Nem só de marketing... Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 1 28/11/2005 17:39:27 Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 2 28/11/2005 17:39:27 Roberto Teixeira da Costa Susanna Sancovsky Nem só de marketing... Postura e comportamento no mundo corporativo Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 3 28/11/2005 17:39:27 © 2005 Roberto Teixeira da Costa e Susanna Sancovsky Coordenação editorial: Márcia Duarte Coordenação de texto: Patrícia Campos Mello Transcrição de texto: Marta Cristina Weber Edição: Christine Röhrig Preparação: Francisco José M. Couto Concepção do design: Susanna Sancovsky Capa: Ana Basaglia, sobre foto de Iatã Cannabrava Projeto gráfico: Vivian Valli Composição: Julio Portellada Revisão: Márcia Duarte 1a impressão: outubro de 2005, 3.000 exemplares Reimpressão: dezembro de 2005, 3.000 exemplares Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Costa, Roberto Teixeira da Nem só de marketing — : postura e comportamento no mundo corporativo / Roberto Teixeira da Costa, Susanna Sancovsky. — São Paulo : Conex, 2005. Bibliografia ISBN 85-7594-050-3 1. Comportamento organizacional 2. Empresários – Relações profissionais 3. Etiqueta empresarial 4. Postura I. Sancovsky, Susanna. II. Título. III. Título: Postura e comportamento no mundo corporativo. 05-6589 CDD–658 Índices para catálogo sistemático: 1. Etiqueta : Comportamento organizacional : Administração de empresas 658 Todos os direitos desta edição reservados a F-QM Editores Associados Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 1046 – 7o andar – cj. 72 Itaim Bibi – São Paulo – SP – CEP 04531-004 Telefone/fax: (11) 3706-1453 [email protected] www.editoraconex.com.br Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 4 28/11/2005 17:39:27 Sumário Agradecimentos Introdução Pontualidade Compromissos Reuniões Reuniões internacionais Cartões de visita Apresentação de projetos Recomendações Você e os outros Chegadas e partidas Comunique-se Relação com a imprensa O telefone E-mail Correspondência Cartões de agradecimento Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 5 7 9 15 21 33 47 53 57 63 65 71 77 95 107 115 121 125 28/11/2005 17:39:28 Saudações Aniversários, casamentos, etc. Você e sua equipe Você e seu ambiente Beijo, abraço ou aperto de mão Seguranças Amizade e flerte Mulheres e homens no mundo dos negócios Presentes Hábitos... ou vícios? Dia-a-dia Com que roupa eu vou? Viagens de negócios Receber seus convidados Festa! Contatos e relacionamentos Os empresários e a política Apêndice O empresário e sua representatividade Conselhos sociais – Envolvimento em áreas sociais 129 131 133 139 141 149 151 157 161 167 171 173 177 183 189 207 211 215 215 220 Bibliografia 221 Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 6 28/11/2005 17:39:28 Agradecimentos Às pessoas que mais influenciaram a minha vida profissional nestes últimos anos, quando, após uma carreira em grandes empresas, resolvi me reinventar e descobrir o que é trabalhar sem o sobrenome de uma grande companhia: Roberto, parceiro desta empreitada, que me ensinou que não existem favores no mundo dos negócios, mas é imprescindível que exista consideração e amizade; Jorge Paulo Lemann, com quem aprendi que o melhor custo–benefício é a confiança; Maria Victória de Botton, que sabe dizer não com a maior elegância. À minha família, meus filhos Adriana e Rodrigo, cujo senso crítico me estimula e impele para novos desafios; Richard Overgoor, meu companheiro e amigo paciente e sempre presente; aos colaboradores destes muitos anos; aos meus amigos; aos clientes que passaram pela minha vida; aos clientes que ficaram amigos para toda a vida; aos que me ensinaram com seus erros e acertos. Susanna Sancovsky 7 Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 7 28/11/2005 17:39:28 Muito embora tenha adquirido o hábito de escrever regularmente, seja para uso interno ou externo, por meio de artigos, textos para palestras, comunicações via correio eletrônico e também participação em livros coletivos, não imaginava publicar um livro sobre etiqueta empresarial, e que ele fosse feito em parceria. Quando recentemente pensei em dedicar-me de novo a uma experiência de escriba, o tema mais provável estaria obviamente ligado ao mercado de capitais. Afinal de contas, dos meus 50 anos de trabalho, que celebrarei em 2006, indicaria sem errar que mais de três quartos estiveram direta ou indiretamente ligados ao mercado e suas múltiplas implicações. Ademais, meu único livro de total responsabilidade foi sobre o mercado de capitais, editado em inglês e publicado pela Bovespa: Brazil’s Experience in Creating a Capital Market – 1985. No entanto, a partir do momento em que Susanna, provocada pelo meu artigo “Onde estão as boas maneiras?”, procurou-me e estimulou-me a trabalharmos em conjunto, a idéia foi tomando corpo e, depois de ouvir várias opiniões, convenci-me de que teria algo a contribuir. Terminada a tarefa, agradeço, pelo encorajamento, a todos aqueles a quem consultei informalmente para saber como receberiam um livro que cobrisse o tema do relacionamento e comportamento do empresário neste novo cenário internacional de anos recentes. À Cacilda, minha mulher, que, com sua experiência de ter publicado cinco livros, foi um fator de grande motivação para que eu me dedicasse a essa empreitada. A meus quatro filhos, genros e noras, que foram sempre muito solícitos e estimulantes na troca de idéias. Àquelas que leram o roteiro e nossas primeiras páginas, Míriam Leitão, Flávia Velloso e Roseli Mayan, pelo entusiasmo e sugestões apresentadas. Espero que os leitores tenham, ao ler o livro, o mesmo prazer que curti ao me dedicar ao assunto. Roberto Teixeira da Costa 8 Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 8 28/11/2005 17:39:28 Introdução “Conta-se que uma enfermeira pediu ao rei Jaime I que tornasse o seu filho cavalheiro. O monarca respondeu: ‘Eu nunca poderei fazer dele um cavalheiro, embora possa lhe dar um título de nobreza’.” Fareed Zakaria – The Future of Freedom ATÉ POUCO TEMPO ATRÁS, PREOCUPAR-SE COM REGRAS DE etiqueta e normas de conduta era coisa de gente esnobe. Executivos e executivas brasileiros que cultivavam certo refinamento eram acusados de cometer um pecado mortal – a arrogância. Enviar cartões de agradecimento, ser gentil em reuniões, ser pontual, retornar ligações, tudo era considerado dispensável pela grande maioria. O informalismo, o jeitinho brasileiro, a despreocupação eram encarados com condescendência. Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 9 28/11/2005 17:39:28 Mas esse tempo definitivamente ficou para trás. Depois de anos isolado, o Brasil está cada vez mais aberto para o mundo. Com a globalização, condutas que eram toleradas estão sendo questionadas. Para ser bem-sucedido no mundo corporativo atual, não basta ter uma boa faculdade, um belo curso de especialização e ótimos empregos no currículo. Há certas coisas que não se aprendem nem nos melhores cursos de pósgraduação. Traquejo para cultivar amizades, uma postura elegante, bons hábitos, uma rede de relacionamentos preciosa – esses são instrumentos essenciais para galgar os degraus do sucesso no mundo dos negócios. E é isso que este livro pretende transmitir. O objetivo destas páginas é passar um pouco da vivência social e da experiência corporativa dos autores, apontando situações que podem ser úteis para muitos profissionais. Roberto Teixeira da Costa é integrante do conselho de administração da Sul América Seguros, Banco Itaú Holding Financeira, BNDESPar, Interamerican Dialogue (Washington) e do IASBCF (Londres). Roberto foi o primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e hoje faz parte do conselho consultivo de empresas como O Estado de S. Paulo, Brasmotor, Cia. Brasileira de Distribuição (Grupo Pão de Açúcar), Pirelli e Bunge. Ao longo de sua vida profissional, iniciada em 1956, participou do conselho de mais de 20 empresas. Foi um dos fundadores do Conselho de Empresários da América Latina – CEAL, do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e da Prospectiva Consultoria Brasileira de Assuntos Internacionais. Com sua experiência em várias empresas e entidades internacionais, tem uma visão ímpar do mundo. Susanna Sancovsky é consultora e organiza eventos há 30 anos. Foi organizadora dos eventos do CEAL por muitos anos e coordenou importantes missões, como a visita de chefes de Estado e presidentes de multinacionais ao Brasil. Durante dez anos, Susanna foi consultora do World Economic Forum e responsável pela agenda de autoridades e empresários 10 Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 10 28/11/2005 17:39:28 A RIGIDEZ DEVE SER QUEBRADA. BOM SENSO E RESPEITO AOS OUTROS SÃO AS REGRAS MAIS IMPORTANTES. AS PESSOAS TÊM DE ADQUIRIR SEGURANÇA PARA PODEREM ROMPER AS CONVENÇÕES E CERIMÔNIAS QUE CRIAM BARREIRAS. Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 11 28/11/2005 17:39:28 na reunião anual da entidade, em Davos, Suíça. Sua trajetória internacional foi ampliada com a participação nos conselhos do Institute of the Americas e do Arts International, nos Estados Unidos. Realizou trabalhos para bancos de investimentos que atuam no Brasil, além de cuidar de recepções e conferências para grandes empresas brasileiras e estrangeiras. Levou sua experiência para eventos corporativos na Escócia, China, Inglaterra, Estados Unidos e vários países da América Latina. Susanna e Roberto se reuniram para colocar no papel um pouco da experiência que acumularam convivendo com grandes empresários brasileiros e estrangeiros. Mas é bom deixar claro que este não é um livro de etiqueta, nem um manual de auto-ajuda e tampouco um guia de regras. A idéia do livro é ajudar aqueles que estão entrando ou já convivem no mundo dos negócios a conhecer um pouco dos códigos necessários para transitar, com desenvoltura, nesse ambiente. Mais do que isso, o objetivo dos autores é fazer com que as pessoas prestem atenção em suas próprias atitudes e extraiam do livro experiências que lhes possam ser úteis. Isso tudo contado com casos antológicos do mundo empresarial e uma pitada de humor. O livro pretende colaborar com aqueles que se sentem um pouco perdidos nesse período de transição. O mundo corporativo está adotando novos códigos e convenções. Lá se vão os tempos do elevador privativo para a diretoria. Ficaram também para trás os anos 1990, marcados pela ditadura do casual. Na década passada, muitas regras haviam se tornado obsoletas com a ascensão da nova economia. Em empresas dominadas por jovens e intrépidos iconoclastas foram abandonados os formalismos, a etiqueta tornou-se supérflua e os rituais passaram por uma revolução. Mas a bolha da internet explodiu, e com ela desapareceu a epidemia de informalidade. O mundo corporativo entrou em uma fase de resgate das boas normas. É a memória dos tempos áureos da elegância corporativa. O que não significa que esteja em curso uma volta à rigidez do passado, ao formalismo com 12 Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 12 28/11/2005 17:39:28 cheiro de naftalina. As pessoas voltaram a dar importância às regras de etiqueta no mundo dos negócios, mas essas regras foram revistas, e o bom senso vem modificando as regras de cerimonial. As convenções voltaram, mas foram humanizadas, temperadas pela política de portas abertas e de transparência no mundo dos negócios. Saber se relacionar é tão importante quanto saber matemática ou inglês. Muitas pessoas não conseguem chegar no topo, e não é por falta de capacidade intelectual ou formação profissional. Elas pecam por falta de tato ou de habilidade no trato social. Essas habilidades sociais são essenciais, pois negócios assinados nos escritórios muitas vezes são desenvolvidos fora do ambiente de trabalho. A confiança que existe num relacionamento de negócios leva em conta a pessoa como um todo e não apenas suas credenciais profissionais ou sua capacidade com números. Pontualidade, respeito pelos colegas, adequação e elegância ao se vestir, educação para usar o e-mail e o telefone, postura correta em reuniões, ética ao dar e receber presentes. Essas são algumas das experiências que os autores querem passar, com a ajuda da vivência de ícones do mundo empresarial, que emprestam um pouco de seu savoir-faire às páginas deste livro. Um pouco de história É bom lembrar que o que conhecemos como códigos de conduta ou etiqueta teve origem em regras de generosidade e hospitalidade. Já no século XV foram publicados livros que ensinavam “maneiras educadas” para os jovens. No século XVI, o rei Luís XIV escreveu um livro de protocolo que deveria ser seguido pelos que participavam de cerimônias na corte. Os cidadãos comuns adotaram os maneirismos e tentaram imitá-los. Na Inglaterra, porém, as pessoas educadas também deveriam ser modestas e demonstrar respeito ao próximo. “Boas maneiras” eram ensinadas a todos os Nem só de marketing... Introdução 13 Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 13 28/11/2005 17:39:28 que freqüentavam escola no século XVIII. Além de aprender a ler e escrever, e fazer cálculos, tornou-se importante saber se comportar e se apresentar em público. Algumas regras de procedimento, que parecem triviais, freqüentemente passam longe dos cuidados que certos empresários consideram relevantes para as suas rotinas de trabalho. Contudo, deveriam ser observadas, sim – quando menos por uma questão de civilidade. 14 Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 14 28/11/2005 17:39:28 Pontualidade “A pontualidade é a cortesia dos reis.” Luís XVIII – francês (1755–1824), monarca “Pontualidade é a coincidência de duas pessoas chegarem com o mesmo atraso.” Leon Eliachar – egípcio radicado no Brasil (1922–1987), jornalista humorístico A PONTUALIDADE É, CERTAMENTE, UM DOS TEMAS CENTRAIS neste livro. É um assunto que aparece quando se fala de reuniões, palestras, eventos e festas. É o tópico mais presente em nossas pesquisas e conversas com empresários, jornalistas, autoridades e executivos. É a mais significativa característica mencionada por estrangeiros quando se fala de diferenças culturais: a conhecida falta de pontualidade no Brasil. Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 15 28/11/2005 17:39:28 A pontualidade talvez seja a qualidade mais subestimada do ser humano. No Brasil, os atrasos são motivo de piada e são tratados com condescendência. Para empresários de outros países, no entanto, atrasos não têm a menor graça. E mesmo para executivos brasileiros, o fato de um interlocutor chegar atrasado a uma reunião significa que o negócio já começou mal. Não importa se choveu, se as obras das avenidas são um horror, se é véspera de feriado – mesmo em cidades com trânsito caótico, qualquer atraso é inaceitável. Calcule quanto tempo pode demorar para chegar ao local de uma reunião e saia com pelo menos 30 minutos de folga. É melhor ficar plantado na sala de espera do que chegar atrasado a um encontro importante. Cinco minutos é o máximo de tolerância. Se demorar mais que isso, é obrigatório ligar e avisar: “Vou atrasar meia hora, será que você ainda pode me receber ou prefere remarcar?” Ou, se a reunião envolver várias pessoas, ligue e peça para começar sem a sua presença. Sabendo que se locomover é uma missão que toma tempo e paciência, determine se uma reunião é realmente necessária. Todas as vezes que for possível, substitua a reunião por e-mails, telefone ou tele ou videoconferência. No entanto, em certos encontros o contato pessoal é essencial. Fred Packard, investidor inglês que foi um dos sócios do Banco Garantia e hoje é um dos acionistas do grupo que controla a InBev, empresa que se tornou a maior cervejaria do mundo depois da fusão com a Ambev, precisou aprender a lidar com as particularidades dos empresários brasileiros nos 20 anos em que aqui viveu. “Muitas vezes os brasileiros não respeitam os sentimentos e o tempo das outras pessoas. Não respeitam a pontualidade, não retornam ligações, nunca mandam notas de agradecimento, às vezes não aparecem em jantares ou chegam três horas atrasados.” Para os anglo-saxões, diz Packard, isso é muito irritante. “Eu e minha mulher, Dulce, certa vez chegamos às 20h30 a um jantar que estava marcado para 16 Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 16 28/11/2005 17:39:28 as 20h30. O anfitrião abriu a porta de roupão... muito surpreso de nos ver chegar a essa hora.” Prepare-se para os congestionamentos Não é só o trânsito que pode sabotar sua reunião. A burocracia das portarias é outra inimiga. Muitas vezes, você chega pontualmente ao local, mas enfrenta uma fila de contínuos na recepção e um questionário quilométrico. Se você é o anfitrião, convém pedir a sua secretária que vá ao térreo para recepcionar um convidado importante e evitar esse contratempo. De qualquer forma, estabeleça rotinas com a segurança e com os responsáveis pela recepção no edifício de seu escritório para poder enviar antecipadamente a lista de seus visitantes para a portaria, facilitando a entrada deles. Desde o início, o seu convidado se sentirá bem-vindo e prestigiado. Na saída, não deixe de acompanhá-lo até o elevador ou portão. É sempre simpático dedicar mais alguns minutos informais ao visitante. Cheque sempre uma referência do endereço a ser visitado; é importante saber a localização exata – no começo ou fim da Faria Lima? Qual o melhor caminho? Pontualidade Nem so de Marketing REIMPRESSAO.indd 17 Nem só de marketing... Outro inimigo é o estacionamento. Tente verificar com antecedência se há estacionamento no local aonde você vai, ou se você vai ter de sair procurando um lugar para parar seu carro. Como anfitrião, se possível, carimbe ou autorize o pagamento do estacionamento de seu visitante. Ele veio lhe fazer uma visita, será que deverá pagar por isso? 17 28/11/2005 17:39:28