Análise de Platoon,
Full Metal Jacket e
Apocalypse Now
Fábio Nauras Akhras
[email protected]
Platoon, Full Metal Jacket e
Apocalypse Now
Platoon - mostra a violência como fruto da
natureza humana quando exposta a situações
de guerra de alto estresse, dentro de uma
estética considerada mais pró-guerra
Full Metal Jacket - estética anti-guerra que
explora o treinamento dos soldados para a
guerra, na perspectiva da cultura americana.
Mostra a violência como fruto da cultura que
levou à guerra
Apocalypse Now - combinação de estéticas
anti-guerra e pró-guerra, explorando a
política de guerra americana
Platoon
Cena central de Platoon: massacre
de um vilarejo vietnamita, que é
incendiado, com alguns habitantes
interrogados e mortos
Termina com uma tomada panorâmica deixando o vilarejo destruido, carregando
crianças vietnamitas, ao sol brilhante, papel
humanitário no Vietnã
Discurso do filme: atos desumanos contra civis
são momentos de excesso devido ao lado
escuro da natureza humana sob estresse
Passa um sentimento de superioridade
americana - nada do que se redimir
Full Metal Jacket
Cena final de FMJ - soldados
treinados como “máquinas de
matar”, confiantes da sua
superioridade, entram em pânico
e perdem a disciplina, quando
são atacados por um atirador solitário nas ruinas
de Hue
O atirador é revelado como sendo uma mulher
vietnamita – quebra do padrão dos filmes de
combate e dos valores da cultura refletida
nesse padrão
A mulher é magra comparada aos soldados
musculosos e plenamente armados
Full Metal Jacket
A cena termina com a marcha dos soldados na
escuridão da noite, e contrasta com a cena de
Platoon: soldados em triunfo, à luz de um sol
brilhante
Mostrando os soldados saindo na
escuridão, FMJ ajuda a iluminar
alguns aspectos obscuros da guerra
do Vietnã, que Platoon, com uma
cena cheia de luz, ajuda a obscurecer
Durante a marcha cantam “Mickey Mouse é o
lider do nosso clube” e não as canções que
aprenderam “O que nós fazemos para ganhar a
vida?” / “matamos, matamos, matamos”
Full Metal Jacket
A cena se dissolve e a tela escurece ao som
da música dos Rolling Stones, “Paint it black”,
retratando um dos lados escuros da atuação
das forças armadas americanas na guerra do
Vietnã, que é a cultura da sociedade
americana refletida no treinamento aplicado
aos soldados
Com isso, Full Metal Jacket se opõe a Platoon
e joga uma sombra sobre a superioridade
americana na guerra do Vietnã, que é
afirmada em Platoon
Construção e auto-regulação
Platoon: Chris Taylor – A guerra é a impossibilidade da
razão
Platoon: Massacre do vilarejo – Atos desumanos são
devido ao lado escuro da natureza humana sob
estresse
Platoon: Retirada do vilarejo carregando crianças
vietnamitas – Papel humanitário e sentimento de
superioridade
Apocalypse Now: Mulher é metralhada no barco –
Achamos um jeito de conviver com a nossa consciência:
nós os metralhamos e depois damos band-aid
Full Metal Jacket
Parte inicial de FMJ – Campo de treinamento
das forças armadas americanas
Recém-chegados recrutas cortando os cabelos
e as expressões ficando idênticas e vazias,
mentes para serem preenchidas
Treinamento para uma transformação mental –
criação de “máquinas de matar”
Destruição da identidade – Corporal Joker,
Cowboy
Full Metal Jacket
Parte da transformação e doutrinamento canções: “o que faz a grama crescer? /
“sangue, sangue, sangue”, “o que nós fazemos
para ganhar a vida?” / “matamos, matamos,
matamos“
Exemplos de assassinos famosos – insanidade
mental – fruto do treinamento, como o soldado
Pyle
Soldados para por em prática as políticas de
guerra americanas - sentimento de
superioridade e de nascido para matar
Full Metal Jacket
FMJ mostra que essas características não são
inerentes do lado escuro da natureza humana
mas produzidas socialmente.
De acordo com a perspectiva do filme, o
campo de treinamento é um reflexo da cultura
da sociedade americana
O fato dos soldados saírem de Hue cantando a
canção do Mickey Mouse mostra o fracasso do
treinamento e, por tabela, da sociedade
americana, em toda a sua cultura associada ao
desenvolvimento da guerra do Vietnã
Construção e auto-regulação
FMJ: Corte dos cabelos – Mentes para serem
preenchidas, treinamento para transformação mental
FMJ: Nomes fictícios, como Corporal Joker –
Destruição da identidade
FMJ: Doutrinamento através das canções – Sentimento
de superioridade e de nascido para matar
FMJ: Exemplos de assassinos famosos – Fruto do
treinamento, o campo como retrato da cultura
FMJ: Soldados treinados como máquinas de matar
entram em pânico quando atacados, e terminam
cantando uma canção de criança – Fracasso do
treinamento e da cultura da sociedade americana
associada à guerra
Full Metal Jacket
Corporal Joker: símbolo da paz no peito,
“nascido para matar” no capacete
Na cena com a atiradora - Corporal Joker:
Não podemos deixá-la assim
Com esse retrato do treinamento, FMJ rejeita
a visão de Platoon: insanidade nos atos de
guerra como fruto do lado escuro da natureza
humana
Para FMJ: insanidade como fruto da cultura
que levou à guerra
Full Metal Jacket
Atirador americano em um helicóptero atirando
em civis.
Corporal Joker: Como você pode atirar em
mulheres e crianças?
O atirador: A guerra não é o inferno?
“a guerra é um inferno” - filmes complacentes com
atrocidades cometidas em batalha. Usada como
justificativa para matar, como em Platoon.
Chris Taylor: “a guerra
é a impossibilidade da razão”
Apocalypse Now
Visão pacífica – oceano, fileira de palmeiras,
barulho crescente do motor de helicópteros, pó cor
de laranja – névoa, a floresta
entra em chamas – música:
The Doors “This is the end”
Mostra a dualidade e os contrastes com que o
filme constroi sua estética anti-guerra e próguerra. Água e fogo, o fim é o começo.
Em Full Metal Jacket, Corporal Joker: símbolo
da paz e inscrição “nascido para matar”
A cena do helicóptero se dissolve na cena em
que o capitão Willard aguarda uma missão
Apocalypse Now
Willard treinando enquanto aguarda uma
missão – golpe contra o espelho: em si mesmo
o seu maior inimigo
Em Platoon, Chris Taylor: inimigo estava
neles mesmos, a maior parte da luta era
contra eles mesmos. Estética anti-guerra
Willard é levado ao general
missão: matar o general Kurtz, supostamente
insano, matando indiscriminadamente
Almoço: “pelos dois lados”. Sobre as coisas
terem dois caminhos simultâneos – soldados
surfando “ondas quebram para os dois lados”
Apocalypse Now
Dicotomia - luz e sombra. Reforça a dualidade
explorada na estética do filme.
No almoço, lado direito do rosto do general sob a
luz, lado esquerdo na sombra.
Estética de rostos metade sob a
luz e metade no escuro – em várias
outras cenas
Conversa no almoço: conflito entre o racional e
o irracional, o bem e o mal. Movimenta o rosto
para a luz quando fala do irracional e para a
sombra quando fala do racional. O racional
nem sempre é a melhor maneira de agir.
Apocalypse Now
Durante a missão, acontecimentos absurdos,
insanidade de comandantes e de políticas de
guerra – difícil considerar Kurtz mais louco.
Um loucura “oficial” considerada normal.
Visão pró-guerra - ganhando as batalhas com
desprezo por elas. Ataque a um vilarejo
vietnamita: destruindo o inimigo (e o vilarejo)
para o comandante e Lance (Johnson) surfarem
A cena passa a impressão de que
todos são loucos - helicópteros
de combate com pranchas de surf,
equipados com caixas de som,
tocam “Ride of the Valkyries”
glorificando a guerra
Apocalypse Now
Música: Platoon (pró-guerra), Full Metal
Jacket – músicas populares
Durante a leitura do dossiê, Willard: “Kurtz
podia ter sido general mas preferiu ser ele
mesmo”. Em sintonia com Full Metal Jacket,
que mostra a perda de identidade dos soldados
durante o treinamento
Durante a jornada, um barco é encontrado e
uma mulher é metralhada. Willard: “Achamos
um jeito de conviver com a consciência em paz:
Nós os metralhávamos e depois dávamos bandaid”. Como no massacre do vilarejo em Platoon.
Apocalypse Now
Falta de direção na política americana sobre a
guerra – Willard, quando chega ao último posto
militar e os soldados parecem estar atirando
desordenadamente: “Quem está no comando?”
a resposta é “Não é você?”
Peace Now – quando a paz estava mais longe
do que nunca. O que estava mais próximo era
o outro extremo
Como se chega ao apocalipse: Moral ambigua
na guerra, justificação para barbaridades,
máquinas de matar desumanizadas
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