Entrevistada: Marla Pelizzaro psicóloga responsável pelo CAPS em São Borja.
1- Fale sobre seu percurso acadêmico na Unijuí, e como este contribuiu para sua
prática profissional?
Comecei o curso de Psicologia na Unijuí em 1992 e identifiquei-me
imediatamente com a instituição e como curso.
Hoje, como profissional, sinto-me muito preparada para exercer meu
trabalho porque a cada dia lembro-me das aulas e práticas, onde aprendi muito
com os meus professores na época de universidade. Creio que com certeza este
sentimento nostálgico me acompanhará sempre em minha trajetória tanto pessoal
como profissional. Minha compreensão e visão pessoal de mundo são muito mais
amplas e claras depois da vida acadêmica e do relacionamento com os
professores e colegas e toda estrutura universitária (funcionários).
Espero poder sempre através de meu trabalho levar comigo a bela
lembrança de todos os mestres que dentro da Unijuí foram fundamentais no meu
crescimento como ser humano.
2 - Fale sobre o percurso da instituição CAPS, desde sua fundação considerando
o aspecto histórico e teórico:
O Serviço de Atenção Integral à Saúde Mental no Município de São Borja é
oferecido pela Secretaria Municipal de Saúde, desde 1996, com ações de
atendimentos individuais, atendimentos em grupos, oficinas ocupacionais e
terapêuticas, em parceria com Rotary Clube de São Borja.
Em 2001, comecei a trabalhar no Serviço de Saúde Mental, com
atendimentos, terapias e orientações.
Em 2002, a Secretaria Municipal de Saúde implantou o CAPS de CAIO
ESCOBAR- um lugar especial, com o objetivo de humanizar os atendimentos às
pessoas que sofrem de transtornos mentais severos e persistentes, em
consonância com o disposto nas Legislações Estadual no. 9716/92 e Federal no.
10.216/01.
A implantação do CAPS proporcionou aos usuários do SUS, acometidos de
transtornos mentias, uma acolhida nos serviços oferecidos pela rede municipal de
atenção integral à saúde mental, a ponto de não ter sido encaminhado nenhum
usuário para internação em hospitais psiquiátricos após o início das atividades do
CAPS, que desenvolve ações com humanização no atendimento a integralidade e
resolutividade, buscando a inserção social dos pacientes em suas comunidades.
3- Como se dá à interlocução entre os discursos psicológico e médico?
Quando os pacientes são diagnosticados pelos médicos de cada PSF, logo
são encaminhados a mim para reavaliação final e conclusiva da patologia e da
melhor forma de tratamento.
No transcorrer do processo terapêutico existe a troca de opiniões e
acompanhamento de ambas as partes. Tanto médico como psicológico estão
sempre em contato, conforme as necessidades de evolução do quadro clínico de
cada paciente intensivo, semi-intensivo, não intensivo.
Esse diálogo profissional se dá de forma amistosa e com muita dedicação e
respeito de ambas as partes, porque disto depende também o bom
desenvolvimento do CAPS e das pessoas que necessitam desse serviço.
São Borja conta atualmente com 13 equipes e Programa Saúde Família.
4- Que sentido é dado ao sintoma nesta instituição e como ele é trabalhado?
O sintoma é trabalhado não apenas como uma patologia e sim visamos
humanizar e reintegrar o paciente à família e à sociedade.
Através do atendimento individual faço a avaliação das condições
emocionais e familiares que envolvem a vida de cada paciente. Logo após são
encaminhados, dentro de suas necessidades específicas, às oficinas de atividades
artesanais, contato com a jardinagem e cultivo da terra, culinária, terapia de grupo,
terapia individual, contato com a sociedade através de visitas e lazer.
Proporciona-se diariamente um ambiente relaxante e descontraído para que
o trabalho se torne humanizado e coerente com cada perfil e suas variações.
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Entrevistada: Marla Pelizzaro psicóloga responsável pelo CAPS em