O Campo de Klein-Gordon Programa Parte I Introdução – Campo de Klein-Gordon – – – – A Necessidade do Campo Elementos da Teoria Clássica de Campos Campo de Klein-Gordon como Osciladores Harmônicos Campo de Klein-Gordon no Espaço-Tempo Campo de Dirac – – – – – – Motivação, Notação e Convenções Invariância de Lorentz em Equações de Onda Equação de Dirac Solução de Partícula Livre da Equação de Dirac Matrizes de Dirac e Bilineares de Campo de Dirac Quantização do Campo de Dirac Simetrias Discretas da Teoria de Dirac Campos Interagentes e Diagramas de Feynman – – – – – – – – Sandra S. Padula & Sérgio F. Novaes Teoria de Perturbação Expansão Perturbativa de Funções de Correlação Teorema de Wick Diagramas de Feynman Seção de Choque e a Matriz S Computando elementos de matriz-S a partir de diagramas de Feynman Regras de Feynman para Férmions Regras de Feynman para a Eletrodinâmica Quântica A Necessidade do Campo Quantum field theory arose out of our need to describe the ephemeral nature of life... It is this matter of birth, life, and death that requires the development of this new subject in physics. A. Zee Teoria Quântica de Campos Mecânica Quântica (MQ): Quantização de sistemas dinâmicos de partículas Teoria Quântica de Campos (TQC): Aplicação da MQ a sistemas dinâmicos de campos Campos: funções das coordenadas espaço-temporais. TQC possui aplicações na: • Física das Partículas Elementares • Física Atômica • Física Molecular • Física da Matéria Condensada Estamos interessados em processos que ocorram em • Escalas muito pequenas: Quânticas • A altas energias: Relativísticas NB: Foguetes não requerem MQ nem elétrons lentos a Teoria da Relatividade Sandra S. Padula & Sérgio F. Novaes Por que os campos são necessários? Por que no caso relativístico não bastaria quantizar partículas relativísticas, de forma análoga à quantização de partículas não-relativísticas em MQ? MQ relativística não é suficiente. Isso levaria a inconsistências, como por exemplo: • • • Existência de estados de energia negativa na equação de onda relativística de uma partícula; Probabilidade não é facilmente definida; Dificuldade de levar em conta a criação e destruição de partículas que é natural a partir da relação de Einstein: E = mc 2 que permite a criação de pares de partícula-antipartícula. Ainda que não haja energia suficiente para criar o par, estados de muitas partículas aparecem como virtuais, e.g., como estados intermediários de segunda ordem em Teoria de Perturbação, existindo por tempo muito curto, sem violar o princípio da incerteza: ∆E ∆t ≥ Sandra S. Padula & Sérgio F. Novaes – MQ A associação partícula-campo é antiga, conhecida desde a associação de fótons ao campo eletromagnético. A interação entre radiação e átomos é tratada pela MQ quantizando as componentes de Fourier como uma coleção de osciladores, levando aos operadores de criação e destruição dos fótons. O elétron continua a ser tratado através de sua função de onda, solução da equação de Schrödinger. – TQC • No diagrama e+e− Æ µ+ µ−, o fóton é o responsável pela interação entre e+e− e µ+ µ−, sendo ainda o quantum do campo eletromagnético. • Seria interessante tratar as demais partículas no mesmo pé de igualdade. Em TQC, os elétrons e múons, bem como suas anti-partículas, serão os quanta dos campos do elétron e do muon. • Usando tal descrição em termos dos quanta dos campos pode-se levar em conta processos nos quais as partículas são criadas ou aniquiladas (como visto no diagrama de Feynman). Sandra S. Padula & Sérgio F. Novaes – A causalidade é violada Consideremos a amplitude de transição para uma partícula livre se propagando de x0 para x, na forma (via operador unitário de translação temporal): Em MQ não-relativística, E = p 2 /(2m ) e: • • Na 2ª linha foi inserido um conjunto completo de estados de ondas planas e na 4ª foi igualado o quadrado e resolvida a integral gaussiana; U(t) é diferente de zero para qualquer x e t. Portanto, a partícula pode se propagar entre dois pontos em tempo arbitrariamente pequeno, violando a causalidade em teoria relativística. Sandra S. Padula & Sérgio F. Novaes Utilizar a expressão relativística E = Vejamos: p 2 + m 2 não resolve a discrepância. Por simplicidade, tomemos x 0 = 0 e x 2 t 2 (bastante fora do cone-de-luz). Olhando o problema em 1 dimensão apenas e usando o método da fase estacionária. O expoente (fase) px − t p 2 + m 2 possui um ponto estacionário em d (ipx − it p 2 + m 2 ) = 0 dp Para integrais do tipo I = do contorno C. ∫ dz eiαf (z ) , → p = imx / x 2 − t 2 α positivo e grande, e f(z) real ao longo C Devido ao comportamento rapidamente oscilante do integrando, as contribuições a I das vizinhanças de z se cancelam, a menos que f’(z)=0, cujo z corresponde a um ponto estacionário Sandra S. Padula & Sérgio F. Novaes Movendo o contorno C livremente, este pode passar por tal ponto. Substituindo o valor de p correspondente, obtém-se aproximadamente ⎧⎪⎪ ⎪ ⎛ imx ⎞ ⎫ m2x2 2 ⎪ ⎜ ⎟ U(t) ∼ exp⎨−it − 2 m i x + + ⎬ 2 ⎜ ⎟ ⎝ x2 −t2 ⎠ ⎪⎪ x −t ⎪⎩⎪ ⎭ ⎧ ⎪ ⎪ mx2 ⎫ −m2t2 ⎪ ⎪ = e−m x2−t2 = exp⎨−it 2 − ⎬ 2 2 2⎪ ⎪ x t − x t − ⎪ ⎪ ⎩ ⎭ Portanto a amplitude de propagação é pequena mas não nula. X causalidade é violada! A TQC resolve o problema da causalidade de uma forma engenhosa: • A propagação de uma partícula em um intervalo tipo-espaço (x > t) é indistinguível da propagação de uma anti-partícula no sentido contrário. • Há tanto partículas quanto suas anti-partículas se movendo através de intervalos tipo espaço, a amplitude para ambas se cancelam e a X causalidade é restaurada! • Em intervalos tipo tempo não violam causalidade e não ocorre tal cancelamento embora ocorra propagação tanto de partículas quanto de anti-partículas. Sandra S. Padula & Sérgio F. Novaes TQC – Resolve o problema da causalidade introduzindo anti-partículas; – Explica a relação entre spin e estatística; – Trata naturalmente não apenas estados de múltiplas partículas mas também transições entre estados com diferentes número de partículas; – Fornece ferramentas (diagramas de Feynman, expansão perturbativa) necessárias para calcular seções de choque de espalhamento, tempo de vida de partículas, etc. – A confirmação experimental de suas predições, a um nível não atingido por nenhuma outra teoria física, ratifica sua importância e é a real razão para estudarmos TQC, afinal X Física é uma ciência experimental ou X A Natureza importa! Sandra S. Padula & Sérgio F. Novaes