Ciência que estuda as relações entre os
animais e o clima
É necessário informações sobre o clima e
animais, abrangendo o conhecimento dos
elementos meteorológicos, das respostas
fisiológicas e comportamentais dos
animais, visando sempre a garantia do
bem-estar animal e aumento de sua
produtividade.
Informações climáticas mais importantes
para a caracterização do ambiente de
produção animal:
• temperatura de bulbo seco (tbs),
• umidade relativa (UR),
• velocidade (v) do ar,
• radiação solar
• precipitação.
Condições climáticas inadequadas à
produção
causam
redução
no
desempenho produtivo e reprodutivo
dos animais.
Conforto e desconforto térmico
O ambiente térmico engloba :
• os efeitos da radiação solar,
• temperatura de bulbo seco do ar (tbs),
• velocidade do ar (v),
• umidade relativa (UR)
• temperatura efetiva (tef)
• Seus efeitos sobre os animais são
avaliados pelo comportamento e respostas
fisiológicas.
A produção animal =
potencial
genético + nutrição + sanidade +
manejo + fatores ambientais.
O ambiente constitui-se em um dos
responsáveis pelo sucesso ou fracasso dos
empreendimentos, uma vez que pode ser
definido como a soma dos impactos dos
meios biológicos e físicos circundantes
sobre os animais
CURTIS, 1983.
Ambiente térmico vs produtividade
Para que o animal possam expressar todo o
seu potencial genético
desenvolvimento
do ambiente de criação.
Temperatura do ar
A tbs é o principal elemento climático para o conforto
térmico e funcionamento geral dos processos fisiológicos,
por envolver a superfície corporal dos animais, afetando
diretamente a velocidade das reações que ocorrem no
organismo e influenciando a produção animal.
Conhecimento
das
temperaturas
médias,
máximas e mínimas da região é fundamental:
• o projeto e manejo de instalações
• escolha dos materiais mais adequados
• definição do tipo de ventilação a ser adotada,
Umidade relativa
A UR + tbs = dissipação de calor pelos animais.
Altos valores de tbs e UR = danosos para a
produção zootecnia,
No interior de instalações a UR depende:
• temperatura do ambiente
• fluxo de vapor d’água oriundo :
• dos animais,
• das fezes e/ou da cama
•do sistema de ventilação
BAIÃO, 1995; ZANOLLA, 1998.
Velocidade do ar
Renovação do ar no interior permite:
• redução da transferência de calor da
cobertura, facilitando as trocas de calor corporal
por convecção e evaporação
• diminui o excesso de umidade ambiente
• diminui o excesso gases :NH3,CO2 advindos da
cama, da respiração e dos excrementos, evitando
as doenças pulmonares.
BAETA e SOUZA, 1997
Velocidade do ar
Estudos realizados por YOUSEF (1985) e MEDEIROS
(2001), sobre a influência do ambiente térmico na
produtividade de frangos de corte entre a 4ª e a 6ª
semanas de idade, verificaram que as faixas de tbs,
UR e v que resultam em maior desempenho,
ocorrem entre 21 e 27°C, 50 e 70% e 0,5 e 1,5 m s-1,
respectivamente.
a
b
c
Figura 2. Tela do programa para classificação da condição de conforto de suínos
mostrando três diferentes cenários: a) suínos em movimento – classificação
inválida, b) suínos em repouso – ambiente confortável e c) suínos em repouso –
ambiente frio (XIN & SHAO, 2005).
(a)
(b)
(c)
Figura 4. (a) Sistemas de marcação de aves por meio de cores; (b) aquisição e
análise das imagens composto por câmeras instaladas em uma câmara climática;
(C) computador equipado com placa de aquisição de dados e programas
computacionais para a aquisição e análise de imagens (BARBOSA FILLHO, 2004).
O clima atua diretamente sobre os animais domésticos,
através de seus agentes.
A temperatura é o componente do clima de > importância
porque exerce ação acentuada sobre os mamíferos e
aves.
São homeotérmicos
habilidade de controlar sua
temperatura corporal dentro de uma faixa estreita, quando
expostos a grandes variações de temperatura.
A temperatura interna
constante, independente da
temperatura ambiente
os animais são dotados de
aparelho fisiológico termorregulador.
Superfície da pele
Receptores da sensação de frio ou calor
Recptores de frio
Recptores de calor
Cérebro
Sist. Nervoso
Hipófise
Tireóide
Sist. Circulatório
Sist. Respiratório
Glând. Sudorípara
Vasoconstrição
Aumento do apetite
Eriçamento dos pêlos
Calafrios
Aumento do metabolismo
produção de calor
Vasodilatação
Sudação
Aceleração do ritmo resp.
Diminuição do apetite
Acamamento dos pêlos
Redução do metabolismo
eliminação de calor
O efeito do calor na temperatura corporal é determinada:
• clima
• temperatura do ar
• umidade e radiação solar
• disponibilidade de água e alimento.
As fontes disponíveis de alimento e água em ambientes
quentes exercem influência na temperatura do corpo
através das interações fisiológicas entre:
 metabolismo energético que libera calor para
mantença e atividade produtivas
 água que entra no sistema via metabolismo
intermediário e resfriamento evaporativo
a) produção de calor no interior do organismo
(termogênese), pela oxidação dos elementos nutritivos
dos alimentos e energia dispendida no metabolismo basal,
para o crescimento e toda atividade fisiológica produtiva;
b) aquisição de calor: quando a temperatura ambiente
(à sombra ou ao sol) é superior à da superfície do corpo
do animal, o corpo adquire calor que se propaga do
ambiente para o animal, por radiação e condução, da
radiação solar (direta ou refletida) e da temperatura do ar
• O animal produz calor quando transforma energia
química contida nos alimentos em trabalho.
• No campo, o animal pode absorver calor direta ou
indiretamente da radiação solar.
• Absorção de calor + calor metabólico = ganho de calor
do animal, que deve ser perdido, para que o animal
permaneça em estado de homeostase (capacidade do
corpo para manter um equilíbrio estável a despeito das
alterações exteriores; estabilidade fisiológica).
Eliminação de calor corporal com temperatura ambiente <
que a da superfície do corpo.
O eriçamento dos pêlos, também comandado pelo hipotálamo,
mantem uma camada de ar isolante entre a superfície da pele e o
ambiente, diminui a perda de calor
Eliminação de calor por radiação, condução e convecção
a) a relação entre tamanho (peso) do indivíduo e sua superfície corporal =
animais < requerem uma > produção de calor por unidade de peso do que
grandes animais, a fim de manter o equilíbrio energético ou homeostase.
b) o desenvolvimento da pele em dobras, pregas, barbelas, etc. que
aumentam a superfície do corpo;
c) pelagem e sua conformação;
d) no suíno, espessa camada de cobertura (toucinho) que, por ser
má condutora de calor, dificulta a propagação do calor interior do
organismo para a pele e conseqüente dissipação.
Fatores que favorecem a eliminação do calor corporal:
• sombras,
• abrigos frescos e bem ventilados,
• contato com a água, etc.
Fatores que dificultam a perda de calor corporal:
• abrigos fechados,
• aglomerado
• permanência no sol.
Eliminação do calor por evaporação
Nos climas quentes, a evaporação é o principal processo de
eliminação do excesso do calor corporal. Ela é prejudicada pela
umidade do ar elevada e favorecida pelos ventos. A evaporação
processa-se na superfície do corpo, mas ocorre também no seu interior,
na intimidade do aparelho respiratório.
A umidade que se evapora na superfície do corpo pode ser:
a) o produto das glândulas sudoríparas
o suor.
a produção de suor é o influenciada pelo tamanho e atividade das
glândulas e também pela área da superfície do corpo e seu
revestimento.
Ex: - zebu e o cavalo suam bastante,
- bovino europeu, o porco e o carneiro lanado suam muito pouco.
b) origem externa
imersão em lagos, rios, etc.
c) difusão, através da pele dos fluidos orgânicos
dilatação dos
vasos sangüíneos da pele, aumentando o volume de sangue nesses
vasos, favorece essa difusão
 animais que não suam, ou suam pouco, a maior ingestão de água
acarreta
> produção de urina:
 animai que suam (zebu)
urinam mais no inverno
 suam pouco (taurinos)
urinam mais no verão;
 deficiência de suar = grande produção de saliva
;
Faixa de conforto
Faixa de temperatura ambiente dentro da qual o animal mantém a sua
temperatura do corpo sem necessidade do
mecanismo
termorregulador. O equilíbrio térmico processa-se naturalmente.
Os valores mínimos e máximos dessa faixa, influenciados por outros
fatores do clima, variam nas diversas espécies domésticas.
Temperatura crítica superior - Hipertermia
Há um limite da temperatura ambiente = temperatura crítica: o
mecanismo termorregulador
não tem capacidade de assegurar o
equilíbrio térmico, ocorrendo em consequência a hipertermia, a elevação
acima do nível normal da temperatura do corpo, provocada pela elevada
temperatura ambiente.
O stress calórico = animais são expostos a temperatura ambiente acima
da sua temperatura crítica superior.
QUADRO . Valores normais médios de temperatura retal,
ritmo
respiratório e pulsação nas principais espécies domésticas (animais adultos).
“zona de conforto” ou de “termoneutralidade”,
Faixa de temperatura ambiente na qual o calor dissipado pelo animal
corresponde ao calor mínimo produzido metabolicamente. A
“máquina viva” teria aí o seu máximo conforto e em consequência
um menor desgaste, mais saúde, melhor produção.
Dentro da zona de termoneutralidade, a temperatura corporal mantémse constante com mínimo esforço dos mecanismos termorreguladores.
Existe também temperaturas críticas altas e baixas.
Quando ultrapassadas, o animal sofre em seu rendimento.
QUADRO . Limites da temperatura para gado leiteiro de acordo com a idade e
status fisiológicos.
BRODY, afirma que a zona de conforto varia de 1 a 16ºC para o gado
bovino europeu e de 10 a 27ºC para o gado zebuino.
 Segundo a literatura, acima de 16ºC em gado bovino europeu e
27ºC em gado indiano, há ativação dos mecanismos
termorreguladores verificada pelo aumento do ritmo respiratório e
evaporativo; acima de 26,5ºC em gado europeu e 35,0ºC em gado
indiano os mecanismos de compensação começam a falhar,
acarretando rápido aumento da temperatura retal, declínio na
ingestão de alimentos, na produção de leite e no peso corporal.
Autores comentam que quanto menor a temperatura noturna,
maior a tolerância à temperatura diária, em bovinos.
 As raças Holandesa, Jersey, Parda Suíça e Brahma apresentam
diferentes graus de tolerância ao calor, sendo a Holandesa a de
menor tolerância e a Brahma a de maior tolerância.
A Holandesa tem sido bastante difundida, graça a sua elevada
produtividade, ainda
que sejam maiores suas exigências
alimentares, sanitárias e de manejo.
 Alguns autores, afirmam que os bovinos das raças européias
cessam a ruminação à temperatura de 32 e 33ºC.
FIGURA . Representação esquemática das temperaturas críticas do meio
ambiente e as zonas abrangidas por elas.
QUADRO . Efeito do stress térmico no consumo de alimentos.
Tanto em temperaturas elevadas como baixas ocorre queda na produção de
origem animal, seja por insuficiência de energia alimentar, seja por
indisponibilidade de energia para o processo produtivo.
A literatura reporta que uma variação diurna de temperatura de 21,5 a
38,5ºC reduz de 20 a 35% a ingestão de alimentos em bovinos
Holandeses, havendo pouco efeito, menos de 10% em bovinos
Jerseys.
O aumento no consumo de água é a maior resposta ao desconforto
térmico, onde, a água consumida é utilizada primariamente como
veículo de dissipação de calor.
Sob condições a campo, a ingestão aumenta rapidamente em
temperatura ambiente acima de 27ºC, podendo as necessidades
alcançarem valores de 1,2 a 2 vezes mais do que os requerimentos da
termoneutralidade (BEEDE & COLLIER).
QUADRO . Efeito da temperatura da água no consumo em vacas sob stress
térmico.
QUADRO. Balanço de água em vacas leiteiras lactantes e secas submetidas a
diferentes temperaturas ambientes.
Efeito da temperatura na reprodução
A alta temperatura afeta os processos reprodutivos diretamente e
indiretamente através do stress na produção.
Nos machos:
• esterilidade estival,
• degeneração do epitélio germinativo,
• dimunuição da produção de sêmen,
• queda da fertilidade.
Nas fêmeas:
• retardamento da maturidade sexual,
• interferência na fertilidade do óvulo e na sua implantação no útero,
• interrupção da prenhez.
Comportamento sexual
Vários trabalhos citam que em condições de calor intenso há
redução do nível de libido no macho, de modo geral, e que a
queda de temperatura diminui o nível de atividade sexual no
macho.
Segundo FRASER, a atividade sexual do macho é menor
durante as horas de maior radiação solar, podendo ocorrer
impotência sexual.
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Bioclimatologia anima