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Alternativo
O Estado do Maranhão - São Luís, 6 de julho de 2012 - sexta-feira
Livro resgata história
do Anjo da Guarda
Reprodução/Capa do livro
Um terço de memória: entre o Anjo da Guarda e capela da onça, e os heróis do Boi
de Ouro , de Herbert de Jesus Santos, será lançado hoje, no Teatro Itapicuraíba
Biné Morais
O
resgate e registro da memória dos primeiros moradores do bairro Anjo da
Guarda, removidos após o incêndio que atingiu o bairro Goiabal,
em 1968, é um dos fios condutores do livro Um terço de memória: entre o Anjo da Guarda e capela da onça,e os heróis do Boi de
Ouro, do jornalista e escritor Herbert de Jesus Santos. A publicação, independente, será lançada
hoje, às 18h30, no Teatro Itapicuraíba (Anjo da Guarda).
O livro aborda também histórias da Praia da Madre Deus, Tabatinga e Salina do Lira, bem como o surgimento da Barragem
do Bacanga, em 1970. A vontade
de registrar estas histórias acompanha Herbert de Jesus há décadas, desde que era aluno do curso de Comunicação Social da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Além disso, ele
mesmo vivenciou momentos do
surgimento e mudanças dessas
áreas da cidade.
Morador da Madre Deus,
Herbert de Jesus viu sua casa
destruída com o surgimento da
Barragem do Bacanga, que, por
consequência, acabou com a
Praia da Madre Deus. “Acompanhei de perto o Goiabal incendiado. O incêndio foi no porto
do Boi de Ouro, cujo dono era
um morador que vendia paus e
palhas para a construção de casas, bem como as condições precárias dos que foram transferidos”, relembra o autor.
Informações - O impulso para
escrever o livro, cujo material de
pesquisa vem sendo catalogado
Mais
O jornalista Herbert de Jesus Santos lança hoje o livro que conta a história do Anjo da Guarda
Serviço
• Livro/lançamento
Um terço de memória: entre o Anjo da Guarda e capela da onça, e
os heróis do Boi de Ouro, de Herbert de Jesus Santos
• Quando
Hoje, às 18h30
• Onde
Teatro Itapicuraíba (Anjo da
Guarda)
desde a década de 1970, veio depois que o pesquisador viu publicadas na internet informações
que ele considera falsas. “Na internet se diz que todos os moradores que foram transferidos do
Goiabal para o Anjo da Guarda
são invasores de terrenos depois
do aparecimento da Barragem
do Bacanga e do Campus da
UFMA, em 1972, enquanto sua
remoção começou em 1968 e se
intensificou no início de 1970,
quando não havia nem a barra-
gem nem o campus”, explica
Herbert de Jesus.
Para escrever o livro, o 11º de
sua carreira, o jornalista se baseou em entrevistas feitas com
os moradores da Madre Deus e
do Anjo da Guarda, todos testemunhas presenciais do ocorrido.
A obra, nas palavras do memorialista, contempla tipos populares, episódios pitorescos, manifestações religiosas, da cultura
popular e outros aspectos pertencentes à comunidade. O livro
A publicação traz também um acervo pictográfico que mostra aquela parte da cidade antes e depois das modificações tanto da Madre
Deus quanto do Anjo da Guarda. A capa do livro é uma arte de Pablo
Sousa Santos sobre foto de Biné Morais, de O Estado
relata também as dificuldades
quando da formação do novo
bairro que veio sem saneamento, saúde, educação, transporte,
trabalho e abastecimento.
Herbert de Jesus explica que o
nome Anjo da Guarda se deu pelo fato de no local existir um sítio,
cuja propriedade é atribuída a
Ana Jansen, com este nome. “Na
internet, um desinformado colocou que é porque para entrar no
bairro se precisa estar acompanhado de um anjo, tal a violência
no local. Isto não é verdade, até
porque violência existe em qualquer lugar”, opina.
Sobre o título, o autor informa:
“Um terço de memória faz referência à reza, ao terço de rosário,
que mamãe me ensinou ainda
pequeno, na Madre Deus. Já o Anjo da Guarda era um sítio, na margem esquerda do Bacanga, e a capela da onça era o nome de um
morador antigo, que também tinha um sítio com o mesmo nome”, explica o memorialista.
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