Melhorando o Ensino Universitário com a Gamificação
Gabriel Barata
Sandra Gama
Joaquim Jorge
Daniel Gonçalves
Dep. Engª. Informática
INESC-ID/IST/UTL
Rua Alves Redol 9, 1000-029 Lisboa
{gabriel.barata,sandra.gam}@ist.utl.pt,
{joaquim.jorge,daniel.goncalves}@inesc-id.pt
Abstract
A gamificação é uma técnica recente que consiste em aplicar elementos de jogos a contextos não relacionados
com jogos, por forma a motivar os utilizadores a adoptar novos comportamentos, tais como fazer mais exercício, ou aprenderem algo novo. Neste artigo, descrevemos uma experiência de longo termo na qual uma cadeira
universitária de mestrado, da área de Computação Gráfica e Multimédia, foi gamificada, através da introdução
de elementos como pontos de experiência, níveis, quadros de liderança, desafios e crachás. A experiência durou
cinco anos, nos quais os últimos dois a cadeira foi gamificada. Dados sobre a assiduidade às aulas, número de
descargas do material de apoio, número de posts nos fóruns da cadeira e notas finais, foram recolhidos em todos os anos. Uma comparação entre edições gamificadas e não gamificadas foi realizada, por forma a perceber
o efeito da gamificação sobre o processo de ensino-aprendizagem. Os resultados foram bastante encorajadores,
mostrando efeitos benéficos sobre os níveis de participação e proactividade online, bem como sobre a atenção
ao material de apoio e sobre as notas dos alunos. Apresentamos ainda possíveis abordagens para enriquecer futuras edições gamificadas da cadeira e as várias lições de desenho aprendidas ao longo desta experiência.
Keywords
Gamificação, Educação, Ambientes de Aprendizagem Virtuais, Avaliação, Aprendizagem de Sala de Aulas.
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o uso de tecnologia para melhorar a
educação tem sido bastante explorado. Por exemplo, o
uso videojogos na aprendizagem tem despertado bastante
a curiosidade da comunidade científica [Squire2003,
Aguilera2003], devido à sua capacidade de motivar os
jogadores e os fazer persistir. Ao contrário dos métodos
tradicionais de ensino, os jogos conseguem disponibilizar
informação contextualizada e à medida que for necessária
[Gee2003]. Jogos bem-sucedidos são concebidos para
equilibrarem os desafios de acordo com a habilidade do
jogador, para evitar que estes fiquem frustrados e aborrecidos, e possam assim vivenciar sentimentos de recompensa e realização (estado de flow) [Chen2007, Csikszentmihalyi1991]. Estudos mostram que alunos sujeitos a
aprendizagem com videojogos apresentam melhorias em
termos de compreensão da matéria, diligência e motivação [Mcclean2001, Squire2004, Lee2004, Kebritchi2008,
Coller2009, Moreno2012].
O poder motivacional dos jogos tem sido explorado também em outros contextos, através duma técnica denominada Gamificação [Deterding2011a, Deterding2011b].
Esta consiste em adicionar elementos de jogo, em vez de
usar jogos completos, a processos que nada têm a ver
com jogos, por forma a motivar os utilizadores a adoptar
determinados comportamentos [Shneiderman2004, Ree-
ves2009]. Como exemplos, temos aplicações gamificadas
para motivar os utilizadores a fazer exercício, como o
Nike+1 ou o ZombiesRun2, para tornar as pessoas mais
productivas [Sheth2011] e mais amigas do ambiente
[Inbar2011]. Vários sistemas gamificados dedicam-se a
motivar os utilizadores a aprenderem novas técnicas e
ferramentas. Por exemplo, o Jigsaw [Dong2012] ajuda os
utilizadores a aprenderem Photoshop, através de um puzzle que os desafia a obter uma imagem alvo, utilizando
várias operações de edição. Os utilizadores consideraram
que com esta abordagem conseguiam explorar melhor a
ferramenta e descobrir novas técnicas. O GamiCAD
[Li2012] é um tutor gamificado que ensina os utilizadores
a desempenhar operações de linha e corte no AutoCAD.
Ao desempenhar estas tarefas, o utilizador ajuda a NASA
a construir uma nave, encorajando-o a repetir as tarefas
até obter uma determinada pontuação. Os resultados mostram que os utilizadores acharam a experiência mais motivante e interessante, e tiveram um melhor desempenho
com a ferramenta gamificada.
O uso de gamificação no ensino é ainda bastante recente.
Tem sido visto em portais como o Khan Academy3 e o
1
http://nikeplus.nike.com/
https://www.zombiesrungame.com/
3 http://www.khanacademy.org
2
Codeacademy4, que permitem que os alunos assistam a
vídeos online e façam exercícios, para aprenderem sobre
vários tópicos, como matemática e programação. Embora
sistemas como estes possam ser usados em cenários de
blended learning [Thompson2011], faltam dados empíricos que suportem quais quer benefícios para a aprendizagem. Lee Sheldon [Sheldon2011], por outro lado, descreve como uma experiência de aprendizagem pode ser gamificada sem recorrer a tecnologia, por forma a motivar
os alunos e a tornar as aulas mais divertidas. Os alunos
começam com a nota mínima e vão subindo à medida que
completam desafios e ganham pontos de experiência.
Contudo, também a esta abordagem faltam dados estatísticos que suportem as suas vantagens para o ensino.
Neste artigo apresentamos um estudo sobre os efeitos da
gamificação sobre a educação, e de como pode ser utilizada para melhorar o processo de ensino-aprendizagem.
Para isso, apresentamos um estudo de longo termo no
qual uma cadeira da área de Computação Gráfica e Multimédia, denominada Produção de Conteúdos Multimédia
(PCM), foi gamificada. O estudo cobriu um período de
cinco anos, dos quais os dois últimos decorreram com
uma versão gamificada da cadeira, e os três primeiros
com uma versão não gamificada. Através da recolha e
análise de vários dados quantitativos e qualitativos acerca
do comportamento dos alunos, temos fortes indícios de
que a gamificação pode ser utilizada para melhorar a participação dos alunos, e que em certa medida, também
para melhorar a atenção ao material de apoio, a assiduidade às aulas e os resultados da aprendizagem.
2. PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS MULTIMÉDIA
PCM é uma cadeira semestral do grupo de Computação
Gráfica e Multimédia do Instituto Superior Técnico, que
decorre no segundo semestre de cada ano lectivo. A cadeira segue um modelo de blended learning, no qual os
alunos frequentam aulas teóricas presenciais e trabalham
em projectos nas aulas laboratoriais, mas também completam exercícios e discutem num ambiente virtual de
aprendizagem Moodle5. As aulas teóricas cobrem vários
conceitos multimédia, como técnicas de produção e edição, standards multimédia, copyright e gestão de direitos
digitais. Nas aulas laboratoriais, diversos conceitos e ferramentas de manipulação de imagem, áudio e vídeo são
introduzidos, e existem também miniprojectos regulares
ao longo do semestre. Recolhemos dados entre os cinco
anos lectivos de 2007-2008 a 2011-2012, sobre a presença nas aulas, o número de descargas do material de apoio,
o número de posts no Moodle e as notas dos alunos. Enquanto os últimos dois anos foram sujeitos à cadeira gamificada, os primeiros três decorreram sem gamificação.
2.1 Método de Avaliação
Nos três anos não gamificados, a avaliação consistia de
mini-testes (25% da nota total), avaliações laboratoriais
(20%, 20% e 15%), participação nos fóruns da cadeira
4
5
http://www.codecademy.com/
http://www.moodle.org
(10%, 10% e 5%), uma apresentação multimédia (20%),
um exame final (25%, 25% e 35%), e 5% extra para presença nas aulas teóricas, sendo a nota final representada
de 0 a 20 valores. Nos dois anos gamificados, a nota foi
substituída por pontos de experiência (XP), que eram
atribuídos aos alunos por completarem as componentes
de avaliação da cadeira. Eram estas os mini-testes (20% e
10%), as avaliações laboratoriais (15%), a apresentação
multimédia (20%), o exame final (35%) e um conjunto de
crachás colecionáveis (10%, 20%, mais 5% extra). No
geral, o método de avaliação foi semelhante, com os crachás a substituírem as componentes de participação online e de presenças na versão gamificada.
2.2 Gamificação da Cadeira
O principal objectivo por detrás da gamificação da cadeira foi torna-la mais interessante e motivante para os alunos. O processo deu-se com a adição de elementos de
jogo como XP, níveis, um quadro de liderança, desafios e
crachás, pois parecem ser os mais consensuais no âmbito
da gamificação [Kim2008, Crumlish2009, Zichermann2011, Werbach2012]. À medida que os alunos
completavam actividades da cadeira, eram-lhes atribuídos
XP, que não só funcionavam como feedback directo, como também como motivadores por de gratificação instantânea [Natvig2004]. No primeiro ano gamificado, cada
900 XP correspondiam a um nível, e cada nível era directamente mapeado para a nota actual do aluno na escala de
0 a 20. Assim, um aluno com 1800 XP estaria a nível 2, o
que significa que a sua nota actual seria de 2 valores. Para
prevenir problemas de arredondamento, os alunos recebiam 450 XP ao inscreverem-se na cadeira.
O quadro de liderança era o ponto de entrada da experiência gamificada (ver Figura 1), e consistia de uma página HTML que estava publicamente disponível no Moodle. Nela, os alunos apareciam ordenamos descendentemente por XP e nível, onde dados como o nome, XP,
nível e número de crachás eram exibidos. Ao carregar
numa linha do quadro, o historial para esse aluno era
mostrado (ver Figura 2), o que torna o progresso mais
transparente e permite aprendizagem por observação.
Os crachás eram recompensas colecionáveis, atribuídas
mediante a realização de determinadas tarefas, como ir às
aulas, postar nos fóruns material relacionado com a matéria ensinada, encontrar bugs nos slides da cadeira, participar nos desafios, entre outros. A obtenção de um crachá
recompensava o aluno com uma quantidade predeterminada de XP. Os desafios consistiam de conjuntos de tarefas elaboradas que os alunos tinham de completar para
receber crachás. Os desafios eram emitidos no Moodle,
após uma aula, e tinham um prazo para serem completados de geralmente uma semana, sendo a resposta dada
pelos alunos através de posts. Os desafios podiam ser
teóricos ou práticos, conforme a natureza da matéria, e
visavam que os alunos fossem criativos e se divertissem,
enquanto punham em prática o que aprenderam na cadeira. Enquanto alguns desafios têm apenas um nível, outros
requerem várias iterações para serem completados.
Figura 1. O quadro de liderança.
Figura 3. Skill Tree.
Figura 2. Os vários crachás.
O processo de pontuação das notas foi manual. Os dados
referentes às avaliações das aulas eram manualmente recolhidos pelo corpo docente, em folhas de cálculo com
macros, que depois eram exportadas para ficheiros de
texto. Relatórios de actividade no Moodle eram também
recolhidos diariamente à mão. Um script em Python era
corrido, duas a três vezes por dia, para utilizar os relatórios guardados a fim de actualizar o quadro de liderança.
2.3 O Ano Seguinte
Mediante feedback dos alunos sobre a primeira versão
gamificada, notamos que existiam alguns problemas. Os
alunos queixaram-se de falta de oportunidades para cooperar no jogo, e que a participação oral devia também ser
gratificada. Com isto em mente, no segundo ano gamificado, acrescentamos cinco novos crachás: dois para promover a cooperação, dando XP se todos os grupos de
alunos tivessem boa nota nas aulas laboratoriais, um para
gratificar a participação oral, outro para bonificar a pronta resposta aos desafios, e um último para os alunos que
compilassem os vários resultados dos desafios. Tivemos
também críticas sobre os desafios valerem pouco para o
trabalho que davam, e por isso criámos seis novos desafios e adicionámos mais 10% de peso em nota aos crachás,
em detrimento dos mini-testes. Tentámos também distribuir de forma mais equilibrada os desafios pelo semestre,
uma vez que os alunos se tinham queixado de períodos
mortos no ano anterior. Por motivos de aparência, alterámos o número de XP por nível de 900 para 1200.
Ainda no segundo ano gamificado, introduzimos na segunda semana de aulas, um protótipo duma nova componente de jogo, chama Skill Tree, como nos tinha sido
sugerido pelos alunos no final do primeiro ano gamifica-
do. A Skill Tree consiste de uma árvore em que os nós
representam tarefas específicas (ver Figura 3). Ao completar um nó, o aluno é recompensado com pontos de
experiência e desbloqueia um nó de nível superior na
árvore, que disponibilizará uma nova tarefa mais complexa mas também melhor remunerada. A Skill Tree tem
como principais objectivos conferir autonomia aos alunos
e permitir que sejam mais criativos, possibilitando-lhes a
escolha dos caminhos com as tarefas que preferem fazer.
Uma vez que a introdução desta nova componente ocorreu depois do semestre começar, e que ainda se tratava
duma versão provisória, a nota obtida a partir da Skill
Tree não era obrigatória e era cotada como um valor de
bónus (1200 XP). A participação na árvore era feita,
também, através de posts num tópico dedicado no fórum.
2.4 Gamificação e a Motivação
Por forma a motivar os alunos, tentámos alinhar ao máximo os objectivos dos alunos com os da experiência
gamificada, por forma a aumentar o seu valor intrínseco
[Deterding2012]. De acordo com a teoria da autodeterminação, há três necessidades básicas da motivação intrínseca [Deci2004]: competência, autonomia e a sensação de se pertencer a uma comunidade. Com a inclusão e
apresentação de pontos, níveis e crachás, tentámos aumentar a competência através do feedback positivo e das
demonstrações de progresso, sendo estas duas características bastante importantes, tanto nos jogos como na
aprendizagem [Linehan2011]. Tentámos também favorecer a autonomia dos alunos, dando-lhes escolhas sobre
quais os desafios e crachás a alcançar. Quisemos fortalecer a sensação de pertença a uma comunidade através do
quadro de liderança e dos fóruns da cadeira, que permitem tanto a competição como a colaboração.
3. RESULTADOS
Dos cinco anos lectivos de 2007-2008 a 2011-2012, recolhemos dados sobre a presença dos alunos nas aulas, o
número de descardas dos slides das aulas teóricas, o número de posts nos fóruns, e as notas finais. No final dos
semestres gamificados, efectuamos também um questionário de recolha de feedback dos alunos acerca da experiência gamificada. Os alunos tiveram origens semelhantes
em todos os anos, sendo que a maioria tinha terminado a
licenciatura no ano anterior, e uma minoria era composta
por, geralmente, um a três alunos de Erasmus. Tivemos
um total de 152 alunos nos três primeiros anos (nãogamificados), e 87 nos anos dois últimos (gamificados),
excluindo aqueles que desistiram da cadeira a meio ou
apenas se inscreveram a meio do semestre. Tivemos 18
aulas teóricas em todos os anos, excepto em 2009-2010,
que foram 19 aulas. Uma vez que os dados não apresentavam uma distribuição normal, todas as diferenças entre
os grupos gamificados e não gamificados foram feitas
com base no teste de Mann-Whitney’s U.
3.1 Presença nas Aulas
Dos anos não gamificados para os gamificados, pudemos
observar um aumento de 3% na presença nas aulas por
aluno (ver Figura 4), embora esta diferença não tenha
sido estatisticamente significativa (teste de MannWhitney’s U, U = 6493.5, p > 0.1). Apesar de parecer
haver uma influência positiva, não conseguimos identificar um efeito significante sobre a assiduidade.
3.2 Descarga de Slides
A descarga de slides das aulas teóricas era recompensada
com XP, para incentivar os alunos a estudar para a cadeira, sendo que no máximo, apenas 240 XP (0.2 valores)
podiam ser obtidos pela descarga de slides. Com isto,
obtivemos um aumento bastante significativo de 2.76
vezes (1.51 vs. 4.17) do número de descargas de slides
das aulas teóricas, normalizada ao número de alunos (teste de Mann-Whitney’s U, U = 167.0, p < 0.001), dos anos
não gamificados para os gamificados, o que sugere que
conseguimos incentivar os alunos a prestar mais atenção a
estes itens do material da apoio (ver Figura 5). Contudo,
o mesmo aumento não se verificou para os restantes itens
de apoio, o que pode estar relacionado com o facto do
material de suporte variar de ano para ano.
3.3 Posts nos Fóruns
Os posts no Moodle eram também recompensados, com
um máximo de 340 XP (0.28 valores) dados por pelo
menos 50 posts. Observámos um aumento significativo de
7 vezes (4.93 vs. 34.84) o número de posts, das instâncias
não gamificadas para as gamificadas (teste de MannWhitney’s U, U = 3494.0, p < 0.001), o que indica que a
participação online dos alunos aumentou bastante (ver
Figura 6). Podemos ainda observar que estas diferenças
se reflectem tanto no número de posts em resposta por
aluno como no número de primeiros posts, que aumentara
significativamente 7.4 vezes (4.39 vs. 32.45) e 5.4 vezes
(0.44 vs. 2.39), respectivalemnte. Isto mostra que não foi
só a participação que aumentou, mas também a proactividade. Olhando para o número de posts feitos pelos alunos
Figura 4. Percentagem média de presenças por aluno.
Figura 5. Número médio normalizado de descargas por aula.
durante o ano gamificado, podemos observar que 67%
respeitaram aos desafios. Não é por isso de espantar que
tenhamos achado uma correlação forte entre o número de
posts e o número de posts em resposta aos desafios, por
aluno (teste de Spearman, ρ > 0.89, p < 0.001).
3.4 Notas Finais
As notas finais apresentaram também uma melhorias de
0.13 valores termos médios, embora esta diferença não
seja estatisticamente significativa (teste de MannWhitney’s U, U = 6489.0, p > 0.1) (ver Figura 7). Contudo, olhando para a evolução da nota mínima ao longo do
tempo, cujos valores foram 12, 12, 13, 12 e 14, podemos
observar que no último ano gamificado obtivemos a nota
mínima mais alta de sempre. Ademais, tivemos também a
maior percentagem de alunos a atingir a nota máxima,
dada pela progressão anual de 2%, 6%, 0%, 0% e 11.5%.
Assim, os dados indicam que esta abordagem pode ajudar
a melhorar as notas e a diminuir as discrepâncias entre os
alunos com piores e melhores notas (ver Figura 8).
Encontramos correlações fortes da nota final com o número de posts (teste de Spearman, ρ = 0.71, p < 0.001) e
com o número de posts em desafios (teste de Spearman, ρ
= 0.68, p < 0.001), sendo esta mais forte com os teóricos
(teste de Spearman, ρ = 0.67, p < 0.001) do que com os
laboratoriais (teste de Spearman, ρ = 0.59, p < 0.001).
Estes resultados sugerem que os alunos que participam
mais nos desafios também têm melhores notas.
Quanto à participação na Skill Tree, esta foi relativamente reduzida. Apenas 10 pessoas participaram ao longo do
semestre, talvez porque esta componente tivesse sido
introduzida depois de o semestre começar, o que pode ter
gerado alguma entropia. Não obstante, dos 10 alunos que
participaram, 1 completou o último nível da árvore, 7
atingiram o penúltimo e 2 apenas o primeiro, o que sugere que os que participaram se sentiram muito motivados.
Figura 6. Número médio de posts por aluno.
Figura 7. Nota final média por aluno.
3.5 As Novas Componentes
Os novos crachás tiveram sucesso limitado. Os concebidos para motivar os alunos a cooperar foram subaproveitados. Os grupos com melhores notas frequentemente
culpavam os com piores pelos XP que não tinham ganho.
Os alunos consideraram que o crachá que recompensava
a compilação de resultados dava demasiado trabalho para
os 100 XP de recompensava, o que fez com que apenas
um aluno o alcançasse. O crachá que promovia a resposta
atempada aos desafios foi muito criticado, por promover
respostas desprovidas de conteúdo. O crachá de participação oral, por outro lado, foi obtido por 23 alunos o que
revela uma aceitação moderada, mas obteve algumas críticas relacionadas com a pressão gerada sobre os alunos
para falarem nas aulas.
Figura 8. Boxplot das notas finais, com o primeiro e terceiro
quartis (caixa), e os menores valores ainda dentro de 1.5
vezes o intervalo interquartil (bigodes).
3.6 Feedback dos Alunos
No fim de cada semestre gamificado, os alunos responderam a um questionário para recolhermos feedback quantitativo e qualitativo sobre a sua experiência de aprendizagem. As respostas eram dadas numa escala de Likert com
5 pontos. Tendo em conta a moda das respostas, os alunos consideraram que a experiência gamificada, aplicada
a PCM, correu bastante bem (4) [1 – terrível, 5 – excelente]. Em comparação com outras cadeiras, os alunos acharam PCM gamificada mais motivante (4) e interessante
(4) [1 – muito menos, 5 – muito mais], mas também que
requeria mais trabalho (4), embora não fosse mais difícil
(3) nem complicado de aprender do que as outras cadeiras (3) [1 – muito menos, 5 – muito mais]. A cadeira foi
também vista como tendo um estudo com a mesma qualidade que as outras cadeiras (3), embora mais contínuo (4)
[1 – bastante menos, 5 – bastante mais]. Os alunos sentiram moderadamente que estava a jogar um jogo e não só
a participar numa cadeira (3) [1 – de modo nenhum, 5 –
bastante], e a maioria achou que os crachás deviam valer
mais nota (4) [1 – certamente que não, 5 – certamente que
sim]. Quando confrontados com tarefas não obrigatórias,
os alunos consideraram que as faziam pela nota e não
pelo jogo (1) [1 – apenas pela nota, 2 – apenas pelo jogo]. Consideraram também que tarefas que requeriam
trabalho extra, como os desafios ou a partilha de material
relacionado nos fóruns, contribuía para a sua aprendizagem (4) [1 – de modo nenhum, 5 – bastante], e também
que a gamificação deveria ser aplicada a outras cadeiras
(4) [1 – certamente que não, 5 – certamente que sim].
Foi-nos ainda sugerido que a ilusão de jogo poderia ser
melhorada através da introdução de avatares e itens, da
promoção da cooperação entre alunos e da criação de
mais oportunidades de competir. Vários alunos congratularam também os desafios e crachás que lhe permitiram
fazer trabalho criativo, mas admitiram que mais possibilidades de criarem aumentaria a ilusão de jogo. A Skill
Tree não obteve muitas críticas, pois alguns alunos confessaram que a experiência lhes tinha “passado ao lado”.
Contudo, alguns alunos criticaram o facto de a recompensa não justificar o trabalho envolvido, e que o desbloqueio dos primeiros níveis de nós deveria ser mais fácil.
Por outro lado, os alunos que gostaram deste novo elemento, admitiram que lhes dava uma maior sensação de
controlo e ilusão de estar a jogar um jogo, pois podiam
escolher o tipo de actividades que preferiam.
4. DISCUSSÃO
Os resultados das nossas experiências gamificadas foram
bastante encorajadores, mostrando um grande potencial
para motivar e cativar os alunos.
4.1 Melhorias na Motivação dos Alunos
Os dados sugerem que a nossa abordagem gamificada
tem um grande impacto sobre os níveis de participação e
proactividade dos alunos, como visto pelos aumentos em
5 vezes do número de posts inicias, e de 7 vezes do número de posts em resposta. O facto de 67% dos posts dos
alunos respeitarem aos desafios, sugere-nos que estes
terão sido dos principais motivadores gamificados, e que
são uma boa forma de modelar as tarefas típicas de uma
cadeira da área de Computação Gráfica e Multimédia,
que envolve bastante criatividade.
Também o número de descargas dos slides das aulas teóricas aumentou quase 3 vezes, o que sugere que conseguimos aumentar o interesse dos alunos sobre boa parte
do material de apoio. Contudo, não verificámos o mesmo
efeito noutros tipos de material de suporte, o que se pode
dever a múltiplos factores. O simples facto de a matéria
mudar de um ano para o outro, poderá ter afectado a disponibilidade do material de apoio e o interesse dos alunos
sobre ele. Quanto à assiduidade às aulas, embora os dados sugiram que possa haver um efeito positivo sobre ela
da nossa abordagem, faltam-nos dados estatísticos para
suportar quaisquer conclusões.
Pudemos também verificar que a nossa abordagem pode
melhorar os resultados da aprendizagem dos alunos. Embora o aumento da nota final média tenha sido residual,
temos indicações de que com as alterações que fizemos
no segundo ano, conseguimos subir as notas dos alunos e
aproximar os que tinha piores notas aos que tinham melhores, o que reduz a disparidade de notas na cadeira.
Colocamos em hipótese que este efeito se possa dever ao
facto de termos aumentado não só o número de desafios,
como também o peso destes na avaliação, o que os tornou
mais apelativos. Também o facto de os desafios terem
sido melhor distribuídos ao longo do semestre pode ter
favorecido a aprendizagem e contribuído para as componentes contínuas de avaliação, como os mini-testes. Contudo, este é um tópico para trabalho futuro.
As melhorias em termos de atenção ao material de apoio,
participação e proactividade, e dos resultados da aprendizagem, sugerem que a nossa abordagem conseguiu cativar, motivar e ajudar mais os alunos, do que as versões
não gamificadas da cadeira. Isto parece ser corroborado
pelos resultados dos questionários, que mostram que os
alunos consideraram a cadeira como sendo mais motivante e interessante que outras cadeiras não gamificadas.
4.2 Lições Aprendidas e Limitações do Estudo
Da nossa experiência com a gamificação de PCM pudemos aprender várias lições. Aprendemos que os desafios
são uma óptima forma de modelar actividades da cadeira
em tarefas bem delineadas e com significado para os alunos, que permitam que eles se divertiram e sejam criativos. Concluímos também que os crachás e as tarefas inerentes têm de ser concebidos para que haja um equilíbrio
adequado entre o esforço necessário para as completar e o
tamanho da recompensa. Caso este passo falhe, existirão
crachás que serão evitados pelos alunos. A equilibrada
distribuição dos desafios ao longo do semestre parece ser
um ponto-chave para ajudar os alunos a ter um melhor
desempenho. Colocamos em hipótese que ao eliminar
períodos inactividade e distribuindo melhor os desafios,
para que os alunos tenham de estudar continuamente,
podemos ajudá-los a ter um melhor rendimento.
Aprendemos também que o uso de feedback directo e
relatos de progresso, através do uso de pontos, níveis e
crachás, podem ser utilizados para melhorar o sentido de
competência dos alunos. A existência de vários crachás e
o facto de vários destes serem multinível, pode também
ser usado para dar escolhas aos alunos e assim promover
a sua autonomia, que tendencialmente é limitada devido
às restrições de avaliação da cadeira. Notámos, contudo,
com base no feedback dos alunos, que a autonomia que
proporcionamos ainda é um pouco restrita, o que parece
limitar a ilusão de jogo e a criatividade dos alunos.
O nosso estudo possui algumas limitações, ligadas a um
conjunto de variáveis que não podemos controlar. Por
exemplo, a população estudantil varia de ano para ano, o
que pode afectar os resultados. Um estudo entre grupos,
durante o mesmo ano, comparando uma abordagem gamificada com uma não gamificada, minimizaria o problema.
Contudo, uma vez que ambas as abordagens envolvem
métodos de avaliação muito diferentes, não seria ético
avaliar dois grupos da mesma cadeira de formas diferentes. Outra variável não controlada deve-se ao facto de a
matéria mudar de ano para ano, o que é um requisito para
manter a cadeira actualizada. Esta limitação pode causar
uma variação, não só na disponibilidade de itens de
apoio, como também do interesse dos alunos sobre eles, o
que poderá causar diferentes níveis de atenção ao material de apoio ao longo dos anos. Temos ainda outra limitação, correspondente ao facto de estarmos a avaliar o quão
motivados e cativados os alunos estão com a cadeira,
utilizando medidas informais. Futuramente, gostaríamos
utilizar um questionário formal, tal como proposto por
Handelsman et al. [Handelsman2005].
5. MAIS AUTONOMIA E CRIATIVIDADE
Embora consideremos que tenhamos conseguido aumentar bastante a autonomia e a criatividade dos alunos com
a inclusão de crachás e desafios, os dados do questionário, bem como feedback informal dos alunos, sugerem
que os alunos ainda se sentem limitados. Por isso, no ano
de 2012-2013, para além de uma versão madura da Skill
Tree, introduzimos dois novos elementos gamificados,
que ainda se encontram a ser avaliados. A primeira novidade é o AvatarWorld. Este consiste de um ambiente virtual 2.5D, desenhado em Pixel Art6, que evolui à medida
que os alunos são avaliados (ver Figura 9). No início
existe apenas uma pequena cidade no jogo, mas à medida
que as notas vão sendo dadas, novos edifícios, personagens e zonas do mapa vão surgindo. Os alunos são representados por um avatar, que se pode deslocar livremente
pelo mapa. O avatar pode ser personalizado com várias
peças de equipamento, que vão sendo desbloqueados à
medida que vão completando os desafios na cadeira. Con6
http://en.wikipedia.org/wiki/Pixel_art
completada pelos alunos, terminou ao final de uma semana com a participação de 40 alunos. O entusiasmo dos
alunos foi tal, que a Quest acabou mesmo antes de alguns
alunos terem a oportunidade de participar, o que revela
que esta componente apresenta um grande potencial para
motivar e cativar os alunos.
Figura 9. AvatarWorld.
tudo, os alunos podem criar conteúdo para o jogo, como
peças de equipamento e edifícios. Estes devem ser concebidos utilizando ferramentas e técnicas ensinadas na cadeira, e recompensam também os alunos com XP, conforme o resultado da avaliação dos itens criados. O principal objectivo do AvatarWorld é permitir aos alunos que
estes sejam criativos e exercitem o que lhes foi ensinado
na cadeira. Este mundo virtual serve também como uma
forma adicional de cativar os alunos e de transmitir o
progresso global da turma.
O segundo elemento é a PCM Quest, que consiste de um
jogo de adivinhas online, semelhante do Notpron7. Os
alunos começam numa página web com um quebracabeças multimédia, que só pode ser resolvido utilizando
ferramentas e técnicas aprendidas ao longo da cadeira.
Ao resolver o puzzle, o link para o próximo é revelado.
Esta componente tem como objectivo não só cativar os
alunos e ensiná-los a usar o que aprenderam, como também fomentar a cooperação entre eles. Quantos mais alunos participassem na Quest mais XP todos ganham.
Embora a experiência de 2012-2013 ainda esteja a acabar, os dados preliminares são bastante encorajadores. A
Skill Tree, que foi melhorada de forma a ser mais bem
remunerada e mais fácil de desbloquear os primeiros níveis de nós, contou com a participação de 47 dos 54 alunos, sendo que muitos deles chegaram até ao penúltimo
nó de profundidade da árvore. Isto sugere que os alunos
se sentiram cativados e podem ter beneficiado da maior
autonomia e sido mais criativos.
O AvatarWorld contou com 19 alunos a contribuir com
246 novas peças de equipamento, e 13 com 84 novos
edifícios. Estes são valores impressionantes, dada que a
criação de conteúdos para o AvatarWorld ainda requeria
um esforço considerável. A produção de novas peças foi
tal, que as criadas pelo corpo docente, como recompensa
de desafios, perderam quase todo o valor, pois as novas
peças ficavam automaticamente disponíveis para todos os
alunos. Isto sugere que o AvatarWorld conseguiu apimentar a criatividade dos alunos e motiva-los para produzir
conteúdo multimédia, utilizando o que aprenderam.
A PCM Quest foi um êxito. Embora tenhamos inicialmente planeado que esta demorasse várias semanas a ser
7
http://notpron.org/notpron/
6. CONCLUSÕES
Neste artigo apresentamos uma cadeira gamificada e discutimos como a gamificação pode ser utilizada para motivar e cativar os alunos. A nossa abordagem apresenta
um impacto significativo sobre a participação e proactividade online, e temos também indícios de que poderá beneficiar a atenção ao material de apoio e os resultados da
aprendizagem. Por outro lado, os alunos consideraram a
nossa abordagem mais motivante e interessante que outras cadeiras não gamificadas e que, apesar de requerer
mais trabalho, não é mais difícil que as outras. Estes resultados levam-nos a acreditar que a nossa abordagem
consegue realmente aumentar a motivação dos alunos
para trabalhar na cadeira, tornando-os assim mais diligentes. Aprendemos também que através da modelação das
tarefas da cadeira em desafios estruturados, podemos
aumentar a motivação dos alunos para desempenhar essas
tarefas. Ademais, a correcta distribuição dos desafios ao
longo do semestre e a ausência de períodos sem actividades pode melhorar o desempenho dos alunos. Terminámos por propor um conjunto de soluções interactivas, que
apresentam um grande potencial para aumentar a autonomia dos alunos e criarem oportunidades para cooperarem e exercerem a sua criatividade.
7. AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi suportado pela FCT (INESC-ID multiannual funding), no âmbito do projecto PEstOE/EEI/LA0021/2013, e o projecto PAELife, referência
AAL/0014/2009. Gabriel Barata foi suportado pela FCT,
bolsa SFRH/BD/72735/2010.
8. REFERÊNCIAS
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Melhorando o Ensino Universitário Com a Gamificação.