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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA
ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA
DE SAÚDE OCUPACIONAL –
UMA NOVA VISÃO *
MERCURY CONTAMINATION IN
DENTISTRY AS A PROBLEM
OCCUPATIONAL HEALTH A NEW VISION
Fabiana Ribeiro Gomes AMORIM **
_______________________________________
* Monografia apresentada à Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic para a
obtenção do título de Especialista em Odontologia do Trabalho. Orientador: Prof.
Dr. Urubatan Vieira de Medeiros.
** Cirurgiã Dentista e Especializanda em Odontologia do Trabalho.
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar, através de
revista da literatura, a ocorrência de contaminação por exposição ao
mercúrio dos profissionais de Odontologia. Ocorre através da realização de
obturações de amálgama dentário durante os processos de seu preparo e
remoção, causando a liberação de vapores de mercúrio para o meio
ambiente de trabalho sendo, inalados pelo Cirurgião Dentista e sua equipe.
Este estudo aponta ainda para a necessidade de conhecimento e
treinamento dos profissionais de Odontologia quanto à possibilidade de risco
ocupacional por mercúrio nos consultórios odontológicos, quanto aos
métodos adequados de manuseio e, descarte, de resíduos de amálgama e
as consequentes alterações a esta exposição na saúde bucal, geral e, na
qualidade de vida. São identificados como melhor meio de promoção e
manutenção da saúde para os profissionais de Odontologia, a prevenção,
com uso de EPIs, adequação do ambiente físico, aplicação das normas
preventivas e atuação do odontólogo do trabalho dentro da equipe de saúde
ocupacional. Conclui a pesquisa, a existência da inter-relação ambiente
ocupacional odontológico/doenças por exposição ao mercúrio e, comenta
sobre a nova visão da população e da classe odontológica sobre a
continuidade de utilização do amálgama dentário como material obturador
apesar do seu potencial toxicológico e, à despeito da existência de materiais
restauradores alternativos.
ABSTRACT
The present work aims to demonstrate, through a literature
review, the occurrence of contamination by mercury exposure from worker
dentistry that is through the realization of dental amalgam fillings during the
processes of their preparation and removal, causing the release mercury
vapor into the working environment and are then inhaled by a dentist and his
dental team. This study also points to the need for knowledge and training of
dental professionals about the possibility of occupational risk from mercury in
dental offices, as the proper methods of handling and disposal of amalgam
waste and the resulting changes to this exhibition in oral health, general
health, quality of life and the environment. They are identified as the best
means of promoting and maintaining health for dental professionals the
prevention, use of EPIs, suitability of the physical environment, the
application of standards and preventive action of the dentist's work within the
occupational health team. Concludes the research, the existence of a
relation between occupational environment dental and diseases by exposure
to mercury; and comments on the new vision of the population and the dental
professional about the continuing use of dental amalgam as a filling material
despite its potential toxicological and despite the existence of alternative
restorative materials.
UNITERMOS: Doença Ocupacional; Amálgama Dentário; Mercúrio.
UNITERMS: Occupational Disease; Amalgam; Mercury.
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
INTRODUÇÃO
As doenças ocupacionais resultam da exposição contínua do
trabalhador a um agente agressor no seu ambiente de trabalho. Estão
diretamente relacionadas à atividade desempenhada pelo trabalhador ou às
condições de trabalho que está submetido. Estes agentes podem ser de
origem física, biológica, ergonômica e, química (NOGUEIRA, 1972; PINTO;
IACOBUCCI; FICHMAN, 1990; SPENCER, 2000; PÉCORA, 2003;
PATIÑO; RÉGIS FILHO, 2005; SHEIHAM, 2005; SALES PERES;
THEODORO; RIBEIRO et al., 2006; TELES; ALMEIDA; CANGUSSU et al.,
2006; TANNOUS; SILVA, 2007; OLIVEIRA; MOLINA; PEREIRA, 2011;
OLIVEIRA; NESI; FRETTA et al., 2011; RIBEIRO; GUERRA; GALHARDI
et al., 2012 e RIBEIRO; SANTOS, 2013).
A Odontologia é uma das profissões que se destaca quanto à
exposição de seus trabalhadores a riscos e doenças ocupacionais por
mercúrio. Através do amálgama dentário que contém na sua formulação
grande quantidade de mercúrio os Cirurgiões Dentistas, equipe de saúde
odontológica, pacientes e alunos de graduação em Odontologia são
contaminados constantemente em seu ambiente laboral, pelos vapores de
mercúrio advindos das técnicas operatórias e, processos de uso do
amálgama dentário como material obturador (NOGUEIRA, 1972; PINTO;
IACOBUCCI; FICHMAN, 1990; SPENCER, 2000; PÉCORA, 2003;
PATIÑO; RÉGIS FILHO, 2005; SHEIHAM, 2005; SALES PERES;
THEODORO; RIBEIRO et al., 2006; TELES; ALMEIDA; CANGUSSU et al.,
2006; TANNOUS; SILVA, 2007; KAMETANI; VICCO; CALIXTO JÚNIOR et
al., 2009; JESUS; MARINHA; MOREIRA, 2010; OLIVEIRA; MOLINA;
PEREIRA, 2011; OLIVEIRA; NESI; FRETTA et al., 2011; RIBEIRO;
GUERRA; GALHARDI et al., 2012 e RIBEIRO; SANTOS, 2013).
O mercúrio é uma substância química considerada tóxica para
os seres vivos e meio ambiente, estando presente na vida de vários
indivíduos através de suas atividades ocupacionais como ocorre na
Odontologia (NOGUEIRA, 1972; LANGAN; FAN; HOOS, 1987; PINTO;
IACOBUCCI; FICHMAN, 1990; SPENCER, 2000; PÉCORA, 2003;
PATIÑO; RÉGIS FILHO, 2005; SHEIHAM, 2005; SALES PERES;
THEODORO; RIBEIRO et al., 2006; TELES; ALMEIDA; CANGUSSU et al.,
2006; TANNOUS; SILVA, 2007; OLIVEIRA; MOLINA; PEREIRA, 2011;
OLIVEIRA; NESI; FRETTA et al., 2011; RIBEIRO; GUERRA; GALHARDI
et al., 2012 e RIBEIRO; SANTOS, 2013), ainda, desfavorável e de existir
alternativas ao seu uso como material restaurador, ainda é amplamente
utilizado no Brasil (NOGUEIRA, 1972; OLIVEIRA; NESI; FRETTA et al.,
2011; RIBEIRO; GUERRA; GALHARDI et al., 2012 e RIBEIRO; SANTOS,
2013).
Está presente na rotina dos profissionais de Odontologia tanto
do setor privado quanto do setor público e seu uso justifica-se muitas vezes,
pela falta de informação dos profissionais quanto ao seu potencial danoso à
saúde e devido às propriedades físicas e mecânicas do amálgama que é
considerado um material de fácil manuseio e baixo custo (NOGUEIRA,
1972; PÉCORA, 2003; PATIÑO; RÉGIS FILHO, 2005; SHEIHAM, 2005;
SALES PERES; THEODORO; RIBEIRO et al., 2006; TELES; ALMEIDA;
CANGUSSU et al., 2006; TANNOUS; SILVA, 2007; OLIVEIRA; MOLINA;
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
PEREIRA, 2011; OLIVEIRA; NESI; FRETTA et al., 2011; RIBEIRO;
GUERRA; GALHARDI et al., 2012 e RIBEIRO; SANTOS, 2013).
Hoje em dia, devido à facilidade de acesso á novas pesquisas
e informações, os profissionais e pacientes são mais exigentes e
questionadores devendo ter direito de escolha quanto aos materiais e
técnicas com que trabalham e adquirem objetivando a manutenção de sua
saúde e do meio ambiente (NOGUEIRA, 1972; PINTO; IACOBUCCI;
FICHMAN, 1990; SPENCER, 2000; PÉCORA, 2003; PATIÑO; RÉGIS
FILHO, 2005; SHEIHAM, 2005; SALES PERES; THEODORO; RIBEIRO et
al., 2006; TELES; ALMEIDA; CANGUSSU et al., 2006; TANNOUS; SILVA,
2007; OLIVEIRA; MOLINA; PEREIRA, 2011; OLIVEIRA; NESI; FRETTA et
al., 2011; RIBEIRO; GUERRA; GALHARDI et al., 2012 e RIBEIRO;
SANTOS, 2013).
A atuação dos profissionais de Odontologia do trabalho e
equipe de saúde do trabalhador, de organizações, dos representantes das
classes trabalhistas e políticos, têm papel crucial na intervenção e
desenvolvimento do bem estar e qualidade de vida dos cidadãos. Através
da criação e implementação de políticas de serviços e saúde e do respeito
às leis trabalhistas, contribuem para evitar o impacto negativo que
substâncias e tecnologias possam causar aos trabalhadores e seres vivos
de um modo geral, protegendo o meio ambiente e as gerações futuras
(NOGUEIRA, 1972; PINTO; IACOBUCCI; FICHMAN, 1990; GLINA;
SATUT; ANDRADE, 1997; SPENCER, 2000; CLARO; ITO; BASTOS et al.,
2003; IHEJIAWU; STEPHENSON; JOHNSON et al., 2003; PÉCORA, 2003;
PATIÑO; LACAZ; GOMEZ, 2005; RÉGIS FILHO, 2005; SHEIHAM, 2005;
SALES PERES; THEODORO; RIBEIRO et al., 2006; TELES; ALMEIDA;
CANGUSSU et al., 2006; TANNOUS; SILVA, 2007; GRIGOLETTO;
OLIVEIRA; MUÑOZ et al., 2008; OLIVEIRA; MOLINA; PEREIRA, 2011;
OLIVEIRA; NESI; FRETTA et al., 2011; LIMA; MELO; RIBEIRO et al.,
2012; RIBEIRO; GUERRA; GALHARDI et al., 2012;DE CARLI; DE CARLI;
SILVA et al., 2012; CONSOLARO, 2013 e RIBEIRO; SANTOS, 2013).
PROPOSIÇÃO
OBJETIVO GERAL
Realizar uma revista da literatura sobre a contaminação por
mercúrio nos profissionais de Odontologia em seu ambiente de trabalho.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
1. Identificar os riscos ambientais relacionados ao mercúrio
para os profissionais de Odontologia e suas consequências.
2. Relacionar a importância do ambiente laboral na saúde dos
trabalhadores de Odontologia.
3. Comentar as consequências da exposição ocupacional ao
mercúrio.
4. Enfatizar a importância da promoção de saúde na saúde do
trabalhador.
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
REVISÃO DA LITERATURA
AMÁLGAMA DENTÁRIO E MERCÚRIO X
DOENÇA OCUPACIONAL NA ODONTOLOGIA
A ANVISA considera como riscos ocupacionais a possibilidade
de perda ou dano e a probabilidade de que tal perda ou dano ocorra (Brasil,
2006). Os riscos mais frequentes que estão sujeitos os profissionais que
atuam em assistência odontológica são os físicos, os químicos, os
ergonômicos, os mecânicos ou de acidente, ou ainda aqueles advindos da
falta de conforto e higiene, além dos biológicos. Os riscos consistem na
exposição dos profissionais a agentes químicos (poeiras, névoas, vapores,
gases, mercúrio, produtos químicos em geral e outros), tendo como
principais causadores os amalgamadores, desinfetantes químicos (álcool,
glutaraldeído, hipoclorito de sódio, ácido peracético, clorexidina, entre
outros) e, aqueles gases medicinais (óxido nitroso e outros) (NOGUEIRA,
1972; PINTO; IACOBUCCI; FICHMAN, 1990; SPENCER, 2000; PÉCORA,
2003; PATIÑO; RÉGIS FILHO, 2005; SHEIHAM, 2005; SALES PERES;
THEODORO; RIBEIRO et al., 2006; TELES; ALMEIDA; CANGUSSU et al.,
2006; TANNOUS; SILVA, 2007; KAMETANI; VICCO; CALIXTO JÚNIOR et
al., 2009; JESUS; MARINHA; MOREIRA, 2010; OLIVEIRA; MOLINA;
PEREIRA, 2011; OLIVEIRA; NESI; FRETTA et al., 2011; RIBEIRO;
GUERRA; GALHARDI et al., 2012 e RIBEIRO; SANTOS, 2013).
Inúmeras doenças podem ser adquiridas pelo trabalhador no
seu ambiente de trabalho, são as doenças profissionais, que podem ser
causadas por agentes físicos, mecânicos, biológicos e químicos. Muitas
doenças ocupacionais apresentam manifestações bucais podendo ser
diagnosticadas pelo Cirurgião Dentista do trabalho (NOGUEIRA, 1972;
JESUS; MARINHA; MOREIRA, 2010; OLIVEIRA; MOLINA; PEREIRA,
2011; OLIVEIRA; NESI; FRETTA et al., 2011; RIBEIRO; GUERRA;
GALHARDI et al., 2012 e RIBEIRO; SANTOS, 2013). Os trabalhadores
com intoxicação por mercúrio podem apresentar problemas bucais pela
absorção sistêmica deste metal tóxico como a saliva viscosa, a irritação da
mucosa oral, o gosto metálico, gengivas coloridas em cinzento, inflamadas e
ulceradas, os lábios secos, os lábios e a língua edemaciados, além das
glândulas salivares aumentadas de volume (NOGUEIRA, 1972; JESUS;
MARINHA; MOREIRA, 2010; OLIVEIRA; MOLINA; PEREIRA, 2011;
OLIVEIRA; NESI; FRETTA et al., 2011; RIBEIRO; GUERRA; GALHARDI
et al., 2012 e RIBEIRO; SANTOS, 2013).
A Odontologia juntamente com outros profissionais da saúde,
contribui para qualidade da saúde do trabalhador, tendo papel relevante na
prevenção de doenças. Atuam na realização de diagnóstico precoce das
doenças verificando as condições do ambiente de trabalho, as substâncias
químicas e riscos de intoxicações a que são expostos e solucionando
problemas decorrentes da atividade laboral (SALES-PERES et al., 2006).
O maior meio de contaminação dos seres vivos pelo mercúrio é
a sua exposição ocupacional. Destaca-se, entre outras profissões, a
Odontologia onde a contaminação ocorre devido ao uso do amalgama
dentário contendo mercúrio, como material restaurador (JESUS; MARINHA;
MOREIRA, 2010). Através da manipulação do amálgama, os profissionais
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
da saúde bucal estão diariamente expostos ao mercúrio e aos riscos de
contaminação (BRASIL, 2010).
O Cirurgião Dentista é um profissional que apresenta risco
ocupacional ao mercúrio podendo desenvolver o mercuralismo, portanto
deve tomar cuidados como uso de máscaras, evitar derramar o mercúrio,
fazer o acondicionamento de forma adequada e, se submeter a exames para
detectar os níveis de mercúrio no sangue, urina e cabelos (PATINÕ; RÉGIS
FI, 2005) (Fig. 1).
Fig. 1 – Apresentação do mercúrio na Odontologia.
FONTE - SPENCER, A. J. Dental amalgam and mercury in dentistry. Austral. dent. J. v. 45,
n. 4, p. 224-34, 2000.
Existem riscos advindos da exposição ao mercúrio usado na
odontologia aos profissionais da saúde bucal e aos pacientes. O mercúrio é
elemento tóxico e quando não manipulado adequadamente na Odontologia
pode causar problemas físicos e neurológicos (CLARO; ITO; BASTOS et
al., 2003) (QUADRO 1). Cuidados devem ser dados na armazenagem e
despejo adequado de seus resíduos, para proteção dos profissionais,
pacientes, estudantes de Odontologia, além do meio ambiente.
Ocorre inalação de vapores de mercúrio durante o preparo do
amálgama e quando é feita sua substituição. O mercúrio produz efeitos
tóxicos locais ou sistêmicos ao organismo, portanto sua manipulação, a
armazenagem dos resíduos e, o despejo do amálgama devem ser
executados com cuidados, visando à proteção dos profissionais, dos
pacientes, além do meio ambiente (KAMETANI; VICCO; CALIXTO JÚNIOR
et al., 2009).
Os resíduos de amálgama gerados na prática odontológica
constituem importante fonte de liberação de mercúrio para o meio ambiente
se descartados no lixo comum ou descarregados no sistema de esgoto,
enfatizando a importância do cumprimento dos protocolos de
armazenamento e/ou descarte resíduos de amálgama, com ênfase ao
controle dos fatores de risco à exposição mercurial (ALVES-REZENDE et
al., 2008).
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
QUADRO 1 - FONTES DE CONTAMINAÇÃO E ABSORÇÃO DO MERCÚRIO:
FONTE - Manual de Biossegurança no Atendimento Odontológico (Secretaria Estadual de
Saúde de Pernambuco, 2001).
Os profissionais da Odontologia como Cirurgiões Dentistas,
equipes auxiliares e, acadêmicos apresentam intoxicação por mercúrio. Há
necessidade de se adotar medidas preventivas para evitar a intoxicação
(RIBEIRO; SANTOS, 2013).
O potencial toxicológico do mercúrio assim como sua
capacidade de se alojar em tecidos e órgãos humanos foi testado. Afirmam
ainda que o mercúrio contido no amálgama dental do uso odontológico muito
contribui para surgimento de sérias doenças de origem ocupacional e, para a
contaminação ambiental. Adverte os profissionais da equipe de saúde bucal
quanto a conscientização dos riscos e cuidados a serem tomados para a
utilização e manipulação do o amálgama odontológico (GRIGOLETO;
OLIVEIRA; MUÑOZ et al., 2008).
O manual de biossegurança no atendimento odontológico de
Pernambuco cita que, dentre os materiais utilizados nos consultórios
odontológicos, merece destaque o mercúrio, que por sua alta toxicidade
pode causar lesões agudas ou crônicas, além de incapacitar e, até mesmo
matar. Tem como característica a capacidade de efeito cumulativo no
organismo potencializando seus efeitos e, agressão ao meio ambiente. É
considerado como responsável por doenças ocupacionais em diversas
profissões, incluindo a Odontologia, pelo seu uso nas restaurações dentárias
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
como componente do amálgama dentário segundo a Secretaria Estadual de
Saúde de Pernambuco (BRASIL, 2001).
Avaliação da exposição ocupacional ao vapor de mercúrio
durante a preparação amálgamas, utilizando a técnica de pré-encapsulada
demonstrou que a utilização de cápsulas que contenham amálgama
misturada diminui o potencial de exposição e, de geração de vapor de
mercúrio na clinica dentária (IHEJIAWU; STEPHENSON; JOHNSON et al.,
2003).
O nível de mercúrio no organismo pode ser avaliado através de
exames de urina, sangue e, pelo fio de cabelo. Entretanto, a grande maioria
dos profissionais da Odontologia nunca efetuou teste algum (OLIVEIRA et
al., 2011).
Os níveis de mercúrio sistêmico decorrentes da exposição ao
amálgama dental foram avaliados em profissionais de Odontologia (clínicos
geral), acadêmicos e pacientes, sendo observado aumento na taxa de
concentração do mercúrio em função do período de manipulação do
amálgama dental (OLIVEIRA; NESI; FRETTA et al., 2011).
O fato de que uma pessoa média com amálgama dentária
recebe10 vezes exposição diária ao mercúrio do que uma pessoa média
sem amálgama dentária (BAN MERCURY WORKING GROUP, 2003).
Em relatório feito para Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente, é enfatizado que os níveis de mercúrio no ambiente global
nos últimos 100 anos triplicaram e, devido sua capacidade de bioacumular e,
persistir no meio ambiente, o mercúrio é considerado uma ameaça mundial
(BAN MERCURY WORKING GROUP, 2003).
Cita como fontes primárias de exposição humana ao mercúrio:
Consumo de Frutos do Mar Contaminados, Exposição Ocupacional;
Amálgama Dentário, Vacinas e, o Uso Doméstico. Testes de laboratório
mostraram que a amálgama dentária é a fonte predominante de mercúrio em
sistemas de esgoto (BAN MERCURY WORKING GROUP, 2003).
Projeto de lei que “Independente da forma que se apresenta,
quando o mercúrio é absorvido de forma continuada, ainda que em baixas
concentrações, representa um grave risco para os seres vivos em geral. O
mercúrio possui efeito cumulativo, portanto causa perturbação crônica e
progressiva das funções metabólicas e celulares dos indivíduos a ele
exposto.” (Lei 2354/2013;Brasil, 2013 – Deputada Aspásia Camargo).
O AMBIENTE LABORAL E OS MÉTODOS PREVENTIVOS
NA SAÚDE DO TRABALHADOR
As disposições do Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria
de Estado da Saúde de São Paulo, sobre áreas físicas dos estabelecimentos
de assistência odontológica, são enfatizadas recomendando que estes
estabelecimentos devam apresentar boa iluminação, ventilação que
possibilite circulação e renovação de ar, pisos e paredes com material
lavável e impermeável, sem a presença de trincas, ou descontinuidades,
além de as superfícies devem ser lisas e pouco absorventes (GRICOLETO;
OLIVEIRA; MUÑOZ et al., 2008).
Recomendações relativas à higiene do mercúrio feitas pela
American Dental Association como a de armazenar o mercúrio em
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
recipientes inquebráveis e hermeticamente vedados, realizar todas as
operações que envolvam o mercúrio em superfícies impermeáveis, limpar
imediatamente qualquer mercúrio derramado e, lançar sobre ele uma
quantidade abundante de enxofre em pó ("flor de enxofre"), que se
combinará com o mercúrio formando uma substância que não venha a
oferecer riscos (Ministério da Saúde), além de usar cápsulas
hermeticamente vedadas durante a amalgamação. Além disso, usar técnica
de manipulação de amálgama que evitem o toque das mãos, usando EPI
(luvas, máscara e gorro) e pinças clínicas, acumular todos os restos de
amálgama, armazenando-os em recipiente de vidro com água, trabalhar em
locais bem ventilados e, piso do consultório devendo ser impermeável e liso
(não poroso), sem frestas. Ainda, manter o máximo de cuidado com a
limpeza, higiene e manutenção do consultório, eliminar o emprego de
soluções contendo mercúrio, não aquecer o mercúrio ou o amálgama,
manter o amalgamador longe de fontes de calor, não armazenar mercúrio
próximo à estufa ou em locais quentes, na remoção do amálgama, usar jatos
de água e sucção e, além disso, usar procedimentos convencionais de
compactação do amálgama dentário, manual e mecânico, porém não
empregar condensadores de amálgama ultrassônicos. Também, realizar,
anualmente, determinações de mercúrio em todo o pessoal regularmente
empregado no consultório odontológico, realizar determinações periódicas
do nível de vapor de mercúrio nos consultórios odontológicos, alertar todo o
pessoal envolvido na manipulação de mercúrio, especialmente nos períodos
de treinamento, sobre os perigos potenciais do seu vapor, além de a
necessidade de observar boas práticas de higiene, realizando programas de
educação continuada (Secretaria Estadual de Saúde, PE, 2011).
Visando a prevenção e controle de riscos no ambiente de
trabalho para evitar que ocorra o acúmulo de fungos (bolores), gases e
vapores condensados. Os serviços odontológicos devem possuir ventilação
natural ou forçada sendo que sua eliminação não deverá causar danos ou
prejuízos às áreas próximas. Para os profissionais da equipe de saúde
odontológica, é recomendado o uso de equipamento de proteção individual
(EPI), destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e
a saúde no trabalho do tipo gorro, máscara, óculos de proteção, avental,
luvas e calçados (ANVISA, Brasil; 2006).
Após pesquisa em clínica de faculdade de odontologia onde se
realizavam atividades com amalgama dentário concluiu-se que um medidor
portátil de análise quantitativa de vapores de mercúrio é útil para a inspeção
e monitoração de locais passíveis de contaminação tóxica por mercúrio e,
principalmente nas situações de acidentes (CAMPOS; LACERDA; FRAGA
et al., 2012).
Os níveis de exposição no ambiente de trabalho que têm como
limiar do valor limite de concentração de vapor de mercúrio: ILV = 0,05
mg/m³ de ar, foram avaliados. Destaca-se como importante que toda a
equipe odontológica deva realizar, anualmente, o exame sanguíneo para
avaliação do nível de mercúrio e, cita para os níveis de exposição no
sangue: normal até 0,1mg/100ml; acima de 6mg/100ml, torna-se significativo
e como limite de mercúrio no sangue , de 20mg/10ml (Secretaria Estadual
de Saúde PE, 2011).
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
É destacada também, a importância de exaustor na
Odontologia como mais uma ferramenta de biossegurança. Os exaustores
são apropriados para fazer a renovação do ar dos consultórios retirando do
ambiente odontológico os gases e vapores químicos tóxicos nocivos à saúde
humana, bem como os pós e poeiras, de forma que o ar inalado ou ingerido
não cause prejuízo à saúde dos profissionais. Revela ainda, a falta de
orientação dos Cirurgiões Dentistas quanto ao seu uso e, conclui que há a
necessidade de capacitação dos profissionais sobre o assunto, bem como
criar uma norma legal que venha a determinar a instalação de exaustores
em consultórios odontológicos (MEDEIROS; SOUZA; BASTOS, 2003 e
MEDEIROS; SILVA; CARVALHO, 2009).
Medidas preventivas tais como o cuidado durante manipulação
do mercúrio para evitar o derramamento acidental, pisos de fácil limpeza,
utilização de refrigeração abundante, brocas novas, uso de isolamento
absoluto e bombas de sucção, ventilação do ambiente, troca periódica de
filtros de ar condicionados, além da armazenagem adequada dos resíduos e
a instalação de fontes geradoras de calor em ambiente distantes de onde
ocorre a manipulação. Estas medidas poderão minimizar os riscos de
intoxicação aguda e crônica pelo metal para a equipe odontológica, evitando
danos ao meio ambiente (RIBEIRO; SANTOS, 2013).
Para a prevenção da exposição ocupacional ao mercúrio podese encontrar: 1o- avaliação permanente da presença de vapores de mercúrio
no ambiente do consultório odontológico, podendo ser usado papel de filtro
com cloreto de paládio exposto no ambiente do consultório para detecção de
vapores de mercúrio. 2o- armazenamento do mercúrio em recipientes
fechados e inquebráveis. 3o- uso somente de cápsulas que permaneçam
seladas durante a amalgamação e, mesmo assim a colocação de papel de
filtro com cloreto de paládio é indicado. 4o- armazenamento dos resíduos de
amálgama em recipientes fechados contendo solução fixadora radiográfica
até dezessete dias. Entre as substâncias testadas para evitar a passagem
do vapor de mercúrio dos resíduos de amálgama para o ambiente, a solução
de Fixador Radiográfico (Kodak) que impediu a passagem do vapor de
mercúrio por dezessete dias, foi a que melhor resultados apresentaram
(SAQUY, 1996).
A remoção de obturações de amálgama dentário com brocas
em alta rotação gera nuvens de partículas e mercúrio no ar que são
respiradas e absorvidas sistemicamente pelo paciente e, a equipe
odontológica. Métodos físicos que protejam pacientes, profissionais e que
diminuem a concentração de vapor de mercúrio no ambiente são
apresentados como o uso de dique de borracha, preferencialmente do tipo
nitrílica ao invés de látex e vinil, a sucção potente, os separadores de
mercúrio e partículas, a cobertura para face com toalhas de papel ou campo
cirúrgico, óculos de proteção, luvas profissionais preferencialmente de
borracha nitrílica e, também, máscaras descartáveis, manter janela aberta,
uso de purificadores de ar e aspirador central (IAOMT, sep. 25, 2012).
Foi, também, avaliado o impacto da remoção de restaurações
amálgama, nos níveis de mercúrio sistêmico, através de exame na urina de
pacientes onde o método de avaliação laboratorial realizado para
determinação do mercúrio foi a espectrofotometria de absorção atômica a
vapor frio (CV-AAS). Resultou que todos os pacientes apresentaram
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
aumento nos níveis de mercúrio sistêmico, independentemente do uso de
dique de borracha (OLIVEIRA; MOLINA; PEREIRA, 2011).
Ainda sobre os resíduos de amálgama, cuidados importantes a
ser tomado, como o uso de amalgamadores mecânicos seguros, que não
apresentam vazamentos de mercúrio, isolamento absoluto para evitar a
queda de amálgama na cavidade bucal durante a inserção e, remoção das
restaurações de amálgama. Ainda, brocas novas para cortar mais rápido,
gerando menor aquecimento, água gelada no reservatório do alta rotação
para baixar a temperatura e com menos mercúrio emanado da restauração.
Também, máscara, para o profissional, pessoal auxiliar e paciente, sucção
de alta potência durante o processo de remoção da restauração para que o
mercúrio emanado não venha a entrar em contato com as pessoas,
permanecendo no consultório. Orienta ainda, para que a coleta do resíduo
de amálgama odontológico seja feita em recipiente dotado de boca larga e
de material inquebrável, com uma lâmina de água sobre o resíduo, fechado
e devendo ser enviados para o laboratório de reciclagem de recuperação de
resíduos químicos (PÉCORA, 2003).
CONSEQUÊNCIAS DA EXPOSIÇÃO
AO MERCÚRIO
Os efeitos biológicos diversos do mercúrio são apresentados
no Manual de Biossegurança no atendimento odontológico, incluindo: a
Sensibilização, nos casos de paciente que tiveram contato prévio com o
mercúrio e, foram expostos a vapores de mercúrio das restaurações de
amalgama. O Micromercuralismo onde exposição a baixas concentrações e
em longo prazo, leva à queda de produtividade, o aumento de fadiga;
irritabilidade nervosa, a perda de memória, a perda de autoconfiança, a
astenia muscular, a depressão e o sono agitado. Ainda, o hidrargirismo ou
mercurialismo que é intoxicação mais severa e aguda, sendo a causa de
tremores finos podendo evoluir para convulsão, a perda de apetite, a
depressão, a fadiga, a insônia, a dor de cabeça, as ulcerações na mucosa
bucal, a pigmentação escura na mucosa bucal. Também, na gengiva
marginal, a perda de dentes, as alterações no comportamento social, na
personalidade e caráter, as desordens na fala (gaguejo), os tremores nos
lábios, língua ou mandíbula, as alterações da caligrafia, evoluindo para
escrita ilegível, a marcha instável, a sensibilidade e dor nas extremidades, a
diminuição do campo visual e, o problema de acomodação e, o gosto
metálico na boca (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE, PE, 2011).
A exposição ao metil mercúrio danifica o cérebro, rins e fígado,
e causa problemas de desenvolvimento, desordem no sistema reprodutivo,
distúrbios cognitivos, prejudica a fala e a visão, causa dificuldades para ouvir
e caminhar, distúrbios mentais e a morte (BAN MERCURY WORKING
GROUP, 2003).
Doenças como a LLO (lesões liquenóides orais) estão
relacionadas a restaurações de amálgama e, ocorrem como reações de
contato da mucosa oral crônicas ao amálgama dentário. Os Cirurgiões
Dentistas devem saber como fazer o diagnóstico correto para assim
recomendar a melhor forma de tratamento (BARBOSA; SILVA;
CARVALHO et al., 2011).
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
Várias doenças ocupacionais apresentam manifestações
bucais.
Os trabalhadores que manejam mercúrio podem apresentar
alterações gustativas, gosto metálico, viscosidade da saliva e irritação da
mucosa oral. Os lábios ficam secos, edemaciados e com fissuras. As
gengivas ficam coloridas em cinza com gengivite e ulcerações que podem se
estender da mucosa bucal à faringe. A língua pode estar edemaciada,
dolorida e ulcerada com marcas dentárias nos bordos. Aumento de volume
e dor à palpação pode ocorrer às glândulas salivares (DE CARLI; DE
CARLI; SILVA et al., 2012) (QUADRO 2).
Após estudo com Cirurgiões Dentistas e alunos de Odontologia
sobre perda auditiva induzida por motores de alta rotação, que os
profissionais que apresentaram alterações auditivas de grau moderado para
severo, foram aqueles que apresentavam taxa de mercúrio acima do
permitido no organismo (BERBARE; FUKUSIMA, 2003).
QUADRO 2 - Relação de doenças causadas pelo agente mercúrio - Lista de doenças
relacionadas ao trabalho relação de agentes ou fatores de risco de natureza ocupacional,
com as respectivas doenças que podem estar com eles relacionadas:
AGENTES ETIOLÓGICOS OU
FATORES DE
RISCO DE NATUREZA
OCUPACIONAL
Mercúrio e seus compostos tóxicos
DOENÇAS CAUSALMENTE
RELACIONADAS COM OS
RESPECTIVOS AGENTES OU
FATORES DE RISCO (DENOMINADAS
E CODIFICADAS CID-10)
Outros transtornos mentais decorrentes
de lesão e disfunção cerebrais e de
doença física (F06.-).
Transtornos de personalidade e de
comportamento decorrentes de doença,
lesão e de disfunção de personalidade
(F07.-).
Transtorno
Mental
Orgânico
ou
Sintomático não especificado (F09.-)
Episódios Depressivos (F32.-).
Neurastenia
(Inclui
“Síndrome
de
Fadiga”) (F48.0).
Ataxia Cerebelosa (G11.1).
Outras formas especificadas de tremor
(G25.2).
Transtorno extrapiramidal do movimento
não especificado (G25.9).
Encefalopatia Tóxica Aguda (G92.1).
Encefalopatia Tóxica Crônica (G92.2).
Arritmias cardíacas) (I49.-).
Gengivite Crônica (K05.1).
Estomatite Ulcerativa Crônica (K12.1).
Dermatite Alérgica de Contato (L23.-).
Doença Glomerular Crônica (N03.-).
Nefropatia Túbulo-Intersticial induzida por
metais pesados (N14.3).
Efeitos Tóxicos Agudos (T57.1).
Fonte: BRASIL<Ministério da Saúde, Portaria 1.339, de 18 de dez. de 1999.
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
PROMOÇÃO DA SAÚDE PARA PROFISSIONAIS
DA EQUIPE DE ODONTOLOGIA
Há necessidade de se investir em treinamentos teórico-práticos
sobre manuseio adequado dos resíduos tóxicos de mercúrio e, em educação
ambiental. A promoção contínua de trabalhos educativos para conscientizar
a população e, principalmente os profissionais da equipe de saúde bucal
sobre os danos à saúde humana e ao meio ambiente, as formas de seu
gerenciamento adequado e, de um sistema de monitoramento e controle dos
geradores destes resíduos, são medidas que podem colaborar para
minimizar a contaminação do ambiente de trabalho e de todo ecossistema
(GRICOLETO; OLIVEIRA; MUÑOZ et al., 2008).
No âmbito da saúde ocupacional, o Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) instituiu o Programa Nacional do Mercúrio para reduzir a
sua utilização. A importância de avaliar o custo comparativo das alternativas
existentes é citada em, como educar e sensibilizar os colaboradores sobre a
eficácia das alternativas e as razões para mudar para outra (BRASÍLIA,
2010).
Os exames admissionais e periódicos são importantes para
realização de diagnósticos precoces, evitando, desta forma, agravos à saúde
e o absenteísmo decorrente de patologias bucais. Também, o profissional
mais adequado para a realização de exames odontológicos com finalidade
ocupacional é o Cirurgião Dentista do trabalho, visto que há necessidade de
se ter conhecimento sobre as patologias e acidentes de origem bucal,
legislação, além de sua relação com a atividade laboral (CAVALCANTI DE
SÁ, 2008).
A importância da integração entre medicina, enfermagem e
Odontologia e, o quanto o CD do trabalho pode e deve interagir com a
equipe ocupacional para cuidar da saúde do trabalhador é ressaltada.
Destacam ainda os autores que esta integração é capaz de promover,
preservar e restaurar a saúde dos trabalhadores contribuindo para que
custos de produção decorrentes de faltas ao trabalho, de pagamento de
benefícios, de indenizações e tratamentos em decorrência do
desenvolvimento das doenças ocupacionais pelos trabalhadores, sejam
minimizados (SANTOS; MEDEIROS, 2012 ).
A inclusão do CD nas equipes profissionais dos Centros de
Referência em Saúde do trabalhador, na Rede Nacional de Atenção Integral
à Saúde do Trabalhador - RENAST, além de nos serviços especializados em
Saúde e em Segurança do Trabalhador vem contribuindo para a
integralidade da atenção à saúde do trabalhador, visando o bem estar e a
qualidade de vida do trabalhador (GARBIN; CARCERERI, 2006).
A profissão do CD está também exposta a vários riscos de
natureza ocupacional, desconhecidos por grande parte deles. Assim, é
destacado o quanto é importante a inclusão do ensino da Odontologia do
Trabalho na graduação dos Cursos de Odontologia preparando a classe
odontológica para lidar com a implantação de programas de saúde bucal
para os trabalhadores. Objetiva, desta maneira, a inclusão da promoção de
saúde nas práticas de saúde bucal ocupacional (PERIN.; SALES-PERES.;
SALES-PERES et al., 2012).
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
Para registros em posteriores estudos estatísticos sobre
doenças prevalentes relacionadas com a atividade laboral de cada grupo
faz-se importante a inserção do Odontologista do Trabalho na equipe de
saúde ocupacional (TANNOUS; SILVA, 2007).
Cirurgiões Dentistas e alunos de Odontologia desconhecem
sobre os agentes químicos que utilizam diariamente e, quais os riscos
oferecidos pela exposição a cada um destes agentes, podendo acarretar
doenças ocupacionais (ARPONE; TEIXEIRA; SITOLINO et al., 2012).
Os resultados da pesquisa realizada em Contagem, MG com
225 dentistas demonstraram que os profissionais desconhecem algumas
normas da Agência de Vigilância Sanitária relativas à prevenção contra
agentes químicos e físicos no consultório. Além disso, a conscientização
quanto a saúde ocupacional está mais presente nos profissionais com
menos tempo de graduação do que naqueles com mais experiência
profissional (MELO; RADICCHI; CARVALHO et al., 2008).
A gestão de problemas compreende ações referentes às
tomadas de decisões nos aspectos administrativo, operacional, financeiro,
social e ambiental, tendo no planejamento, um importante instrumento para
o gerenciamento dos resíduos de mercúrio em todas as suas etapas, como a
geração, segregação, acondicionamento e transporte, tratamento,
reciclagem e destinação, até a disposição final. Sabendo-se que os
resíduos gerados nos serviços odontológicos causam risco à saúde pública
e ocupacional, a ANVISA (BRASIL, 2006) recomenda o gerenciamento de
resíduos como um processo capaz de minimizar ou até mesmo impedir os
efeitos adversos causados pelos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), do
ponto de vista sanitário, ambiental e ocupacional, sempre que realizado
racional e adequadamente. O acondicionamento dos resíduos contendo
mercúrio (Hg) deve ser feito em recipientes sob selo d’água e,
encaminhados para recuperação. Coletar os resíduos em recipiente dotado
de boca larga e de material inquebrável, deixar uma lâmina de água sobre o
resíduo, manter o recipiente hermeticamente fechado e em local de baixa
temperatura, isento de luz solar direta são estratégias de gerenciamento de
resíduos de amálgama dentário (BRASÍLIA, 2010).
Também é proposto o desenvolvimento de um instrumento
obrigatório internacional para coordenar e harmonizar em níveis locais,
nacionais e regionais as ações visando reduzir ou eliminar todas as
emissões de mercúrio por todos os meios, na máxima extensão possível,
dentro de um prazo especificado (BAN MERCURY WORKING GROUP,
2003).
Medidas e regulamentos estão sendo revistos e atualizados por
alguns países em relação ao mercúrio dentário. Os governos da Noruega,
Suécia e Dinamarca já baniram restaurações de amálgama. Alemanha e
Canadá têm limitado seu uso nas mulheres grávidas. França, Finlândia e
Áustria recomendam que apenas os materiais dentários não contendo
mercúrio sejam usados em mulheres grávidas (VAZQUEZ-TIBAU; JUST,
2012).
O uso do mercúrio tem seus dias contados até 2020. O
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente ou PNUMA fechou um
acordo com todos os países do mundo para abolir o uso de mercúrio na
produção, exportação e importação de produtos que o contêm. Na
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
Convenção de MINAMATA sobre mercúrio em outubro de 2013, o
documento será assinado e entrará em vigor assim que ratificada por 50 dos
países signatários (CONSOLARO, 2013).
O uso de materiais contendo o mercúrio constitui uma
preocupação a nível mundial, tanto que mais de 140 representantes de
Estado e de Governo reunidos em um fórum do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) das Nações Unidas, em Genebra,
na Suíça, aprovaram no dia 19/01/2013 a Convenção de MINAMATA sobre
Mercúrio. Foi estabelecido o controle e a redução de uma gama de
produtos, processos e indústrias onde o mercúrio é utilizado. É apresentado
projeto de lei que dispõe sobre a proibição de fabricação, comercialização,
uso, armazenamento e reparo de instrumentos de medição como
esfigmomanômetros e termômetros contendo mercúrio e dá outras
providências (Deputada Aspásia Camargo - Projeto de Lei nº 2354/2013,
Brasil, 2013).
A prática da Odontologia Biológica, onde os efeitos de
materiais dentários e, os próprios procedimentos odontológicos sobre o
organismo devem ser considerados e, a escolha entre os materiais sintéticos
para funções restauradoras e estéticas, devem se basear no seu potencial
toxicológico visando à saúde geral do indivíduo e, o impacto ambiental que
representam. Questiona a continuidade da exposição das pessoas ao
mercúrio quando há tantos outros métodos de restauração e alternativas de
materiais reabilitadores (IAOMT, 2012).
DISCUSSÃO
Os Cirurgiões-Dentistas estão expostos a diversos riscos
ocupacionais, sejam eles químicos, físicos, mecânicos, ergonômicos ou de
acidentes. Em relação aos riscos químicos destaca-se a contaminação por
mercúrio. Os níveis de mercúrio no ambiente e a contaminação dos
indivíduos vêm aumentando nos últimos anos de forma alarmante criando
impactos significativos na saúde humana e na natureza.
A absorção do mercúrio pode se dar através do consumo
regular de pescados provenientes de águas contaminadas por mercúrio;
através de vacinas com o thimerosal, um conservante cuja fórmula contém o
mercúrio; através de fontes domésticas de mercúrio tais como termostatos,
termômetros, manômetros, baterias, interruptores de luz, lâmpadas
fluorescentes, pesticidas e reguladores de gás; através de exposição
ocupacional ao mercúrio em diversos trabalhos como na produção de clorosoda, em fábricas de termômetros, mineração primária de mercúrio,
produção de ouro, prata, chumbo, cobre e níquel, nas usinas termoelétricas
de carvão e em clínicas odontológicas (BAN MERCURY WORKING
GROUP, 2003).
A Odontologia se destaca entre as profissões responsáveis
pela contaminação por mercúrio dos seres vivos e do meio ambiente como
relatou Jesus (2010). A exposição ao mercúrio se dá através do uso de
amalgama dentário como material restaurador que emite no ambiente
odontológico, vapores e partículas tóxicas de mercúrio. O amálgama é uma
liga composta por prata (Ag), estanho (Sn), mercúrio numa percentagem
variando entre 43 e 54, e outros metais. Estas partículas e vapores ao
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
serem absorvidos de forma contínua pelo organismo humano causam
diversos problemas de saúde aos profissionais de odontologia (JESUS;
MARINHA; MOREIRA, 2010).
Os dentistas e equipe trabalhadora em clínicas odontológicas
formam um grupo de trabalhadores de alto risco, pois o amálgama dental –
uma liga composta de prata, cobre, latão e aproximadamente 50% de
mercúrio – é a maior fonte de exposição humana ao mercúrio. É sabido
ainda, que o tempo de exposição ao amálgama dentário influencia no
aumento dos níveis de mercúrio sistêmico dos profissionais de Odontologia.
Aqueles que possuem maior tempo de exercício da profissão lidando com o
amálgama têm um maior risco de elevação da concentração de mercúrio em
seu organismo (OLIVEIRA; MOLINA; PEREIRA, 2011).
Como o amálgama dentário é a maior fonte de contaminação
por mercúrio para a Odontologia, cuidados específicos devem ser tomados
ao se trabalhar com este material, tornando seguro seu manejo. Os
profissionais da equipe de Saúde Odontológica, não devem negligenciar o
uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), do tipo gorro, máscara,
óculos de proteção, avental, luvas e calçados; destinados à proteção de
riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho (ANVISA,
BRASIL, 2006).
Medidas preventivas devem ser aplicadas para minimizar ou
erradicar os riscos de contaminação por mercúrio nos consultórios
odontológicos, tais como o cuidado para evitar derramamento acidental;
preparo adequado do espaço físico do ambiente de trabalho utilizando pisos,
paredes e bancadas de fácil limpeza. Ainda, a utilização de refrigeração
abundante, brocas novas, uso de isolamento absoluto e bombas de sucção,
ventilação do ambiente, troca periódica de filtros de ar condicionados, além
de uma armazenagem adequada dos resíduos. Também, a instalação de
fontes geradoras de calor como estufas e autoclaves em ambiente distantes
de onde ocorre a manipulação do amálgama, como são recomendadas
(RIBEIRO; SANTOS, 2013). Sempre a instalação de exaustor como mais
uma ferramenta de biossegurança (MEDEIROS; SILVA; CARVALHO,
2009). A presença de equipamentos geradores de calor como estufas e
autoclaves nos consultórios dentários assim como as turbinas com baixa
refrigeração aumentam a volatilização do mercúrio para o ar do recinto,
ampliando as chances de contaminação da equipe odontológica.
Estudos demonstram que a utilização de amálgama précapsulada, ao eliminar as operações de manipulação de mercúrio, reduzem
assim o potencial de geração de vapor de mercúrio (RIBEIRO; SANTOS,
2013).
A avaliação do meio ambiente laboral é de grande importância
para detecção da presença de vapores de mercúrio, podendo ser usado
para este teste, papel de filtro com cloreto de paládio exposto no ambiente
do consultório. Medidores portáteis de análise quantitativa de vapores de
mercúrio são de grande utilidade para monitoração dos ambientes sujeitos à
contaminação por vapores tóxicos de mercúrio. Seu uso deve ser adotado
como pratica preventiva a fim de evitar riscos à saúde dos profissionais,
equipe auxiliar e pacientes. Os profissionais da odontologia devem efetuar
testes para monitorar o nível de mercúrio no organismo avaliando-o através
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
de exames de urina, sangue e, também, pelo fio de cabelo (OLIVEIRA;
NESI; FRETTA et al., 2011).
O meio ambiente, também, é atingido quando resíduos de
amálgama são lançados na natureza através do esgoto e do lixo (ALVESRESENDE et al., 2008). Os resíduos de amálgama que são gerados na
prática odontológica constituem importante fonte de liberação de mercúrio
para o ambiente, não devendo ser descartados no lixo comum ou ainda
descarregados no sistema de esgoto. Os protocolos de armazenamento
e/ou descarte de resíduos devem ser cumpridos adequadamente. Além dos
cuidados preventivos a intoxicação ocupacional por mercúrio, o CD deve se
preocupar em não exercer o papel de agente contaminador e, não eliminar
resíduos de amálgama (mercúrio metálico + limalha de prata) no meio
ambiente (águas de rios e solo) através dos ralos de pias, cuspideira e do
lixo do consultório odontológico. É dever do CD fazer um controle rígido
dos resíduos de amálgama provenientes das restaurações, auxiliando assim,
a não poluição do meio ambiente e, não intoxicação por mercúrio. O
controle da exposição ocupacional a este metal deve feito sempre e sabendo
que ocorre evaporação de mercúrio nos resíduos de amálgama, estes
devem receber tratamento adequado com armazenamento em recipientes
fechados contendo água ou solução fixadora radiográfica (SAQUY, 1996).
O potencial toxicológico do mercúrio é atestado e, como
consequência à exposição ao mercúrio contido no amálgama dental de uso
odontológico, tem-se o surgimento de sérias doenças de origem ocupacional
(GRIGOLETO; OLIVEIRA; MUÑOZ et al., 2008). Entre outras doenças, a
exposição ao metilmercúrio danifica o cérebro, rins e fígado causando
problemas de desenvolvimento, desordem no sistema reprodutivo, distúrbios
cognitivos, prejudica a fala e a visão, causa dificuldades para ouvir e
caminhar, distúrbios mentais e a morte (GRIGOLETO; OLIVEIRA; MUÑOZ
et al., 2008). Os trabalhadores que manejam mercúrio podem apresentar
manifestações bucais tais como alterações gustativas, gosto metálico,
viscosidade da saliva, além de irritação da mucosa oral (DE CARLI; DE
CARLI; SILVA et al., 2012).
Cirurgiões-dentistas e alunos do curso de Odontologia não
possuem conhecimento suficiente dos agentes químicos que estão expostos
na prática do trabalho e, os riscos causados por eles, destacando–se o
mercúrio. Esta conscientização é fundamental para sua proteção contra
doenças ocupacionais. Os profissionais de saúde odontológica devem
conhecer os riscos iminentes à exposição ao mercúrio para a sua saúde e, a
dos pacientes, utilizando todos os meios e métodos preventivos para evitar e
minimizar as consequências geradas pelo seu contato. Para isso não
devem negligenciar o uso de EPIs e higiene ambiental do local do trabalho,
adotando dispositivos e equipamentos técnicos que venham auxiliar a limitar
as possibilidades de contaminação (ARPONE; TEIXEIRA; SITOLINO et al.,
2012).
Diante do apelo estético que se vivencia nos dias de hoje, as
trocas de obturações de amálgama são mais frequentes no dia-a-dia dos
estabelecimentos odontológicos e, na maioria das vezes efetuadas de forma
inadvertida quanto à saúde ocupacional e do paciente. Além de todo
aparato preventivo que deve ser usado é prudente que a remoção destas
obturações seja feita com alta refrigeração e, em cortes de fragmentos
AMORIM, F. R. G. Contaminação por mercúrio na Odontologia como problema de saúde ocupacional. Rev.
Odontologia (ATO), Bauru, SP., v. 14, n. 10, p. 613-634, out., 2014.
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CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ODONTOLOGIA COMO PROBLEMA DE
SAÚDE OCUPACIONAL - UMA NOVA VISÃO
grandes evitando pulverizá-lo e, assim, gerando nuvens de partículas tóxicas
(IAOMT, 2012).
Para direcionar os serviços de saúde de Odontologia no
ambiente laboral é relevante a divulgação e a inserção de normas e padrões
de biossegurança da prática odontológica. É de grande importância,
também, o desenvolvimento de programas de vigilância toxicológica para
que os níveis de exposição do ambiente laboral e, níveis de contaminação
de pessoas para que sejam avaliados e quantificados. A promoção de
saúde e prevenção de doenças ocupacionais dos profissionais de
Odontologia é dever e objetivo da equipe de Saúde do Trabalho e, em
particular do dentista do trabalho, tornando-se imprescindível sua presença e
atuação nos ambientes laborais (SANTOS; MEDEIROS, 2012).
CONCLUSÔES
Após análise e discussão dos estudos da revista bibliográfica
foi possível chegar-se às seguintes conclusões:
1. Os profissionais de odontologia estão expostos ao risco de
contaminação por mercúrio em seu ambiente de trabalho. Ocorre durante a
prática de suas atividades profissionais, especificamente devido ao
manuseio do amálgama dentário como material restaurador contendo o
mercúrio em sua composição, cujo potencial toxicológico é reconhecido.
2. O ambiente laboral do profissional de Odontologia está
intimamente relacionado à possibilidade de desenvolvimento de doenças
ocupacionais. Os métodos preventivos como adequação do espaço físico,
proteção individual, cumprimento de normas e protocolos de manuseio e,
descarte de resíduos do amálgama contribuem para minimizar os riscos de
contaminação ocupacional por mercúrio.
3. Através da exposição contínua e inalação dos vapores do
mercúrio durante o preparo e remoção das obturações de amálgama, o
profissional de Odontologia pode adquirir uma série de doenças, muitas com
manifestações bucais, comprometendo sua saúde e qualidade de vida.
4. A prevenção é o melhor meio de evitar agravos à saúde. Os
profissionais de Odontologia do Trabalho inseridos na equipe de saúde do
trabalhador muito contribuem para minimizar os riscos de doenças
ocupacionais através de informação, treinamento, conscientização dos
dentistas e sua equipe, adequação ambiental e individual dos trabalhadores
de Odontologia, avaliação quanto ao uso de técnicas alternativas ao
amálgama dentro de uma visão custo-benefício, proteção ambiental e
promoção de saúde.
REFERÊNCIAS *
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ARZT - Instituto de Medicina Integral. Amálgama Dentário e Intoxicação por
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