I Encontro Nacional do Turismo de Habitação – Ponte de Lima (12 e 13 de Março de 1993) O Turismo de Habitação e a criação de uma imagem de marca Eng. Francisco de Calheiros Presidente da Turihab No limiar de uma nova década, que surge marcada por grandes mudanças na História dos Povos, as quais, influenciam a vida do quotidiano e naturalmente as motivações para o Turismo, que hoje fazem parte integrante das nossas preocupações, é oportuno fazer algumas considerações que nos têm orientado e que servem de base para projectar o nosso futuro. A TURIHAB tem estado atenta e vem respondendo às solicitações que a rodeiam, mantendo para além duma posição agressiva na conquista de mercados novos, uma postura que garante a qualidade do produto turístico que representa, com o objectivo de permanentemente alargar o espectro das reservas, aumentando as taxas de ocupação das casas. Temos crescido. Temos tido o cuidado de não aviltar o produto turístico que representamos. A QUALIDADE e a EFICIÊNCIA têm sido o nosso lema. A qualidade, na base permanente da melhoria do alojamento, atendimento e criação de novos equipamentos, e a eficiência na capacidade de rapidez de resposta, apoio aos associados, hóspedes e operadores turísticos. A TURIHAB é uma Associação criada e suportada pelos seus associados com o objectivo de promover o Turismo no Espaço Rural, garantindo a sua genuinidade e concretizando a sua acção, para além do desenvolvimento do marketing próprio, numa posição de charneira apoiando os vários interventores e motivando novas adesões. Estaff1os conscientes que a nossa acção ultrapassa o âmbito das casas e circunscreve-se, hoje, num exemplo de desenvolvimento do mundo rural. Restauramos Património, recuperamos Tradições e Costumes, devolvemos a vida às nossas casas e incentivamos o culto pela preservação da natureza, o artesanato e naturalmente o reavivar da Agricultura. Agricultura de que tanto se fala e cujo modelo nos desesperamos em encontrar. Faz sentido, aqui, uma referência à magnífica recuperação deste Convento e ao seu aproveitamento para o funcionamento da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima. Duma coisa não temos dúvida: foi o Turismo que nos despertou. I Encontro Nacional do Turismo de Habitação – Ponte de Lima (12 e 13 de Março de 1993) Foi a redescoberta de valores. Foi o contacto com o estrangeiro e com os estrangeiros que nos mostrou que aquilo que possuímos é diferente, é único. Somos a nação mais velha da Europa, temos História, temos um clima privilegiado. Somos o país do bom vinho e da boa comida, temos ainda um jardim (ainda que maltratado), sabemos receber. No entanto, o Turismo, para nós, é uma actividade complementar. Apesar da sua prática se ter tornado parte do nosso quotidiano, não nos podemos esquecer que em primeiro lugar, a casa em que vivemos é a nossa casa e depois, sim, recebemos nela turistas. É provavelmente esse ambiente, a primeira motivação para nos visitarem, em busca do contacto e do relacionamento com a nossa maneira de viver. Saibamos ser orgulhosos do nosso portuguesismo, da nossa cultura e das nossas tradições. Será esta qualidade que nos identificará numa Europa de hoje, sem fronteiras, e com tendência para a uniformização. Será esta a nossa principal arma e saibamos aproveitá-la para dela tirarmos o maior partido na promoção do Turismo, não só das nossas casas mas sobretudo ao serviço dum Portugal renovado. Ao longo dos últimos anos a penetração no mundo do Turismo e sobretudo do Trade, trouxe-nos a experiência para enfrentar os problemas que nos surgem, privilegiando o espírito associativo e o sentido de grupo. Tem sido esta a tónica, sobretudo a nível da promoção. Promovemos o Produto: TURISMO DE HABITAÇÃO e não as casas individualmente. A contratação ocupa um lugar de destaque. Como é sabido, é necessário um acompanhamento permanente dos operadores turísticos, nomeadamente nos pagamentos, evitando surpresas de falências e atrasos. Para além disso, a negociação em grupo impõe um tratamento privilegiado. Este é um aspecto importante que realçamos na contratação com os nossos operadores turísticos e agentes de viagens, que nos permite impor a nossa tabela de preços, as nossas condições de pagamento e de cancelamento. Haverá quem se deixe cativar pelo Allotments pensando que assim tem o seu problema resolvido quanto às reservas. O enfeudamento a um único operador retira poder negocial, "fica-se nas mãos do operador", além de debilitar a promoção e aumentar o grau de risco. I Encontro Nacional do Turismo de Habitação – Ponte de Lima (12 e 13 de Março de 1993) Por regra a TURIHAB não aceita Allotments e nos casos em que tenha de equacioná-lo para benefício pontual das casas, fá-lo-á sempre conseguindo contrapartidas do operador. A Central de Reservas corporiza toda a operação de marketing que culmina na concretização da reserva. Exige uma resposta rápida para operadores, agentes ou reservas directas. A resposta pronta só é possível com uma concretização permanente do planning de reservas. Num telefonema para as casas anunciando uma reserva que é rejeitada por ocupação da casa, todos perdemos; no telefonema que se faz e, mais grave, na má imagem que se transmitiu ao ter de alterar a reserva. Daqui resulta que é imperiosa a informação imediata à Central, das reservas directas à casa. A Central encontra-se, hoje, informatizada, o que possibilita uma resposta imediata, estando a implementar-se um sistema que permitirá o acesso imediato das casas, via telefónica, ao Server da TURIHAB. O TURISMO DE HABITAÇÃO não é um Turismo de passagem. Na sua génese está o conceito de contacto com a família e com a região, o que pressupõe uma estadia mínima, que estabelecemos de três dias, mais vantajosa e mais rentável para as casas. O Turismo tem que ser rentável. O conceito de rentabilidade, para nós, é muito próprio. Se por si, só pagar os encargos, possibilitando algum investimento e podendo suportar a manutenção do Património recebido, consideramos o nosso projecto rentável. Por isso, os preços que praticamos terão de levar em linha de conta inúmeros factores. Formar a tabela de preços não é tarefa fácil e exige uma análise profunda do mercado e a recolha de informações que condicionam as variáveis com que jogamos. Daí, que uma tabela de preços em vigor, é para ser seguida. Aviltar os preços é desprestigiar a organização e pôr em risco todo um trabalho de promoção que se reflecte em todas as casas. Mas, se é importante uma postura perante o mercado, mais importante é a prática e a qualidade da oferta que representamos. O típico, o tradicional, o natural, o caseiro, só por si não bastam para qualificar uma oferta turística; é preciso profissionalismo. Fazer Turismo obedece a regras que ultrapassam as boas maneiras de receber. Requisitos de limpeza, arrumação, facilidades nos serviços, acessibilidade às comunicações, são indispensáveis em (Turismo). A TURIHAB tem representado as I Encontro Nacional do Turismo de Habitação – Ponte de Lima (12 e 13 de Março de 1993) casas circunscritas à Região Norte, aceitando no entanto, casas doutras zonas do país que se identifiquem com as regras pelas quais nos pautamos. A TURIHAB tem pugnado por criar uma imagem que interprete o espírito genuíno do TURISMO DE HABITAÇÃO: abrir as portas ao Turismo, oferecendo a possibilidade de contacto com a vida tradicional portuguesa. Estamos, no entanto, numa fase crucial da nossa Associação, à qual lhe são pedidos esforços para se assumir a nível nacional, como referencial duma prática e defesa da qualidade de TURISMO DE HABITAÇÃO. O TURISMO DE HABITAÇÃO assume se, cada vez mais, como um produto turístico, cujo conceito assentou na utilização de uma casa de família, pressupondo, sempre, a recuperação do património, quer erudito, quer rústico. Trata-se, assim, de um regresso às origens do espírito e prática desta modalidade de turismo, isto é, o Turismo de Habitação é mais acolhimento, uma forma de receber, do que somente um tipo de alojamento. Assim, o Turismo de Habitação poderá praticar-se, quer em Casas Antigas, Quintas ou Casas Rústicas, preenchendo as actuais formas de alojamento. Preocupados com a evolução do Turismo de Habitação, pensamos que chegou a altura de criar, a nível nacional, uma imagem global, capaz de reflectir uma qualidade de oferta, através das casas que constituem exemplos de recuperação e representam a genuinidade da nossa arquitectura erudita ou rústica, palaciana ou rural. Esta genuinidade deverá revelar se, também, na forma de receber, no nível dos equipamentos, dos serviços, dos produtos da gastronomia local, sempre com duas preocupações básicas: Qualidade e Autenticidade. A TURIHAB, ao longo dos dez anos de prática, angariou um conjunto de operadores nacionais e estrangeiros, que abrem portas a canais de distribuição que permitirão um aumento potencial do fluxo de uma faixa de mercado, que constitui a clientela preferencial da nossa oferta. Importa, agora, com base nesta experiência bem sucedida, à custa do cumprimento de regras de funcionamento, espírito associativo e um rigoroso controlo de qualidade nas admissões e prática do Turismo, alargar-se ao âmbito nacional, uma vez que entretanto foi possível organizar os serviços de apoio, através da sua informatização. Assim, poderemos enfrentar novos mercados de grande potencial e, sobretudo, receber o apoio do Estado na criação de uma imagem de marca a nível nacional, com uma presença digna nas Feiras nacionais e internacionais e através de material gráfico e I Encontro Nacional do Turismo de Habitação – Ponte de Lima (12 e 13 de Março de 1993) audiovisual, lançando definitivamente o TURISMO DE HABITAÇÃO com a mesma força com que se lançaram as POUSADAS DE PORTUGAL. Pensamos numa imagem de marca: SOLARES DE PORTUGAL na qual caberão as várias formas de alojamento, enquadradas no TURISMO DE HABITAÇÃO. Arriscamos avançar com esta ideia, conscientes de que ela constituirá um desafio para a melhoria da qualidade de oferta e que a aposta pelo topo da gama conduzirá a um estímulo para um constante aperfeiçoamento por parte de todos os associados, certos de que estamos a ir ao encontro das actuais exigências, que se perfilam por um maior cuidado, rigor e pormenor, conjuntamente com uma diversificação, através da animação local ou regional. Teremos, assim, possibilidades de propor novas alternativas, nomeadamente com a criação de circuitos e itinerários, a nível nacional. Veremos, assim, as taxas de ocupação aumentadas, conjugando a oferta das diversas regiões do Pais mas, sobretudo, criando finalmente, uma estrutura nacional organizada e com capacidade de resposta. Minhas Senhoras e Meus Senhores: A TURIHAB está em condições de propor o seguinte: NORMAS DE OFERTA DO TURISMO DE HABITAÇÃO Uma Comissão Consultiva assegurará a observância das regras abaixo enunciadas bem como a classificação das Casas, visando a sua comercialização, emitindo um parecer relativamente à qualidade da oferta, por forma a conseguir um método para a classificação das Casas, dentro dos grupos aprovados: Regulamento 1 - Casa - Designação 2 - Edifício - Construção - Localização 3 - Decoração - Mobiliário - Conservação 4 - Serviço: . Empregados -Apresentação . Pequenos-almoços (composição, apresentação). Mudança de roupa das camas/Toalhas. . Limpeza geral 5 - Proprietário e ambiente 6 - Aspectos com interesse: Piscina; Ténis, Jardins; Refeições I Encontro Nacional do Turismo de Habitação – Ponte de Lima (12 e 13 de Março de 1993) As NORMAS que formam o conteúdo do regulamento, que são o padrão para o enquadramento das casas nos grupos definidos: 1- Valor histórico da casa 2 - Erudição arquitectónica, enquadramento paisagístico de qualidade e área oferecida disponível. 3 - Mobiliário e interior de acordo com o valor arquitectónico exterior. 4 - O quarto deverá ser espaçoso, arejado com iluminação natural, camas com o colchão de molas (moderno), guarda-fatos, mesinhas, cadeiras, mesa de apoio, iluminação geral e de cabeceira, aquecimento, isolamento acústico, cómoda/toucador e espelho. O arranjo do quarto deve incluir pequenos detalhes que valorizem o atendimento (chocolates, flores, caneca com água, etc.) 5 - A casa de banho deverá possuir banheira com chuveiro e restantes aparelhos sanitários. Ventilação, iluminação suficiente, aquecimento, tomadas de corrente, pressão de água quente e fria, saneamento com sifão de pavimento e revestimento cerâmico ou equivalente em todas as paredes. Não são permitidos os esquentadores a gás interior assim como eléctricos. ÁREAS: QUARTO-12m2 W.C. -3m2 6 - Salão de estar para hóspedes com bar, televisão, acesso ao telefone, literatura sobre a região, papel de carta, postais, serviço de correio, mesa de jogo com cartas, escrivaninha, fogão de sala, boa iluminação. 7 - Limpeza diária e substituição de roupas de cama, toalhas de banho e sabonetes. 8 - Serviço: os empregados deverão apresentar-se devidamente fardados, assim como verdadeiramente instruídos para receber com correcção, disciplina e asseio. O serviço de pequeno-almoço de qualidade em peças de porcelana ou casquinha em bom estado de conservação, naperons e guardanapos de pano, talheres de qualidade, servindo compotas caseiras e fruta da época. Disponibilidade de serviço (sumos, ovos, etc.) 9 - Disponibilidade da parte dos proprietários, facilidade de comunicação (línguas), conhecimentos e acessibilidade da região. 10 - Infraestruturas - Enquadramento natural jardins, matas, relvados, parques, rios, vistas panorâmicas) piscina ou lagos I Encontro Nacional do Turismo de Habitação – Ponte de Lima (12 e 13 de Março de 1993) - Áreas de pequenos jogos - refeições - Passeios e deslocações A CLASSIFICAÇÃO está ordenada nos tipos A, B, C, sendo agrupados em B e C as casas que não preencham um ou mais dos requisitos enunciados no padrão considerado acima para o tipo A. NORMAS DE CONTRATAÇÃO 1 . Operadores A contratação com operadores turísticos deverá ser sempre acompanhada pela Central de Reservas, sendo por isso de recomendar que qualquer contacto individual seja encaminhado para a Central. 2 - Agências Nas marcações efectuadas através das agências de viagens, deverão ser respeitadas as normas já aprovadas de contratação, considerando os interlocutores privilegiados. 3 - Allotments Não são recomendáveis os "allotments", uma vez que as Casas possuem um número limitado de quartos. Na eventualidade de alguma Casa o desejar, a mesma deverá negociá-lo através da Central, dado que esta tem condições de o fazer, por categorias e grupos de Casas. 4 - Reservas directas / Mapa de reservas Com vista a manter permanentemente actualizado o mapa de reservas da Central, salienta-se a necessidade imperiosa da informação imediata à central, das reservas da casa. 5 - Reservas directas / Estadia Deverá respeitar-se a regra da estadia mínima de três dias, de acordo com o espírito do TURISMO DE HABITAÇÃO. 6 - Tabela de preços Salienta-se a obrigatoriedade dum cumprimento das tabelas de preços fornecidas pela Central, aprovados em Assembleia Geral da Associação. PLANO DE ACÇÃO E PROMOÇÃO i) Lançamento da marca SOLARES DE PORTUGAL ii) Elaboração da NOVA BROCHURA (anual) - Solares de Portugal iii) Colecção de Slides para todas as casas iv) Elaboração de folheto para "Direct Mailing" I Encontro Nacional do Turismo de Habitação – Ponte de Lima (12 e 13 de Março de 1993) v) Audiovisual: Diaporama e Vídeo vi) Pagela com Mapa de Localização das Casas vii) Stand para participar na BTL e NORFÉRIAS viii) Participação nas Feiras Internacionais: WTM – Londres BIT - Milão BTF- Bruxelas ITB - Berlim FITUR - Madrid TUR - Gotemburgo ix) Exposição itinerante - Fotos, diaporamas, conferências. PROTOCOLO COM AS REGIÕES DE TURISMO O funcionamento da estrutura passa pelo estabelecimento dum protocolo com as Regiões de Turismo, que são a chave do desenvolvimento do Turismo local, correspondendo a: Reconhecendo que a TURIHAB tem desempenhado uma acção preponderante no desenvolvimento do Turismo no Espaço Rural na sua área de intervenção; Reconhecendo que o protocolo entre a TURIHAB e a Região de Turismo do Alto Minho se revelou como um documento, que permitiu uma colaboração estreita entre uma entidade pública e uma entidade privada; Reconhecendo que nesse protocolo foram objectivadas formas de cooperação, entre as quais, disponibilizar recursos humanos e logísticos, para apoio ao T.E.R; Entre a TURIHAB e a Região de Turismo, propõe-se estabelecer o seguinte protocolo: 1. Que seja feito um inventário de todas as casas inscritas no T.E.R. na área de intervenção da Região de Turismo. 2. Que seja promovida uma acção de sensibilização junto das casas para o interesse da existência duma Central de Reservas a nível nacional e duma organização devidamente estruturada assumida pela TURIHAB; 3. Que seja disponibilizado um técnico, para apoiar localmente todas as acções ligadas ao T.E.R. (acompanhamento de jornalistas, operadores e agentes de viagens, etc.) 4. Que seja facilitado a esse técnico um estágio profissional nas instalações da TURIHAB em Ponte de Lima. Estão, assim, enunciadas as bases para a estruturação, a nível nacional do produto turístico, que a TURIHAB se propõe implementar. I Encontro Nacional do Turismo de Habitação – Ponte de Lima (12 e 13 de Março de 1993) O TURISMO DE HABITAÇÃO, para além de um produto turístico, representa um esforço extraordinário na recuperação do património e sua manutenção, que tem sabido reflectir uma imagem do país, de um novo Portugal, apegado à sua cultura histórica e tradições. Esta será a única forma de preservarmos a nossa autenticidade, estabelecermos um vínculo e transmitirmos a herança recebida ou por nós construída.