Unidade I
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO
SOCIOLÓGICO
Profa. Rita Maciel
Introdução ao Pensamento
Sociológico
Ementa:
 Unidade I
1. A Sociologia nos diversos campos da vida
humana
2 O Renascimento e o novo pensamento
2.
social
3. O surgimento da ciência e as bases da
Sociologia
4. Surgimento da Sociologia
Introdução ao Pensamento
Sociológico
Unidade II
5. A Sociologia de Durkheim
6. Max Weber e a Sociologia alemã
7. Marx e o materialismo dialético
8. A contribuição de Gramsci ao
pensamento sociológico
Introdução ao Pensamento
Sociológico
Apresentação:
 A sociologia nasce diretamente
relacionada aos objetivos de estabilidade
social das classes dominantes e tem
como preocupação compreender as
consequências dos conflitos de classes,
e sua função passa a ser dar respostas a
essa crise.
“A sociologia é uma ciência que se define
não por seu objeto de estudo, mas por sua
abordagem, isto é, pela forma como
pesquisa, analisa e interpreta os fenômenos
sociais.”
(COSTA, 1997, p. 11)
Introdução ao Pensamento
Sociológico
Cont.: Apresentação:
 A história do pensamento sociológico no
Ocidente tem sua origem no século XVIII,
período de grandes transformações nas
conjunturas política, econômica e cultural
da sociedade, em um contexto marcado
pelo impacto da eclosão de duas grandes
revoluções: a Revolução Industrial, na
Inglaterra, e a Revolução Francesa.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
Objetivos:
 Contribuir para a compreensão dos
princípios da sociologia como uma
forma de conhecimento que se
transformou em campo científico.
 Oferecer subsídios para a compreensão
da história da sociologia como ciência,
seus conceitos, objetos e métodos,
assim como suas matrizes clássicas.
 Possibilitar o desenvolvimento de
habilidades que permitam compreender
a vida cotidiana e os conceitos
específicos dessa ciência.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
Introdução:
 A função da sociologia como ciência é,
ao mesmo tempo, observar os
fenômenos que se repetem nas relações
sociais e se ocupar com eventos
específicos, únicos, como o surgimento
do capitalismo ou do Estado moderno,
explicando os significados e a
importância que esses eventos têm na
vida dos cidadãos.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
A Sociologia nos diversos campos
da vida humana
 As ciências sociais têm sua origem na
preocupação que o homem adquiriu com
o tempo em entender os denominados
comportamentos sociais, isto é, aqueles
que existem a partir da vida em sociedade,
da convivência em grupo.
Para facilitar a sistematização do estudo
e das pesquisas que se inseriram nessa área
de conhecimento, foi necessária a divisão em
diversas disciplinas, entre elas:
Introdução ao Pensamento
Sociológico
 A sociologia: abrange o estudo dos
grupos resultantes da divisão da
sociedade em camadas, além de buscar
compreender o processo de mobilidade
social, cooperação, competição e
conflito existente nos diferentes tempos
e espaços.
 A economia: nessa área de estudo, a
preocupação está voltada a entender,
por exemplo, a distribuição de renda de
um país
país, sua política salarial
salarial, a produção
de empresas, entre outras atividades
relacionadas à economia.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
 A antropologia: fazem parte dos objetos
de estudo da antropologia a diversidade
cultural, os tipos de organizações
familiares, as religiões, os rituais etc.
 A ciência política: preocupa-se em
entender e analisar as relações de poder
existentes na sociedade, assim como as
diversas formas de governo, os partidos
políticos etc.
 Essa divisão não é nítida entre as diversas
disciplinas, que se complementam e se
juntam para explicar a vida em sociedade
em todos os contextos e com toda a
complexidade de cada tempo e
espaço.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
A sociologia pré-científica:
 No decorrer dos anos, várias foram as
maneiras que as sociedades humanas
encontraram para compreender a vida em
grupo. Nesse período, as explicações se
apoiaram na fantasia, resultado de uma
visão mítica.
 Dessa capacidade de pensar o mundo,
atribuindo significados à sua realidade, o
homem criou o conhecimento.
 Durante séculos, o homem pensou sobre
si mesmo e sobre seu mundo, adquirindo
conhecimentos e estabelecendo
interpretações de acordo com a
sua vida cotidiana.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
 As explicações sobre a vida social
estavam relacionadas ao mito, à religião
e à filosofia, que passam a constituir as
formas pré-científicas de consciência e
de explicação da realidade humana.
 Para muitos pesquisadores, essas
maneiras de compreender a
representação da vida social nada têm
em comum com a sociologia e, no
máximo, desenvolvem tipos de
raciocínio fundamentalmente diferentes
e opostos ao raciocínio científico.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
A filosofia, os mitos, a religião:
“O homem nasce para viver em sociedade.”
(Aristóteles)
 Os primeiros passos para explicar e
estudar as sociedades humanas foram
dados pelos filósofos gregos Platão
(427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C),
que publicaram em suas obras “A
República” e “Política” suas
considerações sobre aspectos da vida
em sociedade.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
 Em “A República”, Platão analisa como
deve ser organizada uma cidade-estado
para evitar as crises políticas e sociais:
estipulado o número máximo de
habitantes. Nessa cidade, os dirigentes e
guardiões representam a concretização
da racionalidade, enquanto os discípulos
são dóceis e capazes de compreender
todas as renúncias que a razão lhes
impõe, mesmo quando duras.
 Aristóteles descreve em “Política” que
as crises são inevitáveis e não existe
maneira de se escapar das mudanças
institucionais.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
 No período da Idade Média, a vida em
sociedade era vista pelos filósofos como
uma forma de convivência
desorganizada, por isso, propunham
normas para que o homem vivesse em
uma sociedade ideal
ideal.
 A obra “Cidade de Deus”, escrita por
Santo Agostinho, por exemplo, descreve
a vida dos homens em suas cidades e a
convivência com o pecado. A definição
de normas
normas, para esse autor,
autor possibilitaria
uma vivência em uma cidade
sem pecado.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
 De uma maneira geral, essas obras
descreviam a sociedade humana de uma
perspectiva religiosa muito acentuada.
 Baseavam-se mais na imaginação, na
fantasia e na especulação do que na
investigação científica dos fenômenos.
Deuses e heróis eram invocados para
explicar certos fenômenos sociais.
 Desde a Antiguidade, passando pelo
período medieval até o início da Idade
Moderna, as interpretações e as
explicações sobre a sociedade foram
influenciadas pela filosofia e
pela religião.
Interatividade
Na obra “Cidade de Deus”, Santo Agostinho
descreve a vida dos homens em suas
cidades e a convivência com o pecado. A
perspectiva usada pelo autor em sua obra
baseia-se na perspectiva:
a) Científica.
b) Sociológica.
c) Positivista.
d) Religiosa.
e) Antropológica.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
O Renascimento e o novo
pensamento social:
 As bases do Renascimento eram
proporcionadas pelo humanismo,
corrente filosófica que negava a
escolástica medieval, que até então
predominava, e propunha o retorno
às virtudes da Antiguidade.
 Alguns autores greco-romanos como
Platão, Aristóteles, Virgílio, Sêneca e
outros começam a ser traduzidos e
rapidamente difundidos.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
 As concepções passadas por essas obras
favoreceram o desligamento das questões
sagradas e transcendentais e, ao mesmo
tempo, contribuíram para uma
mentalidade mais laica, com
características imediatistas e materiais
materiais.
 Os filósofos renascentistas imaginaram
uma sociedade perfeita. Assim como a
Atlântida, obra de Francis Bacon, Thomas
Morus imagina uma comunidade em que
todas as soluções
ç
foram encontradas: a
Utopia. Uma ilha cujo nome significa
“nenhum lugar”, onde existe harmonia,
equilíbrio e virtude (COSTA, 1997).
Introdução ao Pensamento
Sociológico
A obra “Utopia” é considerada a primeira a
criticar o regime burguês, encerrando uma
análise profunda das especificidades do
feudalismo em decadência, inaugurando
outra maneira de compreender a sociedade,
considerada por muitos pesquisadores
como o germe do pensamento sociológico.
Introdução ao Pensamento
Sociológico
“Para muitos pesquisadores, coube a
Maquiavel obter maior êxito em relação
ao desenvolvimento do pensamento
sociológico, na medida em que seu objetivo
foi conhecer a realidade tal como se lhe
apresentava em vez de imaginar como ela
apresentava,
deveria ser.”
(COSTA, 1997)
 As obras de Thomas Morus e Maquiavel
exemplificam a maneira diferente de
perceber
b as relações
l õ sociais,
i i que passam
a se constituir como objetos de estudos.
 Esses filósofos descrevem em seus livros
a vida humana e sua relação com as
condições políticas e econômicas, ao
contrário dos seus antecessores,
que exaltavam a fé ou a consciência
individual.
individual
 O contexto do movimento renascentista
motivou a formação de uma nova
sociedade e contribuiu para o
aparecimento de novas relações sociais
em seu cotidiano.
cotidiano
 A vida urbana fez surgir um novo
comportamento, já que as relações
cotidianas como o trabalho, o lazer, o
tipo de moradia, por exemplo, exigiam
um novo comportamento dos homens.
 O Renascimento foi, assim,
fundamentalmente uma nova concepção
de vida adotada por uma significativa
parcela da sociedade e que será
difundida nas obras de arte.
 Thomas Morus concebeu, em sua obra, a
ilha de Utopia, baseado na crença da
existência da propriedade privada e na
importância do alcance dos interesses
individuais, o que para ele era viável se
feito através do preenchimento prévio
das necessidades coletivas.
 A propriedade privada é a essência dos
problemas da humanidade. Entende-se
como propriedade privada a
desigualdade material,
material que se refere
muito mais à propriedade privada como
vemos hoje do que à concentração de
riquezas por direito de posse, como no
caso da nobreza europeia tradicional.
 A ideia defendida é a de que a sociedade
é um conjunto de interesses coletivos,
mais importantes que os individuais,
aliás, a única maneira de alcançar
prosperidade e progresso é subordinar
os últimos aos primeiros.
primeiros
 Reconhecido por possuir uma
experiência empírica e realista,
Maquiavel traçou as bases de uma nova
concepção política referente ao conceito
de virtú,
virtú o que fez da obra “O Príncipe”
alvo de equivocadas interpretações.
Historiador, poeta, diplomata e músico
italiano do Renascimento, Nicolau
Maquiavel (1469-1527) foi considerado
fundador do pensamento e da ciência
política moderna por ter escrito várias
obras sobre o Estado e o governo
governo,
descrevendo suas reais características e as
possibilidades que essas instituições
poderiam ter.
Os valores do Renascimento:
 Humanismo: primeira forma de elaborar
uma concepção do mundo cujo centro
fosse o próprio homem, origem de todo
o pensamento moderno.
 Movimento intelectual floresceu durante
o século XIV, no final da Idade Média, e
alcançou plena maturidade no
Renascimento, cuja orientação era
reviver os modelos artísticos da
antiguidade clássica, considerados
exemplos de afirmação da
independência do espírito humano.
Destacam-se no Renascimento
valores como:
 O antropocentrismo: “o homem é a
medida de todas as coisas”; a
compreensão do mundo passava a ser
relacionada à importância do ser humano.
O trabalho, as guerras, as transformações,
as contradições humanas tornaram-se
objetos de preocupação entendida
como produto da ação do homem.
O racionalismo: a crença de que tudo pode
ser explicado pela razão do homem e pela
ciência e, como consequência, a recusa em
acreditar em qualquer coisa que não tenha
sido provada.
 Dessa forma, o experimentalismo e a
ciência conheceram grande
desenvolvimento como o estímulo à
invenção de objetos como o telescópio,
que permitiram a ampliação dos
conhecimentos e a convicção na
capacidade humana de explicar o mundo
de forma racional.
O individualismo: a convicção de que cada
um é responsável pela condução de sua
vida, criando a possibilidade de fazer
opções e de manifestar-se sobre diversos
assuntos, caracterizaram o individualismo.
Essa concepção refletiu a emergência da
burguesia e de novas relações de trabalho.
O naturalismo: destacou-se a importância
do estudo da natureza, aguçando o espírito
de observação do homem. Não apenas a
natureza física era investigada, como
também a natureza humana, nos estudos de
anatomia e nas representações dos corpos
humanos nas obras de arte, com o uso
cada vez mais frequente da nudez nas
pinturas renascentistas.
 O hedonismo: representou o “culto ao
prazer”, ou seja, a ideia de que o homem
pode produzir o belo, pode gerar uma
obra apenas pelo prazer que isso
possa lhe proporcionar, rompendo
com o pragmatismo.
pragmatismo
 O universalismo: é considerado uma
das principais características do
Renascimento ao propor que o homem
deve desenvolver todas as áreas do saber.
O resgate da Antiguidade: ao estudar a
forma de viver e de pensar dos
antepassados, os humanistas acabaram
contribuindo para a compreensão das
instituições e saberes, suas mudanças e
alterações O conhecimento adquirido por
alterações.
esses estudos não significava a busca de
uma repetição, mas a possibilidade de
estabelecer um vínculo entre antigos e
modernos, estes deviam àqueles o
embasamento e o estímulo para novas
criações e transformações.
Interatividade
Primeira forma de elaborar uma concepção
do mundo cujo centro fosse o próprio
homem. Movimento intelectual que
floresceu no século XIV, no final da Idade
Média, e alcançou plena maturidade no
Renascimento Denomina
Renascimento.
Denomina-se:
se:
a) Racionalismo.
b) Humanismo.
c) Naturalismo.
d) Individualismo.
Individualismo
e) Universalismo.
As Grandes Navegações:
 Por meio das grandes navegações, pela
primeira vez na história o mundo seria
totalmente interligado e somente após o
encontro dos vários povos foi possível
falar em uma história em escala mundial
mundial.
 As viagens marítimas tornaram-se um
empreendimento do Estado, que através
da centralização política ofereceu
condições para mobilizar os capitais
necessários ao financiamento das
expedições.
 Estava assim garantido o sucesso
dos projetos de conquista
e colonização.
Objetivos da expansão:
 acúmulo de metais, principalmente,
o ouro e a prata;
 ampliação do mercado consumidor
dos produtos europeus;
 comércio de especiarias (noz moscada,
cravo etc.);
 acúmulo de terras como fonte
de riquezas;
 conversão de fiéis ao catolicismo.
O Iluminismo: movimento filosófico que
sucedeu o Renascimento.
 Esse movimento possibilitou o
surgimento de novas ideias sobre a vida
social e da coletividade.
 Define-se o conceito de nação como
forma de organização política, o que
correspondeu à expansão territorial e ao
fortalecimento da burguesia local, que
teria total controle sobre o mercado.
Os pensadores do Iluminismo:
 Montesquieu (1689-1755): fez parte da
primeira geração de iluministas e sua obra
principal foi “O espírito das leis”.
Considerado um dos precursores da
sociologia, levantou questões
sociológicas antes mesmo do surgimento
da ciência.
 Voltaire (1694-1778): destacou-se por
elaborar críticas à religião e à monarquia
e foi considerado o homem símbolo
do movimento iluminista, além de
ser um grande agitador, polêmico
e propagandista das ideias
iluministas.
Diderot (1713-1784): grande parte de sua
vida foi dedicada à organização da primeira
Enciclopédia, sendo essa a sua principal
contribuição. De inspiração racionalista e
materialista, propunha a imediata
separação da Igreja e do Estado e o
combate às superstições e às diversas
manifestações do pensamento mágico,
entre elas as instituições religiosas. Sofreu
intervenção da censura e condenação
papal, mas acabou por exercer grande
influência no mundo intelectual e inspirou
os líderes da Revolução Francesa.
D’Alembert (1717-1783): escreveu e ajudou
na organização da enciclopédia, tornando-se
uma figura-chave do século do Iluminismo.
Foi matemático e abriu novos caminhos ao
desenvolvimento dos métodos de cálculo
matemático e físico,
matemático,
físico contribuindo para a
unificação dos princípios da mecânica dos
sólidos e dos fluidos. Filósofo, examinando
de maneira crítica a gênese e o significado
dos conhecimentos científicos, interessandose notadamente pela questão de sua
validade, assim como das condições
de sua aplicação.
Rousseau (1712-1778): redigiu alguns
verbetes para a “Enciclopédia”, dedicandose também ao desenho, à pintura e à
música. Suas principais obras foram
“Emílio”, “Do contrato social”, “Discursos
sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens” e “Discurso
sobre as ciências e as artes”. Foi criticado
severamente e perseguido, mas suas ideias
foram amplamente divulgadas no contexto
da Revolução Francesa.
John Locke (1632-1704): teórico inglês,
defendeu a ideia de que a sociedade
resultava da livre associação entre
indivíduos dotados de razão e vontade.
Para Locke, esse contrato definia as formas
de poder
poder, as garantias de liberdade
individual e o respeito à propriedade e,
por isso, deveria ser redigido como
uma constituição.
A ilustração e a influência dos fisiocratas:
 A escola fisiocrática teve origem no
século XVIII e é considerada a primeira
escola de economia científica. Seu
surgimento esteve relacionado com a luta
contra o mercantilismo, um sistema que
enfatizava a indústria e comércio voltado à
exportação, regido pelas complexas
regulamentações governamentais. Os
produtos da agricultura deveriam ser
valorizados e vendidos a alto preço e os
proprietários de terras reconhecidos como
os verdadeiros promotores da riqueza do
país e respeitados como tal.
 Para os fisiocratas, a economia deveria
ser regida por leis naturais de oferta e
procura que tendiam a estabelecer, de
maneira mais eficiente, os preços,
assim como o melhor produto e o
melhor contrato direcionado pela
livre concorrência.
 A origem da ciência econômica foi
atribuída a Adam Smith, que em seus
estudos buscou demonstrar a importância
da análise científica e do trabalho,
trabalho
principal fonte de riqueza.
As transformações do liberalismo:
 As concepções do liberalismo
contribuíram para transformações na
forma de pensar as relações de poder, as
ações econômicas e políticas.
 As propostas liberais provocaram uma
separação entre negócios públicos e
privados, ou seja, entre os assuntos do
Estado (que deve se ocupar com a
política, isto é, com as questões da
esfera pública) e os da sociedade civil
(que deve se ocupar das atividades
particulares, principalmente, as
econômicas).
 Faz parte dos princípios básicos do
liberalismo, no âmbito político, a divisão
do poder em três instâncias autônomas e
equilibradas: Executivo, Legislativo e
Judiciário, conforme postulado pela
primeira vez pelo escritor e filósofo
francês Montesquieu. Cada uma delas tem
suas atribuições específicas e acima delas
estão as leis, das quais a maior é a
Constituição de um país.
 No liberalismo
liberalismo, a consciência é
marcada pela valorização do princípio
da legalidade, ou seja, ninguém pode
se colocar acima da lei, inclusive
o governante.
Dos ideais do liberalismo também se
originou o conceito de cidadania que, em
suas origens, no século XVIII, referia-se
apenas a direitos civis: à liberdade e à
segurança individual, direito de ir e vir,
liberdade de crença e opinião
opinião, seu lugar
institucional eram os tribunais e sua
vigência dependia da aplicação
progressivamente imparcial da lei.
O surgimento da ciência e as
bases da sociologia:
 Os efeitos da nova tecnologia foram
verificados na sistematização do
pensamento científico que se favoreceu
dos inventos como o para-raios e as
vacinas, assim como o desenvolvimento
da mecânica para que se concretizassem
os êxitos.
 Essas ideias de progresso, racionalismo,
cientificismo contribuíram para uma
mudança de mentalidade da época.
Para a filósofa Marilena Chaui, existe uma
diferença entre a atitude científica e as
atitudes costumeiras, também chamadas de
senso comum. Para a pesquisadora,
somente a ciência desconfia da veracidade
de nossas certezas
certezas, de nossa adesão
imediata às coisas, da ausência de crítica e
falta de curiosidade. “Por isso, ali onde
vemos coisas, fatos e acontecimentos, a
atitude científica vê problemas e
obstáculos, aparências que precisam ser
explicadas e, em certos casos, afastadas”
(CHAUI, 1999).
 Nesse contexto em que o método
científico se afirma como poder, formouse a primeira escola científica do
pensamento sociológico, o positivismo.
 Essa primeira corrente deu início à
definição do objeto e estabeleceu
conceitos e uma nova metodologia
de investigação.
Surgimento da sociologia:
 No século XVIII surgiu a sociologia,
influenciada pelas primeiras pesquisas
sociais e pelas ideias gerais do
Iluminismo, como forma de entender e
explicar aquelas mudanças sociais.
 Ao refletirmos sobre a sociologia, temos
que considerar que é uma ciência datada
historicamente e que sua origem está
vinculada à consolidação do
capitalismo moderno.
 A sociologia marca uma mudança na
maneira de se pensar a realidade social,
diferenciando-se das preocupações
voltadas às explicações transcendentais
e assim progressivamente das demais
ciências como uma forma racional e
ciências,
sistemática de compreensão
da sociedade.
 Diferentemente das explicações da
filosofia, a sociologia utiliza em suas
análises o método estatístico
estatístico, além da
observação empírica e de uma
neutralidade metodológica.
Para a sociologia, o tipo de conhecimento
produzido pode servir a diferentes tipos de
interesses; desde construir uma forma de
conhecimento comprometido com
emancipação humana, até criar um tipo de
conhecimento orientado no sentido da
promoção do melhor entendimento dos
homens acerca de si mesmos, com a
finalidade de alcançar maiores patamares
de liberdade política e de bem-estar social.
A sociologia pode também ser considerada
uma “ciência da ordem”, a partir do
momento em que seus resultados sejam
utilizados para melhorar os mecanismos de
dominação por parte do Estado ou de
grupos minoritários
minoritários.
Interatividade
A escola fisiocrática teve origem no século
XVIII e é considerada a primeira escola
científica. Seu surgimento esteve
relacionado com:
a) O pioneirismo português.
b) Os contratos entre os homens e as
garantias de liberdade individual.
c) A expansão marítima.
d) A colonização espanhola.
e) A luta contra o mercantilismo.
Principais correntes sociológicas:
 Com o desenvolvimento do pensamento
sociológico, surgiram diferentes
correntes, isto é, maneiras diversas de
conceber essa forma de conhecimento.
 Essas correntes são classificadas em:
 organicismo positivista,
 teorias do conflito,
 formalismo,
 behaviorismo social e
 funcionalismo.
Organicismo positivista:
 Tendência do pensamento originado na
filosofia idealista que construiu sua
visão do mundo sobre um modelo
orgânico, enquanto o positivismo se
fundamenta em uma interpretação do
mundo baseada exclusivamente na
experiência e adota como ponto de
partida a ciência natural, que tenta
aplicar seus métodos no exame dos
fenômenos sociais
sociais.
Teoria do conflito:
 Permitiu à sociologia uma nova dimensão
da realidade e é considerada a segunda
grande construção do pensamento
sociológico, surgida ainda antes que o
organicismo tivesse alcançado sua
maturidade.
 Em seus pressupostos, o problema das
origens e do equilíbrio das sociedades
perdeu importância diante dos
significados atribuídos aos mecanismos
de conflito e de defesa dos grupos e da
função de ambos na organização
de formas mais complexas de
vida social.
É importante destacar, entre essas teorias,
o socialismo marxista, que representava
uma ideologia do conflito defendida em
nome do proletariado, além do darwinismo
social, que representava uma ideologia
elaborada para as classes superiores da
sociedade que defendia uma política
seletiva e eugênica. Ambas enriqueceram a
sociologia com novas perspectivas
teóricas.
 Para os darwinistas sociais, as
atividades de assistência e bem-estar
social não devem ocupar-se dos menos
favorecidos socialmente porque estariam
contribuindo para a destruição do
potencial biológico da raça,
raça já que a
pobreza seria apenas a manifestação de
inferioridade biológica.
 Esses teóricos passaram a ser criticados
pelas suas conotações claramente
racistas e sectárias
sectárias.
Formalismo:
 Corrente teórica que definiu a sociologia
como o estudo das formas sociais, isto é,
para esses teóricos, o papel da sociologia
era estudar os acontecimentos e as
relações sociais.
 A sociedade só pode ser compreendida a
medida que se façam comparações entre
as relações que caracterizam qualquer
sociedade ou instituição, como as
relações entre marido e mulher ou entre
patrão e empregado, e não entre
sociedades globais, ou entre instituições
de diferentes sociedades.
Behaviorismo social:
 Corrente surgida entre 1890 e 1910, que se
dividiu em três grandes ramos:
 Behaviorismo pluralista;
 Interacionismo simbólico;
 Teoria da ação.
 Funcionalismo: integrado por dois
importantes ramos: o
macrofuncionalismo, derivado do
organicismo sociológico e da
antropologia, e o microfuncionalismo,
inspirado nas teorias da escola
psicológica da Gestalt e no
positivismo.
Auguste Comte e o positivismo:
 Nasceu do “cientificismo”. Após a
Revolução Industrial, a ciência e a
técnica tornaram-se aliadas, provocando
intensas modificações na sociedade
como jamais havia ocorrido.
 A ciência passa a ser considerada o
único conhecimento possível e o método
das ciências da natureza, o único válido.
O método do positivismo:
 Baseado na observação dos fenômenos,
por meio da promoção do primado da
experiência sensível, única capaz de
produzir, a partir dos dados concretos
(positivos), a verdadeira ciência (na
concepção positivista), sem qualquer
atributo teológico ou metafísico,
subordinando a imaginação à
observação, tomando como base
apenas o mundo físico ou material
material.
 Na concepção de Comte, o estado
positivo corresponde à maturidade do
espírito humano e o termo positivo
designa o real em oposição ao
quimérico, a certeza em oposição à
indecisão o preciso em oposição ao
indecisão,
vago. É o que se opõe a formas
tecnológicas ou metafísicas de
explicação do mundo.
“O objetivo da sociologia, portanto, é
definir o que a sociedade é e não dizer o
que ela deveria ser.”
(Auguste Comte)
A influência do positivismo no Brasil:
Destacam-se em suas ações as seguintes
medidas republicanas sob a influência do
positivismo:
 a frase expressa na bandeira
republicana: “Ordem e Progresso”;
 a separação da Igreja e do Estado;
 as leis de decreto dos feriados;
 a instituição do casamento civil.
O darwinismo social e o contexto
histórico do positivismo:
 Ao se apoderarem de regiões do mundo
cujo modo de vida era totalmente
diferente do capitalismo europeu, o
confronto entre as diferentes culturas
era inevitável. “Assim, a ‘civilização’ era
oferecida, mesmo contra a vontade dos
dominados, como forma de ‘elevar’
essas nações do seu estágio primitivo a
um nível mais desenvolvido” (COSTA,
(COSTA
1997, p. 47).
 As ideias de Charles Darwin sobre a
evolução biológica das espécies animais
contribuíram para desenvolver essa nova
forma de pensar dos europeus.
 Essas ideias que estavam relacionadas às
ciências naturais passaram a ser
utilizadas também por alguns estudiosos
das ciências humanas, resultando no
darwinismo social.
 Para essa concepção, as sociedades se
transformam passando de um estágio
inferior a outro superior, garantindo a
sobrevivência de sociedades e indivíduos
mais fortes e mais evoluídos.
O livro “A origem das espécies”, de Darwin:
 Nessa obra, Darwin propôs uma teoria
para o surgimento de novas espécies
partindo de outras.
 A seleção natural seria o resultado
da luta pela sobrevivência, envolvendo
o ser humano e sua capacidade de
se reproduzir.
 Francis Dalton transportou essas ideias à
sociedade, buscando promover o conceito
de “melhorias hereditárias”.
 Essa proposta se desenvolveu entre 1865
e 1869 e passou a ser conhecida como
eugenia após a morte de Darwin.
As críticas ao darwinismo:
 Aplicar os princípios da seleção natural
nas sociedades humanas tornou-se o
centro das críticas ao darwinismo que,
em sua concepção, não levou em conta o
caráter cultural da vida humana, o
desenvolvimento de suas formas de vida
ou princípios diferentes daqueles
existentes na natureza.
 Essa transposição serviu para justificar
ações políticas e econômicas que
intervinham em sociedades sem ao
menos avaliar o que realmente
significava o “mais forte” ou o
“mais evoluído”.
O determinismo científico:
 De acordo com as concepções do
determinismo científico, tudo que existe
tem uma causa e o mundo é explicado
pelas suas necessidades e não
pela liberdade.
 Necessário significa tudo que tem de
ser e não pode deixar de ser.
 No século XIX, essa concepção foi
aplicada pelos positivistas às ciências
humanas, considerando a escolha livre
uma mera ilusão.
Taine (1828-1893), discípulo de Comte,
tornou-se conhecido por adequar essas
concepções às leis da sociologia, segundo
as quais toda vida humana social se
explicaria por três fatores:
 A raça: grande força biológica das
características hereditárias, as quais
determinam o comportamento do
indivíduo.
 O meio: no qual o indivíduo se submete
a fatores geográficos (como o clima, por
exemplo), bem como o ambiente
sociocultural e as ocupações
cotidianas da vida.
 O momento: pelo qual o indivíduo é fruto
da sociedade em que vive, estando
subordinado a uma determinada maneira
de pensar as características de seu tempo.
 O pressuposto do pensamento de Taine é
o determinismo, pois para ele o ato
humano não é livre, já que esses fatores
interferem em todos os aspectos da vida.
Interatividade
Podemos destacar como influência do
positivismo no Brasil, as seguintes ações
republicanas:
a) A separação da Igreja e do Estado e a
instituição do casamento.
b) A impossibilidade da liberdade religiosa e
a expansão da Igreja.
c) A reforma da imprensa e a união das
escolas militares.
d) As leis de decretos dos feriados e a
imposição da religião positivista.
e) A frase expressa na bandeira:
“Liberdade e Ordem” e o
anonimato da imprensa.
ATÉ A PRÓXIMA!
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introdução ao pensamento sociológico