Autores
africanos
Arlindo Barbeitos
Nasceu em Luanda (1940). Fez
cursos superiores de Sociologia e
Antropologia e doutoramento em
Antropologia Cultural em Paris.
Professor nas bases do MPLA
(Frente Leste), è agora professor
universitário, poeta e ficcionista.
Traduzido em várias línguas, è
incluído em numerosas antologias.
Algumas de suas obras:
Angola Angolê Angolêma (poemas 1976); Njozi (poemas – 1979); O
Rio, histórias de regresso (contos –
1985); Fiapos de sonho (poesia –
1992)
Angola, angolê, angolêma
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Em teus dentes
o sol
é diamante de fantasia
a lua caco-de-garrafa
e
a mentira
verdade vagabunda
errando de cágado
em torno da lagoa dos olhos da noite
na treva aveludada
de tua pele
os dedos curiosos
são estrelas de marfim
à busca
de um dia caprichoso
despontando de miragem
por detrás das corcundas
de elefantes adormecidos
Mário Antônio
Nasceu em Luanda (1934). Foi um dos
animadores do Movimento dos Novos Poetas
de Angola. Publicou "Poemas" em 1956 e "100
Poemas" em 1964.
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Uma Negra Convertida
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Minha avó negra, de panos escuros,
da cor do carvão...
Minha avó negra de panos escuros
que nunca mais deixou...
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Andas de luto,
toda és tristeza...
Heroína de ideias, rompeste com a velha tradição
dos cazumbis, dos quimbandas...
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Não xinguilas, no obito.
Tuas mãos de dedos encarquilhados,
tuas mãos calosas da enxada,
tuas mãos que preparam mimos da Nossa Terra,
quitabas e quifufutilas - ,
tuas mãos, ora tranquilas,
desfilam as contas gastas de um rosário já velho...
Continuação
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Teus olhos perderam o brilho;
e da tua mocidade
só te ficou a saudade
e um colar de missangas...
Avózinha,
as vezes, ouço vozes que te segredam
saudades da tua velha sanzala,
da cubata inde nasceste,
das algazarras dos obitos,
das tentadoras mentiras do quimbanda,
dos sonhos de alambamento
que supunhas merecer...
E penso que... Se pudesses
as velhas tradições!
Juvenal Bucuane
Nasceu no Xai-Xai
em 23 de Outubro de
1951. "A RAIZ E O
CANTO" foi o seu
primeiro livro publicado,
em Dezembro de 1984
pela AEMO.
O HÚMUS DO HOMEM NOVO
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"A Cláudio, meu filho
Não quero que vejas nem sintas
a dor que me amargura;
Não quero que vejas
nem virtas
as lágrimas do meu pranto.
Deixa que eu chore
as mágoas e as desilusões;
deixa que eu deambule;
deixa que eu pise
a calidez do chão desta terra
e o regueaté com o meu suor;
Continuação
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deixa que me toste
sob este sol inóspito
que me dardeja o lombo sempre arqueado...
Este penar
é o resgate da esperança
que em ti alço!
Este penar
é a certeza do amanhã que vislumbro
na tua ainda incipiente idade!
Não quero que vejas
nem sintas
o meu tormento
ele é o húmus do Homem Novo."
Malangatana Ngwenya
Malangatana Valente NGWENYA
nasceu a 6 de Junho de 1936 em
Matalana, Moçambique. Produziu
uma vasta obra no campo da
pintura e é hoje um dos mais
notáveis artistas africanos.
Representado em inúmeros
museus e coleções particulares em
todo o mundo, Malangatana,
artista multifacetado, que canta,
dança, faz poemas, teatro,
cerâmica e escultura, é grande
animador sócio-cultural e vê
erguer-se presentemente o sonho
de construção do Centro Cultural
na sua aldeia natal.
Amor Verde
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" Porque o amor não é sempre verde
que bom quando verde é
nem quero que mudes de cor
ó amor verde, verde, verde
ele é tão bom, bom, bom
Na cama quando passei a primeira noite
senti-me feliz quando corria dentro dela
a lágrima que nos fez amigos infinitos
porque dela veio quem nos chama: Papá e Mamã
o nosso primeiro filho, tão lindo, lindo."
Agostinho Neto
• Nascido em Kaxikane, arredores de
Luanda, em 1922. Faleceu em
Moscovo em 1979. Colaborou em
vários jornais e revistas de Angola,
Portugal e Brasil.
Autor de poemas traduzidos em varias
línguas. Publicou "Sagrada Esperança"
em 1974. Médico de profissão, foi o
grande impulsionador da
independência de Angola. Preso pelo
poder colonial de 1955 a 1957 e de
1960 a 1962, escapou da prisão e
refugiou-se em Marrocos. Líder do
MPLA, foi o primeiro Presidente da
Republica Popular de Angola.
Poesia Africana
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Lá no horizonte
o fogo
e as silhuetas escuras dos imbondeiros
de braços erguidos
No ar o cheiro verde das palmeiras queimadas
Poesia africana
Na estrada
a fila de carregadores bailundos
gemendo sob o peso da crueira
No quarto
a mulatinha dos olhos meigos
retocando o rosto com rouge e pó de arroz
A mulher debaixo dos panos fartos remexe as ancas
Na cama
o homem insone pensando
Continuação
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em comprar garfos e facas para comer à mesa
No céu o reflexo
do fogo
e as silhuetas dos negros batucando
de braços erguidos
No ar a melodia quente das marimbas
Poesia africana
E na estrada os carregadores
no quarto a mulatinha
na cama o homem insone
Os braseiros consumindo
consumindo
a terra quente dos horizontes em fogo.
Grupo
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Bruna Dümpel – 2
Daniel Loureiro – 6
Guilherme Macedo – 11
Gustavo Rody – 12
Luiz Claudio – 24
Natália Noronha – 30
Profa. Rosangela Bastos
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