Franceschini, Andrea Teixeira de Lima 1 , Peçanha, Marcela Pellegrini 2
1 Universidade de Sorocaba; Unesp; Sorocaba; Brasil, [email protected]
2 Universidade de Sorocaba, PUC-SP, Sorocaba; Brasil; [email protected]
INTRODUÇÃO
Uma das soluções para o desequilíbrio entre oferta e a demanda de água está na utilização de fontes alternativas de água, como por exemplo a água de chuva. O
aproveitamento de água de chuva pode ser utilizado desde que haja controle da sua qualidade e a verificação da necessidade de tratamento específico da mesma.
Este trabalho foi realizado no município de Votorantim, em uma residência unifamiliar que possui sistema de aproveitamento de água de chuva, instalado e em
funcionamento. Durante aproximadamente dois meses foram feitas semanalmente coletas em pontos distintos do sistema e posterior análise físico-química e
microbiológica das amostras.
OBJETIVOS
Através da observação direta do sistema em estudo, analisar as principais partes que o integram (área de captação, componentes de transporte: calhas e condutores, e
reservatório). Determinar as características físico-químicas e microbiológicas da água. Analisar os resultados obtidos nas análises e verificar seu atendimento aos
limites estabelecidos na ABNT - NBR 15527:2007 e a possível relação com eficiência do sistema. Buscar possíveis variáveis que possam afetar significativamente
aos parâmetros de qualidade da água de chuva.
DESCRIÇÃO DO SISTEMA
O sistema de aproveitamento de água de chuva objeto desse estudo localizado em uma edificação residencial familiar
foi projetado para atender a demanda de oito bacias sanitárias, uma piscina de 70000 litros, lavagem de 114,27m² de
pisos externos, lavagem de quatro carros e rega de 320,57m² de jardim. A área para captação foi cerca de 255m².
Toda a cobertura é feita com telhas cerâmicas. O dispositivo de descarte de escoamento inicial existente é denominado
como Caixa de Inspeção/Limpeza de águas pluviais. Esse dispositivo que é um sistema de bóia, funciona da seguinte
maneira: conforme a água enche a caixa, o nível d’agua sobe até o ponto onde uma bola plástica obstrui a passagem da
água, redirecionando seu escoamento para o reservatório inferior. Através desse mecanismo a água do escoamento
inicial (“ lavagem do telhado”) é separada da água que será utilizada no sistema de aproveitamento. A capacidade de
reservação é de 31000 litros, sendo 30000 litros no reservatório inferior (cisterna) e 1000 litros no reservatório superior.
O reservatório inferior do tipo enterrado foi construído em alvenaria de tijolos revestida de argamassa e o reservatório
superior é do tipo apoiado e em PVC. A transferência de água da cisterna para o reservatório superior é feita por
bombeamento.
O reservatório inferior (cisterna) além de abastecer o reservatório superior, abastece também uma torneira externa utilizada para lavagem do piso da garagem e dos
carros.
Fig. 2 : Sistema de Sucção e Recalque
Fig. 1: Cisterna
Fig. 4 : Coleta de Amostra de Água do
Reservatório Elevado
4. RESULTADOS
Para cada parâmetro de qualidade foi construída uma tabela que mostra os valores obtidos
no período de 19/05/2009 a 04/08/2009.
Fig. 3 : Coleta de Amostra de Água
Tabela 02- Turbidez em NTU da água de chuva coletada
Tabela 01- pH da água de chuva coletada
Data
19/5/2009
27/5/2009
3/6/2009
12/6/2009
22/6/2009
1/7/2009
8/7/2009
15/7/2009
22/7/2009
04/08/2009
média
Cisterna
7,2
7
6,8
7,4
7,0
7,3
6,7
7,2
7,4
8,2
7,22
Reservatório Superior
7,5
6,7
6,9
------7,3
6,9
6,1
7,2
7,4
8,0
7,11
NBR 15527
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
DATA
Cisterna
Reservatório Superior
19/5/2009
2,56
2,89
27/5/2009
2,72
3,7
3/6/2009
2,79
1,88
12/6/2009
1,38
----22/6/2009
1,45
1,57
1/7/2009
1,39
1,80
8/7/2009
2,06
2,09
15/7/2009
0,98
1,21
22/7/2009
1,05
0,84
04/08/2009
0,91
0,61
* uT é a unidade de turbidez ou unidade nefelométrica de turbidez (NTU)
RES.35705
6,0 a 9,0
6,0 a 9,0
6,0 a 9,0
6,0 a 9,0
6,0 a 9,0
6,0 a 9,0
6,0 a 9,0
6,0 a 9,0
6,0 a 9,0
6,0 a 9,0
6,0 a 9,0
NBR 15527
< 2,0 uT *
< 2,0 uT *
< 2,0 uT *
< 2,0 uT *
< 2,0 uT *
< 2,0 uT *
< 2,0 uT *
< 2,0 uT *
< 2,0 uT *
< 2,0 uT *
RES.35705
até 40 NTU
até 40 NTU
até 40 NTU
até 40 NTU
até 40 NTU
até 40 NTU
até 40 NTU
até 40 NTU
até 40 NTU
até 40 NTU
Tabela 04 - Determinação de bactérias do grupo Coliformes na água de chuva coletada
DATA
Cisterna
Reservatório Superior
19/5/2009
ausente
ausente
27/5/2009
ausente
3/6/2009
Tabela 05 - Parâmetros da Caixa de Limpeza e Inspeção – 12/06/2009
NBR 15527
NBR 15527
ausente
Ausência de coliformes totais e fecais em 100 mL
Ausência de coliformes totais e fecais em 100 mL
pH
7,1
6,0 a 8,0 p/tubo galv.
ausente
ausente
Ausência de coliformes totais e fecais em 100 mL
Temperatura
18,5ºC
----------------------
12/6/2009
ausente
------------------
Ausência de coliformes totais e fecais em 100 mL
Turbidez
0,02 NTU
< 2,0 uT
22/6/2009
ausente
ausente
Ausência de coliformes totais e fecais em 100 mL
D.B.O
3,3 mg/L
----------------------
1/7/2009
ausente
ausente
Ausência de coliformes totais e fecais em 100 mL
D.Q.O
-----------
----------------------
8/7/2009
presente
presente
Ausência de coliformes totais e fecais em 100 mL
Coliformes
presente
Ausência de coliformes totais e fecais em 100 mL
15/7/2009
presente
presente
Ausência de coliformes totais e fecais em 100 mL
22/7/2009
presente
presente
Ausência de coliformes totais e fecais em 100 mL
04/08/2009
presente
ausente
Ausência de coliformes totais e fecais em 100 mL
Tabela 03- D.B.O. em mg/L da água de chuva coletada
DATA
Cisterna
Reservatório Superior
RES.35705
19/5/2009
96
72
até 3,0 mg/L O2
27/5/2009
48
48
até 3,0 mg/L O2
3/6/2009
8
18
até 3,0 mg/L O2
CONCLUSÕES
12/6/2009
10
------até 3,0 mg/L O2
A cisterna teve 40% dos seus índices de turbidez acima os índices exigidos pela NBR 15527:2007,
22/6/2009
11,3
5,7
até 3,0 mg/L O2
1/7/2009
12,5
12,5
até 3,0 mg/L O2
e o reservatório elevado 33,3%. Com esses resultados algumas medidas são recomendadas, como por exemplo,
até 3,0 mg/L O2
8/7/2009
36
24
até 3,0 mg/L O2
15/7/2009
44
30
a colocação de telas nas calhas ou no interior da caixa de inspeção/limpeza. Também há filtros comerciais com
até 3,0 mg/L O2
22/7/2009
49
49
até 3,0 mg/L O2
telas de 0,28mm que podem ser colocados nas tubulações de descida de água pluvial; outros com telas de 0,26mm 04/08/2009
71
73
podem ser instalados na tubulação anterior á cisterna, eliminando assim folhas e materiais particulados.
Para atender uma das exigência da NBR 15527:2007 relativa à minimização de turbilhonamento (que dificulta a ressuspensão dos sólidos decantados e o arraste dos
materiais flutuantes) é sugerido a mudança da altura de retirada de água da cisterna, atualmente próxima ao fundo, para uma altura próxima á superfície e a
colocação de peças anti-turbilhonamento existentes no comércio na entrada de água .
Setenta por cento dos valores de D.B.O. obtidos na cisterna tiveram valores iguais ou maiores a quatro vezes o valor permitido na Resolução 357 ( para corpos
d’água classe 1) e para o reservatório superior foram oitenta e nove por cento, com isso, o uso do método de desinfecção da água por meio da cloração torna-se
aconselhável.
No que diz respeito à contaminação da água, apesar do baixo índice de coliformes encontrados, o sistema não atende ao índice zero exigido pela NBR 15527:700,
necessitando assim serem tomadas medidas que eliminem essa contaminação. Uma delas pode ser a colocação de barreiras que impeçam a entrada de animais no
interior da cisterna através da tubulação de extravazamento. Outra medida seria o uso de métodos de desinfecção que não utilizem cloro, como por exemplo, a
aplicação de raio ultravioleta.
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