
A
S
As obras na Favela Monforte de
Lemos estão previstas para começarem no início de 2013. Por isso, a
Secretaria Municipal de Habitação
ainda não tem os detalhes do projeto – o que deverá ser definido nos
próximos meses.
“A pavimentação na região do Pabreu/Prainha começou em ritmo bastante acelerado, mas agora está muito devagar. O que está acontecendo?”
– Raimundo Andrade
Para tirar dúvidas, reclamar ou
fazer sugestões, entre em contato
com a Renova SP pelo e-mail:
[email protected]
Toda a região do Pabreu está passando por uma intervenção por parte da Sehab, o que inclui mais que a
pavimentação. Estão sendo realizadas obras bastante complexas,
como eliminação de áreas de riscos, reassentamento de famílias,
execução de efluentes de esgoto
doméstico, estações elevatórias de
esgoto, rede de água potável, sistema de drenagem urbana, praças,
áreas de lazer e equipamentos urbanos, entre outras.
TELEFONES ÚTEIS
Central de atendimento da Prefeitura – 156
Central da Habitação – 3396-8989
A Renova SP se reserva ao direito de publicar apenas trechos das cartas. Informe nome completo, idade, bairro e profissão
Renova SP
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HABITAÇÃO
FOTO: Newton Santos
SANEAMENTO BÁSICO
Vida nova
nas represas
Programa Mananciais beneficia
toda a cidade ao trabalhar nas
comunidades às margens da
Billings e da Guarapiranga
Nascentes de água; fontes abundantes; que correm incessantemente. Nos dicionários, esses são alguns dos significados para a palavra “mananciais”. Em São Paulo, porém, o termo tem sentido mais amplo: os dois maiores reservatórios
de água da cidade – Billings e Guarapiranga – estão cercados
por comunidades carentes.
A região, que fica na Zona Sul, tem cerca de 1,8 milhão de
habitantes – o equivalente a uma cidade do porte de capitais
como Curitiba, no Paraná, e Recife, em Pernambuco. Com tanta gente vivendo em condições precárias, quem também sofre são as duas represas: grande parte do esgoto doméstico
local vai parar nos reservatórios.
Para melhorar a vida dessas pessoas e despoluir as represas, a Prefeitura lançou recentemente a terceira fase do Programa Mananciais (leia na próxima página). Essa etapa – a
última prevista – custará cerca de R$ 2,8 bilhões e vai contar
com recursos dos governos Municipal, Estadual e Federal.
As obras, que estão divididas em 64 núcleos de intervenções, vão beneficiar diretamente 46.445 famílias (confira
Renova SP
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Parte do Cantinho do
Céu já foi atendida
na segunda fase do
Programa Mananciais
mapa na página 7). A Secretaria Municipal de Habitação
(Sehab) também vai construir cerca de 13 mil unidades habitacionais em convênio com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).
“São obras que levam infraestrutura urbana adequada às
comunidades da área e beneficiam toda a região metropolitana”, diz o coordenador do programa, Ricardo Sampaio. Hoje,
4,7 milhões de habitantes da Grande São Paulo se abastecem
com a água captada na Billings e na Guarapiranga, o equivalente a quase 25% do total da população que vive na Região
Metropolitana – cerca de 20 milhões de pessoas.
Se as duas represas não forem despoluídas, São Paulo terá
de gastar mais dinheiro para trazer água de lugares mais
distantes. “Isso encarece os custos, e o fornecimento de
água deve ser o mais barato possível para que todos tenham
acesso. Por isso, o programa é importante”, afirma Ricardo
Sampaio.
Em 2011, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo (Sabesp) calculou o custo da produção de 1 m³ de
água na Região Metropolitana – desde a captação até o abastecimento dos domicílios – em R$ 1,30. Em 2010, o valor ficava em R$ 1,17. Para mostrar como o Programa Mananciais
beneficia a região e a cidade, Renova SP visitou as comunidades do Cantinho do Céu (Grajaú), que já recebeu obras, e de
Vargem Grande (Parelheiros), incluída na terceira fase.
DÉBORA YURI E MARCOS PALHARES
FOTO: Newton Santos
Obra no Cantinho do Céu
é exemplo
O exemplo mais simbólico de como o Programa Mananciais está
mudando a vida de milhares de pessoas é o Cantinho do Céu, comunidade da Zona Sul localizada às margens da represa Billings.
Com obras a todo vapor e alguns trechos já entregues, o projeto do
arquiteto Marcos Boldarini foi premiado internacionalmente e está
transformando o local, com direito a construção de um parque linear e até um píer na represa.
“Antes, não existia rede de esgoto. Era tudo despejado na represa, que tinha um cheiro muito forte. Hoje, as pessoas pescam e nadam aqui”, conta a dona de casa Maria Lúcia Correia Gomes, de 57
anos, sendo 28 deles vividos no Cantinho do Céu. “O parque linear é
nosso primeiro espaço de lazer. A gente vem pra cá relaxar mesmo
à noite. Tudo melhorou 100%”, avalia.
Além de levar saneamento básico e melhorar a qualidade da
água, o Programa Mananciais permitiu a abertura de novas opções
turísticas e econômicas para o bairro. Limpa, a represa atrai pequenos negócios, como o aluguel de barcos. E os novos frequentadores
impulsionam o comércio local.
“Estamos recuperando a água, regularizando terrenos e combatendo a vulnerabilidade social. O próximo passo é tornar a região
autossustentável, ao estimular atividades econômicas como o turismo ambiental”, ressalta o coordenador do Programa Mananciais,
Ricardo Sampaio.
Morador da Viela das Gaivotas, outra comunidade da região, o
técnico em fibra óptica Vancarlos Ferreira Gonçalves, de 23 anos,
costuma levar os amigos em seu carro para se divertirem à beira
da represa. “Nos fins de semana, fica lotado. É a melhor opção de
lazer”, elogia.
Crescimento econômico da
década de 1970 marca o início
da ocupação na região
A região dos mananciais concentra atualmente cerca de 16% da população da cidade. A ocupação começou
nos anos 1970, quando a Região Metropolitana recebeu
a indústria de bens de consumo final, gerando um polo
migratório.
“São Paulo crescia de 6% a 10% ao ano e inchou de forma desordenada. Como a população não tinha onde morar,
ocorreu uma movimentação do Centro para a periferia”,
explica Ricardo Sampaio. A população com menos renda
foi para lá porque as terras não tinham valor de mercado.
Assim surgiu o cenário visto hoje.
Para Vancarlos, a
beira da represa é
a melhor opção
de lazer
ENTENDA O PROGRAMA MANANCIAIS
O Programa Mananciais regulariza loteamentos e
urbaniza favelas do entorno das represas Billings e
Guarapiranga, beneficiando a população local com
canalização de córregos, implantação de redes de
água, esgoto e drenagem, eliminação do risco, melhorias no sistema viário e instalação de praças, creches e parques lineares. Equipando as comunidades
com infraestrutura adequada, ele ajuda a melhorar a
qualidade da água dos dois reservatórios.
Com início em 1994, a primeira fase do programa
beneficiou diretamente 38 mil famílias e entregou
1.057 novas unidades habitacionais (UHs). A segunda etapa, que começou em 2005 e ainda está em
andamento, prevê beneficiar diretamente 78.837
famílias e construir 4.573 UHs. Somando as duas fases, os recursos investidos somarão R$ 1,5 bilhão.
As obras da terceira fase devem começar ainda no
primeiro semestre deste ano e têm previsão de conclusão para 2016.
Renova SP
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Situada na superfície de uma cratera de 3,2 km² aberta
por um meteoro há cerca de 30 milhões de anos, a comunidade de Vargem Grande, na Zona Sul, é outra beneficiada
pelo Programa Mananciais. Atualmente, grande parte de
suas ruas já recebeu pavimento e calçadas. Mas a estação de chuvas sempre provoca alagamentos, problema
que deverá ser solucionado na terceira fase do programa,
com obras de drenagem e canalização de córregos.
“Aqui é bom de morar, mas ainda falta arrumar algumas coisas. Tem lugares perto dos córregos que alagam
quando chove”, conta a manicure Juciara Jesus da Silva,
de 32 anos. “Um exemplo é a Rua Coqueiros, que dois
dos meus filhos têm de atravessar pra chegar à escola”,
diz ela, que é mãe de três crianças.
No local indicado por ela, dois córregos se cruzam.
“Temos água encanada há uns seis anos, mas ainda
existem pontos com esgoto a céu aberto. Espero que as
Qualidade da
água das represas
melhorou
A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de
São Paulo (Cetesb) mantém monitoramento constante da qualidade da
água em dois pontos de amostragem
na Represa Guarapiranga e outros
cinco na Billings.
Numa escala de 0 a 100, entre
Renova SP
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Aurino não vê mais
alagamentos na rua
obras da Prefeitura melhorem isso”, diz a dona de casa
Maria de Fátima Cavalcanti, de 43 anos, sendo 13 deles
em Vargem Grande.
Próximo dali, na Rua Jaqueira, o Programa Mananciais
adiantou a macrodrenagem e a canalização de 700 metros do córrego local. “Ficou muito bom, acabaram os
alagamentos”, afirma o técnico em eletrônica Aurino Antônio de Oliveira, de 73 anos, que possui um comércio a
50 metros do local.
janeiro de 2002 e maio de 2011, o
Índice de Qualidade das Águas (IQA)
melhorou de 70 para 80 na Represa
Billings e de 60 para 80 na Guarapiranga. E o Programa Mananciais colaborou para essa variação positiva.
De acordo com o gerente da Divisão de Qualidade das Águas e do
Solo da Cetesb, Nelson Menegon, as
ações de saneamento básico diminuíram o despejo de esgoto na bacia
hidrográfica da região.
“Atualmente, os principais poluentes das represas metropolitanas são
os nutrientes, que causam a eutrofização de suas águas. A eutrofização
é um mecanismo de enriquecimento
de nutrientes [nitrogênio e fósforo]
que tem como consequência a proliferação exagerada de algas, que
compromete o uso da água”, explica
Nelson Menegon.
“Porém, a partir de 2010, não se
constatou nenhum valor de fósforo
total superior a 0,1 miligrama por litro na captação de água na Guarapiranga, o que é um índice muito bom”,
avalia.
FOTO: Newton Santos
Vargem Grande
vai receber drenagem
na terceira fase
Obras de drenagem e
saneamento são essenciais
As obras de drenagem e saneamento
são essenciais para evitar alagamentos,
prejuízos, doenças e mortes. Porém, é
comum que não se dê a devida importância a essas intervenções, pois os canais,
tubulações e redes de escoamento ficam
enterrados depois de prontos.
“É uma obra ‘invisível’. Mas pegue
qualquer cidade e compare os índices
de doenças e de mortalidade infantil antes e depois de feitas as redes de água
e saneamento. A diferença, para melhor,
é impressionante”, afirma um dos dire-
tores da Geasanevita Engenharia e Meio
Ambiente, José Orlando Paludetto Silva. A
empresa é responsável por obras de drenagem e saneamento em projetos como
o da Favela do Sapé, no Butantã, Zona Sul.
Ele explica que há todo um processo
a ser seguido antes do início da obra.
Primeiro, as famílias que vivem à beira
de um córrego, rio ou represa são cadastradas e passam a ser atendidas pelo
poder público. Depois disso, é feita uma
medição para definir até que ponto a
água poderá subir sem atingir moradias.
“Com isso, é possível saber se algumas
famílias vão precisar ser reassentadas
em outro local”, explica outra diretora da
empresa, Beatriz Benitez Codas.
Após essas etapas, são feitos estudos
para detalhar o tipo de drenagem mais
adequado e os locais por onde passarão
os canais e tubulações das redes de água
e esgoto. “É um processo lento e sabemos que causa transtorno, mas o resultado, em termos de infraestrutura e saúde
pública, é de extrema importância”, completa José Orlando Silva.
ONDE FICAM AS ÁREAS CONTEMPLADAS NA 3ª FASE DO PROGRAMA
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Ângelo Remazotti/Missionária V/Papa
Gregório Magno
Jardim dos Lagos – Ipanema
Jardim Arnaldo
Parque São Francisco
Jardim Eldorado/Mata Virgem
Balneário/Mar Paulista/Ingai
Paulistas/ Rep. Lotes 10/11/12 Quadra
1 Bairro Apurá/Dois/Jardim Apurá/
Bandeirantes
Paulino Alves Escudeiro
Alcindo Ferreira/Jardim Cruzeiro
Jardim Pouso Alegre
Ipojuca Lins de Araújo
Parque São José VI
Jardim Satélite I e II/Maria AA II
CEU Cidade Dutra
Clube de Pesca Santa Bárbara
Orion/Jardim Império/Jardim Orion
Anthero Gomes do Nascimento/Jardim
São Judas Tadeu/Jardim São Vicente/
Império I
Cantinho do Céu
Parque São José I e II
Jardim Manacás
Vale Verde ou Monte Verde/Carioba/Sítio
Cascavel/Fechado Eliane
Jardim Rodrigo
Parque São José VII, Três Cânticos e
entorno
Alto da Alegria
Nova Grajaú I e II
Cocaia I
Erundina
Área sem nome
Jardim Nova Varginha/Estrada do Barro
Branco
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Jardim Almeida Prado
Xamborés I e II
Parque Novo Santo Amaro IV
Jardim Calú
Chácara Sonho Azul A
Boulevard da Paz
Jardim Guanguará
Parque Novo Santo Amaro I e II
Parque Novo Santo Amaro III
Jararaú II
Jardim Solange
Jardim Capela/Santa Bárbara
Ângelo Tarsini
Cavalo Branco/Batista Bassano A
Arizona A
Enlevo
Jardim Horizonte Azul/Sapato Branco
Costa do Valado
São Lourenço
Jardim Fujihara I, III e Jardim Nakamura II
Renato Locchi
Santa Margarida V
Jardim Ângela II
Vila Santa Zélia
Chácara Flórida/Bandeirantes
Buraco do Sapo
Jardim Tancredo
Jardim Colorado
João Manoel Vaz
Parque Maria Fernanda I e II
Roschel
Condomínio Vargem Grande
Cavalo Branco (novas unidades)
Chácara do Conde (novas unidades)
Vargem Grande (novas unidades)
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REPRESA da
GUARAPIRANGA
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REPRESA
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capela do
socorro
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parelheiros
Renova SP
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ARTE
FOTO: Newton Santos
A velha
esquina
está de
cara nova
No cruzamento mais
famoso da cidade, mural marca
primeira obra do Renova Centro
Raul Zito criou
mural inspirado no
candomblé
Alguma coisa aconteceu na esquina
mais emblemática de São Paulo no final de março. Engravatados e jovens
de jeans, crianças e idosos, entregadores de folheto e turistas gringos: todo
mundo parava para ver o muralista
Raul Zito, de 30 anos, trabalhar no número 613 da Avenida São João.
No tapume da obra executada no
antigo Hotel Cineasta, no coração do
Centro, Zito criou um mural inspirado
no candomblé. “A ideia é fazer a cidade
‘sair’ um pouco desse ímpeto de pressa, trânsito e trabalho e ter um pensamento mais espiritual”, explica.
Próximo ao cruzamento das avenidas
São João com Ipiranga – local eternamente famoso graças a Caetano Veloso
e seu hino “Sampa” –, o Cineasta é o
primeiro empreendimento do Programa
Renova Centro a entrar em obras (leia
nesta página). O prédio foi comprado
pela Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab-SP) por
R$ 4,2 milhões, com financiamento da
Renova SP
MAIO | JUNHO 2012
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Caixa Econômica Federal, e abrigará artistas aposentados de baixa renda.
Por isso, o edifício erguido nos anos
1920 vai se chamar Palacete dos Artistas e ganhará restauração completa,
salão de festas, sala multiuso e áreas
de lazer, médica e administrativa. Serão construídos 50 apartamentos no
antigo hotel – os primeiros devem ser
entregues em janeiro de 2013. Ao todo,
os investimentos no edifício serão de
R$ 4,5 milhões.
Com o mural no tapume, o objetivo é
dar espaço para a expressão de artistas
urbanos e chamar a atenção da população para o projeto. Isso porque um dos
objetivos do Renova Centro é o incentivo
à arte e à cultura. Proposta na qual Zito
se encaixa bem, pois faz arte de rua e
tem obras espalhadas pela cidade.
Seguindo essa “pegada” cultural,
outros prédios contemplados pelo programa ganharão nomes de artistas que
participaram da histórica Semana de
Arte Moderna de 1922, como o maes-
tro e compositor Heitor Villa-Lobos. O
próximo empreendimento a entrar em
obras, o Asdrúbal do Nascimento, vai
ser rebatizado de Mário de Andrade –
uma homenagem ao escritor e poeta
modernista.
DÉBORA YURI
Programa investe
em habitação social
no Centro
O Programa Renova Centro foi criado pela Prefeitura em 2010 para colaborar com a revitalização da região
central da cidade. Ele prevê que cerca
de 50 prédios ociosos da área sejam
transformados em moradia para cerca de 2.500 famílias. A maioria dos
apartamentos será destinada à Habitação de Interesse Social, beneficiando famílias com renda de até três
salários mínimos.
2
Raul Zito é figurinha
carimbada na região
FOTOS: Newton Santos
“Quando eu tinha 15 anos e comecei a grafitar, o Centro de
São Paulo era um mistério para mim”, lembra o muralista Raul
Zito, que nasceu em Cotia (Grande São Paulo) e mora em Pinheiros (Zona Oeste). “Agora, ele se tornou habitado e usufruído por toda a população”, comemora.
Ao fazer o mural, que ficará exposto até o fim da obra, Zito
colaborou com a revitalização da região. Sempre na área, ele
gosta de frequentar a Galeria do Rock, onde compra roupas,
tênis e acessórios para skate, e de tomar mate gelado na Praça Dom José Gaspar.
A “street art” de Zito está espalhada por todos os cantos
de São Paulo, mas um trabalho especial é o do Cingapura do
Piqueri, na Marginal Tietê (Zona Norte). Segundo ele, a obra
merece esse favoritismo pelo projeto e pelo tamanho, já que
a lateral do prédio que abriga o mural tem 16 metros de altura.
Depois de aderir ao “pacote completo do movimento hip
hop” – grafite, skate, rap, andança pela cidade –, Zito passou
a criar murais. “Meu trabalho remete mais ao muralismo mexicano, de artistas como Diego Rivera, Jose Clemente Orozco,
David Alfaro Siqueiros. É uma arte com referências políticas,
diferente do grafite nova-iorquino, que está mais ligado ao hip
hop, a pintar trens”, explica.
3
Arte no tapume
4
Nos dias 30/3 e 1º/4, Raul Zito e seu amigo, o artista
urbano Carango Sá (de camiseta branca), de 28 anos,
produziram o mural nos tapumes do futuro Palacete dos
Artistas. Renova SP acompanhou a dupla durante os dois
dias. Confira, em imagens, como foi feito o trabalho.
1
5
Renova SP
MAIO | JUNHO 2012
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FOTO: Newton Santos
PARAISÓPOLIS
Marlene deve aproveitar
o reajuste para viajar
Primeira apresentação
da orquestra foi
em 17 de abril
Projeto para escola de música é
premiado no exterior no mesmo mês
em que orquestra faz estreia
Paraisópolis passou por emoções fortes durante o mês de
abril. Dessa vez, não foi a entrega de unidades a causa do frisson, mas, sim, a Escola de Música que será erguida na comunidade. Ao mesmo tempo em que o projeto para a construção
da sede foi premiado no exterior, a Orquestra Filarmônica que
ocupará o espaço estreou oficialmente.
Ao custo de cerca de R$ 9,5 milhões, a sede da entidade vai
ser construída pela Prefeitura no Grotão, a região mais precária
da comunidade, que fica no Morumbi (Zona Sul). O projeto do
edifício, intitulado “Grotão – Escola de Música”, conquistou o
2º lugar no Global Holcim Awards 2012, premiação mundial de
construção sustentável. Os autores são os arquitetos Alfredo
Brillembourg e Hubert Klumpner, do escritório Urban-Think Tank.
“Nós começamos a fazer pesquisas em Paraisópolis há seis
anos, e a ideia veio quando observamos e conversamos com os
moradores sobre a necessidade local de mais espaços públicos
e culturais”, conta o norte-americano Brillembourg. “São Paulo é
uma cidade excitante para implantar estratégias inovadoras em
urbanização de favelas.”
No ano passado, o projeto já tinha obtido o 1º lugar na etapa
latino-americana do Holcim Awards. “Ele é funcional e vai mistuRenova SP
MAIO | JUNHO 2012
10
de ônibus, uma passarela para pedestres”, diz a coordenadora
do Projeto de Urbanização de Paraisópolis, Maria Teresa Diniz. A
previsão da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) é que as
intervenções comecem no segundo semestre.
À espera da sede, a escola já funciona e reúne 108 alunos,
todos moradores da comunidade. O único requisito é saber ler,
para aprender teoria musical – não há limite de idade. “O projeto
é profissionalizante: nosso objetivo é formar músicos jovens e
capacitá-los para entrar em faculdades de música ou orquestras profissionais”, explica o maestro Paulo Rydlewski. A escola
é fruto de uma parceria entre ele e a União dos Moradores e do
Comércio de Paraisópolis, presidida por Gilson Rodrigues.
A estreia da orquestra foi em 17 de abril, durante leilão beneficente em prol do Instituto Escola do Povo, que alfabetiza adultos. Vinte e cinco alunos se apresentaram para personalidades
como o meio-campista Lucas, do São Paulo, e a campeã olímpica
com a seleção feminina de vôlei Fofão.
DÉBORA YURI
Divulgação
Ao som
de violinos
Elma aposta
na qualidade
seu trabalho
rar usos: quadra de futebol, praça,deescola
de música, um ponto
Escola de Música
terá também
quadra e praça
Comunidades colhem os
frutos da festa
Evento chega à metade e lideranças que já o receberam
avaliam as três primeiras etapas
‘Vale a pena investir
em boa arquitetura’
Para a coordenadora da Jornada
da Habitação, Eliene Coelho, o evento tem ajudado a população a perceber a grandeza do que está acontecendo nas comunidades. Isso é, em
parte, impulsionado pela troca de
experiências com outros países. “A
gente vê que não está atrás, que os
nossos projetos têm muita qualidade. São Paulo está percebendo que
vale a pena investir em boa arquitetura”, diz a arquiteta, que também
coordena o sistema Habisp.
FOTO: Newton Santos
PRÓXIMAS PARADAS
Paraisópolis foi a
segunda comunidade
a receber o evento
Bamburral
12 de MAIO
Heliópolis
26 de maio
Lazer, incremento da renda, aumento
da autoestima, novos conhecimentos,
troca de ideias. Para as lideranças das
três primeiras comunidades que receberam a Jornada da Habitação, o evento levou tudo isso aos moradores.
“A Jornada gerou renda e visibilidade
para a comunidade, já que os artistas
locais foram reconhecidos. Pensamos
até em fazer eventos menores só para
eles”, diz Aguinaldo da Silva França, o
Guigui, de 38 anos, há 25 no Jardim São
Francisco, na Zona Leste. A comunidade foi a primeira a receber o evento, em
fevereiro, logo após a abertura.
Organizada pela Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), a Jornada
promove a troca de experiências entre
seis projetos desenvolvidos em São
Paulo pela Prefeitura e seis cidades do
exterior: Roma (Itália), Mumbai (Índia),
Medellín (Colômbia), Nairóbi (Quênia),
Moscou (Rússia) e Bagdá (Iraque).
Para Guigui, o intercâmbio serviu
também para dar mais valor ao trabalho feito em São Paulo. “A gente tem
o hábito de achar que tudo lá fora é
melhor, mas vimos que não é bem assim. Temos tido mais avanços na área
habitacional do que muitas cidades do
exterior.”
Palco da segunda etapa, Paraisópolis, na Zona Sul, viveu dois dias de festa
em março. “Foi uma grande oportunidade para a gente falar o que pensa. Também mostrou ao pessoal que o projeto
de urbanização daqui sempre foi discutido em conjunto pelas lideranças e
o poder público”, avalia um dos líderes
do núcleo Jardim Colombo, Genilso Ferreira da Silva, de 39 anos.
No Cantinho do Céu, na Zona Sul, a
Jornada, que aconteceu em março,
repercute até hoje. “Superou nossas
expectativas, com shows, passeios
de barco, praça de alimentação no
deque. Os moradores me perguntam
quando vai ter outra”, conta umas das
Cortiços do Centro
30 de junho e
1º de julho
MAIS INFORMAÇÕES:
www.jornadadahabitacao.org
lideranças da região, Vera Lúcia Basalia, de 61 anos.
Quem vendeu comida e artesanato
saiu “super feliz”, ela completa. “Na
hora do almoço, muita gente não tinha
mais nada para oferecer. Já o pessoal
do artesanato recebeu até pedidos de
encomendas de lojistas ‘da cidade’ e
gringos.”
DÉBORA YURI, MARCOS PALHARES E
VERÔNICA GONÇALVES
Renova SP
MAIO | JUNHO 2012
11
DIÁRIO DE OBRAS
NORTE
SUL
LESTE
SUDESTE
CENTRO
manANciais
SUL
Começa a construção das
unidades habitacionais no Sapé
O
Q U E
... Área de Risco?
É um local onde há
risco de morte para as
pessoas que o habitam.
São identificados em
margens de encostas
e beira de córregos ou
rios. Nesses pontos,
sempre há perigo de
deslizamentos,
solapamentos e
inundações. Locais com
lixo ou entulho também
são áreas de risco
... Auxílio Aluguel?
É um programa da
Prefeitura destinado
às famílias retiradas
de área de risco ou por
conta de obras de
urbanização. Também
Renova SP
É
... Cadastramento?
É uma ficha que o
funcionário da
Prefeitura preenche com
os dados do morador
após uma visita à casa
dele. Ela serve para
identificar todas as
pessoas que vivem em
uma comunidade para,
futuramente, atender
a todos
12
novo viário, pavimentar ruas e implantar redes de água, esgoto
e drenagem, além de canalizar o córrego que corta a comunidade. Os investimentos serão de cerca de R$ 152 milhões, com
recursos da Prefeitura (R$ 3,8 mihões), da Caixa Econômica Federal (R$ 36,4 milhões), da Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo (R$ 9 milhões) e do Fundo Municipal de
Saneamento Ambiental e Infraestrutura (R$ 103 milhões).
DÉBORA YURI
. . .
pode ser usado em
situação de emergência,
como em caso de
incêndio ou desabamento.
O benefício é de R$ 300
mensais, tendo a
duração de seis meses
ou até a moradia
definitiva ficar pronta
MAIO | JUNHO 2012
Primeiros condomínios
serão entregues
em 2013
Divulgação
A Prefeitura iniciou a construção da primeira leva de unidades habitacionais para a comunidade do Sapé, no Butantã. Os
condomínios A e B do Sapé A, que somam 144 unidades habitacionais (UHs), estão em fase de fundação. Já no condomínio F do Sapé B, com 87 UHs, começaram a terraplanagem e a
construção de contenções.
No total, serão feitos 1.056 apartamentos, sendo 681 no
Sapé, 275 no Domenico Martinelli e 100 no Água Podre – todos
localizados na mesma região. Os primeiros três condomínios
devem ficar prontos ainda no primeiro semestre de 2013.
Assinado pelo escritório Base 3 Arquitetos, o projeto prevê
cinco diferentes tipologias de apartamentos: de 46 m², 49 m²,
dois modelos de dúplex com cerca de 50 m² e o maior deles, de
52 m², que tem varanda de serviço.
“Não vamos fazer só habitação. Nossa proposta é abrir espaço para comércio, serviços e uma biblioteca, já que a região
é bem servida de creches e escolas públicas”, diz a arquiteta
que coordena o projeto, Marina Grinover. Ela cita como outros
diferenciais o Caminho Verde, via arborizada que será implantada ao longo do Córrego do Sapé, e a ciclovia interligada ao
Centro Educacional Unificado (CEU) Butantã.
A Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) também vai abrir
Além dos 1.056 imóveis,
Prefeitura fará área verde ao
longo do córrego da comunidade
... Parceria Social?
É um programa da
Prefeitura voltado a
famílias que vivem
em situação de rua ou
sem residência fixa, em
situação de extrema
pobreza. O benefício é
de R$ 300 mensais, com
duração de 30 meses,
sendo que a pessoa
deve guardar de R$ 6 a
R$ 15 por mês em uma
caderneta de poupança
e cumprir várias
obrigações
... Programa 3 Rs?
É a sigla para
Recuperação do
Crédito, Revitalização
do Empreendimento e
Regularização Fundiária
da Prefeitura.
Foi criado para recuperar
conjuntos habitacionais já
existentes que estavam
degradados, inclusive
com a invasão e criação
de novas favelas nas
áreas comuns dos
prédios
... Termo de Atendimento
Habitacional?
É um documento oficial
afirmando que o morador
tem direito a receber
apartamento ou casa
da Prefeitura. É dado
quando ele deixa a sua
moradia por conta de
alguma obra ou remoção
... Reintegração de
Posse?
É quando um juiz
manda as pessoas
que vivem em um
terreno particular
ocupado saírem.
O pedido é feito pelo
proprietário da área, e
a Prefeitura não tem
como impedir
... Urbanização?
É um projeto da
Prefeitura para
transformar a favela
em um bairro com ruas
pavimentadas, calçadas,
rede de água e esgoto,
praças, posto de saúde.
Além disso, o morador
recebe a documentação
regularizada de sua casa
N
O
PERUS
Obras da Secretaria Municipal
de Habitação na cidade
5
2
X
1
2
3
4
JAÇANÃ
TREMEMBÉ
H
6
16
M
H
PIRITUBA
JARAGUÁ
NORTE
G
FREGUESIA
BRASILÂNDIA
15
casa
verde
7 6
CENTRO
D
I
sé
penha
J
3
mooca
1
aricanduva
1
2
A
9
1
B
W
E F
butantã
vila
mariana
N
5
U
Itaquera
AA
G
S
T
campo
limpo
santo
amaro
Y
13
R
5
BB 6
7
9
19 128
10
11 13 15
16 14
20
17
31 18
24 2627 32
m’boi
25
293028 33
mirim
37 38 34
35
39
404142 44
45
63
ipiranga
3
4
Z
cidade
ademar 17
4
1
2
46
47
49
50
5253
51
54
56
57
55
5960 61
64 65 66
3
67
69
70
71
48
72
43
68
62
21
58
36
23
manANciais
capela do
socorro
22
ARTE: André Bunduki
parelheiros
L
B
3
são mateus
4 4
SUDESTE
9
8
2
F
COHAB-SP
MINHA CASA, MINHA VIDA
jabaquara
SUL
E K
11
C
10
7
cidade
5
tiradentes 8 6 14
vila
prudente
L P
1
guaianases
K
12
PROGRAMA MANANCIAIS
itaim
paulista
LESTE
pinheiros
V
são miguel
paulista
ermelino
matarazzo
D
vila guilherme
lapa
R
J
A
vila maria
C
5
I
santana
tucuruvi
Q
1 - Barra Bonita
2 - Brotas
3 - Campos do Jordão
4 - Leme
5 - Mongaguá
6 - Guarujá
7 - Caraguatatuba
8 - Mirassol
9 - Paranapiacaba
10 - Santa Adélia
11 - São Roque/Piracicaba
12 - Iguape I
13 - Ribeirão Preto
14 - Campinas
15 - Leão de Judá
16 - Vale das Flores
17 - Vila Patrimonial
NOVAS UNIDADES
1 - Domenico Martinelli
2 - Areião
3 - Estevão Baião
4 - Corruiras
5 - Ponte dos Remédios
REGULARIZAÇÃO
DE LOTEAMENTOS
1 - Brasil Novo
2 - Jardim Corisco II
3 - Campo Limpo
4 - Sitio Itaberaba
5 - Jd. Palmares
6 - Anhanguera/Morada do Sol
PROGRAMA 3 R’s
A - Jd. do Lago
B - São Jorge / Arpoador
C - Jd. Imperador
D - Nova Tietê
E - São Domingos / Camarazal 4
F - São Domingos / Camarazal 7
G - José Paulino dos Santos
H - City Jaraguá
I - Chaparral
J - Tiquatira
K - Goiti
L - Real Parque
COHAB-SP
1 - Jardim Mirian
2 - Parque Boa Esperança
3 - Unidos Venceremos
4 - Paulo Freire
5 - Recanto da Felicidade
6 - Parque do Gato
7 - Olarias
8 - Barro Branco II
9 - Barro Branco I, II, III, IV Sta. Etelvina 1/6A
RENOVA CENTRO
1 - Palacete dos Artistas
URBANIZAÇÃO
DE FAVELAS
A - Jardim Nova Tereza
B - Dois de Maio
C - Lidiane / Sampaio Côrrea
D - Nova Jaguaré
E - Vitotoma Mastroroza
F - São Francisco Global
G - Tiro ao Pombo
H - Jardim Guarani / Boa Esperança
I - Diogo Pires
J - Barão de Antonina
K - Nove de Julho
L - Cinco de Julho
M - Carina Ari
N - Jardim Edite
O - Bamburral
P - Real Parque
Q - Gabi
R - Thomas II
S - Paraisópolis
T - Jardim Olinda
U - Heliópolis
V - Água Podre
W - Sapé
X - Córrego da Mina
Y - Parque Fernanda I
Z - Cidade Azul
AA - Jardim Colombo
BB - São Judas
DIVISA DAS REGIÕES
1 - Cidade Júlia
2 - Nova Pantanal
3 - Jd. Eldorado / Mata Virgem
4 - Jd. dos Lagos
5 - Santa Margarida V
6 - Jd. Dionísio I e II/Vila Santa Lúcia
7 - Vila Santa Célia
8 - Jd. Ângela II
9 - Jd. São Joaquim
10 - Jd. Arnaldo
11 - Vila Bom Jardim
12 - Nagib I e II
13 - Jd. Planalto
14 - Minuetos
15 - Pq. São Francisco
16 - Kagohara II
17 - Jd. Herculano
18 - Alto da Riviera B
19 - Neumas/Kagohara IV
20 - Pq. Novo Santo Amaro V / Luz Soriano
21 - Pabreu
22 - Condomínio Vargem Grande
23 - Jd. Nova Marilda
24 - Boulevard da Paz
25 - Pq. Nova Santo Amaro VII
26 - Costa do Valado
27 - Renato Locchi
28 - Jd. Solange
29 - Jararau II
30 - São Lourenço
31 - Fujihara II
32 - Jd. Fujihara I e III e Nakamura II
33 - Xambores I e II / Vila Verde
34 - Jd. Araguari / Muriçoca
35 - Chácara Flórida / Chácara Bandeirantes
36 - Nova Varginha
37 - Jd. Capela / Santa Bárbara
38 - Pq. das Cerejeiras
39 - Enlevo
40 - Jd. Calú
41 - Chácara Sonho Azul
42 - Arizona
43 - Jd. Iporã / Jd. Casagrande
44 - Ângelo Tarsini
45 - Cardeal Rossi
46 - CEU Cidade Dutra
47 - Alcindo Ferreira / Jd. Cruzeiro
48 - Chácara do Conde I e II
49 - Jd. Satélite I e II
50 - Dezenove
51 - Jd. Represa
52 - Ribeirão das Pedras
53 - Ipojuca Luis de Araújo
54 - Vila Rubi
55 - Jd. Pouso Alegre
56 - Jd. Real
57 - Pq. América
58 - Jd. Noronha
59 - Pq. São José VI
60 - Jd. Itatiaia
61 - Pq. São José I e II
62 - Cantinho do Céu / Gaivota
63 - Jd. Horizonte Azul / Sapato Branco
64 - Jd. Manacás
65 - Pq. São José VII, Três Cânticos e Entorno
66 - Alto da Alegria
67 - Nova Grajaú II
68 - Cocaia I
69 - Jd. São Bernardo II
70 - Vila Santa Francisca / Cabrini IV
71 - Vila Santa Fé
72 - Pq. Maria Fernando I e II
LIMITE DAS SUBPREFEITURAS
LIMITE DAS ÁREAS DE MANANCIAIS
Renova SP
MAIO | JUNHO 2012
13
LESTE
Caraguatatuba está
perto da conclusão
Moradores também vão ganhar ciclovia
ligando condomínio às estações da CPTM
O Residencial Caraguatatuba entrou em fase final de
execução. O conjunto habitacional terá 940 unidades,
distribuídas em cinco condomínios. A previsão é que ele
seja entregue em agosto.
Os apartamentos contam com dois dormitórios, sala,
cozinha, banheiro e área de serviço. No térreo, há unidades destinadas a pessoas com mobilidade reduzida.
Uma inovação do projeto é a ciclovia que está sendo executada, com cerca de 2 km de extensão. “Ela vai ligar os
condomínios às estações de trem da CPTM [Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos] José Bonifácio e Guaianases, que ficam próximas e terão bicicletários”, conta a
diretora técnica da Cohab-SP, Hisae Gunji.
A Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo
(Cohab-SP) cedeu o terreno, no valor de cerca de R$ 15
milhões, e a construção ficou a cargo do Governo Federal,
ao custo aproximado de R$ 50 milhões.
Parte das famílias que estão prestes a ganhar suas novas casas deixou seus antigos imóveis em dezembro de
2009, devido à enchente que atingiu o Jardim Pantanal,
o Jardim Romano e o Parque das Flores, em São Miguel
Paulista (Zona Leste). Desde aquela época, eles estão recebendo o Auxílio Aluguel da Prefeitura. Os apartamentos
do Caraguatatuba serão financiados pelo programa federal Minha Casa, Minha Vida em dez anos, com mensalidades de 10% da renda familiar.
DÉBORA YURI
Renova SP
MAIO | JUNHO 2012
14
FOTOS: Divulgação
Condomínio terá
940 unidades
NORTE
Prefeitura termina obras no
Anhanguera / Morada do Sol
DEPOIS
ANTES
As obras de contenção executadas no loteamento Anhanguera / Morada do Sol, em Perus (Zona Norte), foram finalizadas pelo Departamento de Regularização de Parcelamento do
Solo (Resolo), da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab).
A área ganhou projeto de estabilização e contenção de encostas em alguns trechos. Houve também o plantio de grama
e árvores, além da preservação das espécies existentes.
Foram investidos R$ 445 mil nas intervenções, que beneficiarão cerca de 190 famílias. Agora, o Anhanguera está apto
para que seja emitido o Auto de Regularização.
NORTE
Resolo conclui obras no Jardim Palmares
O Departamento de Regularização e Parcelamento do Solo
(Resolo), da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), concluiu as obras de contenção para eliminar o risco no loteamento Jardim Palmares, que fica na Zona Norte. As intervenções
incluíram serviços de drenagem, com a execução de canaletas
e escadarias hidráulicas. As obras custaram R$ 725 mil e vão
beneficiar cerca de 380 famílias que vivem na área.
SUDESTE
Quatro blocos da
Gleba H estão em
fase de acabamento
Os primeiros 98 apartamentos deverão ser
entregues no segundo semestre deste ano
ATUAL
oll
FOTO: Fabio Kn
ANTES
FOTO: Divulga
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Quatro dos 11 blocos previstos para a Gleba H, em Heliópolis (Zona Sudeste), já estão em fase final, com 98 apartamentos que deverão ser entregues no segundo semestre.
No total, estão sendo construídos 200 novos imóveis, mais
36 comerciais (entre boxes e unidades), além de área de
lazer com quadra e playground. O término das obras está
previsto para o início de 2013.
Na Gleba H, já existiam cinco prédios que estavam comprimidos por uma favela que cresceu ao redor. Para iniciar
o novo projeto, foi preciso retirar os barracos. As cerca de
900 famílias que ocupavam o local e o entorno passaram
a ser atendidas pela Prefeitura. Para integrar as novas residências aos prédios existentes, foram projetados blocos
horizontais.
“Era uma ocupação curiosa e dramática. Parecia um problema insolúvel. Nossa intenção foi a de construir um pedaço da cidade nesse quarteirão, e não apenas um terreno
com prédios soltos”, comenta o diretor do escritório responsável pelo projeto, Hector Vigliecca.
Será investido no projeto cerca de R$ 45 milhões. Desse
valor, R$ 30 milhões são da Prefeitura e o restante, R$ 15
milhões, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional
do Estado de São Paulo (CDHU).
As obras fazem parte do Projeto Heliópolis, que beneficiará 14.586 famílias, com urbanização e construção de 3.689
unidades habitacionais. O valor total do Projeto Heliópolis é
de cerca de R$ 590 milhões, sendo R$ 250 milhões da Prefeitura, R$ 123 milhões da Caixa Econômica Federal, RS 177
milhões da CDHU e R$ 40 milhões do Fundo Municipal de
Saneamento Ambiental e Infraestrutura.
MARCOS PALHARES
Reforma do Jardim Imperador está
prestes a ser finalizada
A revitalização do conjunto habitacional Jardim Imperador,
no Ipiranga (Zona Sudeste), entrou em fase final e está
prevista para ser concluída em junho. As obras custarão
R$ 1,9 milhão e beneficiarão os moradores das 380 unidades que existem no local.
A reforma promovida no empreendimento incluiu pintura,
paisagismo, implantação de áreas de lazer, cercamento e
cobertura nas garagens, além de novos equipamentos de
segurança e ligações de gás. Telhados e caixas d’água foram trocados. As obras integraram o Programa 3 Rs (Regularização, Recuperação de Créditos e Revitalização dos Empreendimentos), criado pela Superintendência de Habitação Popular
(Habi) da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab).
Renova SP
MAIO | JUNHO 2012
15
MANANCIAIS
Contenção no Morro
dos Macacos entra
em fase final
Depois de pronta a obra
de contenção, área será
urbanizada
A Prefeitura está finalizando as obras de
contenção no Morro dos Macacos, em Cidade Ademar (Zona Sul). As obras beneficiarão
aproximadamente 2.000 famílias e devem ser
concluídas ainda no primeiro semestre. Foram investidos cerca de R$ 12,2 milhões – a
Prefeitura contribuiu com R$ 9,5 milhões e a
Caixa Econômica Federal (CEF), com R$ 2,7
milhões.
Para eliminar o risco na área, foram executadas intervenções com a técnica de solo grampeado
no topo da encosta. Ela consiste na perfuração da terra
com barras de ferro e injeção de calda de cimento, revestimento com tela de aço soldado e concreto projetado por
cima. Tudo isso para evitar deslizamentos.
Na parte baixa do terreno, foi usado o sistema de terraplanagem com talude e cobertura vegetal. Nesse método de contenção, a porção ruim da terra é retirada. Feito
FOTOS: Divulgação
Sehab vai eliminar o risco na área,
beneficiando cerca de 2.000 famílias
isso, planta-se grama por cima.
Depois da conclusão das obras para a estabilização da
encosta, o Morro dos Macacos, que integra a área Jardim
Eldorado / Mata Virgem, passará para outra etapa de intervenções. “Vamos começar a urbanização da comunidade e também a implantação de um grande parque linear que atenderá à região”, diz o coordenador do Programa
Mananciais, Ricardo Sampaio.
DÉBORA YURI
MANANCIAIS
centro
Obras na Vila Rubi estão quase prontas
Prefeitura trabalha na
fundação do Lidiane /
Sampaio Côrrea
As obras de urbanização na Vila
Rubi, na Cidade Dutra (Zona Sul), estão em fase final. A Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) deve concluir a intervenção ainda no primeiro
semestre.
Com 476 famílias, a área
recebeu redes de água, esgoto e drenagem, abertura de
vielas, pavimentação de ruas,
canalização de córrego e paisagismo. Fachadas das casas
ganharam pintura e foram instalados na comunidade equipamentos como áreas de lazer
e quadra poliesportiva.
Os investimentos foram de
aproximadamente R$ 17 miRenova SP
MAIO | JUNHO 2012
16
lhões. A Prefeitura contribuiu com R$
6,3 milhões; a Caixa Econômica Federal, com R$ 2,2 milhões, e o Fundo
Municipal de Saneamento Ambiental
e Infraestrutura (FMSAI), com R$ 8,5
milhões.
Casas ganharam pintura
A Secretaria Municipal de Habitação
(Sehab) concluiu as fundações do primeiro bloco residencial do projeto Lidiane / Sampaio Côrrea, na Casa Verde.
O projeto, que integra o Programa
Marginais – que está sob responsabilidade da Regional Centro (Habi-Centro)
da Sehab –, prevê a construção de 238
apartamentos.
O investimento é de R$ 39 milhões,
sendo R$ 24 milhões da Prefeitura e
R$ 15 milhões da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
do Estado de São Paulo (CDHU). A previsão de entrega é para o primeiro semestre de 2013.
EMPREGOS & FINANÇAS
CONSUMIDOR
Sacolinha
da discórdia
Entenda a polêmica em torno do
assunto e saiba como se adaptar nas
próximas visitas ao supermercado
FOTO: Newton Santos
Isadora comprou um
carrinho revestido
de lona para ir ao
supermercado
Desde fevereiro, a diarista Isadora
Vasconcelos, de 38 anos, tem um novo
companheiro quando vai ao mercado:
o carrinho de mão revestido com lona.
Naquele mês, os supermercados deixaram de fornecer sacolinhas de plástico
para os consumidores empacotarem
as compras – medida que foi adiada
poucos dias depois para ser adotada
definitivamente em abril.
Cansada de carregar os produtos em
caixas de papelão ou em sacos usados
de 5 quilos de açúcar, fornecidos como
alternativas pelos supermercados que
ela frequenta, Isadora gastou cerca de
R$ 50 para comprar o carrinho.
“Ficou mais difícil porque não cabe
muita coisa. Mesmo quando vou de
carro, é ruim para transportar tudo até
o estacionamento e depois retirar em
casa”, reclama a diarista, que mora na
Vila Natal, região do Grajaú (Zona Sul).
“Às vezes, a gente não leva carrinho
porque vai comprar só um ou dois produtos. Daí tem de carregar na mão.”
O principal argumento da Associação Paulista de Supermercados (Apas)
para deixar de distribuir as sacolinhas
está ligado ao meio ambiente. A entidade acredita que deixar de despejar anualmente 6,6 bilhões de sacolas plásticas na natureza ajudaria a combater a
poluição. Justificativa que não é plenamente aceita por especialistas da área
ambiental (leia na próxima página).
Para apimentar ainda mais a polêmica, resta outra questão: economistas
dizem que o custo das sacolinhas já
está embutido no valor dos produtos.
Mas isso significa que acabar com a
distribuição “gratuita” fará o preço nas
prateleiras cair? Ninguém sabe (leia
na próxima página).
De concreto, mesmo, apenas o fato
de que a Apas apresentou alternativas que foram aceitas pela Fundação
de Proteção e Defesa do Consumidor
(Procon-SP). Uma delas, inclusive, estabelece que os supermercados disponibilizem sacolas reutilizáveis para os
clientes por um preço de até R$ 0,59.
A seguir, entenda um pouco mais
dessa questão e descubra, como Isadora, formas alternativas de levar as
compras para casa sem precisar ser
malabarista.
MARCOS PALHARES
Renova SP
MAIO | JUNHO 2012
17
O preço dos
produtos cai?
É bom para o meio ambiente,
mas não o suficiente
A polêmica não está só na questão ambiental. Ela pesa no
bolso do consumidor também. O próprio presidente da Apas,
João Galassi, afirmou, por meio de um comunicado oficial,
que as sacolinhas representam 0,20% do valor das compras
– seus cálculos apontam, ainda, que os supermercados vão
economizar cerca de R$ 190 milhões por ano.
Fato que, ainda segundo Galassi, “pode gerar promoções
nos estabelecimentos ou uma redução nos preços dos produtos”. O economista e professor da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP) Gilson de Lima Garófalo não
acredita que isso ocorra. “O consumidor termina pagando
duas vezes. É muito difícil pensar na redução dos preços nos
supermercados”, diz.
A medida, que não é uma lei, também pode gerar desemprego nas empresas que produzem sacolas plásticas. De
acordo com o presidente do Instituto Sócio-Ambiental dos
Plásticos (Plastivida), Miguel Bahiense, o setor emprega 6
mil pessoas diretamente e 27 mil indiretamente. “Já existem
demissões”, afirma ele.
Parar de distribuir sacolinhas gratuitamente nos supermercados ajuda, mas não vai trazer grande impacto na preservação do meio ambiente. Essa é a opinião da engenheira
ambiental Fátima Santos.
“A intenção é muito boa. Mas, por outro lado, as próprias
mercadorias que as pessoas compram têm embalagens
plásticas ou são feitas com outros materiais poluentes que
continuam sendo despejadas na natureza todo mês”, afirma
Fátima, que é co-autora dos livros “Equilíbrio Ambiental &
Resíduos na Sociedade Moderna” e “O Ser Humano e o Meio
Ambiente de A a Z”.
Para ela, a medida deveria ser acompanhada de outras propostas. “As empresas, por exemplo, poderiam ter se comprometido a reduzir ou substituir as embalagens de seus produtos por outras, menos poluentes”, acrescenta.
ONDE LEVAR AS COMPRAS?
A seguir, Renova SP dá algumas
dicas de como ir ao supermercado
sem as sacolinhas. Escolha a sua.
A opção mais usada é a sacola
retornável. Esta aqui, da Na
Sacola, de nylon, custa apenas
R$ 8. Há também versões em
tecido. (Você pode fazer a sua
com uma camiseta. Saiba como
na seção “Passo a Passo”, na
página 21).
Renova SP
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Mais leve (e menos feio) que o carrinho
de feira é a versão revestida em lona,
geralmente colorida e com fecho em
velcro. Esse modelo, da Batiki, tem
preços entre R$ 39 e R$ 49.
FOTOS: Divulgação
O velho e bom carrinho de feira pode
ser encontrado no varejo por até R$
40. E existem modelos “turbinados”
como este, da Passerini, que suporta
40 quilos e custa até R$ 90.
CONSTRUÇÃO & DECORAÇÃO
SAÚDE
Alergia
nunca mais
FOTO: Newton Santos
Será que os ácaros são os maiores vilões da rotina doméstica? Para muita gente, sim. Pelo menos 20% da população mundial sofre de algum tipo de alergia, segundo a alergista Fátima
Rodrigues Fernandes, presidente da Regional São Paulo da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI). Esse
percentual salta para 40% se um dos pais for alérgico e chega
a 80% entre quem tem pai e mãe com o problema.
As alergias mais comuns são justamente as respiratórias, como asma (popularmente conhecida por bronquite),
rinite, sinusite, conjuntivite e laringofaringite. Para evitar o
seu agravamento, é preciso combater os ácaros de poeira
dentro de casa, explica a médica. “O ideal é não usar carpetes e tapetes, além de trocar cobertores de lã por edredons. O ambiente precisa ser ‘clean’, limpo, sem objetos
pendurados ou bichos de pelúcia.”
Entulhar objetos, livros e CDs pela casa não é aconselhá-
Renova SP lista uma série
de dicas para acabar com os
espirros em casa
vel – se você não consegue viver sem eles, dê preferência
às estantes com porta. Vassouras e espanadores devem
ser eliminados da faxina, porque levantam o pó e deixam
os ácaros em suspensão no ar – depois de um tempo, eles
voltam a descer para o piso ou os móveis. “Para retirar de
vez os ácaros, a limpeza deve ser feita com pano úmido.
Trocar a roupa de cama duas vezes por semana é outra
dica”, diz Fátima.
Locais pouco ventilados e escuros são iscas para a proliferação de ácaros, fungos e bactérias, observa a arquiteta
Nadine Voitille, sócia do Portal Clique Arquitetura. Por isso,
é importante manter a casa ensolarada e bem ventilada. “A
decoração também interfere bastante. Os ambientes precisam de móveis que sejam fáceis de limpar”, explica ela, que
dá, a seguir, dicas de como “armar” o lar contra as alergias.
DÉBORA YURI
Para evitar o acúmulo de pó,
ambiente deve ser ‘clean’
Renova SP
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QUARTO
FOTOS: Newton Santos
Armários até o
teto e ausência de
prateleiras são boas
dicas para o quarto
SALA
• Pisos cerâmicos e laminados são os mais indicados
para os alérgicos. A limpeza deve ser feita com pano
úmido.
• Dê preferência a sofás de couro, que podem ser
mantidos limpos mais facilmente.
• As almofadas poderão ter capas de tecido antialérgico, que devem ser retiradas e lavadas seguidamente.
• Para quem quer praticidade, as persianas de alumínio e madeira são as ideais, pois acumulam menos pó
e são mais fáceis de limpar. Se fizer questão de ter cortina em casa, escolha as de tecidos leves e sem forros,
que podem ser lavadas uma vez por semana.
• Os lustres devem ter formas que impeçam o acúmulo de pó.
Renova SP
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• Camas box retêm menos pó do que os modelos tradicionais com estrados.
• Armários até o teto evitam o acúmulo de poeira em
locais difíceis de limpar.
• Evite fixar prateleiras sobre a cama, pois elas também são “moradia” de ácaros.
• Prefira móveis revestidos de laminados e fórmicas,
que são mais resistentes à limpeza diária com pano
úmido.
• Evite travesseiros de penas e cobertores de lã; dê
preferência a lençóis e edredons de algodão.
• As colchas precisam ser finas para que possam ser
lavadas toda semana.
• Evite o uso de inseticidas, inclusive os espirais,
“sprays” e aparelhos elétricos repelentes de insetos.
• Não use facilitadores para passar roupas nem amaciante nas roupas de cama. Esses produtos deixam
resíduos que podem provocar alergias.
• Quanto aos bichos de pelúcia, é recomendável colocá-los em sacos plásticos e só tirá-los de lá na hora da
diversão. Não use esses brinquedos como peças decorativas porque eles ficarão infestados de partículas
alérgenas.
• Umidificadores também não são recomendados em
casas com pouca ventilação porque podem facilitar o
acúmulo de fungos, causando umidade nas paredes.
Uma bacia de água no canto do quarto é uma boa opção para manter a umidade do ar.
Pisos laminados
e persianas de
alumínio são mais
indicados para a sala
• Os pisos frios são os ideais. Se você quer complementar a decoração com um tapete, escolha aqueles
sem pelos e leves, como os de algodão ou sisal. Assim,
fica mais fácil batê-los fora de casa ou lavá-los com frequência.
• As paredes podem ser revestidas com papel de parede lavável. Um pano úmido faz a limpeza sem desgastá-lo.
• Use móveis com rodízios. Eles facilitam a movimentação e a limpeza.
• Privilegie revestimentos, pinturas e materiais com
proteção natural contra fungos.
FOTOS: Newton Santos
MÓVEIS E ACABAMENTOS
Pisos frios sem
tapetes não
acumulam pó
Rodinhas facilitam
a limpeza
Ralo com
fecho evita
odores
LIMPEZA
• Diariamente, use aspirador de pó e pano úmido
com água e sabão de coco ou álcool para limpar toda
a casa, principalmente os cômodos em que a família
fica por mais tempo. Lembre-se de limpar lugares
pouco visíveis, como batentes de porta e estrados
da cama.
• Cuidado ao aspirar a poeira. O saco do aspirador
precisa estar bem limpo para o aparelho não provocar a suspensão do pó no ar. É recomendável lavar
sempre o saco do aspirador após o uso e deixá-lo
secar ao sol. Os melhores aspiradores de pó para
alérgicos são os que possuem filtros de água ou filtro HEPA, que aspiram toda a poeira, até a mais fina.
• Evite espanar e varrer a casa.
• As cortinas devem ser lavadas a cada dois meses.
Já os tapetes, edredons e travesseiros precisam ser
expostos ao sol sempre que possível.
COZINHA E BANHEIRO
• Na cozinha, superfícies de vidro, móveis e bancadas com superfícies mais lisas são fáceis de limpar e
favorecem uma manutenção rápida.
• Opte por móveis até o teto e puxadores embutidos.
• Nos banheiros, armários suspensos facilitam a limpeza e a ventilação, ralos com fecho evitam odores e
uma ventilação abundante dificulta a proliferação de
mofos. Evite o uso de móveis com textura.
SERVIÇO
ASBAI (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia).
www.sbai.org.br.
Portal Clique Arquitetura.
www.cliquearquitetura.com.br.
Renova SP
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Pergunte
ao ARQUITETO
Quais as dicas para escolher e
manter um box de vidro?
Limpeza deve ser
feita com movimentos
horizontais e verticais
FOTO: Newton Santos
“Quero colocar um box no banheiro do meu apartamento que seja bom, bonito e dure bastante, mas ele não
pode ser muito caro. Quais as dicas para eu conseguir
comprar um box de vidro, liso, que não estoure o meu orçamento? Que cuidados devo ter ao escolher um e como
fazer a manutenção?”
José Clausson Bezerra, 30 anos, fiscal de ônibus, morador do conjunto habitacional Garagem, em São Miguel Paulista (Zona Leste)
“Sempre sugiro para comprar o que de melhor qualidade houver (dentro de nossas condições) quando se trata
de louças, metais e box de banheiro. Eles têm vida longa
e quando apresentam defeito, muitas vezes danificam
outros itens, gerando dor de cabeça.
Neste site, é explicado como medir o box corretamente:
www.boxparabanheiro.net.br/aprenda-a-tirar-medida.html. O
vidro deve ser temperado, com espessura mínima de 8 milímetros. Sempre exija garantia do fabricante (normalmente de
dois anos). Embora resistente, o vidro não é inquebrável. Por
isso, evite impactos e não deixe crianças sozinhas no box.
Quanto às ferragens, há um modelo que tem as roldanas expostas. Isso facilita a limpeza. As portas deixam de
deslizar perfeitamente com o manuseio constante. Quando isso acontecer, lembre que as mesmas empresas que
instalam o equipamento podem fazer a regulagem.
Para a limpeza, use um pano macio e água morna. Limpe com movimentos verticais de um lado e horizontais
do outro. É bom sempre secar o box após o banho. Buchas de limpeza e produtos abrasivos, como água sanitária, danificam o vidro.”
Rosana Silva, designer de interiores, autora do blog Simples Decoração (www.simplesdecoracao.com.br).
Mande sua dúvida para a Renova SP
no e-mail [email protected]
Fonte: Eco Life Ambiental (www.ecolifeambiental.com.br).
1
Corte as mangas e a gola
da camiseta. Dessa forma, ela
vai ficar parecida com uma regata. Em seguida, vire a peça
do avesso e dobre, de modo
que as costuras fiquem no
centro. Sele as barras da camiseta com cola quente – ou
as costure.
Faça um desenho de sua
preferência em um frasco de
xampu e recorte essa figura.
Desvire a camiseta – que agora já está com cara de egobag
– e amarre as fitas decorativas em uma das alças da
sacola, com os enfeites recortados.
Transforme aquela peça velha em
uma charmosa sacola de pano
Depois de a cola
secar, a ecobag está
pronta para usar.
2
3
ITENS NECESSÁRIOS: camiseta ou blusa velha, cola quente (a pistola de aplicação e os refis são encontrados em livrarias ou lojas
especializadas), tesoura, fita decorativa (de sua preferência), frasco de xampu e caneta para retroprojetor.
Renova SP
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FOTOS: Divulgação
PASSO A PASSO | ECOBAG FEITA COM CAMISETA
CULTURA & LAZER
DIVERSÃO
Mês de julho é época de soltar pipas,
mas tome cuidado com os acidentes
As férias escolares de julho estão chegando. E
a garotada já começa a tirar das gavetas o papel
de seda, as varetas e a linha para colocar as pipas no ar durante todo o mês. “Pipa vicia mais
que droga”, brinca o vendedor Hamilton Novelli,
morador da Zona Oeste, que já dedicou 30 de
seus 50 anos a essa prática. “Com R$ 1,30, qualquer garoto põe uma pipa no ar. E não quer mais
parar.”
Em muitos bairros da cidade, principalmente
na periferia, o céu fica repleto de pipas o dia todo.
Enquanto há sol, lá está um “pipeiro” com seu
carretel de linha na mão, olhar fixo para o alto.
“Em muitos lugares, é a única distração, o único
lazer. Acho muito saudável para a molecada”, diz
o segurança Rodrigo Salustiano da Silva, de 30
anos, que costuma empinar pipas junto com o
filho Guilherme, de 7 anos, na Vila Cordeiro (Zona
Leste), onde mora.
O local escolhido para a brincadeira não poderia
ser melhor: um terreno descampado. Ficar longe
de fios e do trânsito diminui bastante o risco de
acontecer algum acidente – e números mostram
que soltar pipa pode ser muito perigoso.
A Associação Brasileira de Motociclistas
(Abram) estima que aconteçam 5.000 acidentes envolvendo motos e linhas de pipas todos os
anos. Há também o risco de ser eletrocutado: a
AES Eletropaulo registrou, entre 2010 e 2011, 20
ocorrências na Região Metropolitana, com saldo
de sete mortos.
Outro tipo de acidente, que nem sempre é associado às pipas, são as quedas das lajes. Embora não haja estatísticas oficiais de quantos “pipeiros”
caem enquanto brincam, existem relatos de pessoas
que, empolgadas com a diversão, sofreram acidentes graves – um levantamento feito pelo Instituto de Ortopedia
e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em 2011
revelou que um em cada três pacientes internados com
fratura da coluna caiu de uma laje.
Nas próximas páginas, Renova SP conta um pouco mais
do universo dos “pipeiros”, com dicas para não se tornar
uma vítima da tradicional brincadeira.
MARCOS PALHARES
Empinar pipa é
uma brincadeira
sem limite de
idade
FOTO: Newton Santos
Férias no ar
VOCÊ SABIA?
Pipa foi inventada na China há 2.500 anos
A pipa nasceu na China no ano de 478 antes de Cristo. “O
filósofo Mo Zi inventou uma feita com madeira leve. A partir
disso, outro filósofo, Lu Ban, criou a armação com bambu
e papel”, conta o assistente do Centro de Cultura Chinesa,
Oscar Wei. “Na época, muitos chineses empinavam a pipa
quando queriam expressar suas saudades de algum parente
morto.” As pipas também eram usadas para medir distâncias, testar o vento e enviar mensagens nas guerras.
Renova SP
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Uso de cortante pode
provocar acidentes graves
FOTOS: Newton Santos
Conhecedor dos
riscos, Alexandre se
protege das linhas
SAIBA COMO FAZER UMA PIPA
Cada um tem seu próprio jeito, mas o processo é basicamente
um só. Confira o passo a passo do ‘pipeiro’ Caio Nunes Cardoso:
‘Linha chilena’ corta 4 vezes
mais que o ‘cerol’ tradicional
Além do bastante conhecido “cerol”, começou a chegar nos
últimos anos ao mercado as chamadas “linhas chilenas”. Enquanto o primeiro é uma mistura de cola com vidro moído ou
limalha de ferro que é aplicada na linha – hoje, ele já pode ser
encontrado pronto –, a segunda é um produto industrializado
ainda mais agressivo, pois usa quartzo moído e óxido de alumínio e corta até quatro vezes mais.
Renova SP
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A maior polêmica envolvendo a brincadeira é a linha com
cortante. Usada pela molecada para “mandar” as outras pipas, o “cerol” – como é conhecido – pode provocar acidentes
graves, resultando até mesmo em mortes.
“Apuramos que, em 2011, foram registradas cerca de 120
ocorrências com atendimento hospitalar envolvendo linha de
pipa”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Motociclistas (Abram), Lucas Pimentel. “Cerca de 70% dessas ocorrências foram gravíssimas, com sérias sequelas. Mais de 20
motociclistas morreram.”
Fatos como esses fizeram com que a lei que regulamenta
atividades profissionais com o uso de motocicleta trouxesse a exigência de “instalação de aparador de linha antena
corta-pipas”. Medidas para regulamentar ou coibir o uso de
linha cortante, no entanto, ainda não existem.
Conhecedores dos riscos, os “pipeiros” defendem que a
prática seja transformada oficialmente em modalidade esportiva, com o poder público reservando espaços seguros para a
prática. “Isso ocorre no Chile, por exemplo. Outra proposta é
que a pipa tenha cortante só nos primeiros metros de linha,
lá em cima, e não no carretel inteiro”, alega Hamilton Novelli.
Mas enquanto nada é definido, o jeito é ficar esperto. “Além
de empinar pipa, eu também sou motociclista. Por isso, tratei
de instalar a antena no guidão da minha moto”, completa o
motorista Alexandre da Silva, de 25 anos, que vive em São Miguel Paulista (Zona Leste).
1
Com o estilete, retire
as lascas e imperfeições
das varetas. Disponha a
vareta de bambu verticalmente e, a partir da sua
ponta de cima, conte 15
cm para baixo e amarre
o meio da vareta de fibra
maior. A partir da junção entre as duas, conte
mais 20 cm para baixo e
amarre o meio da vareta
menor.
Hamilton encontrou nas
pipas uma terapia
‘Pipeiros’ podem ser vistos
em qualquer canto da cidade
Além de diversão, a pipa também contribui para que as pessoas façam amizades e explorem mais a capital paulista. Em
busca de espaços abertos e seguros para brincar, os “pipeiros”
acabam percorrendo todas as regiões de São Paulo.
Morador da Zona Oeste, o vendedor Hamilton Novelli começou
empinando pipa no Parque Ibirapuera, há 30 anos. “Eu trabalhava
em uma concessionária e, junto com uns 15 colegas, descobri a
pipa como uma ‘terapia’ contra o estresse. Hoje, vou a todos os
cantos de São Paulo. Onde tem pipa, eu também estou.”
Outro que percorre a cidade é o modelista de sapatos Marcos
Razuk, de 50 anos, que vive em Santana, na Zona Norte. “Na
minha região, tem ponto de reunião de ‘pipeiros’ em Palmas de
Tremembé e no Sacolão da Vila Maria”, conta.
Na Vila Cordeiro, Zona Leste, um amplo terreno também atrai
“pipeiros” de todos os cantos, nos fins de semana. “Tem gente
que chega às seis da manhã e sai às seis da tarde. Se chove,
eles entram no carro e esperam passar, pra começar de novo”,
testemunha Rodrigo Salustiano da Silva, que mora próximo ao
local e também participa da brincadeira.
Use a linha para ligar, com
amarrações, as pontas de todas as varetas, formando uma
moldura. Na vareta de fibra
maior, você terá de “forçar” a
formação de um arco ao fazer as amarrações. Feito isso,
preste atenção na pipa. Em pé,
ela terá forma triangular nas
partes de cima e de baixo. O triângulo superior ficará vazado.
O papel será colado na parte do
meio e no triângulo de baixo.
3
Passe cola nas varetas, com exceção dos 15 cm da de bambu que
formam o triângulo de cima. Cole a
moldura sobre o papel. Em seguida, corte o excesso em volta.
Passe cola nas beiradas do papel
4 e dobre
para dentro, pregando nas
linhas que amarram as varetas. Pegue 80 cm de linha e faça o estirante, que deve ser preso na ponta de
baixo da vareta central e na junção
com a de cima. Está pronta.
ITENS NECESSÁRIOS: Cola, tesoura, estilete, um carretel de linha 10, uma vareta de bambu (deixe com 65 cm de comprimento), duas
varetas de fibra (uma com 48 cm e outra com 40 cm) e uma folha de papel de seda com medida 50 cm x 70 cm.
Grupo orienta molecada
e ajuda instituições
Formado há oito anos por cerca de 40
fanáticos por pipas, o grupo Sapopipas desenvolve um trabalho de conscientização
e, ao mesmo tempo, ajuda instituições de
caridade. Somente em um dia de festival
em Sapopemba, bairro da Zona Leste onde
mantém sua base, conseguiu coletar uma
tonelada de alimentos não perecíveis,
destinados a 30 entidades da região.
“A pessoa traz 1 quilo de alimento e nós
damos em troca uma pipa ou um troféu
simbólico”, explica um dos integrantes do
Sapopipas, o comerciante Cristiano Concórdia, de 30 anos.
Para completar o trabalho feito pelo
grupo, eles também fazem oficinas para
ensinar a garotada a criar uma pipa.
“Procuramos orientar as crianças. Existe
muita repercussão negativa, por causa do uso de cortante, mas queremos
mostrar o outro lado da pipa, de trabalho social”, observa outro integrante do
Sapopipas, o comerciante Écio Hilário da
Silva, de 49 anos.
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FOTOS: Newton Santos
2
Festival da Zona Leste
atrai ‘pipeiros’ até do RJ
Alberto veio do Rio de
Janeiro para empinar
pipa em São Paulo
FOTOS: Newton Santos
O funk serve para demarcar o território dos cariocas no festival de pipas
realizado em um terreno da Vila Cordeiro, Zona Leste. “Vou enrolar a minha linha / Vem na dança da mãozinha / Vou te arrastar na minha mão / Soltar pipa
é uma alegria / Essa é a nossa diversão”, diz a letra do “Bonde dos Pipeiros
(Dança da Mãozinha)”, do grupo Malha Funk.
Ao redor da aparelhagem de som, churrasqueiras, três ônibus e cerca de
150 fanáticos por pipas enfrentaram 12 horas de viagem no trajeto de ida e
volta para o Rio de Janeiro só para passar um domingo inteiro na brincadeira,
junto com mais de 400 colegas de São Paulo.
“Saímos à meia-noite, chegamos aqui às seis da manhã. Dentro do ônibus
tem café da manhã e, depois, fazemos churrasco o dia inteiro, enquanto o
pessoal empina as pipas”, conta o auxiliar de serviços gerais Alberto Ferreira, de 26 anos, morador do bairro carioca Campo Grande.
Mas tem gente que vai ainda mais longe. O designer Caio Nunes Cardoso,
que mora na Penha (Zona Leste), foi para o Chile em 2010. “Conheci um chileno há uns cinco anos e ele me convidou para empinar pipa nas comemorações
do Bicentenário da Independência do país. Fiquei maravilhado, o pessoal leva
muito a sério lá.” Outros lugares que muitos “pipeiros” sonham conhecer são a
Índia e a China, onde a brincadeira tem status de esporte de competição.
minha
receita
INGREDIENTES:
1 peito de frango grande
(500 g)
4 cenouras raladas
1 lata de milho
200 g de azeitonas picada
1 cebola ralada
1 dente de alho ralado
1 xícara de salsinha picada
1 caixa de creme de leite
1 maçã picada
Uva passa a gosto
Sal a gosto
Orégano a gosto
1 pacote de pão de forma
MODO DE PREPARO
Cozinhe o frango. Depois de
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GASTRONOMIA
Salpicão de frango
pronto, desfie bem e deixe
esfriar.
Com o frango frio, misture
todos os ingredientes em
uma vasilha.
Sobre uma base ou dentro
de um recipiente adequado, monte o prato como se
fosse um bolo, alternando
camadas de pão de forma
com a mistura feita no passo acima.
Depois de pronto, jogue uma
pitada de orégano por cima.
Você também pode enfeitar
a cobertura com tomate, salsinha e cenoura ralada.
DICA: Além da versão com
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pão de forma, o salpicão
também pode ser servido
como se fosse um patê, com
torradas.
RENDIMENTO:
15 fatias
CUSTO ESTIMADO:
R$ 17
TEMPO MÉDIO DE PREPARO:
30 minutos
Por Adriana Campos da
Silva, 36 anos, cabeleireira,
moradora de Guaianases,
Zona Leste, e vencedora do
concurso “A Chef do Bairro”,
do programa “Hoje em dia”,
da Record
Uma vida em
Paraisópolis
Aos 39 anos, Nadijane de
Oliveira mora na maior favela
de São Paulo desde bebê
tos
FOTO: Newton San
Na maior favela da cidade, com cerca de 63 mil habitantes, a paisagem já foi diferente da formada pelas milhares de construções
vistas hoje. Paraisópolis era verde. Chácaras, com plantações e
animais, ruas sem asfalto e muita terra livre formavam parte do
cenário antes de a comunidade da Zona Sul passar por um forte
adensamento populacional, a partir da década de 1970.
A técnica em saúde Nadijane Tatiane de Oliveira, de 39 anos,
acompanhou todas essas mudanças de perto. Com um mês de
vida, saiu de Itaberaba, na Bahia, para morar no barraco de madeira com a mãe e a avó, que já estava em Paraisópolis. “Na minha
infância, não tinha tanta gente. Eu conhecia todo mundo e, até o
final dos anos 1990, eu fui em praticamente todos os velórios de
pessoas que moravam aqui.”
De acordo com informações da Secretaria Municipal de Habitação
(Sehab), a área onde está situada a favela fazia parte da Fazenda
do Morumbi, que, em 1921, foi parcelada em 2.200 lotes pela União
Mútua Companhia Construtora e Crédito Popular S.A. A infraestrutura do loteamento não foi completamente implantada,
e muitos dos que compraram os terrenos nunca tomaram
posse efetiva nem pagaram os tributos devidos. Com o tempo, a região ficou abandonada e começou a atrair pessoas
que chegavam a São Paulo e não tinham onde morar.
A ocupação irregular começou por volta de 1950, inicialmente com famílias japonesas, que fizeram pequenas
chácaras. No início da década de 1970, começaram a surgir os primeiros barracos de madeira. Mas a ocupação foi
acelerada a partir das duas décadas seguintes – 1980 e
1990. “Encheu de gente de uma hora para outra e isso
trouxe muita violência”, lembra Nadijane.
Foi na mesma década de 1990 que a vida de Nadijane
também mudou. Casada, foi viver à beira de um córrego da comunidade – local considerado de risco. Passou
alguns anos de dificuldade até ser atendida pela Prefeitura por meio do programa de urbanização de Paraisópolis, que foi iniciado em 2006 e prevê a construção de
mais de 3.000 unidades habitacionais, além da realização de obras de infraestrutura.
Há dois anos, ela vive no Condomínio C, em um dos
1.305 imóveis já entregues, junto com dois dos seus
três filhos. “É outra vida, melhorou tudo. Quando eu
era criança, só tinha barracos de madeira. Não tinha
asfalto, transporte, escola ou posto de saúde. Luz também não
tinha. As pessoas cavavam poços para tirar água e faziam fossas
como banheiro. Era tudo muito difícil”, lembra Nadijane. Tudo passado. “Nunca quis sair daqui, eu amo esse lugar. Para mim, Paraisópolis é nota 1.000!”
MARCOS PALHARES
Renova SP
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t
a
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t
e
r
BAILE NA RUA
Dupla dança durante desfile de moda realizado
na comunidade Nossa Senhora Aparecida, em
São Miguel Paulista (Zona Leste)
por Fabio Knoll
É geógrafo formado
pela USP e trabalha em
parceria com a Secretaria
Municipal de Habitação
há cinco anos.
Especializou-se em
fotografia documental e
sempre se interessou
na relação entre o
homem e seu meio
Download

Vai Dar Praia!