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Classificação do artigo 6 jan 2015 O Globo
CÉLIA COSTA [email protected] VERA ARAÚJO [email protected]
Comandante do Batalhão de Choque
exonerado por Beltrame
Secretário diz ter ficado horrorizado com conversas no WhatsApp
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, exonerou ontem o coronel Fabio de Souza, titular
do Batalhão de Choque. O oficial é acusado de enviar mensagens a policiais defendendo o nazismo. Ao
assumir ontem o comando da PM, o coronel Alberto Pinheiro Neto se viu obrigado a punir um
companheiro de muitos anos. Por ordem do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, ele exonerou
o também coronel Fábio Almeida de Souza do comando do Batalhão de Choque, após o oficial ser flagrado
em conversas no WhatsApp ( aplicativo para celular) como interlocutor de mensagens de cunho nazista.
Ele também é acusado de incentivar seus comandados a agirem com violência contra manifestantes, em
2013, durante os protestos ocor r idos em 2013, quando comandava o Bope. Numa das conversas, por
exemplo, Fábio teria dito que, em vez do uso de um bastão não letal para imobilizar os black blocs —
denominados por ele de “black bobos” —, o certo seria usar um 7.62 ( fuzil). Em outra mensagem, ele
teria escrito: “mata eles tudo” ( sic).
Beltrame disse que tomou a decisão de afastar Fábio após ter acesso às mensagens trocadas via
WhatsApp, que foram divulgadas em reportagem da revista “Veja”. Ele também ordenou a instauração de
um inquérito policialmilitar (IPM) para investigar a conduta de Fábio e de outros oficiais que faziam parte
do grupo e também poderão ser punidos. Beltrame negou negou ter sido alertado para o fato pelo coronel
José Luís de Castro, ex­comandante da Polícia Militar.
— Só agora me certifiquei sobre o conteúdo das mensagens que fazem parte do inquérito. Fiquei
horrorizado. Se outra pessoa soube disso, deveria ter tomado providências, como o procedimento
disciplinar que será aberto agora. Se ele sabia, não só deveria ter me informado, como dever ia ter aber to
imediatamente um processo disciplinar contra o coronel Fábio — disse Beltrame.
O secretário afirmou ainda que, quando Fábio começou a trabalhar na sua escolta pessoal, não havia
qualquer procedimento disciplinar contra ele. O oficial aparecia apenas como testemunha num IPM que
apura um ataque ao tenente­ coronel Márcio Rocha, que comandou o Batalhão de Choque em janeiro de
2014. A casa do militar teve sua fachada atingida com 14 tiros, logo depois que um oficial do grupo de
Fábio foi substituído por Rocha.
Foi justamente durante a apuração desse inquérito que surgiu um documento, enviado
anonimamente à Corregedoria Interna da PM, com conversas entre Fábio e outros policiais no WhatsApp.
Havia indícios de que os militares estariam tramando a derrubada do tenente­ coronel Rocha, a quem
chamavam de “obtuso”. Numa das mensagens, por exemplo, eles chegaram a declarar: “morte ao
obtuso”.
QUEBRA DO SIGILO TELEFÔNICO
Ao anexar o novo documento ao IPM, a Corregedoria passou a apurar o suposto envolvimento de Fábio
e dos outros oficiais com o atentado, embora todos tivessem sido ouvidos apenas como testemunhas. O
coronel Gilson, encarregado do inquérito, pediu a quebra do sigilo telefônico das pessoas que faziam parte
do grupo.
O GLOBO entrou em contato com o coronel Chagas, que disse que, por ser o encarregado do inquérito,
está impedido de falar sobre o caso. Segundo uma fonte que trabalha no IPM, o grupo de Fábio não
gostava do tenente­ coronel Rocha porque ele não tinha origem no Batalhão de Choque, o que o tornaria
persona non
grata. O coronel Fábio e o tenentecoronel Rocha não quiseram se pronunciar sobre o caso.
O novo comandante da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto, trabalhou no Bope junto com o coronel
Fábio. Ambos na época davam instrução a aspirantes à tropa de elite. Agora, para o lugar do oficial
exonerado, foi escolhido o coronel Wilman Rene Gonçalves Alonso. Ele vai vai acumular o cargo com a
chefia do Comando de Operações Especiais ( COE) da Secretaria de Segurança.
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