Anais do XVIII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178
Anais do III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420
24 e 25 de setembro de 2013 ANÁLISE COMPARATIVA DA PROJEÇÃO DO MAMILO ENTRE
TÉCNICAS DE RECONSTRUÇÃO DO COMPLEXO ARÉOLOPAPILAR (CAP) EM PACIENTES MASTECTOMIZADAS
Ilana Polegatto
José Carlos Marques de Faria
Faculdade de Medicina
Centro de Ciências da Vida
[email protected]
Terapêutica cirúrgica das afecções da transição
cérvico-torácica
Centro de Ciências da Vida
[email protected]
Resumo: O câncer de mama é o tipo mais comum
de câncer entre as mulheres no mundo. A
mastectomia total, tipo de tratamento mais radical e
que consiste na exérese total da mama, é um
processo doloroso para a maioria das mulheres e
que interfere na imagem corporal feminina e em sua
autoestima.
Portanto,
faz-se
necessária
a
reconstrução do órgão mutilado, a qual é composta
de três passos principais, sendo o terceiro a
reconstrução do complexo aréolo-papilar (CAP). No
presente artigo, apresentamos três técnicas de
reconstrução do CAP após os dois primeiros passos
de reconstrução da mama, o enxerto da papila
contralateral, o retalho do tipo estrela e o retalho do
tipo skate. Foram submetidas à reconstrução do
CAP 16 pacientes no período estudado. Foram
levados em conta na análise: projeção da papila no
pós-operatório imediato, após a retirada dos pontos
e após dois meses da intervenção; simetria em
relação à papila contralateral; sensibilidade dois
meses após o procedimento; e grau de satisfação. A
técnica que oferece maior projeção é esta última.
Apesar da perda, a projeção se mantém em cerca
de 83% ao longo de 60 dias. O enxerto da papila
contralateral manteve a projeção em apenas 41%,
no entanto pode ser uma opção para as pacientes
que possuem projeção da papila contralateral maior.
mutilado. Esse processo consiste em três passos
principais. No primeiro, é realizada a reconstrução
do volume mamário, o segundo consiste na
simetrização da mama contralateral e no terceiro
reconstrói-se o complexo aréolo-papilar (CAP). No
presente artigo, apresentamos três técnicas de
reconstrução do CAP após os dois primeiros passos
de reconstrução da mama, o enxerto da papila
contralateral, o retalho do tipo estrela e o retalho do
tipo skate.
2. MÉTODOS
As pacientes submetidas ao primeiro e segundo
passos da reconstrução de mama no Hospital e
Maternidade Celso Pierro foram convidadas a
realizar o terceiro passo da reconstrução, no período
de agosto de 2012 a abril de 2013. Foram excluídas
do estudo pacientes acima de 70 anos, aquelas
submetidas a radioterapia após a primeira etapa da
reconstrução, as que possuíam contraindicações
clínicas para a realização do procedimento e as que
se recusaram a seguir o protocolo do estudo.
As pacientes foram seguidas por um período de dois
meses após o procedimento, com consultas de préoperatório, uma semana, duas semanas, um mês e
dois meses após o procedimento.
Palavras-chave: complexo aréolo-papilar, retalho,
enxerto.
Área do Conhecimento: Ciências da Saúde –
Medicina – FAPIC/Reitoria.
1. INTRODUÇÃO
O câncer de mama é o tipo mais comum de câncer
entre as mulheres no mundo. Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS), o câncer de
mama compõe 16% dentre todos os tipos de
cânceres entre as mulheres. A mastectomia total,
tipo de tratamento mais radical e que consiste na
exérese total da mama, é um processo doloroso
para a maioria das mulheres e que interfere na
imagem corporal feminina e em sua autoestima.
Portanto, faz-se necessária a reconstrução do órgão
Figura 1. Enxerto da papila contralateral.
3.2. Retalho tipo estrela
No pós-operatório imediato houve uma média de
68% de maior projeção da papila reconstruída em
relação à contralateral. No pós-operatório de 7 dias,
a média de perda da projeção foi de 30%. No pósoperatório de 60 dias, houve uma média de perda
da projeção de 57%. Em relação a complicações,
houve deiscência em 30% e necrose parcial da
papila em 10%. A sensibilidade e o grau de
satisfação estão descritos nas tabelas 9 e 10,
respectivamente.
3.3. Retalho tipo skate
Figura 2. Retalho tipo estrela.
Ao analisarmos a projeção da papila, notamos que
no pós-operatório imediato a projeção da papila
reconstruída foi em média 70% maior que a papila
contralateral. As medidas de pós-operatório de 7
dias mantiveram-se, exceto por perda de 6,6% em
uma paciente. Após 60 dias do procedimento a
perda de projeção da papila aumentou para 16,7%.
Quanto à sensibilidade, tanto a tátil quanto a
dolorosa foram ausentes na papila reconstruída em
todas as pacientes. O grau de satisfação está
descrito na tabela 5. Houve complicação em apenas
uma paciente, sendo perda de 40% da área do
enxerto aréolar.
4. DISCUSSÃO
Figura 3. Retalho tipo skate.
3. RESULTADOS
Foram submetidas à reconstrução do CAP 16
pacientes no período estudado. Foram levados em
conta na análise: projeção da papila no pósoperatório imediato, após a retirada dos pontos e
após dois meses da intervenção; simetria em
relação à papila contralateral; sensibilidade dois
meses após o procedimento; e grau de satisfação.
Analisaremos cada técnica separadamente.
3.1. Enxerto da papila contralateral
Ao analisarmos a projeção da papila, notamos que
no pós-operatório imediato a projeção da papila
reconstruída foi muito semelhante à papila doadora.
As medidas de pós-operatório de 7 dias
mantiveram-se e após 60 dias do procedimento 1
paciente manteve a mesma projeção, obtendo
resultado satisfatório, 1 paciente teve perda de 75%
da projeção, obtendo resultado regular e 1 paciente
teve perda total da projeção, obtendo resultado ruim.
Quanto à sensibilidade, tanto a tátil quanto a
dolorosa foram afetadas em todas as pacientes. O
grau de satisfação foi diretamente proporcional à
perda de projeção da papila. Não houve
complicações em nenhum dos casos em que a
técnica foi empregada.
A reconstrução do complexo aréolo-papilar (CAP) é
parte fundamental para que a mama seja
caracterizada como tal. Ao longo de décadas, várias
técnicas foram descritas e empregadas de acordo
com a preferência e habilidade do cirurgião, não
havendo na literatura um consenso sobre qual
oferece maior projeção, grau de simetria ou
satisfação. Neste estudo, elegemos três das várias
técnicas existentes.
O enxerto de papila mostrou proporcionar maior
simetria, uma vez que a textura e a cor da papila
reconstruída são idênticas à contralateral. O retalho
tipo estrela foi o que obteve maior grau de
satisfação pelas pacientes. Isso mostra que apesar
de características como textura e cor serem
importantes, a projeção da papila ainda é o critério
prioritário. Com relação ao retalho tipo skate, foi a
técnica em que houve menor perda da projeção
após 60 dias, sendo de 16,7%.
A média de projeção após 60 dias de pós-operatório
do retalho tipo estrela foi de 8,8mm em nossa
casuística, comparado a uma média de 12,3mm do
retalho tipo skate. Ambos os resultado são
adequados, não havendo a possibilidade de apontar
a técnica mais favorável entre eles. Sua
elegibilidade pode ser baseada na projeção da
papila contralateral. Nos casos em que a projeção é
igual ou maior 10mm o retalho tipo skate pode ser
mais vantajoso, enquanto que naqueles em que a
projeção é menor que 10mm o retalho tipo estrela
pode ser melhor. Isso porque dada a indicação
sugerida, o resultado de simetria será maior.
Os resultados de sensibilidade tiveram variação
muito grande e não seguiram um padrão. A técnica
com que foi realizada a reconstrução da mama tem
grande influência, assim como características da
própria paciente, já que houve casos de diminuição
de sensibilidade tátil na mama sadia.
O grau de satisfação da paciente em relação ao
procedimento decorre de vários fatores além dos
concretos, como projeção e grau de simetria.
Fatores biopsicossociais e o contexto em que se
deu a doença e o processo de reconstrução da
mama influenciam diretamente na avaliação.
Pacientes que tiveram um processo traumático de
cura ou que ficaram longo período de tempo antes
de ter o órgão reconstruído tenderam a avaliar
melhor o procedimento. Já aquelas em que a cura
deu-se rapidamente e a mama foi reconstruída de
imediato foram mais criteriosas na avaliação, pois
usavam como referencial a mama normal, não a
ausência dela.
5. CONCLUSÃO
Neste estudo, avaliamos a projeção da papila em
três técnicas: o enxerto da papila contralateral, o
retalho tipo estrela e o retalho tipo skate. A técnica
que oferece maior projeção é esta última. Apesar da
perda, a projeção se mantém em cerca de 83% ao
longo de 60 dias. O enxerto da papila contralateral
manteve a projeção em apenas 41%, no entanto
pode ser uma opção para as pacientes que
possuem projeção da papila contralateral maior.
6. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
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