Programa « Management of Social Transformations » Desenvolvimento Local e Turismo em Tarrafal (Cabo Verde) Lições metodológicas a partir de uma experiência local Tarrafal Carlos R. S. Milani, com a participação de Martine Droulers UNESCO, 2002 As idéias e opiniões expressas nesta publicação são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem necessariamente o ponto de vista da UNESCO e do PNUD. As apelações utilizadas nesta publicação e a apresentação de dados que dela constam não significam que a UNESCO ou o PNUD tomem partido quanto ao estatuto jurídico dos países, territórios, cidades ou zonas ou ao de suas respectivas autoridades ou quanto a fronteiras ou limites. As fronteiras que constam dos mapas aqui publicados não implicam reconhecimento oficial da UNESCO, do PNUD ou da Organização das Nações Unidas. Em função dos componentes da equipe do projeto, utilizou-se a ortografia da língua portuguesa em vigor no Brasil. Publicado em 2002 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). 7, place de Fontenoy, 75352 Paris 07 SP, França © UNESCO 2002 Sobre os autores: Carlos Milani é mestre em ciência politica (Universidade de Paris-III) e doutor em sócio-economia do desenvolvimento (EHESS, Paris, 1997). Trabalhou entre 1995 e outubro de 2002 na Divisão de ciências sociais, pesquisa e políticas (Programa MOST) da UNESCO, em Paris. Foi igualmente, entre outubro de 1997 e junho de 2002, professor convidado no Instituto de Estudos Políticos (IEP-Paris) na disciplina de Política e Gestão do Desenvolvimento. Trabalha atualmente na Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (Brasil) como professor convidado e pesquisador associado. Email: [email protected] Martine Droulers é doutora em geografia e diretora de pesquisas no CNRS-França. Trabalha no Instituto de Altos Estudos da América Latina (IHEAL, Paris). Especialista do desenvolvimento regional e local, tem publicado extensamente sobre o Nordeste e a Amazônia brasileiras. Email: [email protected] ÍNDICE Introdução ________________________________________________________ 2 Desafios do desenvolvimento do turismo internacional ______________________ 4 A estratégia de desenvolvimento do turismo em Cabo Verde ________________ 8 O Concelho de Tarrafal _____________________________________________ 12 Conclusões e recomendações: 13 princípios para pensar o turismo em Tarrafal ________________________________________________ 17 Anexos __________________________________________________________ 22 Bibliografia _______________________________________________________ 27 LISTA DE QUADROS Quadro 1: O turismo nos países em desenvolvimento ______________________ 6 Quadro 2: Impactos do turismo ________________________________________ 8 Quadro 3: Evolução da participação do PIB em % ________________________ 10 Quadro 4: O enquadramento institucional do turismo no PND-11995 __________ 11 Quadro 5: Evolução da população entre 1930 e 1990 ______________________14 Quadro 6: Variação da população entre 1930 e 1990 ______________________ 14 Quadro 7 : Distribuição da população residente ativa de 10 e mais anos, por setor de atividade, em 1990 ______________________________________ 14 Quadro 8 : População residente de 10 e mais anos, segundo a condição perante o trabalho, em 1990 _________________________________________ 15 Quadro 9: Distribuição da população ocupada segundo a profissão __________ 16 2 DESENVOLVIMENTO LOCAL E TURISMO EM TARRAFAL (CABO VERDE) Introdução O presente relatório é o resultado de um projeto em que a Organização das Nações Unidas para a Educaçâo, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) definiram uma plataforma de cooperação visando a estabelecer, com base em métodos quantitativos e qualitativos, uma série de recomendações sobre estratégias de desenvolvimento local e de desenvolvimento turístico em Tarrafal (Ilha de Santiago, Cabo Verde). O projeto partiu do princípio de que o desenvolvimento local de Tarrafal deveria fundar-se na promoção de uma estratégia turística ecológica e socialmente equilibrada, na gestão eficaz dos recursos naturais e na importância de considerarem-se as necessidades sociais e econômicas mais prementes no plano local. Retomando a conhecida equação do eco-desenvolvimento, discutida já no âmbito da Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente Humano (1972), tratou-se de reafirmar a pertinência do triângulo "economia", "ambiente" e "sociedade": ou seja, a promoção de estratégias de desenvolvimento economicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis e socialmente justas. A problemática do meio ambiente foi entendida neste projeto no seu sentido mais amplo: ou seja, aquele que engloba tanto a perspectiva preservacionista (de proteção ambiental e de conservação de ecossistemas e/ou espécies ameaçadas de extinção) quanto a ótica do desenvolvimento sustentável (integrando a noção de responsabilidade diacrônica e sincrônica entre as gerações). Por conseguinte, o projeto levou em consideração diferentes dimensões (sociais, ambientais, econômicas, territoriais) do desenvolvimento em Tarrafal enquanto sítio histórico nacional e regional. A fim de atingir este objetivo, o projeto fundou-se em uma análise quantitativa e qualitativa dos 3 principais problemas de desenvolvimento local em Tarrafal. A fim de assegurar a apropriação das propostas feitas no âmbito deste projeto pelos atores sociais, políticos e econômicos locais, adotaram-se métodos participativos e de disseminação dos resultados junto à comunidade local, por intermédio de uma exposição organizada junto à Biblioteca Municipal Bibinha de Cabral (Tarrafal), com o apoio de Philippe Aschman, responsável da cooperação luxemburguesa em Cabo Verde. Foram realizadas duas missões pela equipe do projeto, respectivamente, para a coleta de dados e entrevistas com atores locais, e para a discussão dos resultados provisórios durante seminário de validação, com a participação de autoridades locais e atores sociais implicados no projeto (seminário organizado em fevereiro de 2001). Dois documentos acompanham este relatório: a) painéis cartográficos e pedagógicos, que foram expostos na Biblioteca Bibinha de Cabral ; b) manual de formação básica à cartografia, que foi utilizado e testado em treinamento junto a associações de jovens em Tarrafal (treinamento por Enali Di Biaggi). A equipe do projeto, de caráter interdisciplinar, foi constituída por Martine Droulers (geógrafa), Enali Di Biaggi (geógrafa e cartógrafa), Cristina Mello (especialista em turismo), Sigrid Jaeken (historiadora e voluntária das Nações Unidas na Praia) e Carlos Milani (cientista político e sócioeconomista). Este presente relatório visa a documentar sucintamente a experiência, discutir a metodologia e apresentar os resultados. 4 Desafios do desenvolvimento do turismo internacional A indústria turística nasce e desenvolve-se com o sistema capitalista. Tem na sua origem duas deformações básicas: é, do ponto de vista temporal, excessivamente concentrada e distribui-se de modo pouco uniforme no espaço. O turismo, na sua gênese, tende a utilizar o tempo de forma pouco racional (conhecer o máximo no mínimo de tempo possível), provocar congestionamento no espaço (base de sua geração), bem como a extrapolar em volume a cada nova projeção (dificultando e invalidando planos e projetos que visam a orientá-lo e programá-lo). No entanto, é somente a partir dos anos 1960 que o turismo explode como atividade de lazer para milhões de pessoas e como fonte de investimentos produtivos. Desde princípios dos anos 1980, o turismo internacional constitui novo desafio para as organizações que promovem o desenvolvimento no contexto mais geral das transformações sociais contemporâneas. O turismo é tradicionalmente considerado enquanto fenômeno individual (consumo e demanda individuais); no entanto, em razão do número de indivíduos (medidos atualmente em milhões) que estão direta e indiretamente relacionados com este fenômeno, o turismo passa a ter dimensões socio-econômicas evidentes. Em 1996, segundo dados da Organizaçâo Mundial do Turismo, o turismo converte-se na terceira maior indústria mundial, depois das indústria do petróleo e automobilística. O fluxo turístico cresce 4% ao ano na década de 1980, constituindo cerca de 7% do comércio de bens e serviços e 5,5% do PNB mundial. No entanto, não se deve esquecer que o turismo é muito mais que uma indústria de serviços: trata-se de um fenômeno que tem repercussões sobre a base cultural (diálogos interculturais, relações sociais de hospitalidade), parte de uma herança histórica (o patrimônio arquitetônico e histórico) e que se desenvolve em um meio ambiente determinado (efeitos ecológicos e ambientais sobre a paisagem natural). O somatório que esta dinâmica sociocultural gera parte de um fenômeno repleto de subjetividades e 5 objetividades, fenômeno este que pode vir a ser consumido, enquanto serviço, por milhões de pessoas. Quais seriam as relações entre turismo e desenvolvimento? Em primeiro lugar, há que lembrar-se que o fenômeno turístico é fonte de enriquecimento e de crescimento econômico graças ao comércio por ele incitado. A difusão do turismo é promovida, assim, em função de razões de ordem eminentemente econômica. O turismo contribui positivamente ao desenvolvimento econômico, podendo, por exemplo: • gerar novas exigências de equipamento, alimento e infraestruturas, o que pode induzir a demanda por novas atividades industriais e comerciais (novos mercados); • ter impacto positivo na criação de novos empregos (hotelaria, indústrias agroalimentares, agências de viagem, operadores de turismo, escritórios de representação, feiras de artesanato, atividades relacionadas com a recreação, etc.); • incrementar o saldo da balança comercial, reduzindo déficits no nível macroeconômico dos países. Em segundo lugar, o turismo participa sobremaneira do processo de promoção do diálogo entre diferentes culturas. O « visitante » e o « visitado » são ambos portadores de culturas freqüentemente distintas, bem como códigos de valores e estilos de vida que não necessariamente se complementam. O comportamento mercadológico determinista que utiliza o turismo como objeto de consumo do sistema econômico desconsidera suas multirreferencialidades, principalmente enquanto relação intercultural. Há que pensar-se que, igualmente no fenômeno turístico, o encontro pode ser muito positivo, mas também ensejar conseqüências nefastas, de regra, para as comunidadesobjeto do fenômeno turístico. 6 Em terceiro lugar, deve-se salientar que o turismo se relaciona, no início de seu processo de massificação e de desenvolvimento em grande escala econômica, fundamentalmente com os países centrais da economia-mundo. Os países europeus e da América do Norte, graças ao mercado interno que muito impulsiona o desenvolvimento e a diversificação do turismo, ainda constam da lista dos países mais visitados e nos quais as atividades relacionadas com o turismo cultural e ecológico estão muito avançadas. Quadro 1: O turismo nos países em desenvolvimento A contribuição positiva do turismo para o avanço econômico, social e ambiental dos países em desenvolvimento depende de fatores científicos, técnicos, sociais e político-econômicos. Reconhece-se, via de regra, que o turismo estimula o desenvolvimento de vários setores da economia nacional. O turismo pode acelerar o processo de urbanização por meio do crescimento contínuo da construção civil e reforma de instalações para turistas, o que implica a criação e melhoria das infraestruturas turísticas, mais particularmente em áreas afastadas. O turismo pode levar a aumentar os ganhos do Estado em moedas fortes necessárias para cobrir ou reduzir eventuais déficits na balança de pagamentos e propiciar, assim, o desenvolvimento da economia nacional. Ele pode ser um fator eficiente na redistribuição em termos de relações econômicas internacionais. Isso se explica admitindo que viajar é uma atividade social que surge de excedentes de renda. Conseqüentemente, o fluxo de viagens internacionais mais expressivo ocorre dos países mais ricos em direção a grandes centros internacionais (França, EUA e Espanha) e, em menor importância, aos países em desenvolvimento. Segundo dados da Organização Mundial do Turismo, em 1997, entre os países em desenvolvimento, a China ocupava o 6° lugar em números absolutos de turistas no plano mundial (com 3,89 % do total dos turistas mundiais), o México o 8° lugar, a Tailândia com o 20°, a África do Sul o 26°, o Egito o 34°, o Marrocos com 38° e, dentre os países da África sub-sahariana, o Zimbábue em 60° lugar com cerca de 0,24% do total de turistas mundiais. O desenvolvimento do turismo exige ajustes, uma vez que se trata de um « cluster » econômico não-tradicional. Seu planejamento costuma envolver objetivos conflitivos ou incomensuráveis. Portanto, o setor turístico requer estratégias para ser implementado de modo a favorecer o desenvolvimento de um turismo sustentável e alternativo. Essas estratégias consistem, por exemplo, em colocar o meio ambiente em primeiro lugar; em fazer do turismo um setor de ponta; em reforçar os canais de distribuição no mercado; e, finalmente, em construir um setor privado dinâmico. A coerência dessas estratégias depende de iniciativas conjuntas entre os setores privado, comercial e público. Ela exige a identificação clara dos papéis e responsabilidades. O planejamento estratégico oferece uma abordagem integrada para a gestão do setor e promove um senso comum de propriedade para os inúmeras atores e operadors envolvidos. Esta abordagem produz um leque de indicadores de desempenho, os quais permitem avaliar o desempenho global do setor. As características definidoras do planejamento estratégico são, inter alia, a adoção de uma perspectiva de longo prazo, o desenvolvimento de um plano holístico e integrado que controle o processo de mudança pela definição de metas e um processo de decisão formalizado e centrado no desenvolvimento de recursos humanos. Em 1963, no entanto, as Nações Unidas passam a promover a tese de que o turismo pode também constituir contribuição essencial para o 7 crescimento econômico dos chamados países em desenvolvimento (PEDs)1. A inclusão dos PEDs na lógica do turismo internacional impõe-nos reconsiderá-lo de modo bastante distinto. Em primeiro lugar, no que diz respeito à possibilidade de pensar-se o turismo internacional enquanto expansão do turismo doméstico, pode-se questionar-se até que ponto, nos PEDs, o turismo internacional poderia ser o resultado, como ocorre nos países industrializados, do aumento dos fluxos turísticos nacionais para além das fronteiras: qual seira a capacidade de demanda interna dos PEDs, sobretudo os países menos avançados2. Em segundo lugar, como considerar a interdependência, no que diz respeito ao fenômeno turístico, das novas relações entre PEDs e países mais desenvolvidos? Como pressupor a utilização do tempo liberado (menos trabalho, mais qualidade de vida) nos países desenvolvidos em proveito de estratégias turísticas nos países em desenvolvimento? Que grau de dependência e de interdependência há entre os dois pólos (oferta e demanda) nos países industrializados e em vias de desenvolvimento?3 Por conseguinte, questões essenciais devem ser postas quanto à viabilidade de estratégias de desenvolvimento do turismo, sobretudo nos países menos desenvolvidos, carentes de demanda doméstica e pobres em recursos próprios (naturais, financeiros, humanos). Como compatibilizar a necessidade de gerar fontes de renda para comunidades locais, a preservação do meio ambiente e o imperativo ético da eqüidade social? Quais as relações 1 United Nations, “Recommendations on International Travel and Tourism”, United Nations Conference, Rome, 1963. 2 Esta questão nos parece fundamental, visto que, de regra, as infraestruturas turísticas podem desenvolver-se mais rapidamente a partir de incrementos da demanda interna. A importância de um mercado externo, normalmente irregular e sazonal, pode vir a aumentar a lista dos fatores de dependência de países periféricos com relação a países centrais. 3 As motivações dos turistas são evidentemente diversas: aproximação à natureza, alteração da rotina e diminuição das responsabilidades, exercício físico, promover a criatividade, relaxamento, contactos sociais, relações pessoais, procura de emoções e estímulos, auto-aperfeiçoamento, desafios e aventuras, etc. O turismo tende a constituir uma espécie de "não-quotidiano", um dos mecanismos de que a sociedade se dota a fim de repor o equilíbrio social e psicológico. Tal como a arte, o turismo pode ser visto como uma "resposta", uma forma eficaz de permitir (impor) o repouso aos que já não sabem repousar, aos que não conseguem parar de trabalhar. Por isso, além de uma necessidade individual, o turismo pode ser considerado como uma necessidade socialmente induzida: as férias são uma norma social, e o seu destino pode ser um indicador de status social. 8 entre turismo e cultura? De que forma o turismo pode contribuir ao diálogo cultural (respeitando a diversidade cultural)? Quais os riscos de uniformização relacionados com padrões globais de consumo turístico? Como repensar o turismo enquanto atividade econômica a partir da perspectiva do desenvolvimento sustentàvel? Como inserir o turismo na equação do desenvolvimento local que está fundada na viabilidade econômica, na eqüidade social e na prudência ecológica? Área Economia Turismo e comércio Sociedade e cultura Psicologia Política e administração Meio ambiente Quadro 2: Impactos do turismo Impactos potenciais positivos Impactos potenciais negativos Receitas, empregos, nível de vida Inflação local, especulação imobiliária, da população local, investimento concentração dos investimentos e perda de investimentos alternativos, custos em termos de infraestruturas necessárias Reconhecimento da região, novas Preços mais elevados e reputação infraestruturas, acessibilidade maior junto ao comércio, desenvolvimento descontrolado do comércio local Maior empenho dos residentes na Comercialização sazonal de atividades promoção dos eventos locais, privadas, alteração dos costumes em reforço dos valores e tradições função do turismo, custos sociais locais (prostituição, abuso de drogas e álcool) Orgulho quanto aos costumes Atitudes defensivas face a outras locais, reconhecimento da riqueza culturas, hostilidades por dificuldade da troca com o outro de comunicação Reconhecimento internacional, Mau planejamento, segregação sociodesenvolvimento local integrado espacial Novas infraestruturas, conservação Degradação ambiental, poluição, de algumas áreas, estratégias de alteração de hábitos alimentares, gestão sustentável produção excessiva e sazonal de resíduos sólidos A estratégia de desenvolvimento do turismo em Cabo Verde A República de Cabo Verde está situada a 450 km da costa oeste africana (Dakar, Senegal). Cabo Verde apresenta a configuração de um semicírculo imperfeito, em que as ilhas de Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia, São Nicolau, Sal e Boavista constituem o chamado grupo de ilhas de Barlavento, ao passo que as ilhas de Maio, Santiago, Fogo e Brava (ao sul) são designadas como pertencendo ao grupo de Sotavento. A área terrestre total de Cabo Verde é de 4033 km², e a sua zona econômica exclusiva (ZEE) tem uma extensão de 700 mil km². 9 As principais dificuldades para o desenvolvimento de Cabo Verde estão relacionadas com o clima tropical seco, precipitações variáveis e escassas. A escassez energética é igualmente um problema central para o desenvolvimento do país. Cabo Verde apresenta poucos recursos minerais: o basalto (pedra para construção civil) é o único minério explorado em grande escala. Os recursos agropecuários são praticamente inexistentes. Desse contexto decorre o alto grau de dependência em relação à cooperação internacional. O potencial de Cabo Verde para o desenvolvimento do turismo está diretamente ligado às boas condições geográficas, humanas e ambientias: o turismo já representa cerca de 4% do PIB, segundo dados de 2000. O atual Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) considera o turismo como uma das prioridades do Governo. Outros fatores importantes são a estabilidade política, uma população jovem (23 anos de idade em média, em 2000), bem como uma taxa de alfabetização dos adultos de cerca 85%. Do ponto de vista cultural, há que salientar-se que a identidade caboverdiana (nos termos da historiadora Elisa Andrade) está marcada pela africanidade, pelos laços com o mundo de língua portuguesa, bem como pelas influências atlânticas. Até o presente, a oferta turística em Cabo Verde tem-se fundado no triângulo praia, sol e mar, bem como nas atividades de recreação associadas a estas atrações. A qualidade de serviços é, em geral, baixa e bastante pobre. Há, no entanto, alguns exemplos de novas infraestruturas financiadas sobretudo por investimentos estrangeiros. A entrada de turistas estrangeiros em Cabo Verde triplicou entre 1990 e 1999 (Itália, Portugal, Alemanha e França são os principais países fornecedores de turistas). Segundo o PROMEX (o programa governamental para o turismo), não há dados sobre o perfil dos turistas que vão a Cabo Verde; estima-se, porém, que os turistas sejam mais jovens e em busca de modos de turismo alternativo (ecológico, rural ou verde). No quadro seguinte, apresentase a contribuição do setor na formação do PIB (entre 1989 e 1997), com estimativas para 1999 e 2000 (dados do PROMEX): 10 ANO Î Turismo no PIB % Quadro 3: Evolução da participação do turismo no PIB em % 1992 1994 1996 1997 1998 1999 1,5 2,2 2,2 3,25 3,4 3,55 2000 3,86 Segundo estimativas do Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde (INE), o setor empregava cerca de 8 769 pessoas em 1997, assim distribuídas: hotelaria: 1067; restauração/bares: 6814; discotecas: 776; e agências de viagem: 112. Entre 1995 e 1999, os estabelecimentos hoteleiros aumentaram de 64 para 87 no país, a capacidade total de alojamento havendo duplicado para, em 2000, cerca de 3590 camas e 1971 quartos. A distribuição dos alojamentos é desigual de acordo com as ilhas: Sal: 44,5% do total; Santiago: 23,1%; São Vicente: 13,4%; e Boavista: 7,3%. De acordo com a Organização Mundial do Turismo, em estudo realizado em 2000, Cabo Verde é caracterizado por um setor turístico que está aquém do potencial nacional4. Cerca de 67 mil visitantes entraram em Cabo Verde em 1999, tendo permanecido no país em média 8 dias. O PND-1995, prevendo a existência de Zonas de Desenvolvimento Turístico Integrado (ZDTIs, no âmbito das quais Tarrafal não se encontra), salientara que um conjunto importante de políticas, deveria ser posto também ao serviço do turismo. Nesse conjunto, destacou-se, pela sua importância, a política de transportes, a política de saúde e saneamento, a política de infraestruturas (particularmente no campo da energia e do urbanismo), a política da cultura, a política de segurança e a política de formação profissional. 4 Planeamento e Formação Turística, Relatório de Missão, Organização Mundial do Turismo, maio de 2000. 11 Quadro 4 : O enquadramento institucional do turismo no PND-1995 O Plano nacional de desenvolvimento para cinco anos, com relação ao turismo em particular, previa que: a) Transportes aéreos No que diz respeito aos transportes aéreos, estava previsto serem criadas condições e adoptadas medidas no sentido de evitar que a freqüência, o preço e a qualidade do serviço funcionem como elementos de inibição do desenvolvimento do turismo. b) Transportes marítimos inter-ilhas Promover o transporte marítimo rápido de passageiros, particularmente nos eixos Sal/Boavista, Praia/Maio e Praia/Fogo/Brava, S. Vicente/Santo Antão e S. Vicente/S. Nicolau. c) Transportes rodoviários Nos programas de construção e manutenção da rede viária, dar maior importância às vias consideradas de interesse turístico. Dar particular atenção à regulamentação das condições mínimas a que devem obedecer os veículos automóveis destinados ao transporte de turistas, bem como a sua exploração, e reforçar as medidas de fiscalização do trânsito e do estado dos veículos referidos. d) Saúde e saneamento Na execução do programa de construção e apetrechamento das infra-estruturas de saúde, dar a maior importância a infraestruturas que têm também por finalidade a prestação de serviço geral ou especializado a turistas. A construção de clínicas e a instalação de consultórios médicos privados, bem como de serviços de urgências e enfermagem, nas zonas turísticas, deveriam beneficiar de incentivos especiais, designadamente na área do crédito e fiscal. e) Cultura O desenvolvimento dos produtos turísticos deveriam seguir dois eixos orientadores e complementares: o meio ambiente e a cultura cabo-verdiana. O Governo deveria promover a criação de um sistema de incentivos capaz de orientar os operadores turísticos e os agentes económicos situados em ramos que se encontram a montante ou a juzante do turismo no sentido de imprimirem um conteúdo cultural marcadamente cabo-verdiano aos produtos que colocam no mercado. f) A formação profissional Implementar um amplo programa de formação profissional capaz de dar cobertura às necessidades do setor. g) As sociedades de desenvolvimento regional No âmbito das políticas públicas de desenvolvimento do turismo, dar destaque à promoção de sociedades de desenvolvimento de "zonas de desenvolvimento turístico", com as quais o Estado poderia assinar convenções de estabelecimento, contratos de concessão ou outra forma de contrato com a finalidade de: efetuar trabalhos de estudo, planeamento e desenvolvimento de infra-estruturas das referidas zonas; promover o investimento e as ZDTI enquanto destinos turísticos; assegurar a gestão das ZDTI (como no caso da Boavista). O Governo deveria considerar parceiros privilegiados para a criação das sociedades referidas os investidores estratégicos, as empresas imobiliárias, as instituições financeiras, os gabinetes especializados de estudos, os municípios e o Estado. h) Fomento do turismo rural Implementar um programa específico de promoção dessa dimensão do turismo, que envolve incentivos fiscais e financeiros ao desenvolvimento do turismo de habitação e de implantação de pequenas unidades hoteleiras nas áreas rurais. Apoiar os promotores desse tipo de turismo na conceção dos projetos, nos domínios da formação profissional e gestão, da informação e da promoção. 12 O Concelho de Tarrafal Situado ao norte da Ilha de Santiago em Cabo Verde, Tarrafal conta com cerca de 20 mil habitantes, e apresenta características básicas de uma pequena cidade com alto grau de ruralidade e contradições relacionadas com o processo de urbanização em Cabo Verde. Dados sobre o turismo em Tarrafal são bastante restritos ou inexistentes. Os dados disponíveis dizem respeito fundamentalmente à hotelaria: 7 hotéis ou pousadas, oferecendo no seu conjunto 90 quartos e 252 camas, contando com aproximadamente 70 pessoas empregadas (dados de 2000). A maioria dos estabelecimentos são pequenas pensões, aonde os serviços são praticamente inexistentes. Dois hotéis apenas contam com infraestrutura básica de serviços: o Tarrafal Hotel (grupo Cabetur) e o Aldeamento Turístico Baía Verde. Ambos oferecem 55 quartos e 193 camas, com aproximadamente 75% de taxa de ocupação média. O único serviço de aluguel de carros em Tarrafal é prestado pelo Aldeamento Turístico Baía Verde . Não há agências governamentais ou nãogovernamentais oferecendo cursos de treinamento para empresários locais, ou associações. Também há uma carência de escolas locais na preparação de profissionais qualificados. De acordo com entrevistas realizadas localmente em 2000, o turismo em Tarrafal ocorre fundamentalmente nos fins de semana, quando turistas da Praia e outras cidades da Ilha de Santiago vêm para Tarrafal. As principais atrações de Tarrafal são a praia de areia branca, o Museu de Chão Bom (a ser recuperado e restaurado), a recente descoberta de ossos humanos na Praia Barcuna (sítio histórico), bem como o artesanato, a música e a gastronomia regionais. A idéia de valorizar Tarrafal enquanto ponto de atração turística é promovida pela Municipalidade (Presidência da Câmara), numa estratégia de turismo ecológico e cultural por meio tanto da gestão eficiente dos recursos 13 naturais e da recuperação dos patrimônios históricos, como da participação da população na vida cultural e socioeconômica do Concelho. Com suas praias de areia branca, a municipalidade de Tarrafal é um ponto capaz de atrair turistas sobretudo nacionais na ilha de Santiago. O desenvolvimento do setor turístico pode representar, por um lado, uma fonte de renda e de criação de empregos; por outro lado, pode induzir forte pressão sobre os recursos naturais que constituem justamente um dos valores turísticos da Municipalidade, tais como a água, as praias, as árvores, a área costeira. O desenvolvimento do turismo tem efeitos socioeconômicos e socioculturais já perceptíveis e traduz-se também, na estrutura urbana do Município de Tarrafal, em construção civil desordenada, venda de espaços para infra-estruturas turísticas e problemas ambientais. Uma política de proteção e um planejamento da utilização do espaço segundo critérios turísticos, sociais, culturais, históricos e ecológicos são portanto medidas urgentes para harmonizar o desenvolvimento do Município de Tarrafal. A viabilidade estrutural de um projeto de ecoturismo em Tarrafal depende da análise dos impactos socioambientais no plano local. Esta análise implica uma avaliação das estruturas de recepção, a consideração da estratégia de desenvolvimento equilibrado do turismo no plano macroeconômico, a avaliação da disponibilidade dos recursos de água, dos problemas de comunicação interinsular, assim como da questão do abastecimento de Tarrafal. Tarrafal conta com 14,5 % da população de Santiago. A população economicamente ativa (PEA) representa 48.3% do total da população de Tarrafal (entre 15 e 65 anos de idade). A taxa de desemprego, de 13,6%, é a mais baixa do país (dados de 2000). Um total de 2,2% dos empregos situa-se no setor de serviços. De acordo com o Plano Director Municipal de Tarrafal (PDM, 2000), com base em dados de 1990, quanto à profissão da população ocupada, a diferenciação profissional é quase inexistente. Destaca-se o peso dos comerciantes, seguidos dos pescadores e dos operários. Os professores e os funcionários administrativos são, depois destes, os grupos mais representativos. Destes grupos, os professores, os funcionários administrativos 14 e os pescadores têm maior peso na Vila do Tarrafal. Os restantes grupos são mais significativos no restante Concelho, ou seja, na área rural. Outra informação que ressalta dos dados recolhidos através do inquérito é a reduzida percentagem, inferior a 50% (ou, mais precisamente, de 42,2%) de agregados cujo rendimento tem origem no trabalho dos seus elementos residentes no País. A maior parte vive de subsídios do Governo ou da assistência social (24,4%), do trabalho dos elementos do agregado de residentes no estrangeiro (20%) e de pensões do país (4,4%) e do estrangeiro (8,3%). Estes valores percentuais compreendem situações cumulativas, isto é, há agregados familiares que têm mais do que uma fonte de rendimento. Quadro 5: Evolução da população entre 1930 e 1990 1940 7 885 77 382 181 740 Fonte: Conc. Tarrafal Ilha Santiago Cabo Verde 1950 1960 1970 1980 1990 6 094 8 316 11 896 11 853 11 627 58 893 88 587 128 782 145 957 175 691 148331 199 902 270 999 295 703 341 491 1º Recenseamento Geral da População e Habitação – 1980; 2º Recenseamento Geral da População e Habitação – 1990 Quadro 6: Variação da população entre 1930 e 1990 Conc. Tarrafal Ilha Santiago Cabo Verde 1940/50 -22,7 -23,2 -18,4 1950/60 36,5 50,4 34,8 1960/70 43,0 45,4 35,6 1970/80 -0,4 13,3 9,1 1980/90 -1,9 20,4 15,5 Fonte: 1º Recenseamento Geral da População e Habitação – 1980; 2º Recenseamento Geral da População e Habitação – 1990 Quadro 7: Distribuição da população residente ativa de 10 e mais anos, por setor de atividade, em 1990 Conc. Tarrafal Ilha Santiago Cabo Verde Primário Nº % 1315 33,7 Secundário Nº % 1189 30,5 20575 30308 12141 18,8 22153 34,2 9857 15,2 64726 100,0 28325 23,2 39260 32,2 24171 19,8 122064 100,0 Fonte: 2º Recenseamento Geral da População e Habitação – 1990 31,8 24,8 Terciário Nº % 888 22,8 Act. Mal Defin. Nº % 510 13,0 Total Nº 3902 % 100,0 Conclui o PDM de Tarrafal que, com exceção da última década (onde se verificou uma ligeira quebra), nos últimos anos registou-se uma recuperação dos efectivos populacionais; a vila do Tarrafal é no concelho o lugar com maior 15 dimensão populacional, tendo assim uma maior importância demográfica. A seca e os movimentos migratórios são os principais fatores de oscilação do crescimento demográfico, este último com maior importância no escalão dos adultos em idade ativa. Atualmente a população tem tendência para o envelhecimento (a percentagem de população jovem é inferior à média nacional). A dimensão média da família registada para o concelho é ligeiramente inferior à verificada para a ilha de Santiago (4,6 e 5 elementos, respectivamente). Há um desequilíbrio entre a população activa feminina e masculina, verificando-se um peso inferior do sexo masculino. O setor primário é a principal área de atividade da população residente no concelho, verificandose uma fraca terciarização. Quadro 8: População residente de 10 e mais anos, segundo a condição perante o trabalho, em 1990 País Tarrafal Abs. % Abs. % Ocupada 3302 42,6 91015 39,5 Desempregada que já trabalhou 160 2,1 8565 3,7 Desempregada que nunca trabalhou 440 5,7 22484 9,8 Estudantes 1236 15,9 43481 18,9 Donas de Casa 2150 27,7 52294 22,7 Reformados 64 0,8 1743 0,8 Incapacitados 108 1,4 3296 1,4 Outros 225 2,9 5729 2.5 Não Determinados 70 0,9 1764 0,8 7755 100,0 230371 100,0 Total Fonte: 2º Recenseamento Geral da População e Habitação – 1990 Por conseguinte, são desafios claros para o desenvolvimento do turismo em Tarrafal: • Integrar Tarrafal no circuito das Ilhas de Cabo Verde; • Relacionar Tarrafal com o turismo de praia e montanha; • Estimular o desenvolvimento de alianças entre a modesta rede hoteleira e a comunidade de pescadores; 16 • Trabalhar diretamente com associações de jovens e de produtores ; • Melhorar o sistema de estradas e sinais de trânsito ; • Melhorar o abastecimento de água e energia elétrica; • Revigorar o patrimônio histórico, arquitetônico e cultural enquanto bens públicos da comunidade; • Promover cursos de treinamento (códigos de conduta) com respeito ao turismo. Quadro 9: Distribuição da população ocupada segundo a profissão Vila Tarrafal Funcionário administrativo Professor Operário Comerciante Pescador Serviços pessoais e domésticos Monitor jardim infância Trabalhador em geral Condutor Guarda Outros Total Nº 7 % 9,5 Restante Concelho Nº % 3 7,1 Total 10 11 12 18 5 13,5 14,9 16,2 24,3 6,8 3 7 15 6 1 7,1 16,7 35,7 14,3 2,4 13 18 27 24 6 11,2 15,5 23,3 20,7 5,2 2 3 4 2 74 2,7 4,1 5,3 2,7 100,0 1 1 2 3 42 2,4 2,4 4,8 7,1 100,0 3 4 6 3 2 116 2,6 3,4 5,2 2,6 1,7 100,0 Nº 10 % 8,6 Fonte: Inquérito ao fogo e à família, Dezembro de 1998. Pode-se afirmar que, no caso particular de Tarrafal, é inviável pensar a estratégia de promoção do turismo de modo independente das políticas de desenvolvimento local integrado. A estratégia de desenvolvimento turístico em Tarrafal deve comportar : a) a valorização do meio ambiente: evitar a degradação das praias, melhorar a gestão do lixo e resíduos sólidos e proteger as áreas verdes; 17 b) a promoção de atividades econômicas para a população local: na área de hotelaria, no campo de atividades culturais e gastronômicas ; c) a capacitação da população local para sustentar esta estratégia : educação ambiental, formação técnica para o emprego, sensibilização à participação democrática e ao emprego. Nessa estratégia, seria importante considerar Tarrafal como uma escala turística na estratégia nacional de desenvolvimento do turismo em Cabo Verde, relacionar o desenvolvimento do turismo em Tarrafal com as atividades turísticas da Praia e em outras localidades de Santiago, bem como desenvolver uma estratégia de turismo de curta duração, de 2 a 3 dias, para turistas originários da Praia, das outras ilhas de Cabo Verde ou das Ilhas Canárias. Conclusões e recomendações: 13 princípios para pensar o turismo em Tarrafal O turismo revela certo caráter de “ambiguidade” em seu tratamento conceitual. Não apresenta os aspectos de homogeneidade e coesão requeridos para ser definido como um setor econômico ou uma indústria; por isso, a despeito de ser caracterizado com frequência como a "indústria" de viagens e turismo, a denominação mais apropriada é a de atividade econômica e social, pelas motivações que o originam e determinam e pelas implicações e efeitos que exerce nos sub-sistemas econômico, social e físico das regiões receptoras de correntes turísticas, bem como nas de origem dos turistas. A atividade turística, portanto, apresenta uma interdependência estrutural com os diversos segmentos que compõem o tecido sócio-econômico local, sendo por eles influenciado e influenciando-os nos âmbitos político, legal, econômico, social, ambiental e tecnológico. 18 Toda atividade compreendida como turística, cuja motivação seja o passeio e o lazer, verifica-se dentro do tempo livre das pessoas, quando elas estão liberadas das suas obrigações de trabalho, familiares e sociais. No entanto, nem toda atividade de lazer que ocorre no tempo livre das pessoas pode ser considerada turística. Algumas atividades são classificadas como turísticas, mas obedecem a outra ordem de motivação que não o lazer, ampliando o tempo ocupado com razões de trabalho e sociais. O turista consome bens e serviços, gastando nas regiões de destino uma parcela de sua renda que foi obtida em seu entorno cotidiano de residência e trabalho, propiciando assim, uma geração de renda adicional e riqueza para os locais visitados. O turismo pode ser tratado, portanto, na perspectiva de uma cadeia de consumos sucessivos, os quais são realizados "in loco" nas regiões receptoras, caracterizando, tecnicamente, operações similares, em seus efeitos, às exportações entre municípios, estados e países. Neste contexto, o turismo gera efeitos multiplicadores nas economias das regiões receptoras. Dentre esses destacamos os chamados efeitos diretos sobre a circulação e a distribuição de renda e geração de empregos, que merecem uma melhor qualificação. Quando um turista paga por algum bem ou serviço consumido no local que visita, está, inicialmente, transferindo parte de sua renda para o fornecedor do bem ou o prestador do serviço (transferência pessoal). Supondo que este turista resida em Paris e esteja visitanto Cabo Verde, ocorre também uma transferência espacial ou territorial de renda. Considerando, porém, que a atividade turística é concentradora do lado da oferta e seletiva do lado da demanda, e que por conta disso, os operadores turísticos, as companhias aéreas e as cadeias hoteleiras, nacionais e internacionais, devem reter uma significativa parcela dos rendimentos econômicos propiciados pelo turismo em uma dada localidade, existe uma estrutura altamente concentradora da renda e da riqueza geradas pelo turismo. 19 Assim, o turismo de fato provoca o efeito de circulação de renda pessoal, territorial e setorial - porém, a nível social, não se pode dizer que ele favorece a distribuição de renda, já que, pela estrutura concentradora existente, a sua apropriação não ocorre de modo equitativo. Quanto à geração de empregos, a atividade turística realmente possibilita a criação de um número muito elevado de postos de trabalho, em comparação com outras atividades econômicas, sendo considerada uma atividade mão-deobra intensiva ou trabalho intensivo. Porém, a grande maioria dos postos de trabalho gerados pelo turismo traduzse em empregos subalternos, que não oferecem muitas perspectivas de ascenção pessoal, funcional e profissional, oferecendo baixo nível de remuneração. Esses aspectos refletem negativamente na educação, capacitação e qualificação dos recursos humanos vinculados à atividade turística, potencializando futuros prejuízos à competitividade do profissional da área e da própria destinação turística. Além dessas considerações, o turismo apresenta ainda, três limitações estruturais, a saber: a transitoriedade - reflete uma possível regressão da região turística pela perda de atratividade, uso de técnicas gerenciais falhas, problemas de instabilidade política e insegurança, como também dificuldade de acesso; a sazonalidade - decorrente da concentração da demanda em um curto período de tempo; e a polarização no espaço - consequência da sazonalidade, que corresponde a uma alta densidade de ocupação territorial. Vale frisar que a sazonalidade também influencia no emprego turístico, pois muitos postos de trabalho são criados nos períodos de alta estação, sendo depois extintos. Um produto turístico é um conjunto de componentes tangíveis e intangíveis que inclue: recursos e atrativos naturais; equipamentos e infraestruturas; serviços; atitudes recreativas; imagens e valores simbólicos; oferecendo determinados benefícios capazes de atrair certos grupos de consumidores - os turistas, porque satisfazem as motivações e expectativas relacionadas com seu tempo livre. O produto turístico apresenta-se em diferentes níveis de complexidade: um país, uma região, um destino, um pool de negócios, empresas ou serviços especiais. Esses diversos níveis de complexidade 20 resultam em distintas implicações. No caso de regiões ou municípios turísticos influem ainda as diferenças de potencial, face as peculiaridades de atração, a prioridade política - o turismo precisa ser uma vontade de governo - e a disponibilidade de recursos financeiros e humanos. Ponto relevante nesta análise é o grau de debilidade econômica da região ou do município de Tarrafal, pois quanto mais ou menos deprimido economicamente ela ou ele for, o turismo, e também a cultura, irão se inserir no contexto sócio-econômico cumprindo funções de distintos matizes e alcances: como atividades dominantes, como atividades estruturantes, como atividades complementares ou como atividades residuais, dependendo de onde se localizam as atividades turísticas e culturais, e da importância que assumem na economia da região ou do município. Diante desse quadro, como qualquer outra atividade, propõe-se que o turismo em Tarrafal deve ser regido de acordo com princípios racionais e éticos, que visem a sua sustentabilidade, e em equilíbrio com os recursos que o possibilitam, tais como: 1. Os limites de expansão dos projectos turísticos devem ser respeitados, evitando a sobrecarga dos recursos; 2. O turismo deve ser enquadrado por uma política que promova a preservação do ambiente natural e cultural; 3. O turismo cultural e ambiental não pode ser desenvolvido em Tarrafal como turismo de massas, visto que se deve fundar na capacidade de própria comunidade de responder a estratégias de desenvolvimento de artesanatos, culinária tradicional e fomento à música e tradições; 4. O produto turístico em Tarrafal não deve estar fundado apenas na idéia do turismo do ver e do consumir, mas na de um turismo do conviver (estratégias de turismo rural, turismo alternativo), em que a educação e a sensibilização do visitante e do visitado assume papel central; 5. Os residentes de Tarrafal não podem apenas viver do turismo, mas sim em convivência com ele, ou seja, numa base de mútuo respeito, e não de predação do turismo sobre os recursos naturais; 21 6. Promotores, agentes turísticos e turistas, todos são co-responsáveis pela preservação dos recursos, o que implica um esforço educativo fundamental; 7. Todos os principais destinos turísticos de Tarrafal devem ser adequadamente monitorizados, com vistas a avaliar o impacto dos turistas sobre os sítios; 8. Os agentes turísticos são responsáveis por assegurar um turismo de qualidade, avaliando-se esta última pela máxima capacidade de satisfazer as motivações e necessidades dos turistas, preservando os recursos naturais e culturais usufruídos, bem como os direitos dos residentes, em termos contratuais (cumprimento do estipulado), temporais (prazos), psicológicos (intercâmbios e sensação de conforto no diálogo), éticos (honestidade e cortesia) e tecnológicos (acesso à modernidade); 9. As estratégias para aumentar a competitividade de determinados sítios (redução de formalidades administrativas, marketting, política de preços, infra-estruturas de apoio) não devem ser consideradas como contraditórias à necessidade de proteção do ambiente; 10. As políticas de conservação não devem ser meramente proibitivas, e sim dar lugar a uma seleção clara dos locais a valorizar, o que ajuda a evitar a dispersão de investimentos e a degradação global de recursos. O papel da educação e da formação, sobretudo dos jovens, nesta estratégia é fundamental; 11. É essencial definir o turismo como política transversal, envolvendo praticamente todas as esferas do governo local e nacional (o desporto, a cultura, a economia local), e a articulação entre os diversos setores da economia e da sociedade; 12. O enquadramento dos fluxos turísticos em Tarrafal deve ser assegurado por profissinais (guias e agentes) devidamente qualificados, mas sem espírito corporativo, e buscando o apoio de associações de jovens; 13. O turismo em Tarrafal não é, essencialmente, uma indústria: está inserido na necessidade de desenvolvimento integrado no nível local e pressupõe a participação da comunidade do Concelho. 22 Anexos Levantamento dos meios de hospedagem da Vila de Tarrafal, Ilha de Santiago – Cabo Verde (2000) Nome da empresa: Hotel Tarrafal (grupo Cabetur) Tipologia (X) hotel ( ) Pensão ( ) Outros Ocupação anual média: 75% Ocupação alta estação: quase lotados na alta estação UH (unidades de habitação): 20 Leitos (camas): 43 Mão-de-obra (quadro fixo) Quantidade Gerente Geral 01 Recepcionista 03 (01 por turno) Cozinheiro 02 Ajudante de cozinha 01 Copa 01 Limpeza geral 01 Quarto/lavanderia 02 Técnico em manutenção 01 Almoxarife (economo) 01 Auxiliar administrativo 01 Contabilidade Central Praia Bar (garçom/barman) 02 Restaurante (garçom) 03 Total de cargos: 12 Total de pessoas: 19 Mão-de-obra sazonal: durante os fins de semana contratam arrumadeiras e garçons dependendo da demanda. Serviços Capacidade Bar Não Restaurante 60 lugares Sala de conferência 30 lugares Piscina Não Bar da piscina Funciona somente no verão Café da manhã (pequeno almoço) Incluído na diária Tarifa balcão: 6.000 ECV Desconto: 20 a 30% Tel: 66 17 85 Fax: 66 17 87 Informação: Amilcar Morais e-mail: [email protected] Home page: www.cabetur.com 23 Levantamento dos meios de hospedagem da Vila de Tarrafal, Ilha de Santiago – Cabo Verde (2000) Nome da empresa: Pensão Tatá Tipologia ( ) hotel (x) Pensão ( ) Outros Ocupação baixa estação: Ocupação alta estação: 4 vezes ao ano ficam lotados UH: 06 Leitos (camas): 08 Mão-de-obra (quadro fixo) Quantidade Cozinheiro 02 Garçonetes 02 Arrumadeira/limpeza geral 01 Administração/compras/controle de estoque 01 Total de cargos: 04 Total de pessoas: 06 Mão-de-obra sazonal: contrata pessoas eventualmente quando tem mais movimento (cozinha/bar /restaurante) Serviços Capacidade Bar Não Restaurante Não Passeio Somente informações Café da manhã (pequeno almoço) Incluído na diária Tarifa balcão: 1.500 SNG/1.800 DBL Desconto: 20 a 30 % Tel: 66 11 25 Fax: Não Informação: Maria Vitória Gonçalvel (Tatá) e-mail: Não Home page: Nãob 24 Levantamento dos meios de hospedagem da Vila de Tarrafal, Ilha de Santiago – Cabo Verde (2000) Nome da empresa: Mille nuits Tipologia ( ) hotel (X ) Pensão ( ) Outros Ocupação baixa estação: Nenhum Ocupação média alta estação: 10 a 12 quartos/mês UH: 12 Leitos (camas): 24 Mão-de-obra (quadro fixo) Quantidade Cozinheiro 02 Restaurante – garçom 01 Arrumadeira/limpeza geral 01 Recepção 01 Bar – garçom/copa 01 Administração/contabilidade/compra 01 Total de cargos: 06 Total de pessoas: 07 Mão-de-obra sazonal: não contratam Serviços Capacidade Bar Não Restaurante Não Serviço nos quartos: Não Ventilador (ventuinha) Todas as Uhs Casa de banho (banheiro no quarto) Somente em algumas UHs Tarifa balcão: 2000 ECV C/ banh Desconto: 20 a 30% Tel: 66 14 63 Fax: Não 2500 ECV UH maior 1500 ECV s/ banh Informação: Isabel e-mail: Não Home page: Não 25 Levantamento dos meios de hospedagem da Vila de Tarrafal, Ilha de Santiago – Cabo Verde (2000) Nome da empresa: Graciosa Tipologia ( ) hotel ( ) Pensão (X ) Outros (aluguel de moradias ou UH temporada Ocupação baixa estação: N/D Ocupação alta estação: N/D UH: 3 moradias / 4 quartos Leitos (camas): 05 Mão-de-obra (quadro fixo) Quantidade Não há mão-de-obra, mas pode-se contratar 01 pessoa para limpeza Total de cargos: Não Total de pessoas: N/D Mão-de-obra sazonal: Não Serviços Capacidade Restaurante Não Bar Não Mercearia Não Tarifa balcão: 2000 ECV c/ água e luz Desconto: 1800ECV s/ água e luz Tel: 66 11 29 Fax : Não Informação: Jorge Siqueira Chantre e-mail : Não Home page : Não Levantamento dos meios de hospedagem da Vila de Tarrafal, Ilha de Santiago – Cabo Verde (2000) Nome da empresa: Hotel Solmarina Tipologia (X) hotel ( ) Pensão ( ) Outros Ocupação média anual: 20 Uhs/mês UH: 05 Leitos (camas): 10 Mão-de-obra (quadro fixo) Quantidade Arrumação/copa/limpeza 01 Gestão (proprietária) 01 Total de cargos: 02 Total de pessoas: 02 Mão-de-obra sazonal: não contrata Serviços Capacidade Café da manhã (pequeno almoço) Incluído na diária Locação de bicicleta (500ECV por dia) 03 Serviço de lavagem de roupas (wash machine) Não Tarifa balcão: SNG-1500 ECV Desconto: Ñ Tel: 66 12 19 Fax : Não DBL – 1800 ECV Informação: Caroline e-mail : Não Home page : Não Levantamento dos meios de hospedagem da Vila de Tarrafal, Ilha de Santiago – Cabo Verde (2000) 26 Nome da empresa: Hotel Baía Verde Ocupação baixa estação: Fins de semana 95% durante a semana: 10% UH:35 bangalôs (de 1, 3 e 4 quartos) Mão-de-obra (quadro fixo) Arrumadeira/serviços gerais Lavanderia Jardinagem Recepção Segurança Obs: não está incluída informação sobre o restaurante Total de cargos: 05 Mão-de-obra sazonal: não contratam Serviços: Aluguel de carro Escola de mergulho Transfer Excursões de carro Tarifa balcão: 2.600 a 8000 ECV Desconto: até 15% Informação: João e-mail : Não Tipologia (X ) hotel ( ) Pensão ( ) Outros Ocupação alta estação: 95% Leitos (camas): 150 Quantidade 06 02 02 03 (o 3o turno o responsável é o segurança) 02 Total de pessoas: + ou – 35 Capacidade: Terceirizado Terceirizado Não Terceirizado Tel: 66 11 28/ 66 14 30 Home page : Não Fax : Não 27 Bibliografia ANMCV - Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde, 1997, Análise Financeira dos Municípios Cabeverdianos. 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