TEOR DE UMIDADE, RESÍDUO MINERAL E
FÓSFORO NO LENHO DE DUAS FOLHOSAS:
MANGUEIRA E GOIABEIRA
Thiago Maurício de Moraes, Lindomar Maria de Souza2, Gina Caécia da Silva3, Egídio Bezerra Neto4.

Introdução
A análise química da madeira é importante no
estudo das transformações que ocorrem na madeira em
várias condições, ela pode fornecer informações
valiosas sobre processos de deterioração da madeira
sob diversas condições de uso, influência do ataque de
insetos e doenças sobre suas propriedades, podendo
seus resultados ser usados no controle dos mesmos. A
análise química completa da madeira tem
proporcionado o aumento de conhecimentos sobre a
conversão da madeira em carvão vegetal e sobre as
diferenças entre as várias partes da estrutura da árvore
[1]. Desta forma, o conhecimento aprofundado da
madeira torna-se indispensável para sua utilização
racional e efetiva nas necessidades da sociedade
humana [2].
A goiabeira é amplamente cultivada em pomares
domésticos, comerciais e também ocorre de maneira
subespontânea em todo o país, aclimata-se bem em
climas tropicais e subtropicais; por tal motivo, foi
disseminada por várias regiões do mundo através dos
navegadores espanhóis [3]. Apresenta característica de
uma árvore de pequeno porte com altura estimada entre
3 e 6 m, semidecídua, com tronco e ramos tortuosos
apresentando casca lisa e descamante. Pertence a
família das Mirtáceas e o fruto são bagas que variam de
forma e tamanho com polpa suculenta de cor variável e
sabor doce acidulado tem grande emprego industrial
em doces e conservas por seu alto teor de proteínas e
sais minerais [4].
A mangueira é uma frutífera exótica originária da
Índia e amplamente difundida no território brasileiro
pelos portugueses no século XVI, sendo hoje uma das
mais cultivadas na região tropical; é uma árvore
frondosa e perenifólia medindo de 8 a 18 m de altura,
podendo alcançar até 40 m quando não enxertada [5].
Possuem folhas aromáticas, flores masculinas e
andróginas na mesma inflorescência. O fruto se
apresenta do tipo drupa com peso variável de aspecto
suculento e fibroso e sabor doce acidulada.
O objetivo deste trabalho foi determinar os teores de
umidade, resíduo mineral e fósforo, no lenho de
Mangifera indica L. e Psidium guajava L.
Material e métodos
O experimento foi conduzido no campus Recife da
Universidade Federal Rural de Pernambuco, desde a
coleta das amostras até o processamento destas, no
Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas,
Departamento de Química-UFRPE. Lenho das espécies
mangueira (Mangifera indica L.) e goiabeira (Psidium
guajava L.) foram colhidos, seguindo os critérios
fitossanitários de preservação, indivíduo adulto e
fenótipo representativo da espécie, sendo cada amostra
representada por cinco repetições de cada folhosa para
cada variável estudada. No laboratório, as amostras
passaram por um tratamento térmico prévio em estufa
regulada a 65 ±5ºC, por 72 horas. Após esse prazo
foram moídas em moinho de facas com peneira de 2
mm e acondicionadas em forma de serragem em
recipientes de vidro hermeticamente fechados.
A. Umidade
Utilizando o método rápido para determinação da
umidade, acondicionou-se uma porção de 5,0 g para
cada um dos cinco pesa-filtro disponíveis,
encaminhando logo em seguida para uma estufa
regulada a 135ºC ±5ºC por 1 hora, após esse período
transferiu-se para um dessecador e após esfriar durante
15 minutos pesou-se cada pesa-filtro com a amostra já
seca.
B. Resíduo Mineral
Para a determinação de resíduo mineral empregou-se
2 gramas de cada amostra, acondicionando-as em
cadinhos de porcelana, previamente limpos e secos em
mufla. Em seguida os cadinhos sofreram uma etapa
prévia de aquecimento em uma chapa aquecedora até o
material ser completamente carbonizado, sendo levado
________________
1. Primeiro Autor é Estudante de Engenharia Florestal, monitor e estagiário do Departamento de Química Agrícola, Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife-PE.CEP: 52171-030. Email: [email protected]
2. Segunda Autora é Estudante de Licenciatura em Ciências Biológicas, monitora e estagiária do Departamento de Química Agrícola, Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife-PE. CEP: 52171-030. Email: [email protected]
3. Terceira Autora é Estudante de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, RecifePE. CEP: 52171-030. Email: [email protected]
4. Quarto Autor é Professor Associado ao Departamento de Química, Departamento de Química Agrícola, Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Rua Dom Manuel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife-PE. CEP/; 52171-030. Email: [email protected]
logo em seguida para uma mufla regulada a uma
temperatura de 575 ±25ºC por 4 horas [6]. Após esse
intervalo de tempo as amostras foram transferidas para
um dessecador até esfriar, e em seguida pesadas.
C. Determinação de Fósforo
Para a determinação de fósforo, dissolveu-se cinzas
obtidas a partir da determinação do resíduo mineral,
com 10 mL de ácido clorídrico (HCl) 2N, em seguida
completou-se o volume com água destilada para um
balão com capacidade volumétrica de 100 mL. A
leitura dos extratos, foram realizados em um
espectrofotômetro UV/ Visível calibrado para leitura na
faixa de comprimento de 470 nm, após o
desenvolvimento da cor com o auxílio do molibdovanadato de amônio [6].
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos para a determinação de
umidade em amostras pré-secas do lenho de mangueira
apresentou desvio-padrão igual a 0,2472g e coeficiente
de variância 15,59%. Já o valor médio (Figura 1) entre
as repetições: 1,59% ilustraram uma condição inferior
ao que Nascimento [7] obteve para o umbuzeiro
(2,34%) e superior para o estudo que Dantas [8]
verificou para o Flamboyant (0,90%). Já os resultados
para o estudo de goiabeira indicaram desvio-padrão
amostral e o coeficiente de variação correspondendo
respectivamente a 0,2358 g e 6,03%. A média (Figura
1) entre as repetições foi de 3,91%, mostrando-se
superior ao que Nascimento [7] encontrou para o Nim
(3,32%) e inferior ao que Rabelo [9] apresentou para o
Juazeiro (6,27%).
Da expressão dos valores relativos ao resíduo
mineral a partir do lenho de mangueira, obteve-se o
desvio-padrão amostral e o coeficiente de variância
correspondendo respectivamente a 0,2044g e 9,57%.
Ao passo que a média (Figura 1) entre as repetições,
indicou o valor de 2,14% demonstrando-se superior ao
que foi apresentado por Araújo [10] ao analisar a
Seringueira (1,32%) e inferior ao estudo de Nascimento
[7] quando este trata do mesmo teor em bambu (3,1%).
Para a goiabeira o desvio-padrão e coeficiente de
variação foram iguais a 0,0892g e 6,66%., enquanto
que a média amostral (Figura 1) compreendeu a 1,34%
sendo esta média superior ao teor encontrado por
Araújo [10] na Amendoeira (0,77%) e inferior quando
comparado ao estudo também feito por este, quando
verificou os mesmos teores no Sabiá (3,77%).
Para a determinação de fósforo, verificou-se a
presença
marcadamente
acentuada
deste
macronutriente na mangueira quando comparada a
goioabeira,o primeiro apresentou média (Figura 2)
igual a 0,91 mg/g, desvio-padrão amostral e coeficiente
de variação iguais a 0,055 mg/g e 6,02%
respectivamente. Já o segundo apresentou média
(Figura 2) igual a 0,29 mg/g, desvio-padrão e
coeficiente de variação iguais a 0,022mg/g e 8,37%.
Agradecimentos
Ao Departamento de Química Agrícola da
Universidade Federal Rural de Pernambuco por
disponibilizar a sua estrutura, tornando possível a
execução deste trabalho.
Referências
[1]
BRITO, J.O. BARRICHELO, L.E.G. 1985. Química da
Madeira. São Paulo, Centro Acadêmico Luiz de QueirozDepartamento editorial Piracicaba.125p.
[2]
KLOCK,U. MUÑIZ,G.I.B. HERNANDEZ, J.A. ANDRADE,
A.S. 2005. Química da madeira. Curitiba, Editora da
Universidade UFPR.81p.
[3]
MIKAMI,E.E.;PINTRO,J.C.;TORMENA,C.A.;COSTA,A.C.S.
de.; e SENGIK,E. 2000. Influência da aplicação de cálcio, de
magnésio e de potássio no solo sobre a produção de goiaba
(Psidium guajava L.) cv. Paluma. Acta Scientiarum.10751081.
[4]
GOMES, R.P. 1972. Fruticultura brasileira. São Paulo.
Editora Nobel. 446p.
[5]
LORENZI, H. BACHER, L.; LACERDA, M. & SARTORI,S.
2006. Frutas brasileiras e exóticas cultivada in natura. São
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[6] BEZERRA NETO, E; BARRETO, L. P.2004. Métodos de
análises químicas em plantas. Recife: UFRPE. 148 p.
[7]
NASCIMENTO, P.C.;OLIVEIRA, R.F.; RIBEIRO, J.S.;
BEZERRA, E. 2007. Teores de umidade, resíduo mineral da
madeira em cinco espécies arbóreas. In: VII Jornada de
ensino, Pesquisa e Extensão da UFRPE. Recife.
[8] DANTAS, C.A.;SOUZA,E.R.;BEZERRA NETO, E. [Online]
2005. Teores de umidade, resíduo mineral e extrativos da
madeira em duas espécies arbóreas.
Homepage: http://br.geocities.com/quimadeira/PUB/rm02
[9] RABELO,
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SILVA,
V.H.M.;PINTO,
A.V.F;
SANTOS,G.D.D.A.; RIBEIRO,J,S.;BEZERRA NETO,E. 2008.
Determinação do teor de umidade resíduo mineral e celulose
do lenho de Zizyphus joazeiro Mart. In: VIII Jornada de
Ensino, Pesquisa e Extensão da UFRPE. Recife.
[10] ARAÚJO, J.K.S.; COSTA, J.A.; BEZERRA NETO, E. 2003.
Teores de resíduo mineral no lenho de dez espécies de
madeira tropical. In: III Jornada de Ensino Pesquisa e Extensão
da UFRPE. Recife.
Figura 1: Teores de umidade e resíduo mineral a partir do lenho da mangueira e goiabeira colhidas no campus Recife
da UFRPE. Média de cinco repetições mais ou menos desvios-padrão.
Figura 2: Teor de fósforo no lenho da mangueira e goiabeira, colhidas no campus Recife da UFRPE. Média de cinco
repetições mais ou menos desvios-padrão.
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