PROJETO PEDAGÓGICO
CONSTRUINDO A ENGENHARIA CIVIL DO SÉCULO XXI
Paulo Roberto Cabana Guterres/Yeda Porto
Universidade Católica de Pelotas
Outros autores: Luiz Carlos B. Martins, Christiane Brisolara de Freitas, Maria Luiza C. Martins,
Léo Kaminski Fonseca, Margareth T. Conrado e Cícero Afonso Haical
Resumo
Este texto registra aspectos significativos sobre o processo de construção do
projeto pedagógico do Curso de Engenharia Civil da Universidade Católica de Pelotas
(UCPel). Privilegia elementos relativos à caracterização do projeto, seus propósitos,
práticas, prospectivas. Situa o Curso na estrutura organizativo-pedagógica da UCPel e no
atual
contexto
político-econômico-tecnológico,
procurando
antever
necessidades/possibilidades no cenário que se constrói para o século XXI. Identifica, na
trajetória de construção de uma proposta da Engenharia Civil para o próximo século,
aspectos impulsores e limitadores do processo de pensar o futuro, tendo como referência o
presente. Os registros convergem para três pontos fundamentais: análise da realidade,
configuração antecipada de resultados pretendidos, definição de alternativas a
assumir/viabilizar.
1 – A Universidade Católica de Pelotas
Esta Instituição foi fundada em 1960 pelo então Bispo da Diocese de Pelotas, Dom
Antonio Záttera. A Faculdade de Ciências Econômicas de Pelotas e a Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras serviram de base para a implantação da UCPel. Atualmente
mantida pela Sociedade Pelotense de Assistência e Cultura, a UCPel, por meio de 10 (dez)
escolas e 03 (três) Institutos, oferece a comunidade 24 (vinte e quatro) cursos de
graduação, atendendo a mais de 7 (sete) mil alunos. Conta, ainda, com a rádio
Universidade, o Hospital Universitário São Francisco de Paula e a TV Criativa, como
órgãos auxiliares.
A Universidade Católica de Pelotas é uma instituição de ensino de caráter particular,
comunitária, filantrópica e confessional (UCPel, Estatuto, 1994:16) que tem a finalidade de
assegurar a presença católica no mundo da cultura e o serviço à verdade e à promoção do
homem (idem, p. 17). Organiza-se em escolas, institutos superiores e órgãos auxiliares.
2 – A Escola de Engenharia e Arquitetura da UCPel
Em sua estrutra organizativo-pedagógica, a Universidade Católica de Pelotas prevê o
funcionamento de escolas que, vinculadas à Reitoria, definem-se como órgãos setoriais de
administração onde se efetivam as atividades de graduação, pós-graduação, pesquisa e
extensão relativa às áreas próprias de formação profissional (UCPel, Estatuto, 1994:20).
A Escola de Engenharia e Arquitetura congrega os seguintes cursos de graduação:
Engenharia Civil, Engenharia Elétrica/Eletrônica e Arquitetura e Urbanismo. Em pósgraduação, oferece, atualmente, o Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho.
Mantém, como espaços de apoio pedagógicos, pesquisa e extensão, o Laboratório de
Informática, Laboratório de Conforto Ambiental, Laboratório de geotecnia, Laboratório de
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Resistência dos Materiais, Laboratório de Instalações Hidrosanitárias, Laboratório de
Tecnologia das Construções, Laboratório de Protótipos (Maquetaria), Laboratório de
Potência, Laboratório de Eletrônica e Laboratório de Máquinas, Núcleo de Potência,
Núcleo de Biomédica, Núcleo de Energia e Núcleo de Instrumentação Industrial, Núcleo
de Pesquisa do Habitat, Auditório, Acervo e Escritório Modelo de Engenharia e
Arquitetura, este Escritório tem como objetivos aprimorar o ensino teórico da sala de aula,
colocando o aluno em contato com a prática de trabalho, independendo do semestre em
que se encontra, inserir o aluno na comunidade, servindo como instrumento para prestação
de serviços, fixando a relação comunidade-universidade, integrar os diversos cursos da
UCPel, através da prestação de serviços para complementação de estágios e projetos de
outros cursos, realizar pesquisas para atualização de conhecimentos, promover a
experimentação de novas idéias e descobertas de professores e alunos, gerar campo de
trabalho para o próprio estágio supervisionado.
Além dos seguintes serviços prestados à UCPel e a comunidade:
0 Programa de Projetos de Habitação Popular - Convênio UCPel-Prefeitura Municipal de
Pelotas (SMUMA): regularização e elaboração de projetos para moradia popular de até
60 m2;
0 Assessoria técnica a projetos comunitários ligados à Assessoria de Comunidade e
Extensão da UCPel: Dia da Cidadania, Instituto de Menores, Brigada Militar, creches;
0 Assessoria Jurídica UCPel-UFPel: apoio técnico na elaboração de croquis para fins de
ações de usucapião, desmembramentos;
0 consultoria e assistência técnica gratuitas, na área de construção civil, para professores
e funcionários da UCPel, em obras de até 50 m2.
A Escola é administrada por um Diretor, com mandato de 02 (dois) anos, auxiliado por
Coordenadores Pedagógicos de Cursos. Conta, também, com um Conselho Consultivo,
formado por até 05 (cinco) professores escolhidos por seus docentes, e um aluno, escolhido
pelos respectivos órgãos de representação estudantil. (UCPel, Estatuto, 1994:29).
3 – O Curso de Engenharia Civil
Situa-se na escola de Engenharia e Arquitetura, tendo sua criação referenciada no ano
de 1967. Seu funcionamento acontece a partir de 04 (quatro) de junho de 1968 e seu
reconhecimento data de 07 (sete) de agosto de 1972 de acordo com o Decreto nº 70942/72.
Sua duração regular corresponde a 10 (dez) semestres letivos, com rematrícula por
créditos, desenvolvendo-se nos turnos da manhã e da noite. Possui, atualmente, uma
matrícula de 105 (cento e cinco) alunos.
4 – Construção do Projeto Pedagógico
4.1. Caracterização:
O projeto pedagógico vem resultando de estudo/análise/definições efetivadas pelo
coletivo do Curso de Engenharia Civil. Originou-se da inquietação existente no próprio
Curso no sentido de buscar permanente a qualidade de suas decisões/ações e de assumir, de
forma compromissada, a formação dos profissionais dessa área. Encontrou ainda, respaldo
administrativo-pedagógico na proposta emanada da Pró-Reitoria Acadêmica que provocou
a intensificação de encontros, bem como a sistematização das análises e informações sobre
o processo curricular do Curso.
Apresenta-se, pois, o projeto pedagógico como iniciativa do próprio Curso em rever-se
e rever seu pensar e seu agir face à realidade regional, nacional, mundial e aos desafios da
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contemporaneidade. Tem se caracterizado como processo incessante de rupturas com o
existente e de projeções para o futuro, tornando visível os campos de ação possível,
comprometendo seus atores e autores (Gadotti, 1994:579). Apresenta-se, assim, sinalizador
das formas que se institucionalizam no currículo. Por isso, o projeto pedagógico constituise como o conjunto de definições e decisões, coletivamente assumidas e devidamente
articuladas com o que se pretende concretizar intencionalidades também coletivamente
clarificadas. (UCPel, Projeto Pedagógico: referencial para discussão, 1997: 5).
Desse modo, o projeto pedagógico caracteriza-se como:
-
processo que abre permanentes possibilidades de (re)ver, (re)pensar, (re)fazer
propósitos e trajetórias;
-
processo prospectivo que se busca continuamente conhecer a realidade presente no
intuito de promover seu aperfeiçoamento imediato/mediato;
-
processo e produto singulares que resultam da reflexão/ação dos sujeitos no âmbito
de seus contextos histórico, político econômico, tecnológico;
processo político-pedagógico que pressupõe duas dimensões interdependentes e
intercomunicativas: política, porque relacionada ao conjunto de decisões quanto à
organização, aos propósitos e aos modos operativos do Curso; pedagógica; porque,
referenciada às decisões/ações educativo-pedagógicas e epistemo-metodológicas
viabilizadoras das intencionalidades formativas do profissional-cidadão;
processo questionador que se efetiva na condição de pluralismo das realidades
pessoais, profissionais, sociais de que se constitui o coletivo dos sujeitos dos Curso;
processo técnico-científico que supõe as definições/apreensão/produção de aporte
teórico capaz de explicitar/subsidiar as práticas administrativo-pedagógicas do Curso
na busca de sua constante qualificação.
-
-
4.2. Etapas do processo de construção:
a) diagnóstico, entendido como processo permanente de identificação e descrição
da realidade existente quanto a características político-econômico-sociais e educacionais a
partir das perspectivas de limites e possibilidades, privilegiando aspectos como:
q caracterização do Curso: propósito/necessidade social; bases filosóficas-sociais;
finalidades e objetivos; perfil profissional do docente; perfil do formando; mercado de
trabalho.
q estrutura do Curso: organização curricular (modalidade, áreas de formação,
disciplinas, carga horária, formação básica e formação profissional, estágio curricular,
integralização das áreas e do Curso), operacionalização curricular (interdependência
entre finalidades/objetivos/práticas e organização curricular; interdisciplinariedade
quanto às disciplinas das áreas e destas entre si, propostas/projetos de ensino/pesquisa,
extensão; avaliação: propósitos, critérios, instrumentos;
q organização administrativo-pedagógica do Curso: funções e papéis do Diretor
(perfil coordenação, competências, atribuições, tempo/disponibilidade para
desempenho, formação/titulação/habilitação);pessoal técnico-administrativo: funções e
papeis de apoio (perfil, competência, atribuições, tempo/disponibilidade/formação para
desempenho);
q corpo
docente
do
Curso:
formação
acadêmico-profissional
(formação/titulação/habilitação); formação continuada (nível, propósitos, formas,
duração, peridiocidade); regime de trabalho (docência, experiências pedagógicas,
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pesquisa/extensão); compatibilidade entre formação/disciplinas ministrada/desempenho
técnico-docente; produção acadêmica/profissional;
q infra-estrutura física do Curso: salas para direção e Coordenação; salas de aula; salas
especiais (laboratórios, usinas, oficinas, auditório); biblioteca (espaço físico e serviços)
equipamentos e materiais.
O diagnóstico vem permitindo encontrar respostas e definir procedimentos
norteados por questões tais como:
3 Quais as características/necessidades da sociedade atual?
3 Quais prospectivas para a sociedade do século XXI?
3 Qual o Curso que se está construindo ? Quais suas necessidades/limites/possibilidades
imeidatas/mediatas?
3 Para quê e a quem serve o Curso?
3 Qual o profissional que se pretende formar? Quem são os alunos do Curso?
3 Qual o conhecimento a privilegiar nessa formação? Quais as competências
pretendidas?
3 Quais os parâmetros de qualidade a estabelecer para o Curso?
3 Quais os indicativos educativo-pedagógicos vigentes no Curso? Quais os emergentes?
3 Qual o profissional de ensino necessário ao Curso? Quais as práticas
pedagógicas/docentes vigentes no Curso? Quais as emergentes?
3 Quais as condições necessárias para a construção do projeto pedagógico do Curso? Que
valores animam/configuram esse processo? Quais os aspectos impulsores/passíveis de
superação?
É possível registrar, até o momento, como:
a) aspectos impulsores
q crescente envolvimento de dirigentes, professores, alunos, funcionários com as
questões pertinentes ao Curso;
q atuação de equipes multidisciplinar que vem favorecendo o fluxo de comunicação entre
as diferentes áreas de conhecimento/ações do Curso;
q acentuada preocupação com a formação continuada de professores, tanto na área
específica do conhecimento quanto na área pedagógica;
q crescente investimento na pesquisa como forma de construção de novos conhecimentos
e de aprimoramento de ensino;
q ampliação das oportunidades de intercâmbio com os setores produtivos e de prestação
de serviços das comunidades da região de abrangência da UCPel;
q implantação e implementação de laboratórios que contemplam as diversas áreas da
Engenharia Civil, o que vem permitindo ampliar espaços para o ensino, a pesquisa e
extensão;
q interesse em revisar constantemente o currículo do Curso, tanto em seus aspectos
organizativos quanto em seus aspectos filosófico-político-sociais e metodológicos;
q organização do currículo em áreas de formação, caracterizando o trabalho
interdisciplinar que se implementa no Curso;
q definição de ementas por áreas de formação, possibilitando o tratamento global de
conhecimento;
q indicação de competências/habilidades cognitivas previstas nas ementas das
áreas/disciplinas
q análise crítica da Avaliação Nacional de Curso no sentido de identificar aspectos
convergentes/divergentes em relação ao pretendido/realizado pelo Curso;
q adoção de procedimentos específicos que possibilitam a manutenção da classificação
(A) do Curso no Exame Nacional, promovido pelo MEC.
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b) aspectos passíveis de revisão/superação/reorientação
aprofundamento das características político-econômico-tecnológicas da sociedade
contemporânea e da sociedadeque se constrói para o século XXI.;
reorganização curricular quanto:
a inclusão/exclusão de disciplinas/conteúdos;
aos propósitos/propostas do ciclo básico e profissionalizante;
às articulações prováveis entre os ciclos, entre as disciplinas, entre disciplinas e demais
atividades educativas , entre o ensino médio e o ensino superior.
à sistematização do estágio e do projeto de conclusão de Curso:
intensificação do compromisso coletivo com o Curso;
clarificação do perfil do Engenheiro Civil formado pela UCPel;
caracterização do mercado de trabalho: realidade e perspectivas;
ampliação da carga horária destinada a dirigentes, docentes, pesquisadores;
maior participação/articulação do corpo discente nas atividades de pesquisa e extensão;
ampliação/organização do espaço físico destinado ao Curso;
formação e titulação de docentes;
definição de estratégias de orientação acadêmica e de incentivo à iniciação cinetífica
dos alunos;
reorientação das práticas pedagógicas vigentes no Curso;
revisão dos critérios de matrícula adotados no Curso;
revisão /atualização de bibliografia básica para disciplinas do Curso.
c) definição dos resultados pretendidos a partir dos dados de diagnóstico
referenciados às finalidades e aos objetivos do Curso, explicitados quanto a:
⇒ seleção de prioridades de infra-estrutura, organizativas, administrativas e pedagógicas;
⇒ estabelecimento de metas viabilizadas a curto, médio e longo prazo;
⇒ implementação de processo de avaliação cooperativa nas modalidades de controle,
acompanhamento, assessoramento;
⇒ planejamento participativo como forma contínua de revisão, atualização, (re)
orientação de propósitos e práticas.
Servem de referência para a configuração dos resultados pretendidos concepções
que são assim explicitadas:
q o ser humano é capaz de conhecer e amar, é um ser aberto ao mundo – ser relacional,
capaz de agir de maneira intencional e transformadora; é um ser que interroga e
responde, procura e encontra; é um ser singular e criativo que age no mundo do qual
faz parte, transcedendo-o; é um ser cultural que se transforma, transportando-se;
aperfeiçoa-se, aperfeiçoando-se, da humanidade plena e do sentido da própria
existência;
q a educação considera, como fundamento de sua ação, o homem datado e situado em
seu tempo e em seu espaço, em permanente relação dialética com o mundo onde se
insere e atua; está alicerçada na dignidade da pessoa, na sua condição de liberdade,
criticidade, participação, responsabilidade, solidariedade , propicia a todos a conquista
de espaços de personalização e humanização, identificando-os como sujeitos de seu
desenvolvimento pessoal, comunitário e social.
Os objetivos servem tanto como orientadores da proposta do Curso quanto de
elementos de avaliação. Os objetivos encontram-se assim definidos:
I – Formar Engenheiros civis aptos à inserção nos setores profissionais e à participação no
desenvolvimento nacional e internacional.
II – Possibilitar o desenvolvimento de competências de ordem técnica, lógica, conceitual.
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III – Incentivar o trabalho da pesquisa e a investigação científica, possibilitando:
0 o desenvolvimento da ciência e da tecnologia;
0 a criação e difusão da cultura;
0 o entendimento do homem e do mundo em que vive ;
0 a socialização do saber;
IV – Estimular o conhecimento dos problemas do mundo atual, favorecendo:
0 a prestação de serviços especializados à comunidade;
0 a produção científica pertinente às necessidades e interesses dos graduandos e das
comunidades;
0 a atualização/construção contínua do conhecimento.
V – Aperfeiçoar propostas e desempenhos nas áreas da Engenharia Civil.
O perfil profissional é outro elemento fundamental na configuração dos resultados
pretendidos. Desse modo, o profissional, graduado pelo Curso de Engenharia Civil, deverá
evidenciar:
ê sentido de liberdade que lhe permita agir consciente e responsavelmente,tomando
decisões pessoais e coerentes com seu projeto de vida;
ê senso ético-profissional que lhe permita avaliar criticamente acontecimentos/decisões e
deles participar de forma compromissada;
ê sensibilidade histórica e compromisso solidário que o impulsione a assumir
responsabilidades sociais e políticas na construção de um mundo democrático;
ê visão pluralista, aberta a valores que são patrimônio da humanidade, sem preconceitos
e discriminações;
ê sólida formação básica, entendida como domínio de conceitos fundamentais e de
informações precisas que sirvam de aporte para o desenvolvimento de sua prática na
área profissionalizante;
ê formação generalista nas diversas áreas da Engenharia Civil : construção civil,
geotecnia, transportes, recursos hídricos, saneamento básico, estruturas;
ê capacidade de utilização da informática como instrumento do exercício da Engenharia
Civil;
ê domínio das técnicas básicas de gerenciamento e administração dos recursos utilizados
na profissão;
ê capacidade de trabalho em equipes multidisciplinares;
ê capacidade de:
• raciocínio espacial;
• operacionalização de problemas numéricos;
• crítica em relação a conceitos de ordem de grandeza;
• expressão e interpretação gráfica;
• consolidação de conhecimentos teóricos;
• síntese aliada à capacidade de compreensão e expressão em língua portuguesa;
• obtenção e sistematização de informações;
• construção de modelos matemáticos e físicos a partir de informações sitematizadas;
• análise crítica dos modelos empregados no estudo das questões de Engenharia Civil;
• formulação e avaliação de problemas de Engenharia e de concepção de soluções, com a
necessária agilidade;
• interpretação, elaboração e execução de projetos;
• gerenciamento e operação de sistemas de Engenharia Civil;
• autonomia para aprender.
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Por último, mas de igual importância, o projeto pedagógico define o perfil do
professor adequado ao Curso. Assim, na configuração dos resultados pretendidos, o
professor do Curso de Engenharia Civil deverá evidenciar:
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0
0
•
•
•
•
0
0
0
0
sólida formação básica, entendida como domínio de conceitos fundamentais e de
informações precisas que sirvam de aporte para sua prática pedagógica;
competência técnica em sua área específica;
capacidade de:
percepção da realidade em sua dimensão globalizante;
atuação multi e interdisciplinar no sentido de desvelar/revelar a pluridimensionalidade
do conhecimento;
mediação do processo de apropriação/construção do conhecimento de seus pares e de
seus alunos;
utilização/produção de novas tecnologias como desafios a atualização e formação
constantes;
utilização de metodologias desencadeadoras de postura crítica dos sujeitos –
professores e alunos - frente aos problemas científicos, políticos e filosóficos da
realidade brasileira/mundial;
atuação politicamente qualitativa no Curso e na sociedade, marcada pela atualização
permanente em termos de conhecimento e pela postura ético profissional;
valorização do desenvolvimento progressivo do aluno em termos de aquisição/criações
cognitivas, bem como quanto a atitudes que sinalizem o mundo da qualidade política e
da construção da cidadania;
articulação dos fundamentos da educação com as orientações que imprime ao trabalho
docente.
d) modos operativos e avaliação indicam os caminhos definidos/assumidos para a
construção de Projeto Pedagógico, identificando estratégias/meios viabilizadores das
propostas/projetos coletivamente selecionados, como:
0 reuniões sistemáticas dos corpos docentes, discente e técnico-administrativos;
0 constituição/implementação de Equipe de Sistematização do Projeto Pedagógico;
0 análise/divulgação de diretrizes legais, administrativas, pedagógicas produzidas em
diferentes instâncias institucionais/representativas;
0 efetivação de propostas de formação continuada
do corpo docente e técnicoadministrativo;
0 concretização de propostas de acompanhamento e monitoria aos alunos do Curso de
Engenharia Civil em termos de desenvolvimento de habilidades cognitivas e de autoorganização;
0 implantação de Comissão de Avaliação, de caráter permanente, constituída por
representantes da Pró-Reitoria Acadêmica; da Coordenação do Curso; do corpo
docente, discente e técnico-administrativo; das entidades de classe e de profissionais da
área;
0 organização de programação trimestral que contempla o detalhamento das metas;
0 elaboração de relatórios circunstanciados, de caráter avaliativo, expedidos pela
Comissão de Avaliação.
0 Realização de seminários semestrais para diagnóstico, avaliação e planejamento do
Curso.
5 – Conclusão
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O presente texto pretendeu relatar a experiência de construção coletiva do projeto
pedagógico do Curso de Engenharia Civil da Universidade Católica de Pelotas, entendido
como processo vivo e vivificante do currículo acadêmico. Vem se constituindo em
movimento onde forças/formas de poder estabelecem relações ora convergentes, ora
divergentes na proposta de formação do profissional cidadão o qual pressupõe
intencionalidades no sentido da criticidade, criatividade, autonomia.
O delineamento do Curso que se constrói implica a discussão de um projeto de
desenvolvimento sócio-político-econômico e educacional compatível com as exigências
que se impõem para o século XXI. Para tanto, o projeto pedagógico tem resultado da
reflexão/ação privilegiada no ambiente do Curso, refletindo suas circunstâncias e seus
anseios, suas necessidades e suas demandas, investindo na descrição e análise da realidade
imediata onde se insere e na percepção da realidade mediata para qual se destina. Vem
possibilitando relações cada vez mais constantes entre os sujeitos do espaço do Curso,
desenhando caracteres dos profissionais/formandos, definindo/redimensionando papéis e
competências.
Assim, a vida do Curso se faz em três instâncias indissociáveis: o projeto pedagógico
que configura, descreve, esclarece, define o pretendido; o currículo que legitimiza o
almejado; os diferentes projetos que orientam/efetivam a agenda de trabalho.
Instalar o exercício da cidadania, contribuindo para uma nova qualidade profissional e
social, tem sido a utopia e o desafio da Universidade Católica de Pelotas/Escola de
Engenharia e Arquitetura/Curso de Engenharia Civil.
BIBLIOGRAFIA
GADOTTI, Marcos. Presupostos do projeto pedagógico. In: Ministério da Educação e
Desporto. Anais de conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, 1994.
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS. Série Documento. Estatuto e Regimento
Geral. Pelotas: EDUCAT, 1994.
_________________. Assessoria de Graduação. Projeto Pedagógico: referencial para
discussão. Pelotas: EDUCAT, 1997.
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