Ficha de trabalho nº 12
Psicologia 12º Ano
1 “As emoções têm um papel fundamental no processo de adaptação e comunicação dos seres
humanos”. Explica o sentido desta afirmação.
As emoções têm um papel fundamental no processo de adaptação e comunicação dos seres
humanos, na perspectiva do desenvolvimento da espécie e do desenvolvimento individual. É
muito complicado camuflarmos as nossas emoções por muito que tentemos, comunicamos o que
estamos a sentir através de um torcer de mãos, de um semicerrar os olhos, através da alteração
do tom de voz…. As emoções estão presentes nas interacções sociais, acompanhando ou até
substituindo a expressão linguística. As emoções surgiram na Historia da Humanidade como meio
eficaz de comunicação. Os sinais emocionais – sorriso, choro, expressões faciais, grito constituem
um sistema de comunicação precoce que permite ao bebe levar o adulto a participar na sua
sensibilidade e a obter as respostas necessárias ao seu bem-estar e à sua sobrevivência. As
emoções são o primeiro modo de comunicação e de relação do bebe com o mundo que o envolve.
As manifestações emocionais do bebe são fundamentais, porque correspondem a sinais que visam
mobilizar os adultos no sentido de lhe facultarem o que é necessário. Mesmo quando já de posse
da linguagem e de outros meios mais elaborados de interacção, a criança, em posição de grande
aflição, recorre às emoções para assegurar uma comunicação expressiva de um determinado
estado. As emoções têm, portanto, um valor adaptativo, porque são sinalizadoras de
determinados estados. O código de comunicação que as constitui pode ser menos preciso que o
código linguístico, mas a comunicação é mais rápida e poderosa.
2 Esclarece o conceito de emoção.
As emoções são estados internos muito primitivos do nosso existir, tanto que aparecem logo após
o nascimento. O bebé chora diante de necessidades como fome e sono e podem ocorrer reacções
positivas quando estas necessidades são satisfeitas e ele é confortado. As emoções têm, portanto,
um valor adaptativo, porque são sinalizadoras de determinados estados. Normalmente, as
expressões faciais podem traduzir praticamente todas as reacções ou emoções humanas. As
emoções são omnipresentes, ocorrem em todos os seres humanos, de todas as idades e
condições, de todas as culturas. As emoções são, em suma, processos desencadeados por um
acontecimento, pessoa, situação, que é objecto de uma avaliação cognitiva nem sempre
consciente. A emoção é uma experiência subjectiva que pode ser acompanhada por reacções
orgânicas (modificação do ritma cardíaco…), de mímicas, gestos, movimentos e expressões vocais.
Pode traduzir-se por uma tendência para a acção, como, por exemplo, a fuga, no caso do medo. As
André Filipe Santos Coelho
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expressões das emoções desencadeiam, junto de quem está presente, reacções que poderão
suscitar novas emoções. Existem 3 tipos de emoções: emoções primárias ou universais, alegria,
tristeza, medo; emoções secundárias ou sociais, vergonha, ciúme, culpa; emoções de fundo, bemestar, mal-estar.
3 Distingue emoções de afectos e sentimentos.
As emoções são processos desencadeados por um acontecimento, pessoa, situação, que é objecto
de uma avaliação cognitiva nem sempre consciente. A emoção é uma experiência subjectiva que
pode ser acompanhada por reacções orgânicas (modificação do ritmo cardíaco, do tónus
muscular), de mímicas, de gestos, movimentos e expressões vocais. Pode traduzir-se por uma
tendência para a acção, como por exemplo, a fuga, no caso do medo. As expressões das emoções
desencadeiam, junto de quem esta presente, reacções que poderão suscitar novas emoções. Tal
como na emoção, quando falamos de afectos falamos de relação. A relação implica sempre uma
troca, em que se dá e se recebe, o que envolve sempre uma modificação nos elementos
envolvidos. Os afectos exprimem-se através das emoções, sendo organizadas pelas experiencias
emocionais que se repetem. Os afectos, que podem exprimir-se pelo amor mas também pelo ódio,
são vividos intensamente sob a forma de emoções. Os afectos remetem-nos para o passado pois
são construídos ao longo do tempo, já a emoção concretiza-se no presente. Os sentimentos são
estados voltados para o interior, são privados, enquanto que as emoções são dirigidas para o
exterior, são publicas, tendo assim uma dimensão comunicacional. Logo os sentimentos não são
observáveis ao contrário das emoções. Um outro aspecto diferenciado das emoções e dos
sentimentos é que, enquanto as emoções se caracterizam por uma grande intensidade e uma
duração breve, os sentimentos prolongam-se no tempo e são de menor intensidade de expressão.
4 Apresenta as diferentes componentes das emoções.
As emoções envolvem um conjunto de componentes que variam no número e na ordem em que
são apresentadas. Através de um exemplo vamos abordar seis componentes das emoções. O
exemplo é o seguinte: no dia do seu aniversário, o Francisco ganhou, como presente dos seus pais,
um telemóvel que há muito pretendia. Um dos maiores amigos dos pais, o Manuel, deixou-o cair
ao chão partindo o ecrã. O Francisco ficou furioso. Com base neste exemplo podemos distinguir,
seis componentes: a componente cognitiva é o conhecimento do facto que faz com que o
Francisco esteja irritado. Se não tivesse presenciado a cena, ou se não tivesse conhecimento do
facto, não experimentaria qualquer emoção. A componente avaliativa, o Francisco reage à
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situação em função dos seus interesses, valores e objectivos. O telemóvel tem para ele um grande
valor, acrescido do facto de ter sido oferecido pelos pais. A componente fisiológica, face ao
incidente, o coração do Francisco começou a bater mais depressa, a respiração ficou mais rápida ,
aumentou a tensão muscular. Ficou branco de raiva, porque os vasos sanguíneos periféricos
contraíram-se. Esta componente refere-se às manifestações orgânicas da emoção. A componente
expressiva, as sobrancelhas ficaram franzidas, as mãos cerradas, a voz ficou mais alta e áspera.
Esta componente tem uma função social importante, porque é uma foram de comunicação. O
outro, através do conjunto de expressões corporais, fica a conhecer o estado do Francisco. A
componente comportamental, o Francisco tentou conter as palavras duras dirigidas ao Manuel. O
seu estado emocional poderia desencadear um conjunto de comportamentos que vão desde a
crítica verbal à agressão. A componente subjectiva, o Francisco sente interiormente a cólera. É o
estado afectivo associado à emoção. É o mais difícil de conhecer e estudar. A emoção não se pode
reduzir a nenhuma destes componentes, sendo que cada uma influencia todas as outras.
5 Explica a perspectiva evolutiva sobre as emoções defendida por Darwin e Ekman.
Charles Darwin desenvolveu um conjunto de investigações sobre as emoções. Numa dessas
investigações recorreu a alguns dados, e ainda a fotografias de pessoas em estados emocionais,
ele procurou comparar a expressão das emoções humanas com a dos animais, principalmente com
a dos macacos, produzindo um catálogo das emoções. Darwin distingue seis emoções primárias ou
universais: a alegria, a tristeza, a surpresa, a cólera, o desgosto e o medo. Todas as manifestações
corporais têm um valor comunicacional para os que estão presentes, que podem evitar uma
situação de confronto. Darwin considera que as emoções desempenharam um papel adaptativo
fundamental na história da espécie humana, sendo fundamentais na nossa capacidade de
sobrevivência. Na década de 60, Paul Ekman desenvolveu uma investigação em que procurou
testar uma hipótese que defendia: indivíduos de culturas diferentes sentiriam diferentes emoções.
Ele desenvolveu varias pesquisas entre diferentes culturas, testou as expressões faciais de seis
emoções básicas: a cólera, a alegria, o medo, a surpresa, a tristeza e o desgosto. Investigações
conduzidas por ele, junto de mais de vinte culturas espalhadas por todo o Mundo, confirmaram o
que ele verificara na primeira pesquisa: há emoções que são universais, independentemente dos
processos de aprendizagem e da cultura onde se observam.
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6 Para William James a consciência das emoções depende da consciência das alterações orgânicas.
Explica a sua concepção.
O psicólogo William desenvolveu uma teoria das emoções que levanta alguma perplexidade por
contrariar o que nos parece evidente na nossa experiência pessoal. Assim, face a uma situação de
perigo, eu não fujo porque tenho medo, eu tenho medo porque fujo. As emoções resultam das
percepções do estado do corpo, das mudanças orgânicas provocadas por estímulos particulares.
Assim, o estado de consciência da cólera, alegria, raiva etc. mais não é do que a consciência das
manifestações fisiológicas. Os estímulos produzem alterações orgânicas que, por sua vez, geram
emoções. Esta perspectiva tem como interesse fundamental o estabelecimento da relação entre o
corpo e a mente, que se influenciariam mutuamente a mente influencia o corpo, mas o corpo
também influencia a mente. E se há situações que justificam, em parte, a interpretação de
William, é verdade que pode acontecer que, face a uma situação que nos provoca um choro de
tristeza, só depois tomemos consciência de que estamos tristes. Um aspecto positivo da teoria de
William foi ter considerado que a emoção é um estado subjectivo.
7 Apresenta a perspectiva cognitivista sobre as relações entre os processos cognitivos e as
emoções.
De acordo com a perspectiva cognitivista, existe uma relação entre o que pensamos e o que
sentimos. Para os defensores desta perspectiva, as nossas cognições são um elemento
fundamental no desencadeamento das emoções. Seriam factores de ordem cognitiva que
explicariam os estados emocionais: é o modo como eu encaro uma situação, como a interpreto,
que causa a emoção, e não a situação ou acontecimento propriamente ditos. A emoção é
determinada pelo modo como representamos a situação e pela avaliação pessoal que lhe damos.
A cólera, o medo e a alegria dependem da interpretação da situação, e esta interpretação é
controlada pelos sistemas cognitivos internos. As emoções dependem, assim, do modo como se
avaliam as situações, as relações com os outros. É o processo de avaliação de um acontecimento e
as suas consequências que define as emoções: as emoções não são as mesmas se o acontecimento
é percebido como novo ou como habitual.
8 Enuncia as teses fundamentais da perspectiva culturalista.
Os defensores da concepção culturista, sustentam que as emoções são comportamentos
aprendidos no processo de socialização. Consideram que as emoções são uma construção social,
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necessitam de ser aprendidas. A cada cultura correspondem diferentes emoções e diferentes
formas de as exprimir. Cada cultura tem o seu conjunto de regras que especificam o tipo de
emoções que se podem manifestar nas diferentes situações, e os comportamentos adequados
para exprimirem as diferentes situações. Diferentes sociedades valorizam, inibem ou
circunscrevem a certas ocasiões a expressão das emoções fundamentais. Existe uma linguagem da
emoção reconhecida por todos aqueles que pertencem à mesma cultura.
9 As emoções só podem ser compreendidas com o contributo das várias perspectivas. Concordas.
Porquê?
Sim, porque para explicar toda a riqueza das emoções, é necessário ter em consideração todos os
aspectos: fisiológicos, comportamentais e expressivos, genéticos, cognitivos, cerebrais e
subjectivos. Não existe um quadro teórico que reúna de forma integrada todos estes aspectos. Por
isso, faz sentido encarar as teorias como diferentes propostas de explicação, como vários pontos
de vista que nos permitirão entender melhor as emoções. As varias perspectivas contribuem, com
as suas interpretações, para a compreensão das emoções e dos modos como se manifestam.
10 António Damásio centra-se sobretudo nas relações entre a razão e a emoção. Mostra a
importância das suas conclusões.
António Damásio numa das suas pesquisas conclui que ao contrário do que pensava, as emoções e
os sentimentos não são um obstáculo ao funcionamento da razão, estão envolvidas
designadamente nos processos de decisão. António Damásio não advoga que a emoção substitua
a razão. Reconhece até que, em muitas circunstâncias, perturbados por fortes emoções, somos
levados a fazer opções erradas. Considera, antes, que a emoção bem dirigida parece ser o sistema
de apoio sem o qual o edifico da razão não pode funcionar eficazmente. Emoção e razão estariam
na base das nossas decisões, sendo dois processos essenciais para a escolha entre as várias opções
possíveis. As emoções são, portanto, processos indispensáveis no acto de decidir. Por isso,
Damásio propõe que a afirmação de pascal “O coração tem razões que a própria razão desconhece
” seja substituída por “ O organismo tem algumas razoes que a razão tem de utilizar”.
11 Analisa o processo de tomada de decisão na perspectiva de Damásio.
Quando temos que tomar uma decisão é preciso, ter conhecimento da situação sobre a qual se
tem de decidir, conhecer as diferentes opções de acção e conhecer as consequências de cada
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opção no presente e no futuro. António Damásio considera que a selecção das melhores opções
não é necessariamente produzida através do raciocínio. Omite-se a existência de um mecanismo
que cria um repertório que orienta as diferentes opções para a selecção. Damásio chama atenção
para o facto de que a análise de todas as possibilidades e as respectivas consequências lógicas
inviabilizariam qualquer decisão. Segundo ele a análise rigorosa de cada uma das hipóteses levaria
tanto tempo que a opção escolhida deixaria de ser oportuna, ou, então, perder-nos-íamos nos
cálculos das vantagens e desvantagens. Para Damásio o processo de tomada de decisão seria
suportado por duas vias complementares funcionando paralelamente. A primeira via, seria a
representação das consequências de uma opção é disponibilizada pelo raciocínio e a segunda via
seria, a percepção da situação provoca, ao mesmo tempo, a activação de experiencias emocionais
experimentadas anteriormente em situações semelhantes.
12 O conceito de marcador somático é central na teoria de Damásio. Regista em que consiste.
António Damásio, através das investigações que levou a cabo, concluiu que uma das actividades
reconhecidas como fundamentalmente racionais – a tomada de decisão – recorre também à
emoção. Face às várias opções possíveis, o rigor lógico do raciocínio não permite optar: têm de ser
convocadas experiências emocionais vividas anteriormente em situações semelhantes. A tomada
de decisão depende, assim, de duas vias complementares: raciocínio e experiências emocionais
anteriores. Estas experiências emocionais ficariam marcadas no nosso cérebro nas áreas préfrontais sob a forma de “marcadores somáticos”, segundo Damásio. Numa situação em que é
necessário decidir, processar-se-ia uma ligação entre o tipo de situação e o estado do corpo
(estado somático). As manifestações corporais associadas à situação vivida simulariam as
consequências esperadas, orientando as escolhas, as decisões.
André Filipe Santos Coelho
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Ficha de trabalho nº12 - Portefólio de Psicologia B