A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES DE SEGURANÇA DO TRABALHO EM UM SISTEMA DE GESTÃO Paulo Henrique Gonçalves da Costa1 Dr. Euclides Antônio Pereira de Lima2 RESUMO Com a demanda crescente da exigência dos consumidores, as empresas necessitam demonstrar sua preocupação com o meio ambiente, segurança do trabalhador e com a sociedade. Para isso são criados sistemas de gestão, com objetivos de melhoria dos processos e mitigação de seus impactos ambientais, reduzir o número de acidentes e doenças do trabalho bem como, melhorar seu relacionamento com a sociedade. Assim para avaliar a eficácia dos sistemas de gestão, são necessários indicadores que norteiem as empresas sobre o seu desempenho no sistema de gestão. Desta forma, esse trabalho visa destacar a importância dos indicadores em um sistema de gestão. Foram avaliados dois indicadores de ergonomia em uma grande empresa do distrito industrial de Uberlândia, que direciona todo seu sistema de gestão de ergonomia por meio destes indicadores, com ações focadas nas áreas que necessitam de maior atenção. Os dois indicadores são de ergo taxa e ergo queixa. Verificouse, inicialmente, uma elevada ergo taxa da fábrica, impactada principalmente pela área de manipulação de kits promocionais. Com ações direcionadas no setor o indicador foi reduzido. A ergo queixa da fábrica também estava elevado e mostrou-se necessário ações na área da matéria prima filtros. Assim os indicadores contribuem para melhorar a gestão do processo de ergonomia da fábrica. Palavras-Chave: Indicador. Sistema de Gestão. Ergonomia. ABSTRACT With the increasing demand of consumer exigency, companies need to demonstrate their concern for the environment, worker safety and the society. For that management systems are created for the purposes of process improvement and mitigation of environmental impacts, reduce the number of occupational accidents and diseases as well as improve their relationship with society. Thus indicators needed to guide companies on their performance in the management system to assess the effectiveness of management systems. Thus, this work aims to highlight the importance of indicators in a management system. Two indicators of ergonomics were evaluated in a large company in the industrial district of Uberlândia, which directs all its management system ergonomics through these indicators, with actions focused on the areas that need more attention. The two indicators are the ergo taxa and ergo queixa. Was verified initially one high ergo taxa of the factory mainly impacted by the Promotion area. With actions directed in the Promotion area, that indicator was reduced. The ergo queixa was also high and showing the need for action in the area of filters. Thus the indicators help to improve the management of the factory’s ergonomics process. 1 2 Estudante da pós graduação de Engenharia de Segurança do trabalho. Doutor em Engenheria Química e Engenheiro de Segurança do Trabalho, orientador deste artigo. Keywords: Indicator. System Management. Ergonomics. INTRODUÇÃO Com o advento da revolução industrial, as empresas buscaram a produção em série para atingir maior produtividade e consequentemente maiores lucros. Para atingir esses objetivos, as indústrias substituíram o trabalho manual pelos maquinários. Assim conseguiam produzir maior quantidade de produtos, em tempo menor, e com um padrão preestabelecido. Com isso, o homem alterou sua rotina de trabalho, passando de participante de um processo completo de produção para apenas partes desse processo. O referido processo é explicado por Gasparetto (2014) como a aquisição de máquinas pelos próprios fabricantes altera a forma de trabalhar e a sociedade com objetivo de produzir maior lucro e riqueza. A classe que se consolida junto com processo de industrialização é a burguesia. Com a alteração, em muitas situações o homem é substituído por máquinas nas atividades de produção. A industrialização gera um grande impacto na sociedade e aumenta a divisão do trabalho, por meio de grandes progressos em produtividade industrial, impulsiona o crescimento da classe média, bem como o crescimento dos padrões de consumo. Os novos maquinários, para fabricarem produtos, utilizavam várias fontes de energia, tais como: elétrica, mecânica, térmica e outros, surgindo assim os riscos em relação ao contato do homem com a máquina, visto que a transmissão desta energia era realizada sem proteção dos movimentos, acarretando maior risco de acidente no trabalho, conforme avaliado por Rodolfo Vilela (2000) com uma avaliação de toda a vida útil de uma máquina no Brasil podese comprovar que na concepção delas, não há preocupação com o trabalhador que utilizará o equipamento, bem como na segurança do ser humano, visto que, são vendidas sem dispositivos mínimos de segurança e mesmo assim são colocadas em operação. Após o acontecimento de algum acidente, independente da consequência, pode ser que ocorra alguma adaptação e se instale dispositivos de segurança. No Brasil a primeira legislação sobre segurança do trabalho foi em 1978, por meio da portaria 3214/78. Nesta legislação estão contidas as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (NR´s). A criação da legislação trabalhista são feitas em comissões tripartites com representantes dos empregadores, do governo e dos trabalhadores. Sobre o início do processo de segurança no Brasil, Bitencourt (1998) explica que ainda nos anos 70, aparece a função do Engenheiro de Segurança do Trabalho nas organizações, exclusivamente para atender a lei federal, e com o objetivo de redução dos acidentes de trabalho. Neste início o papel do profissional foi apenas como um fiscal e com uma visão apenas corretiva quando havia o acidente. Deste período para hoje, essas legislações sofreram muitas alterações para adaptação as mudanças que ocorreram nos sistema produtivo e se adequando as mudanças de tecnologia. Assim, para organizar e controlar o cumprimento dessas legislações é necessário um sistema de gestão de segurança que aponte pontos que a empresa está trabalhando com excelência e destacar também as vulnerabilidades. As grandes empresas possuem sistemas de gestão baseados no sistema ISO International Organization for Standardization ou outras entidades voltadas para certificações dos estabelecimentos que possuem os requisitos mínimos em determinado assunto. Os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação a empresa que fabrica os produtos que eles utilizam, em questão de qualidade do produto, sustentabilidade e segurança do trabalho. Desta forma, para evitar uma possível perda do mercado, ocorrem investimentos em certificações e em sistemas de gestão para conquistar os ninchos de mercado. Erick Chaib (2005) afirma que um sistema de gestão eficiente que contemple os aspectos de segurança do trabalho, com as ferramentas adequadas e um bom acompanhamento é possível atingir excelentes níveis quanto aos riscos a que os trabalhadores estarão expostos e consequentemente a possibilidade de acidentes. Para checar como está o sistema de gestão de uma empresa é necessário criar indicadores que possibilitem avaliar todo o processo. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar o papel dos indicadores em um sistema de gestão de segurança. O que norteia este trabalho é a apresentação de um indicador utilizado em uma grande indústria do setor fumageiro de Uberlândia que avaliam queixas médicas e atestados para diagnosticar os locais de trabalho que necessitam de melhorias ergonômicas. Após essa constatação, foram realizadas reuniões com o comitê da área para levantar junto com os colaboradores quais são esses pontos e quais melhorias serão necessárias para que o respectivo posto de trabalho tenha maior segurança. 1 ESTATÍSTICAS Atualmente o Brasil é um país com um dos piores índices de acidentes no mundo. Segundo o estudo da OIT realizado em 2012, “o Brasil ocupa hoje o 4º lugar no mundo em relação ao número de mortes, com 2.503 óbitos. O país perde apenas para China (14.924), Estados Unidos (5.764) e Rússia (3.090)”. (MANHABUSCO, 2013). Mesmo com um resultado ruim comparando com o restante do mundo, os números mostram que estamos evoluindo quando comparamos os dados atuais com anos anteriores. Segundo Anuário da Revista Proteção (2014), em 1970 ocorreram 1.220.111 acidentes para um total de 7.284.022 trabalhadores perfazendo assim um valor aproximado de 1 acidente para cada 6 trabalhadores. Já no ano de 2012 foram 705.239 eventos para um total de 47.458.712 empregados, totalizando aproximadamente 1 acidente para cada 69 trabalhadores. Essa evolução também é percebida quando é avaliado o número de mortes de trabalhadores conforme mostrado na Figura 1. Figura 1 – Acidentes de trabalho de 1970 a 2012. Fonte – Anuário da Revista Proteção (2014) Na Figura 1 pode-se verificar a evolução na segurança do trabalho ocorrida no Brasil durante o período de 1970 a 2012. Em função da evolução na segurança, foram evitadas 142.761 mortes de trabalhadores, isso demonstra que o país está no caminho certo e que é possível melhorar sempre. Para isso, os indicadores são essenciais na demonstração da evolução. 2 SISTEMA DE GESTÃO Segundo Bueno (1996) a palavra gestão significa “gerência, administração”. Já a palavra sistema segundo este mesmo dicionário significa “conjunto de partes coordenadas entre si, doutrina, conjunto de partes similares, conjunto de leis ou princípios que regulam certa ordem de fenômenos, plano.” Então é possível concluir que o Sistema de Gestão é um conjunto de ferramentas coordenadas para administração de um assunto específico. O indicador é uma das ferramentas que auxiliam o sistema de gestão. Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários ANTAQ (2011): Os indicadores são instrumentos de gestão essenciais nas atividades de monitoramento e avaliação das organizações, assim com seus projetos, programas e políticas, pois permitem acompanhar o alcance das metas, identificar avanços, melhorias de qualidade, correção de problemas, necessidades de mudanças etc. E seus objetivos são mensurar os resultados e gerir o desempenho, embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo de tomada de decisão, contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais, facilitar o planejamento e o controle do desempenho e viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização. Segundo Erick Chaib (2005) “a criação de indicadores ambientais e de Saúde e Segurança do Trabalho não são obrigatórios pelas normas, mas têm elevada importância no alcance dos objetivos e metas.” Uma forma de avaliar como está o sistema de gestão em segurança do trabalho é a certificação OHSAS 18001:1999 - Occupational Health and Safety Assessment Services. Segundo Erick Chaib (2005) OHSAS 18001:1999 é uma certificação específica para sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional que teve como referência a norma inglesa BS 8800:1996. E a vantagem que possui a OHSAS 18001:1999 é a compatibilidade com a sequência de procedimentos existentes na ISO 9001:2000. Para a segurança do trabalho é muito importante uma certificação na área, pois ajuda no desenvolvimento de praticas mais seguras e melhorias no ambiente de trabalho. 3 ERGONOMIA Ergonomia é a ciência que estuda a interação entre o homem e a máquina. Moraes e Mont’Alvão (1998) “atestam que a ergonomia compreende a aplicação de tecnologia da interface homem – sistema em projetos ou modificações de sistemas para aumentar a segurança, conforto e eficiência do sistema e da qualidade de vida.” De outra forma, Grandjean (1998) apresenta esse conceito, de forma abreviada, como a ciência da configuração do trabalho adaptada ao homem. De outro modo Dul e Weerdmeester (1995) afirmam que “a ergonomia se aplica ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas de tarefa, com o objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência do trabalho. Conforme Tomasini (2001): No projeto do trabalho e nas situações cotidianas, a ergonomia sempre focaliza o homem. As condições de insegurança, de insalubridade, de desconforto e de ineficiência são eliminadas quando adequadas às capacidades físicas e psicológicas do homem. São considerados vários aspectos, tais como: a postura e os movimentos corporais (sentado, em pé, empurrando, puxando e levantando pesos), fatores ambientais (ruído, vibrações, iluminação, temperatura e agentes químicos), informação trocada (informações captadas pela visão, audição e outros sentidos), controles (relação entre mostradores e controles) bem como a composição das tarefas para que estejam adequadas as capacidades físicas e mentais do ser humano. A ergonomia está presente em todos os ambientes fabris e contribui para a qualidade dos produtos oferecidos pela empresa. Neste contexto, Tomasini (2001) explica que a performance humana influencia na qualidade dos produtos fabricados, sendo que o desempenho humano está diretamente ligada a forma de realização da tarefa ou do local de trabalho. Alguns aspectos que podem afetar na qualidade dos produtos são as condições ambientais em situações ruins, o tempo insuficiente para realização da atividade e o treinamento insuficiente para realização das atividades. 4. ESTUDO DE CASO Em uma grande empresa do ramo fumageiro, situada no distrito industrial de Uberlândia foram implantados indicadores que suportam o sistema de gestão de ergonomia da mesma. Foram avaliados todos os atestados e queixas referente aos CIDs (código internacional de doenças) F, M e R que são respectivamente ligados a doenças psicossociais (F), musculares (M) e outros não especificados (R). Os indicadores foram nomeados de ergo taxa e ergo queixa, sendo o primeiro a avaliação dos atestados e dias de afastamento e o segundo as queixas no departamento médico da empresa. Os indicadores foram construídos em conjunto com a empresa Sobane Brasil, pelo seu consultor Paulo Cidade e com o auxilio de varias empresas onde esta é utilizada, sendo a melhoria continua evidenciada uma vez que indicadores refletem culturas, mas todos tem o poder de controlar administrar e melhorar, neste caso melhorar o bem-estar da empresa no quesito Saúde e Produtividade. Sendo que na empresa Fumageira deste estudo de caso foi incluído o CID R, como um CID preventivo no controle da Doenças ocupacionais. Os cálculos foram criados baseando-se na taxa de frequência e taxa de gravidade, que são indicadores utilizados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A taxa de frequência é a multiplicação do número de acidentes por um milhão de horas trabalhadas. O resultado é dividido pelas horas trabalhadas. Sendo que as horas trabalhadas é a multiplicação das horas diárias, dias trabalhados e número de funcionários expostos aos riscos. A taxa de gravidade diferencia da taxa de frequência na substituição dos dados de número de acidentes pelo tempo computado, que por sua vez, é a soma dos dias perdidos com os dias debitados. Os dias perdidos são a somatória dos dias de afastamento e os dias debitados. Os dias debitados são consultados em tabela do Ministério do Trabalho, onde são avaliados as lesões e cada uma delas são atribuídos uma quantidade de dias perdidos. O cálculo é da ergo taxa é a somatória dos dias de afastamento pelo número de dias trabalhados. Onde o número de dias trabalhados é a multiplicação dos dias do mês vezes o número de funcionários. O cálculo da ergo queixa é o número de queixas dividido pelo número de colaboradores da área. Os cálculos da ergo taxa e ergo queixa são importantes para verificação do sistema de gestão de ergonomia, se o mesmo está funcionando adequadamente. Por meio deles pode-se avaliar a curva de tendência, a variação acentuada em algum mês específico, verificar qual área é necessária maior atenção e avaliar situações de risco para o trabalhador. É importante salientar que a ergo queixa é um indicador proativo visto que ainda não ocorreu o atestado e a empresa ainda não está perdendo dias de trabalho, e é muito importante, pois sinaliza os locais onde estão os problemas, possibilitando assim, ações para melhoria antes de ocorrer algo com maior gravidade. Já a Ergo taxa é um indicador reativo, visto que já aconteceu o afastamento e a empresa já perdeu seu colaborador naqueles dias. Desta forma, é necessário focar na ergo queixa para não deixar se tornar uma ergo taxa. Esses indicadores são apresentados considerando toda a fábrica, por área e por célula, facilitando assim a gestão de ergonomia dos setores de trabalho. É possível visualizar onde os problemas ocorrem e compará-los com as demais áreas, visto que o cálculo leva em consideração a quantidade de funcionários de cada área. Na Tabela 1 é apresentado a ergo taxa geral da fábrica, referente ao período de dezembro de 2013 a agosto de 2014, com as demais informações que compõe o cálculo. Tabela 1 – Ergo Taxa da empresa de dez/2013 a Ago/2014 Atestados Quant. Colaboradores Número de Atestados Número de dias do mês Total de dias Dias Perdidos Ergo Taxa Dez/13 Jan/14 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago 1217 1154 1279 1153 1153 1153 1123 1123 1162 50 69 37 68 44 50 28 36 41 22 22 22 22 22 22 22 22 22 26774 25388 28138 25366 25366 25366 24706 24706 25564 117 175 80 139 145 86 69 82 81 0,44% 0,69% 0,28% 0,55% 0,57% 0,34% 0,28% 0,33% 0,32% Fonte: Elaborador pelo autor Com os resultados encontrados na Tabela 1, pode-se observar que no início do ano (dezembro/13 a abril/14) o indicador estava muito elevado, atingindo o patamar de 0,69% e nos meses subsequentes foram reduzidos, chegando em junho no menor resultado do ano (0,28). Nota-se também que no mês de fevereiro, houve um indicador de 0,28%, porém os dias perdidos deste mês foram 80, contra 69 de junho. Isso ocorreu devido o maior número de colaboradores em atividade no mês fevereiro em comparação com junho, respectivamente 1279 e 1123 colaboradores. Com base nos resultados dos primeiros meses a empresa realizou algumas ações focadas nos setores com maior índice e conseguiu reduzir a sua ergo taxa. Na Tabela 2 apresenta-se o setor que possuía o maior índice de ergo taxa de toda a fábrica. As ações de ergonomia foram focadas nesta área com o intuito de reduzir esse indicador. O setor avaliado é o de manipulação de kits promocionais, pois nele são confeccionados os itens destinados às promoções e também onde se realiza o desmanche de carteiras de cigarros. Neste local o trabalho é realizado manualmente, e os colaboradores executam suas atividades na posição sentada durante toda a jornada de trabalho, sejam elas de desmanche carteiras de cigarros ou montagem de kits promocionais. Tabela 2 – Ergo Taxa setor de manipulação de kits promocionais dez/2013 a ago/2014 Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Quant. Colaboradores 83 66 85 60 60 60 89 89 89 Número de Atestados 7 9 8 11 11 17 9 10 9 Número de dias do mês 22 22 22 22 22 22 22 22 22 Total de dias 1826 1452 1870 1320 1320 1320 1958 1958 1958 Dias Perdidos 13 22 11 30 36 26 13 16 11 Ergo Taxa 0,71% 1,52% 0,59% 2,27% 2,73% 1,97% 0,66% 0,82% 0,56% Fonte: Elaborado pelo autor Na Tabela 2, observar-se que o indicador do setor teve oscilações significativas no início do ano de 2014 e que nos últimos três meses ocorreram reduções para índices menores que de 1% e sem grandes oscilações. É importante ressaltar que foram implantadas ações de melhoria no local em função dos primeiros resultados obtidos e que consequentemente foram refletidos positivamente nos últimos meses. As ações realizadas foram a construção de uma mesa ergonômica que possibilitou o colaborador trabalhar na posição de pé ou sentado, variando as posições e obtendo maior conforto. Outra ação implementada foi a redução da jornada de trabalho, sendo que anteriormente os colaboradores trabalhavam em 2 turnos de segunda a sexta-feira, onde o primeiro turno iniciava as 05:20h e terminava às 14:53h e o segundo turno tinha início às 12:20h e término às 22:00h. Os dois turnos se encontravam das 12:20 às 14:53. A alteração foi no término do primeiro turno, passando de 14:53h para 13:40h e início do segundo turno começando somente às 13:40 ao invés de 12:20h. Esta ação eliminou a conjunção dos dois turnos, diminuindo o tumulto e facilitando a organização e coordenação dos trabalhos. Com a implantação destas ações, o resultado do indicador reduziu bastante nos últimos meses, conforme evidenciado na Tabela 2. O indicador de ergo queixa é o número que indica a possibilidade de um afastamento, visto que, o colaborador já está sentindo incômodo em alguma parte de seu corpo. Por isso, esse indicador é de grande importância para a companhia. Na Tabela 3 é apresentado o indicador ergo queixa de toda a fábrica. Tabela 3 – Ergo Queixa da fábrica dez/2013 a ago/2014 Queixas Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Quant. Colaboradores 1217 1173 1279 1153 1153 1153 1123 1123 Número de dias/mês 22 22 22 22 22 22 22 22 Total Dias 26774 25806 28138 25366 25366 25366 24706 24706 25542 54 52 4,4% 4,4% Ergo Taxa Fonte: Elaborado pelo autor 22 1,7% 45 3,9% 34 2,9% Número de Queixas 49 4,2% 27 2,4% 31 2,8% Ago 1161 22 54 4,7% Conforme demonstra a Tabela 3 o indicador está com grandes oscilações durante o período avaliado, sendo que no mês de agosto ocorreu o maior índice (4,7%) e no mês de fevereiro o menor (1,7%). Por meio desse resultado é possível alertar as lideranças sobre necessidades de melhorias ergonômicas para que as queixas não se transformem em afastamentos do trabalho. Para facilitar a tomada de decisão foi gerado também o número de ergo queixa por área, possibilitando assim a identificação dos locais com maiores problemas. Na Tabela 4 apresenta-se a área que teve o maior índice de ergo queixa. Tabela 4 – Ergo Queixa setor de matéria prima filtros dez/2013 a ago/2014 Queixas Efetivos Dez Quant. Colaboradores 98 Número de dias/mês 22 Total Dias 2156 Número de Queixas 7 Jan 99 Fev 99 22 22 2178 2178 7 4 Ergo queixa 7,1% 7,1% 4,0% Fonte: Elaborado pelo autor Mar 99 Abr 99 Mai 99 Jun 106 Jul 106 22 22 22 22 22 Ago 106 22 2178 2178 2178 2332 2332 2332 6 7 2 2 4 11 6,1% 7,1% 2,0% 1,9% 3,8% 10,4% Pode-se observar na Tabela 4, que no mês de agosto de 2014 a área de matéria prima filtros teve um índice muito alto de ergo queixa (10,4%), em comparação com os demais meses, indicando assim um alerta para esse setor. Com a apresentação dos indicadores aos gestores de área, os mesmos podem elaborar seus respectivos planos de ações, no sentido de redução dos mesmos, proporcionando assim melhorias nas condições de trabalho dos colaboradores. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio deste artigo foi possível observar que o Brasil está em processo de evolução nas questões de segurança do trabalho e nos números de acidentes. Para seguir evoluindo o caminho são os sistemas de gestão de segurança. Assim o artigo apresentou uma forma de avaliação de um sistema de gestão de ergonomia aplicado em uma indústria do ramo fumageiro de Uberlândia. Para checar a forma de avaliação do sistema de gestão de ergonomia, foram criados dois indicadores que possibilitam análises estratégicas para tomada de decisão. Os indicadores criados, ergo queixa e ergo taxa, possibilitam a gestão adequada da ergonomia e auxilia na tomada de decisão da gerência para destinar recursos financeiros para o local que necessita de melhorias no ambiente de trabalho. Por meio do indicador, que é gerado por área, a indicação das necessidades é especificada para aquele local de trabalho. Com essas informações é possível direcionar as ações, evitando gastos desnecessários e investimentos em áreas que já possuem um bom padrão. Com isso evita-se desperdícios financeiros e aumenta seus lucros, visto que, em um ambiente de trabalho mais seguro, os trabalhadores produzem em maior velocidade e com maior qualidade. REFERÊNCIAS ANUÁRIO DA REVISTA PROTEÇÃO 2014. Disponível em http://www.protecao.com.br/conteudo/anuariobrasileirodeprotecao/anuario_2014. Acesso em: 7 out. 2014. ARAÚJO, Nelma Miriam Chagas. Proposta de sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho, baseado na OHSAS 18001, para empresas construtoras de edificações verticais. 2002. João Pessoa PB. Tese de Doutorado. BITENCOURT, Celso Lima; QUELHAS, Osvaldo Luis Gonçalves. Histórico da evolução dos conceitos de Segurança. XXIX ENEGEP Encontro Nacional de Engenharia de Produção. 1998. Niterói, RJ. BUENO, Francisco da Silveira. Minidicionário da língua portuguesa. Ed. ver. e atual. Por Helena Bonito C. 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