XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
DINÂMICA DE DIFERENTES AMBIENTES EM FLORESTA
ESTACIONAL DECIDUAL
Paola Ferreira Santos - Universidade Federal de Lavras, Departamento de Biologia, Programa de Pós-Graduação
em Botânica Aplicada, CEP: 37200-000, Lavras-MG, Brasil. [email protected].
Rubens Manoel dos Santos - Universidade Federal de Lavras, Departamento de Ciências Florestais, Programa de
Pós-Graduação em Botânica Aplicada, CEP: 37200-000, Lavras-MG, Brasil.
INTRODUÇÃO
As Florestas Estacionais Deciduais-FEDs se distribuem na América do Sul basicamente em três regiões: “Caatinga
no nordeste do Brasil”, “Misiones ao longo dos rios Paraguai-Paraná” e o “Subandeano Piedmont” no sudoeste da
Bolívia e noroeste da Argentina (Prado e Gibbs, 1993). Estas formações ocorrem sobre uma complexa gama de
formações edáficas e climáticas, o que condicionam uma vegetação de alta heterogeneidade fisionômica e
substituição de espécies. Nos últimos anos foram desenvolvidos diversos trabalhos sobre a sua fitogeografia,
entretanto os que tratam do seu comportamento temporal (dinâmica) são escassos.
OBJETIVO
O presente estudo tem o intuito verificar se diferentes ambientes de uma FED apresenta comportamento temporal
distinto.
METODOLOGIA
Área de estudo
A área estudada corresponde a um fragmento de 40ha de FED, município de Juvenília, MG, entre as coordenadas
14º26'04'' S e 44º10'67'' W. Segundo Köppen o clima é o As (tropical com estação seca de verão). No interior deste
observa se três ambientes, sendo um central (A2) dominado por pequenas rochas de calcário aflorado. Os outros
ambientes não apresentam esta característica, entretanto um deles está localizado próximo à borda (A1) e o outro
(A3) localizado no interior do fragmento sem influência do efeito borda.
Amostragem da comunidade arbórea
Em 2002 foram alocadas 60 parcelas de 20x20m, totalizando uma área amostral de 2,4ha. As parcelas foram
distribuídas sistematicamente em três transectos. Cada transcecto possui 20 parcelas e representa um dos ambientes
observados. Todos os indivíduos com diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 3cm foram registrados, exceto lianas e
indivíduos mortos. Para este estudo foi realizado o segundo inventário (2007), utilizando-se o mesmo método do
inventário anterior. Neste, foram incorporados os novos indivíduos que atingiram a classe de diâmetro estipulada,
os indivíduos mortos foram registrados e os sobreviventes mensurados novamente.
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Estudo da dinâmica da comunidade arbórea
De acordo com Sheil et al. (2000) as variáveis de dinâmica foram calculadas para a amostra total da comunidade e
por ambientes. Estas variáveis expressam a dinâmica de duas formas: em demografia de indivíduos arbóreos e em
área basal. Assim, foram calculadas as taxas anuais médias de mortalidade (M = {1 – [(N0 – m)/N0]1/t} × 100) e
recrutamento (R = [1 – (1 – r/Nt)1/t ] × 100) de árvores individuais e taxas anuais médias de perda (P = {1 – [(AB0
– ABm + ABd)/AB0]1/t} × 100) e ganho (G = {1 – [1 – (ABr + ABg)/ ABt]1/t} × 100) de área basal. Onde t é o
tempo decorrido entre os inventários, N0 e Nt são, respectivamente, as contagens inicial e final de árvores, m e r
são, respectivamente, o número de mortos e recrutas, AB0 e ABt são, respectivamente, as áreas basais inicial e
final das árvores, ABm é a área basal de mortos, ABr é a área basal dos recrutas e ABd e ABg são,
respectivamente, o decremento (por meio de quebra ou perda parcial do tronco) e o incremento em área basal das
árvores sobreviventes. Para expressar a dinâmica global, foram obtidas as taxas de rotatividade em número de
árvores (TN = (M + R)/2) e área basal (TAB = (P + G)/2) a partir, respectivamente, das médias das taxas de
mortalidade e recrutamento e de perda e ganho (Oliveira-Filho et al., 1997). Segundo Korning e Balslev (1994),
também foram ainda obtidas as taxas de mudança líquida no período, tanto para número de árvores (ChN =
[(Nt/N0)1/t – 1] × 100) como área basal (ChAB = [(ABt/AB0)1/t – 1] × 100).
RESULTADOS
Foram inventariados 1562 indivíduos distribuídos em 78 espécies arbóreas no primeiro inventario. Já no segundo o
número de indivíduos caiu para 1499, entretanto o número de espécies aumentou para 80. Isso resultou em uma
ChN de -0,82%, com uma M de 2,38% e R de 1,57% o que corresponde a uma TN de 1,97%. Já os ambientes
apresentaram variações no seu comportamento, o A1 aumentou o número de indivíduos e riqueza (394 para 413
indivíduos e riqueza de 57 para 61 espécies). Com ChN de 0,95%, M de 1,25% e R de 2,17%, determinando uma
TN de 1,71%. O A2 e o A3 apresentaram uma redução no número de indivíduos e riqueza entre os intervalos de
mensuração. O A2 foi de 855 para 836 indivíduos e a riqueza foi de 58 para 57 espécies, resultando em uma ChN
de -0,45%, M de 1,89%, R de 1,45% e TN de 1,67%. O mesmo padrão foi apresentado pelo A3, que foi de 313
para 250 indivíduos e de 49 para 48 espécies, com ChN de -4,39%, M de 5,33%, R de 0,98% e TN de 3,16%. Já a
área basal para o primeiro inventário foi de 34,4 m2 e para o segundo foi de 35,8 m2, ganho representando uma
ChAB de 0,80%. A P foi de 1,11%, G foi de 2,64% o que determinou uma TAB de 1,81%. Assim, como para
comunidade a área basal dos ambientes aumentou, sendo que o A1 foi de 14,1 para 15,0m2, representando uma
ChAB de 1,16%, P de 050%, G de 2,6% com uma TAB de 1,55%. O A2 foi de 13,2 para 17,8m2 com 0,81% de
ChAB, P de 1,18%, G de 2,84% e TAB de 2,01%. O A3 apresentou o mesmo padrão, entretanto com menor ganho,
área basal inicial de 7,00 e final de 7,01m2, ChAB de 0,01%, P de 2,32%, G de 2,35% e TAB de 2,28%.
DISCUSSÃO
A dinâmica pouco acelerada em abundância e área basal no presente estudo decorre de processos evolutivos que
conduziram à seleção natural de espécies adaptadas à marcante estacionalidade climática nos ecossistemas de
Florestas Tropicais Sazonalmente Secas (Oliveira-filho et al., 2006). As diferenças apontadas pelos resultados
demonstram que dentro dessas formações estacionais existe não só uma alta substituição de espécies, mas também
características funcionais distintas ao longo do tempo.
CONCLUSÃO
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Características intrínsecas a cada ambiente estudado dentro da FED condicionam comportamento distinto a cada
comunidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KORNING, J.; BALSLEV, H. Growth and mortality of trees in Amazonian tropical rain forest in Ecuador. Journal
of Vegetation Science, Malden, v. 5, n. 1, p. 77-86, Mar. 1994.
OLIVEIRA-FILHO, A. T.; JARENKOW, J. A.; RODAL, M. J. N. Floristic relationships of seasonally dry forests
of eastern South America based on tree species distribution patterns. In: PENNINGTON, R. T.; LEWIS, G. P.;
RATTER, J. A. (eds.). Neotropical savannas and dry forests: plant diversity, biogeography and conservation.
Oxford: Taylor & Francis, 2006. p. 59-192.
OLIVEIRA-FILHO, A. T.; MELLO, J. M.; SCOLFORO, J. R. Effects of past disturbance and edges on tree
community structure and dynamics within a fragment of tropical semideciduous Forest in south-eastern Brazil over
a five-year period (1987-1992). Plant Ecology, v.131, n.1, p. 45-66, 1997.
PRADO, D.E; GIBBS, P. E. Patterns of specios; distributions in the dry seasonal forests of South America. Annals
of the Missouri Botanical Garden, Saint Louis, p. v. 80, n. 4, p. 902-927, 1993.
SHEIL, D.; JENNINGS, S.; SAVILL, P. Long-term permanent plot observations of vegetation dynamics in
Budongo, a Ugandan rain forest. Journal of Tropical Ecology, v. 16, n. 1, p. 765-800, 2000.
(Agradecimentos: FAPEMIG)
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dinâmica de diferentes ambientes em floresta estacional decidual