INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo apresentar breve análise de textos de diferentes gêneros que tratem, direta ou indiretamente, da concepção vigente de professor. Que profissão é essa? Qual a real função do professor? Como o vêem e como ele se vê? Devido à variedade de questões acerca de tão complexa profissão, consideramos válida a análise de diferentes textos. Sendo humorísticos os textos trabalhados, procuramos dar um tom bem­humorado também às análises dos mesmos. Ressaltamos, contudo, que as afirmações feitas durante as mesmas referem­ se tão­somente ao texto, sem revelar, em ocasião alguma, opiniões pessoais dos integrantes do grupo. Segue­se à análise dos textos alguns anexos que podem dar mais ampla visão sobre o tema do presente trabalho, assim como contribuir para o espaço do site a ser dedicado a este tema.
3 TEXTO 1: A charge acima apresenta uma noção do professor enquanto indivíduo incumbido de variadas responsabilidades, sendo apenas o conhecimento multidisciplinar a responsabilidade especificada. Todavia, essa e suas demais responsabilidades, sejam elas quais foram, parecem ser impossíveis ao professor comum, de carne e osso, sendo que, para o cumprimento das mesmas, precisou­se criar uma máquina; um robô, melhor dizendo. Como se vê, a mencionada “impossibilidade” parece não referir­se a uma crítica ao professor, concebendo­lhe como sujeito irresponsável ou incompetente; mas a uma crítica ao tipo de responsabilidade que é atribuída a esse sujeito. Responsabilidades essas que, por tão variadas e complexas que são, só poderiam ser
4 cumpridas mesmo por uma máquina. O grau de complexidade das funções do professor pode­se notar pelas afirmações iniciais do personagem da charge: o robô trata­se de um “protótipo” (é só um modelo inicial. Carece ainda de aperfeiçoamento) e é apenas um “modelo simples” (a máquina então está programada apenas para cumprir funções básicas do professor. Seria necessário fazer mais para a criação de um modelo realmente adequado).
5 TEXTO 2: É certo que a charge acima, intitulada “Artilheiro e professor Fumagalli”, é passível de uma outra leitura, cuja essência pode ser captada por leitores familiarizados com o futebol. Aqui, todavia, procuraremos fazer uma leitura voltada para o tema central do presente trabalho. Ao nos depararmos com a charge, cremos que a atenção do leitor volta­se, primeiramente, para o que está escrito no quadro­negro e o que o personagem está dizendo. Observando ambos os pontos, poderíamos pensar na atuação de docentes despreparados e até mesmo descomprometidos nas escolas. O método de ensino extremamente automático ainda utilizado, não raramente, por professores está explícito na objetividade absurda com que o personagem do texto soluciona a operação transcrita no quadro – “9+0+1=” – e ainda podemos encontrar significados nas vestes dos personagens, todos eles com uniforme de determinado time de futebol. Acreditamos que a charge permite­nos remeter a uma questão geralmente muito comentada: o “cachê” exorbitante recebido por jogadores de futebol, muitos deles com, como diria a linguagem popular, “pouco estudo”. Ou seja: o professor não tem grande utilidade em sala de aula, a não ser que direcione o conteúdo de sua disciplina para aquilo que, de fato, pode gerar lucros certos: o futebol.
6 TEXTO 3: Esta charge remete­nos, em alguns aspectos, ao texto 1, no qual nos é apresentada a gama de responsabilidades incumbidas ao professor. O texto 3 apresenta­nos, nessa perspectiva, as trágicas conseqüências resultantes de anos de magistério. Esta charge apresenta­nos uma concepção de professor talvez generalizante, porém verdadeira em alguns aspectos. Em tom bem­ humorado, o “dito pelo não dito” remete­nos a situações diversas com as quais o professor pode se deparar ao longo de sua carreira. Dentre tais situações, destaca­se a violência nas escolas e o desrespeito por parte dos alunos, o que pode levar um professor a “correr atrás de aluno” ou
7 “correr dele”. O mencionado desrespeito está implícito também na má audição do professor esboçado acima, após 25 anos convivendo com a gritaria dos seus alunos. Questões como nervosismo constante e baixo salário também são abordadas. Esse último, em duas ocasiões: na impossibilidade de comprar roupas melhores, devido aos maus rendimentos recebidos, e na perda dos dentes devido à impossibilidade de alimentar­se adequadamente. Ou seja: o professor não teria tempo a perder com longas refeições devido ao seu tempo escasso, já que, para ter rendimentos melhores, precisaria trabalhar exaustivamente (em três turnos, podemos dizer). Consideramos válido ressaltar ainda, com base no texto, que as dificuldades existentes na profissão – se bem que, no texto em questão, a profissão em si já é uma dificuldade – não restringem­se apenas ao âmbito da sala de aula, mas também à relação com pais de alunos. Relação essa por muitas vezes árdua devido a determinadas exigências e cobranças feitas pelos pais. Casos assim parece­nos, numa afirmação categórica, mais constantes nas escolas da rede privada de ensino. As condições físicas de trabalho também não ficam de fora, tratadas aqui com tamanho exagero: trágicos acidentes com o mimeógrafo, alergia crônica ocasionada pelo giz etc.
8 TEXTO 4: O texto 4 nos apresenta a imagem do bom professor, empenhado em levar seus alunos ao bom entendimento da disciplina através de aulas expositivas, como se nota na sua simpática fala: “Na última semana, nós estudamos as rãs... Nesta semana, estudaremos a vaca!” . O sorriso do personagem, assim como sua postura e a ausência de traços que marquem uma possível qualidade ruim sua, são pontos que dão­nos a entender que a charge em questão não refere­se a uma crítica ou denúncia, mas a uma sugestão de como deve atuar o professor em sala de aula. Nesse âmbito, algo que atrairia a atenção dos seus alunos seria expor­lhes a realidade, não restringindo­se apenas a teorias acerca de fenômenos. O tamanho empenho com o aprendizado dos alunos levou nosso simpático personagem francês a arrastar uma vaca para dentro da sala de aula.
9 TEXTO 5: “ Até amanhã! Saiam em ordem!” É o que diz o nosso personagem. Assim como nosso professor do texto 3, este precisa correr de seus alunos, totalmente impossibilitado de manter a ordem pelo desrespeito dos mesmos. Apesar da reprimenda que faz aos seus alunos, o personagem se rende aos mesmos. Muito possivelmente, nem era a hora de encerrar a aula...
10 TEXTO 6: DOUTOR EM MATEMÁTICA Um professor universitário, doutor em matemática, vivia enfurnado na universidade. Só falava de matemática. Tudo pra ele era matemática. A esposa não conseguia mais ter nenhum tipo de conversa com ele. Um dia ela arranjou um amante e abandonou o matemático e o seu único filho. O professor então começou a perceber que o menino estava ficando triste, não comia, ficava muito doente, e então resolveu levá­lo ao médico, que disse: ­ Professor, o seu filho precisa de mais atenção, de mais carinho. O senhor não pode ficar o dia inteiro na universidade e esquecer do seu filho! Tem que passear com ele, brincar com ele, contar estórias para ele! Só assim ele vai melhorar... O professor então começou a dar mais atenção ao menino. Tanto que um dia ao chegar em casa, vindo da universidade, ele encontrou o moleque meio tristonho, e perguntou? ­ Ô, meu filho! Que que você tem? Você tá triste? ­ Tô! ­ Quer que eu conte uma estória para você? Os olhos do menino se encheram de alegria e esperança. ­ Quero sim, papai! ­ Qual estorinha que você mais gosta? ­ Eu gosto mais da estorinha dos três porquinhos! ­ Então lá vai: Era uma vez três porquinhos P1, P2 e P3, e um lobo genérico Ln (L índice n), mau por definição... A piada acima não deixa explícita a razão pela qual o personagem matemático dedicava­ se tão exageradamente à sua área: acúmulo de obrigações ou mera escolha, fanatismo pela profissão. Analisemos então na perspectiva da primeira hipótese, sendo ela a mais provável: no primeiro caso o professor, devido às suas muitas responsabilidades (como trabalhado nos textos 1
11 e 3), passa a maior parte de seu dia na escola/universidade. Nos seus momentos de convívio com a família ou amigos, a sua profissão interfere inevitavelmente. A profissão em questão ocasiona, na perspectiva do texto, em diversas perdas no âmbito familiar, afastando pessoas e criando problemas. A seguir, pode­se conferir uma série de textos literários e teóricos sobre o tema proposto.
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3 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo apresentar