Conto Ligeiro
• O Arbítrio
• Personagens:
• Arbítrio, narrador e personagem principal da
história.
• Castão, Moralista que vive fazendo sermões.
• Infausto, É o protagonista que vê desgraça em tudo.
• Pôla, personagem que interage como opositora ao
arbítrio.
• Pureza e Trindade, personagens figurantes.
Tímidos, eles interagem mais como ouvintes e
espectadores; são agentes passivos que deixam
conhecer os seus sentimentos íntimos pelo que
pensam e pelas reações emotivas que transparecem
nos seus gestos e expressões fisionômicas.
• Santelo, é personagem que pertence a memorialista
de Arbítrio e que cita seus ensinamentos para
sustentar suas exortações. Santelo é o paradigma
do “pescador de homens”, vindo daí o seu nome. Os
fatos ligados a este personagem são verossímeis,
pois eles estão ligados a fatos reais que o autor
deste Conto Ligeiro ouviu de seu pai.
• Informações sobre o texto
•
Frases e períodos do conto ligeiro O Arbítrio
foram escritos com palavras do mesmo grupo
fonético, o que emprestou sonoridade à audição da
obra, se declamada. O leitor também encontrará
alguns ornamentos de linguagem que atenderam o
propósito de emprestar-lhe um quê poético.
Quando Santelo se fixou por ali, logo todos o
consideraram cheio de paixão pelas almas. Pôla, como era
conhecida Paula pelo feito lingüístico do irmão caçula ao
balbuciar-lhe o nome pela primeira vez, chamou para si a
atenção com o costumeiro e ruidoso muxoxo que fazia
quando ouvia o que não a agradava.
— Paixão é coisa que se tem pelo concreto – disse
sacudindo as pernas curtas abaixo das saliências laterais das
fartas nádegas esparramadas pelo assento da cadeira, embora
premidas pela calça de fustão turquesa que trajava.
Sentado na poltrona em frente de Arbítrio, que sempre
lhe fornecia a base dos pensamentos e prior natural das
questões colocadas para o grupo, Castão tinha a carranca
fechada e olhos postos em Pôla, tola perante o seu parecer.
Não ficou só na carranca. Foi prontamente falando:
— Sem fé não se tem chance de conhecer os postulados
da Palavra...
Da discrição passou para o conselho:
— Ó Pola, deixe a boa visão de Deus governar os teus
zelos.
— Gosto do vocativo dessa zanga do Castão – disse
Infausto juntando-se à valorosa demanda. – Duro juízo
vem!..., bradou valorizando o “vem” do vaticínio.
— Os sermões do Santelo destinavam-se a pequenos
peixes – balbuciou Pôla amuada.
— Porque preferia trabalhar com os
desvalidos?... És capaz de compreender o quanto
procurava preparar-se para chegar a eles? – defendeu
Arbítrio.
— Qual a cultura desses pobres párias para
que precisasse de preparo? – Póla continuava
sarcástica.
— Significação cheia de parcialidade. Pecado
que pode conduzir-te ao subterrâneo dos falecidos! –
proclamou Infausto.
A volúvel zombaria de Pôla não justificava a
fala fatídica de Infausto, julgou Arbítrio. Enquanto
vivesse seria viável a sua salvação.
— Santelo zelava pela liberdade real
— Real ou sonho sem sentido? – zunil a
sibilante reação de Póla.
Calando-se quanto ao rumo da conversa,
Arbítrio governou o conselho com a razão do seu Rei.
— Falsidades são todas as coisas que
conhecemos; não são feitas do que parecem ser. Se te
puseres a calcular a tua felicidade por elas, falharás! –
pregou Castão.
— E amor ardente não olha o aparente. O
mundão é lindo, mas só tem presente. Ele não terá
mais amanhã quando findar – suave e lento Arbítrio ia
Pôla ficou calada e ele continuou tentando
convencê-la da etérea existência da alma, objeto da
paixão de Santelo.
— Jovem baderneiro ganhava duvidosamente
a vida. Santelo, vizinho dele, garantiu-lhe a
vulgaridade do seu viver desbaratado. Vejam o jeito
do jambeiro... – disse Arbítrio com voz de zéfiro. –
...Sua pequena tela se fechando para pegar esse
peixe tão chué, pequeno, todo tisnado de tantos
pecados.
Fez pausa para pensar.
Pôla botou as mãos nos bolsos da jaqueta
vendo Castão boquiaberto e Infausto vangloriandose da desdita do jovem vilão bem descrito por
Arbítrio.
— Transformou-se o mal menino?
Castão perguntava e Pôla se chateava pelo
feito. Ficavam calados os bons de ouvido. Um era o
Trindade, chamado assim pela fé dos pais nas três
pessoas do Todo Poderoso, ao se converterem. Do
sexo feminino era quem se sentava próximo de
Castão; se chamava Pureza e tinha procedimento
condizente com o nome.
— A bondade de Deus deu-lhe a vida e Santelo
dedicou-se a guiá-lo na busca do galardão zenital –
disse Arbítrio jubiloso.
Infausto falou do trágico fim de Pôla,
chamando-a de perdida contumaz caso ficasse
titubeante perante o sacrifício de Cristo.
— Vê bem, Pôla: justiça deve governar a vida
e Deus gosta da bondade – garantiu Castão.
— Conta-se que Santelo, dia ainda cedo, com
unção de talento procurava sem pejo jagunço
violento. Achou-o desbotado, sem cor e sem fama
debruçado num balcão tomando uma Brama. Justo
em bar de ladrão entregando volantes, estendeu a
sua mão ao violento vilão. Palavras vibrantes de
misericórdia provocaram discórdia entre os
meliantes. Ameaçou Santelo o vilão mais franzino
vibrando um martelo. Outro, o Tomazino, punhos
qual cutelo, defendeu o Santelo.
Com zombaria no olhar relutante e laborando
solapar o raciocínio, Pôla ruminou:
— Pões contos da carochinha no argumento.
No fundo tal situação não se sustenta.
— Sem falsidade te falo. E conto fatos
consumados pela pregação da fé em Cristo perante
tantos quantos creram.
— Tens de outro um testemunho não
duvidoso?
Arbítrio girou o olhar e falou:
— Lembro de um bom para contar.
Pôla, mãos guardadas nos bolsos, verga-se
devagar e engole a baba para não vazar da boca já
disposta a balbuciar suas dúvidas.
— Teu ceticismo transparece sem pronunciares
palavra – falou Castão com semblante tristonho.
— Ainda que talentoso o argumento, bem a
voz calando, Pôla nem no amanhã se encontrará
diante da senda da esperança – sentenciou Infausto.
O taciturno Trindade e a sincera Pureza
pareciam querer chorar. Suspiraram calando o
pranto pronto para corromper sentimentos
chocantes.
Almas bondosas e desgostadas com a vetusta
injustiça da vida debalde vivida.
Parece que os feridos cuidados da paixão pelas
almas sacudiram os sentimentos de Pôla, pensou
Arbítrio se animando a contar-lhe a história.
•
— Certa vez Santelo conheceu um
comerciante que se proclamava ateu. Materialista e
bem de posses ele tinha certezas confusas, pois
freqüentava sessões espíritas...
— Materialista, mas não muito!
Pôla manifestava anuência. Muitas noites e até
em madrugadas manipulou seu gnomo.
— O que o comerciante fazia? – perguntou
Castão.
— Tinha empresa de construção civil e sócio
pouco fiel. Quando construía outro salão de
cultos para uma igreja conheceu o congregado
Santelo e contou-lhe que o sócio o estava
fraudando tanto que, fatalmente, perderia a sua
parte na sociedade. Se tal acontecesse, o mataria;
nem mais nem menos, pois a sobrevivência da
família dependia da firma.
Pureza desgostou-se diante da ostentosa
violência.
Arbítrio demorou para continuar. Parou, tossiu,
percebeu a comoção e prosseguiu:
— O homem tinha necessidade de dizer-lhe
tudo e esperava conhecer melhor conselho para se
livrar do medo de “pirar”. Contou todos os seus
cuidados a Santelo e perguntou-lhe:
— “O quê eu posso fazer?”
— “Confiar” – foi a resposta.
— “No quê?”
— “No quê não.”
— “Em quem?!...”
— “Sim, em Cristo!” foi a palavra de poder de
Santelo. O comerciante queria confiar, tão
precisado estava de solução para o seu caso. Depois
de dias e já gozando boa disposição voltou a
avistar-se com Santelo e lhe disse:
— “Desafiei Jesus!”
— “Qual o repto?”
— “Falei-lhe: Te chamam Filho de Deus; se
podes compadecer-te, prova-me solucionando o
problema que tenho.”
— “Qual a resposta?”
— “Silenciosa e real!”
— “Ganhaste um Rei?”
— “Sim, um Monarca bom e majestoso!”
Pôla tinha colocado um chiclete na boca e
Castão falou que o seu consumo não tinha proveito.
Só provocava ferida no estômago!
— Quem gosta de bobagens verá jorrar os
danos das gulodices descontroladas – vaticinou
Infausto.
Tirando os pés do travessão de apoio da
cadeira, mãos postas no assento e abaixo das
cochas, Pôla começou a sacudir as pernas curtas.
Indiferente, punha os seus olhos ora no pregador
ora no profeta de tragédias. Ia preparando com a
língua a pasta do chiclete até se fazer uma película
fina que prendeu aos lábios. Soprou uma bola que
foi aumentando até estourar. O chiclete se lhe
pegou aos lábios e nariz. Ela o lambeu e começou
uma Mastigação barulhenta simbolizando o seu
desprezo total pela pregação e advertência dos dois.
A seguir falou enfrentando a feição pacífica de
Arbítrio:
— Desejas tornar-nos nativistas das tradições
fenomenais; não duvido da tua narrativa. Todavia
tal notícia não faz parte do dia a dia dos
denominados discípulos de Jesus.
— Argumentas com a realidade, mas não
granjeias razão; quanto relatei, garanto. A Graça
não é remédio contumaz, ainda que se compraza no
governo dos remidos por Cristo.
Arbítrio conservava o olhar sereno fixado na
face de Póla, que se quedava calada.
— Sob o sol se acham pântanos infestados por
sucuris e prados cheios de flores; tem também a fé
dos fiéis que consterna o coração do Santo Pai a
conservá-los em portos seguros. Mas é na bondade
de Deus que o justo alcança galardão, bastando
vigiar boa jornada que agrade o seu juízo, onde
desponta o desejo de ganhar viajores vindos da
desventura, jornada de volta dos justificados por
Jesus.
— Sem essa lealdade sujeitam-se à ruína? –
zomba a relutante Pôla.
— Não há diferença. Justos e injustos estão
debaixo do juízo de Deus.
— A desgraça vem de Deus? – pergunta
Pureza, bisonha.
— A verdade vem de Deus. A desgraça vem do
homem, por deter a verdade em injustiça, julgou
um dia Santelo com base na Bíblia e diante de
alguém que jogou esse argumento.
— Que confusão!
— Compreende, Pôla – falou Arbítrio em seu
socorro –, o conhecimento sem a fé sustenta a
falsidade.
— Considero fanatismo pensar que o sujeito
do conhecimento só será capaz de proposições
verdadeiras se tiver a tua fé – argumentou Pôla em
testemunho da sua capacidade filosófica.
— Ponderando sobre a falsidade – falou
Arbítrio sem se perturbar – a sua preocupação é
com o conseqüente sem considerar o antecedente.
Se chamamos verdadeira a coisa criada, fica sem
sustento a ponderação da criação por um poder
passivo. Falsidade filosófica, portanto.
— Podemos falsificar o processo criativo,
Pôla? – perguntou Pureza
— A falsidade troca confidências com a
perdição quando pondera sobre o fato e conclui que
ele é cousa surgida sem causa produtora –
acrescentou Infausto.
— Deus não se agrada da dúvida do
viandante...
— Com farnel de boas obras, o breu da noite
nos devolve à vida – interrompeu Pôla a fala de
Castão, cuspindo o chiclete na cesta de papel atrás
de sua cadeira.
— Lembro de um caso contado por Santelo...
Arbítrio tinha os dedos trançados e anúncio no
olhar ditoso.
— Galdino, que trabalhava de engenheiro e
tinha casa perto de uma paróquia, foi visitado por
Santelo já na virada da sua vida. Lia suas literaturas
religiosas na sala onde estavam misturadas
publicações espíritas, mapas zodiacais, Bíblias
azuis, amarelas e pretas; pequenos boletins da
paróquia, bandeiras místicas, pés de coelhos,
mantas de presbíteros. Santelo fez-se anunciar
falando que trazia convite para a família participar
de uma importante cerimônia. Diante daquela
galeria de objetos no interior da casa – coisas
como a garantir a bem-aventurança de Deus –
deparando-se com as Bíblias pergunta:
— “Crês na Bíblia?”
— “Creio – garante Galdino e continua:
— “És religioso?”
— “Sou pescador de homens, conheces a
frase?’
Galdino afunda na cadeira, receando o rumo da
conversa.
— “Crês que a Bíblia é a Palavra de Deus?”
— “Não tenho nenhuma dúvida disso”.
— “Crês em Jesus?” – seguiu perguntando o
Santelo.
O “creio” era pouco convincente.
— “Quem é Jesus?” – Santelo queria saber
qual o tipo de fé de Galdino em Cristo.
— “Entre os espíritos luminares ele seria o
sol.”
— “Crês que Ele é o filho do Todo Poderoso?”
— “Não.”
— “A Palavra pode confirmar que sim.”
— “Mostra-me, então” – desafia Galdino.
— “Qual a Bíblia que eu posso usar?” –
pergunta Santelo apontando para as que estavam na
prateleira próxima.
— “Aquela ali” – aponta Galdino para uma
delas.
— “Essa é a única que não serve, e creio que
sabes disso.”
— “Então escolhe a que quiseres.”
Santelo estende a mão e pega a Bíblia editada
pelos espíritas. Galdino sorri sapientíssimo e
acompanha a busca de Santelo na Bíblia até
começar a ditar-lhe a passagem:
— “Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu e
Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé,
creste?;...”
— “Não terá Tomé exclamado para Deus
numa tontura extática?”
Santelo esperava por essa proclamação faltosa
de fé. Procura outro texto, procura mais outro...
Ao fim de dez passagens despedem-se. A porta
de saída do quintal Galdino diz:
— “Agora só falta ouvir o que o pároco tem a
falar.”
Lá no final da rua Santelo olha à ré. Galdino
faz-lhe um sinal. A mão parece pequena no aceno
indecifrável.
No grupo, alguns aguardavam um bom júbilo;
desgosto visível em Pureza e zanga jucunda em
Pola.
— Faz-me o favor de falar: qual das tuas
falácias se pode considerar?
— Olha aqui, ó Castão, caça na massa cefálica
mórbida centelha de fé, pois quem não tem querer,
precisa crer.
— Não duvidas do teu dito? – diz Arbítrio
tristonho. – Tanto Deus nos deu; tudo nos deixou!
Dentro de nós ou não, de nosso nada temos. É tudo
dele!
— Jazer na grandeza duvidosa é considerar a
basbaque direção visionária.
— Pensas como tola; te cansas com a dança
terreal. Com fé podias trocar o passo dessa polca e
dançar o balé do Criador.
— Proponho o tema fraternidade!
“Pondera, ó chato Castão, se tens projeto
superior para considerarmos”, pensou Pôla
após a fala, querendo fazer conhecida sua
superioridade filosófica.
— Qual a gnose?
Pôla calou, gaguejou com a questão,
gargarejou ruídos querendo contestar o
gongorismo.(*)
— É o ganho religioso que te contenta! completou Castão rumorejante.
— Vamos debater governados do bom
juízo? disse Arbítrio aos dois zangados.
— Como ponderar sobre a fraternidade?
Se a chamamos de sentimento fiel temos de
conceituar a fidelidade.
— O que é ser fiel, Castão? – pergunta
Pôla.
— Diria isso de um dom governo
verdadeiro.
— Mente: é boa probabilidade?
— Materialmente pode mostrar-se boa.
Mas precisa de bondade para o bem produzir.
— E Bondade é virtude divina – garante
Arbítrio –. Em gente vil bondade vem e vai.
Virtude é gestão vencedora de Deus.
— Subjugastes fraternidade aos
predicados supremos e fostes perspicaz –
pondera Póla –. E igualdade, podemos tê-la
com o Supremo?
— Esse tema seduz, sibila Pureza.
— O Todo-Poderoso nos fez do pó.
Contudo, pode tudo o Senhor e chamou-nos
para Si pelo Filho querido, que é tal qual
somos.
— Falas sobre o Cristo?
— Sim, Jesus fez-se homem e salvou-nos
da vil separação.
“A Pôla muda para a banda bendita?”,
pondera Pureza.
“Deixa-se nascer de novo!”, não titubeia
o Trindade.
“Vê, afinal, a justiça !”, julga Infausto,
visivelmente feliz.
— Cristo te salva e te faz filha do Pai! –
exclama Castão querendo persuadir a
titubeante Pôla.
Tudo isso pensam e falam num dia que
se chama: hoje! Passado histórico imperando
sem se tornar impositivo.
Querem retê-la no redil.
Rogam ganhá-la para Cristo.
Pôla rola os olhos. Pondera a fé em
todos. Sente claudicar o pulsar do
compromisso e fecha-se na ponderação das
possibilidades tantas que chamam de fé.
— Se restringe a liberdade? Sob a
realeza zenital estarei subjugada?
— Liberdade zanga com a realidade se
levares a sério o zanzar desta lida.
— Jorra do jacá de Deus?
— O Senhor a tem em si, pois é o TodoPoderoso. Tú podes tudo ó Pôla?
— A Bíblia diz: “Deus é espírito”. Na
jeira* de Deus o governo é dos espíritos.
— Voltas ao gnosticismo espiritualista.
— É gnose comprovada – garante Pôla.
— Te sustentaste na Palavra e agora
foges tentando as fracas possibilidades
kardecistas. Se crês em tudo, te faltarão
convicções. Falar pela Palavra é suficiente.
Arbítrio levava a rixa pelas rédeas da
lealdade. Sozinho, o zelo do seu Rei se
impunha. Calavam-se os demais percebendo a
tutelar garantia da Palavra de Deus, pois ele
botava boca afora os conselhos da Bíblia.
— Por que temeria eu se falhassem as
promessas do Todo-Poderoso conforme as
tenho na Sua Palavra e estivesses tú certa?
— Conforme os kardecistas eu tornaria a
ser.
— Contudo, se falharem os kardecistas e
forem certas as palavras do testemunho dos
profetas, que possibilidade terás de ser
chamada ao céu, se para o além partires sem
Cristo?
Pôla parecia gelada, pois tinha as
bochechas desbotadas. Arbítrio dirigiu-lhe um
gesto bondoso, como a dizer-lhe: queda-te
confiante. Depois continuou:
— Falaste: “Com farnel de boas obras, o
breu da noite nos devolve à vida”. Julga bem:
Deixará Deus dois espíritos vivendo na
vileza* e vasculhando a jeira Dele?
“Mostra-se minguado o bom senso de
Pôla” ? pondera a bondosa Pureza.
“Debate-se na dúvida”? – deduz
Trindade.
“Sente-se reprovada diante das zelosas
sutilezas daquele seguidor do Senhor? –
reflete Infausto.
Cabisbaixa, Pôla sacode as pernas.
— Quantas tolices tenho pensado sobre
tudo quanto pedes para pronunciar-me.
Presentemente posso calcular que tudo quanto
eu cria era falso. Quero a Cristo tanto quanto
tenho percebido ser o querer de todos os
chamados seus.
Assim, lindo mundo mostrou um novo
amanhã conquistado por Pôla.
*gongorismo - excesso de metáforas, antíteses e
anástrofes
*jeira - A extensão de terreno que uma junta de
bois pode arar num dia
*vileza - que vive numa vida
Romance
O Milênio e o Tempo
O Autor deste Conto procura irmãos que apreciem a
leitura de ficções evangélicas e que aceitem
ajudar na divulgação do romance em suas
igrejas.
Apesar de aprovado por três editores de editoras
evangélicas, que não publicam o gênero e um
dos mais ilustres literatos brasileiro, das fileiras
presbiterianas, teve sua obra rejeitada à
publicação pela única editora evangélica
brasileira que
publica aqui ficções de escritores e irmãos norteamericanos.
Os possíveis irmãos que se manifestarem dispostos
a colaborar com a iniciativa de ler e divulgar a
obra em suas igrejas, enviará o texto pela
internet, para leitura.
Desde já agradece pelo apoio
Se for possível, repassem o conto e este apelo a
líderes de outras igrejas batistas
Contatos pela internet:
Carlos Mendes
[email protected]
Membro da IBVG – Igreja Batista em Vila Gerte
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conto ligeiro O Arbítrio - Igreja Batista em Vila Carmosina