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DE JUNHO E 1º DE JULHO DE 2012
DOCUMENTO ESPECIAL
Jornal do Commercio
PORTO MARAVILHA
Oportunidades também para
micro e pequenos negócios
ANA BEATRIZ THIEME
A
Vantagens comparativas da região
O programa de revitalização da região do porto do
Rio, por sua abrangência e sofisticação, atende às mais
diferentes demandas de empresários e executivos, segundo especialistas. “Não existe, em lugar nenhum da
América Latina, um projeto da magnitude do Porto
Maravilha”, afirma Antonio Carlos Dias, da Rio Negócios. “É a própria natureza dele que tem atraído empresas, de todos os portes, a se instalarem pela região.”
Ele destaca, por exemplo, toda a gama de serviços
públicos, como limpeza urbana, iluminação pública,
manutenção de vias, praças e passarelas, que será
prestada pela concessionária Porto Novo, conforme
previamente firmado em contrato, pelo período de 15
anos.
A localização privilegiada do porto, ao lado do aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, e cerca de
cinco quilômetros distante do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, é também fator
s oportunidades geradas
com o projeto
Porto Maravilha não se restringem grandes negócios.
O estímulo
aos micro e
pequenos empreendedores,
que antes já ocupavam a região, é também uma das vertentes do plano estratégico
para a zona portuária do Rio.
Com esse objetivo, a Cdurp,
em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RJ),
planeja, para o segundo semestre deste ano, uma segunda rodada de negócios entre as
grandes empresas, atualmente
instaladas na área, com os pequenos empreendedores.
O objetivo do encontro, segundo o Sebrae, é garantir que
a economia que se instalou no
porto – formada pelas novas
companhias que chegaram à
região, somadas às que já existiam no local – gere negócios e
estimule o desenvolvimento
econômico e social da área.
Na primeira rodada, realizada em abril, sete grandes
empresas, consideradas âncoras – Tishman Speyer, Consórcio Porto Rio, Porto Novo, Light, Bunge, Kreimer e Píer
Mauá – participaram. Já do lado das micro e pequenas empresas, foram 71 participantes,
que ofertaram os mais diversos produtos e serviços, desde
o fornecimento de uniformes
e serviços de gráfica a locação
de equipamentos e escritórios
de construção civil. A estima-
FLÁVIA GUERRA,
coordenadora do
projeto Porto
Maravilha Cidadão
do Sebrae
imbatível de atratividade. “Isso sem falar do visual totalmente diferenciado que as empresas ali instaladas
terão, com toda a visão da Baía de Guanabara”, acrescenta Dias.
Dias destaca ainda outras vantagens, como as medidas de incentivo oferecidas pela prefeitura, para incentivar a ocupação da região. Elas incluem, por
exemplo, isenção de impostos como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto de Transmissão de Bens Imóveis por Ato Oneroso (ITBI) e o Imposto Sob Serviços (ISS).
Há, ainda, a redução de 5% para 2% da alíquota do
ISS, medida válida para as atividades de hotelaria,
educação e entretenimento. A redução, contudo, não
vale para as empresas instaladas nas avenidas Rio
Branco e Presidente Vargas. Com a redução, a região
do porto se coloca no mesmo patamar de São Paulo,
onde a alíquota é de 2%. Outra vantagem oferecida pe-
As grandes empresas que se instalam
na área têm muitas demandas,
que vão desde o fornecimento
de papel até softwares”
tiva do Sebrae é que R$ 5 milhões em negócios tenham sido gerados no ocasião, pelo
período de seis meses.
“As grandes empresas que
se instalam na área têm muitas demandas, que vão desde
o fornecimento de papel até
softwares. Há muitas oportunidades de negócio, geradas
pela economia da própria
obra”, conta a coordenadora
do projeto Porto Maravilha Cidadão do Sebrae, Flávia Guerra.
Ela prevê superação dos nú-
meros nesta segunda rodada
que já é preparada, tanto em
número empresas participantes, quanto em volume de negócios fechados. “Estamos
conversando com cada empresa, levantando todo o tipo
de demanda que possuem”,
la prefeitura é a remissão de dívidas de IPTU passadas
para imóveis de interesse histórico, cultural ou ecológico, desde que restaurados no prazo de até 36 meses.
Atualmente, a região está ocupada por diversas
frentes de obras do Porto Maravilha, que envolvem
desde detonações de antigos imóveis e intervenções
no trânsito a serviços públicos, como os assumidos
pela concessionária, que incluem limpeza urbana, iluminação pública e manutenção de vias.
Silva, da Cdurp, estima que, durante o segundo semestre de 2013, quando a maioria das obras públicas
já estiver concluída, as obras de empreendimentos
imobiliários privados ganharão mais volume. “Dessa
forma, é possível prever que, em 2016, os empreendimentos comerciais e imobiliários privados já tenham
sido concluídos e a região já esteja funcionando a pleno vapor, com pessoas circulando pela área revitalizada”, estima.
afirma, que estima até 15 grandes companhias participantes
no próximo evento, previsto
para ocorrer em outubro, segundo o Sebrae.
A rodada é, contudo, apenas uma das iniciativas de estímulo aos pequenos empreendedores neste cenário
de oportunidades. Flávia estima que a região abrigue, aproximadamente, 30 mil pequenos negócios – dos quais 10
mil são formais e 20 mil, informais. Dos 30 mil pequenos
empreendimentos, ela acredita que a maioria deles (cerca
de 70%) envolvam atividades
relativas a comércio e serviços,
enquanto o restante esteja inserido no setor industrial.
Segundo a coordenadora
do projeto, há outras estímulos, promovidos pelo Sebrae,
que vão desde a capacitação
de empresários, por meio de
consultorias e orientações, até
um mutirão para a formalização dos pequenos negócios.
“A chegada das novas empresas impõe um perfil diferente de clientes para estes
novos negócios”, explica. “Será
um momento de grande transição, não apenas para a região, mas também para os pequenos empreendedores, que
terão de aprender a gerir melhor suas atividades e lidar
com as novas oportunidades
que surgirão daqui para frente”, acrescenta.
Valorização intensa do metro quadrado
SREBECCA MELLO
A profunda transformação
na zona portuária do Rio de Janeiro começa a aparecer e a região já pode ser considerada a
mais nova fronteira do mercado imobiliário da cidade. A expectativa é de que dure pelo
menos 10 anos o processo migratório para a área do porto,
que já comemora o primeiro
empreendimento lançado, importantes obras de retrofit – renovação de edifícios antigos – e
estimativa de lançamentos até
o final de 2013.
“O Porto Maravilha é uma
realidade que se estende às regiões do seu entorno”, diz José
Conde Caldas, presidente da
Associação de Dirigentes de
Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi). O primeiro momento da revitalização contempla os empreendimentos corporativos. De acordo com Conde Caldas, há uma demanda
muito grande das empresas para acomodar suas instalações
em um único local. Devido à falta de terrenos na cidade, grandes empresas se viram obrigadas a desmembrar suas sedes
em braços operacionais espalhados por diferentes bairros.
Elas também têm interesse em
retornar da Barra da Tijuca para
acomodações próximas ao Centro, tendo em vista facilitar o
deslocamento de funcionários.
As companhias agora contam com duas boas localizações para montar estrutura na
cidade, a Barra da Tijuca e o
porto. No entanto, o Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj) e o Porto de Itaguaí
fazem com que a demanda para a região portuária seja maior,
pela proximidade com a Ponte
Rio-Niterói e a Avenida Brasil –
principais vias de acesso ao
município.
O presidente da Ademi esti-
Prédios antigos se
beneficiam com retrofit
CONDE CALDAS
Empreendimentos residenciais no segundo momento da revitalização
ma que os primeiros lançamentos do Porto fiquem numa faixa
entre R$ 12 mil e R$ 14 mil o
metro quadrado para aluguel.
“Dentro de cinco anos,o valor
pode subir para R$ 20 mil já que
o investidor de imóveis vai puxar o preço”, disse.
O primeiro empreendimento do Porto Maravilha foi lançado em abril e conta com 19 andares voltados para a área corporativa. O Porto Brasilis está
localizado no marco zero da revitalização, na Rua São Bento,
esquina com a Avenida Rio
Branco, na Praça Mauá. O edifício foi desenvolvido pelo Fundo Americano e adquirido pela
Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) – fundo de
pensão dos funcionários da petrolífera.
Por outro lado, o início da revitalização da região portuária
no campo imobiliário ficou por
conta da demolição do Moinho
Marilu, na Avenida Rio de Janeiro. O terreno de 13 mil quadrados foi adquirido pela Tishman Speyer para a construção
do Port Corporate. Como apon-
ta o presidente da Ademi, o segundo momento da revitalização do Porto Maravilha contemplará os empreendimentos
residenciais. Os projetos urbanísticos idealizados pela prefeitura para a recuperação da região aquecerá a procura. A estrutura também levará a uma
simbiose de comercial e residência no mesmo empreendimento. “A expectativa é de alcançar 5 mil unidades por ano e
quase 30 mil para os próximos
anos”, estima José Conde Caldas.
Para uma revitalização
completa da região portuária,
as incorporadoras estão utilizando a técnica de retrofit para modernizar construções
antigas e tombadas. O presidente da Ademi, José Conde
Caldas, lembra que o local é
repleto de casarões e prédios
antigos, o que se fez necessário um projeto para a inclusão
dessas estruturas para o Porto
Maravilha. “Nada vai ficar para
trás”, afirmou.
Grande modelo de retrofit
do Porto Maravilha é o edifício
histórico A Noite, o primeiro
arranha-céu da America Latina. O prédio tem 83 anos e pertence à União, que cedeu a instalação para o Instituto Nacional de Propriedade Industrial
(INPI). As empresas saíram do
edifício para dar espaço à restauração arquitetônica, que
irá se estender para as instalações elétricas e cabeamento
telefônico.
A antiga sede da TV Tupi, no
Edifício Venezuela, deu espaço
para o agora Edifício Verde. A
São Carlos Empreendimentos
e Participações investiu R$ 14
milhões em retrofit para fazer
as melhorias necessárias na
construção. O prédio alugará
espaço para escritórios comerciais, com previsão de entrega
para novembro deste ano. Como parte do projeto do Porto
Maravilha, a obra está atendendo os requisitos de sustentabilidade e preservação de recursos naturais para ter o selo
do Green Building Council.
O projeto do Porto Maravilha abrange uma área muito
grande e desapropriações, tanto públicas como privadas, serão necessárias para se atender o prazo para a conclusão
da revitalização. As Ruas do Livramento e da Gamboa, ambas no bairro da Gamboa, passaram pelas principais desapropriações de utilidade pública por causa da ocupação
dos antigos casarões. O advogado Ventura Alonso Pires, da
Pires & Gonçalves, especialista
em desapropriações, explica
que a lei determina que o interesse público se sobrepõe ao
particular.
Além da Gamboa, Saúde e
Santo Cristo – bairros do entorno do Porto Maravilha –
que são beneficiadas diretamente pelo aquecimento da
revitalização do porto, a recuperação da região transformou São Cristóvão em um fantástico modelo. O avanço dos
setores de óleo e gás e petroquímico torna toda o bairro
adjacente num excelente investimento.
De acordo com pesquisa da
Ademi, sobre unidades lançadas no município, São Cristóvão saltou de zero lançamento
comercial em 2010 para 512
em 2011. A expectativa é de
novo aumento para este ano.
O presidente da Ademi, José
Conde Caldas, frisa que este é
o momento do Rio de Janeiro,
com muitas pessoas chegando
e a demanda em clara tendência de crescimento.
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Oportunidades também para micro e pequenos