Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015
MODA E TECNOLOGIA: INTRODUÇÃO AO DESENHO INTELIGENTE
Fashion and Technology: An introduction to intelligent design
Laura Zambrini1 (CONICET- FADU-UBA)
E-mail: [email protected]
Resumo: Trata-se de uma introdução ao desenho inteligente de moda, examinando a relação
entre novas tecnologias e desenho têxtil, no contexto da globalização. Descreve-se o sistema da
moda na sociedade industrial e a produção de objetos tradicionais (sem tecnologia digital).
Então, começando com a crise da indústria, e em diálogo com as mudanças culturais, é
analisado o surgimento de vestuário inteligente. Finalmente, se faz referência a sustentabilidade
e os papéis de desenhistas de roupas em os novos e complexos cenários sociais.
Palavras- chave: Desenho- Roupas- Objeto Inteligente- Sustentabilidade
Abstract: It is an introduction to fashion intelligent design. We analyze the relationship between
new technologies and design of fashion and textile in the context of social globalization. The
fashion system is described in the context of industrial society and the production of traditional
objects (without digital technology). We analyze the crisis of the industrial era, in dialogue with
the cultural changes and the emergence of a new generation of intelligent objects. Finally, we
reviewed the sustainability discourses and the new roles of fashion designers in the global social
scenarios.
Keywords: Design- Fashion- Intelligent Objet- Sustainability
O sistema de moda
Falar sobre moda é falar de uma forma privilegiada de organização do vestuário com
base na mudança periódica das roupas e inovação constante de estilos com finalidades estéticas
e de distinção social (BOURDIEU, 1998; MARTINEZ BARREIRO, 1998).
Desde o início da sociedade industrial, a burguesia constituída como um grupo
dominante organizou e instituiu a sistematização de vestuário para maximizar os lucros e
transformar o fenômeno da moda em uma das indústrias mais rentáveis até hoje. A essa
Doutora em Ciências Sociais e Lic. em Sociologia, ambos títulos outorgados pela Universidade de Buenos Aires
(UBA). Investigadora Assistente CONICET. Professora titular de Sociologia na carreira de Desenho de Indumentaria
e Têxtil (UBA) e coordenadora do Grupo de Estudos Sociológicos sobre Moda e Desenho (GESMODI) na UBA.
Publicou diversos trabalhos em revistas científicas e de divulgação.
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ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015
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organização do vestir, nascida no final do século XVIII, é chamado o sistema da moda. Este
sistema atingiu seu máximo apogeu no século XX com o consumo de massa (SAULQUIN, 1990;
MORIN, 1962). A seus efeitos, a divisão do trabalho foi fundamental porque com a chegada da
era industrial, o trabalho artesanal e sua dimensão criativa tenderam a desaparecer para dar
lugar a processos produtivos fragmentados e orientados à fabricação de produtos seriados. O
sistema da moda, desde o ponto de vista tecnológico, caracterizou-se pela consolidação do setor
mediante o uso de maquinarias industriais e a conseqüente proliferação das têxteis nas cidades.
Isso facilitou um tipo de confecção seriada de roupas de baixa qualidade e baixo preço/custo que
se distribuíam em massa em grandes lojas. Assim, se fortaleceu um sistema do vestir composto
em suas origens por dois elementos: a alta costura e a confecção em série. Anos mais tarde, o
prêt-à-porter conseguiu impor-se como uma forma democratizante do vestir (SAULQUIN, 1990).
O interesse central deste trabalho é realçar e comparar certos aspectos desde o ponto
de vista do desenho na atual cruzamento da sociedade industrial e pós-industrial. Com tudo, os
objetos/roupas produzidos com a impronta industrial do sistema da moda, independentemente
dos materiais têxteis utilizados e da qualidade conseguida, podem ser caracterizados como
“objetos tradicionais” (MANZINI, 1996). Isto é, entendendo por objeto tradicional ao objeto criado
para ser manipulado pelo ser humano em virtude de cumprir uma determinada função passiva.
Esta forma de caracterização dos objetos começa a modificar-se abruptamente com os avanços
tecnológicos digitais no final do século XX. A crise dos objetos tradicionais e industriais faz-se
presente com a criação dos objetos interativos que têm a capacidade de atuar de forma dinâmica
junto aos sujeitos na vida quotidiana.
O interessante aqui é assinalar que a crise do tradicional, tal como o expõe Manzini, se
manifesta no campo do desenho têxtil a partir da chegada dos “novos materiais” que têm
tecnologia incorporada e que possibilitam uma nova relação entre o sujeito e seu meio, recriando
a função social do vestir (MANZINI, 1996). Em outras palavras, a crise da sociedade industrial
também se expressa na vestimenta com o surgimento do desenho inteligente.
Desenho e Globalização
Para compreender certeiramente o impacto do desenho inteligente no campo têxtil é
preciso referir-se ao processo de globalização. Em linhas gerais, sabemos que a globalização é
um processo sociopolítico que atravessa a vida quotidiana das pessoas desde finais do século
XX até nossos dias. Algumas das particularidades que a caracterizam é o auge do saber
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tecnológico como discurso dominante. Tal como afirma Castells, surge uma sociedade da
informação montada a uma economia política pós- fordista que sobrevém à era da produção e
do consumo de massas. Isto é, trata-se de um novo tipo de capitalismo no que circulam
velozmente através das redes virtuais tantos produtos como sujeitos (CASTELLS, 2002). No
mesmo sentido, Deleuze adverte que a chegada das sociedades de controle suscita grandes
mudanças culturais, especialmente pelo impacto das novas tecnologias, promovendo ao mesmo
tempo a integração e a exclusão social (DELEUZE, 1990).
Especificamente no âmbito do desenho de indumentária e têxtil, a globalização se
evidencia em diversas mudanças na produção e nas práticas do consumo que anunciam a
reordenação do sistema da moda em novos eixos. Por um lado, em frente às novas
características do mundo atual, começam a questionar-se a sociedade de consumo e a cultura
de massas, ao mesmo tempo em que pouco a pouco se desintegram alguns parâmetros da
sociedade industrial, dando passo ao paradigma pós-industrial baseado na tecnologia digital. Por
outro lado, proliferam novos discursos sobre a diversidade em busca de uma maior visibilidade
social (ZAMBRINI, 2010 a e b).
Neste contexto, a moda começa a ter em conta a demanda cada vez mais diversificada
e fragmentada que já não quer ser uma massa anônima e homogênea senão que, pelo contrário,
procura vestir segundo sua identidade individual. Contudo, se revaloriza o desenho, isto é, o
planejamento da vestimenta e acessórios capazes de solucionar uma necessidade social
respeitando a identidade do usuário.
A sociedade pós-industrial possibilita o desenvolvimento de novos materiais e novas
fibras com tecnologia incorporada e capacidade de reação frente a estímulos externos, situação
que recria o campo têxtil. Nesse contexto resulta adequado repensar as relações entre o corpo,
as novas tecnologias e as práticas do vestir (RIVIERE, 1998; SIBILIA, 2009).
Atualmente, o sistema da moda como forma privilegiada de produção de vestimenta se
redefine num sistema geral da indumentária no que convivem e fundem antigas e inovadoras
proposições do vestir (SAULQUIN, 2010; 2014). Isto é, convivem práticas de consumo e de
produções industriais, artesanais e em menor medida, tecnológicas. Não obstante, todas elas
são atingidas pelos discursos da diversidade social e sustentabilidade. Em tal sentido, o
sustentável propõe vários aspectos resumidos no seguinte: uma maior conscientização ecológica
a partir da integração do conhecimento aos processos do desenho, práticas de consumo
responsável que estejam em diálogo com formas produtivas e de comércio mais justas. Em
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suma, resume-se a uma crítica às principais formas sociais e produtivas do campo têxtil na
sociedade industrial.
Neste novo contexto, o desenho posiciona-se como uma potencial ferramenta de
mudança social, deixando para trás os mandatos arbitrários que a moda teve no século XX
(SAULQUIN, 2014).
A globalização sentou as bases tecnológicas para a criação do desenho têxtil inteligente.
Não obstante, este desenho não procura só a dimensão estética e distintiva dos objetos, senão
que é capaz de redefinir a relação entre o sujeito e seu meio a partir do dispositivo tecnológico.
Em termos gerais, a chegada do desenho inteligente ao campo têxtil não indica o
desaparecimento absoluto dos objetos/roupas realizados com fibras tradicionais tais como a lã
ou o jeans. No entanto, desde o ponto de vista sociológico, é significativo este desenho porque
indica que as principais formas sociais da ordem industrial se encontram num complexo
processo de mudança e transformação (CORIAT, 1996 e NEFFA, 2000).
Tal como se disse previamente, existe uma relação entre os discursos da modernidade
industrial e o sistema da moda. Atualmente, esse discurso encontra-se em crises, dando passo a
outras expressões das subjetividades que também se traduzem em inovadores processos de
desenho.
Desenho Interativo
O desenho inteligente faz referência ao desenho de objetos/roupas com novos materiais
que incorporam e aplicam tecnologia em virtude de cumprir uma funcionalidade determinada. Tal
como se assinala, responde a um paradigma em via de consolidação que se afasta do industrial.
Estes desenhos tomam informação do meio externo para responder de modo eficiente aos fins
para os que têm sido criados (MANZINI, 1996; SAULQUIN, 2010). Desde o ponto de vista do
desenho, afasta-se da dimensão estética e privilegia a funcionalidade (PRATT e NUNES, 2014).
A roupa interativa/inteligente consegue pôr em crise as concepções tradicionais da
relação “corpo e vestir”, recriando a relação do próprio corpo com o médio (MARTÍNEZ
BARREIRO, 2004; ENTWISTLE, 2002). Do mesmo modo, coloca em xeque a finalidade estética
e distintiva que teve a moda. Como indica Saulquin, vivemos num contexto de transição para a
consolidação da sociedade digital. Nesse marco, o desenho têxtil, além de brindar uma estética
aos produtos, também permite produzir prendas funcionais capazes de multiplicar suas opções
de uso (SAULQUIN, 2014). Ao respeito, os designers trabalham a tipologia de uma prenda para
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que a mesma possa ser usada de diversas formas segundo o contexto e as necessidades dos
usuários.
Mas é importante destacar que neste processo de transição surgiu uma nova geração de
têxteis tecnológicos que se integram aos processos do desenho para a criação de roupas
capazes de tomar informação do meio ambiente e desenvolver funções específicas tais como
proteger a pele do corpo através de fibras capazes de filtrar estímulos externos que prejudicam a
saúde (os raios UV, por exemplo). Ao mesmo tempo, os novos materiais podem utilizar-se para
dotar de aspectos lúdicos, conseguindo que uma mesma fibra mude de cor ao se submeter a
mudanças de temperatura ou de luz, entre outras questões.
A especificidade e o conhecimento técnico requerido à hora de desenhar um protótipo,
os custos e suas potenciais múltiplas funções são algumas das principais razões que afastam o
desenho inteligente da cultura do consumo constante; um hábito especialmente estimulado pela
moda no século XX.
Hoje em dia, existem vários trabalhos vinculados à produção de fibras inteligentes no
mundo. A modo ilustrativo, na Argentina, o Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI)2
lidera há vários anos uma série de projetos gerados para satisfazer as necessidades de conforto
e segurança dos usuários mediante o desenvolvimento de fibras com acabamentos de produtos
micro-encapsulados - isto é, de têxteis recobertos de diversas substâncias que dão lugar a micro
partículas, micro esferas ou microcápsulas - que incluem repelentes de insetos, vitaminas,
antimicrobianos e substâncias para oferecer características sensoriais agradáveis. Também, a
empresa argentina Indarra DTX3 dedica-se à investigação e produção de roupas tecnológicas
tendo em conta alguns princípios ecológicos e funcionais. Entre suas criações encontram-se
jaquetas com painéis solares, camisetas confeccionadas com fibras de bambu, antibacterianas e
com proteção UV e prendas com estampas que mudam de cor (ZAMBRINI e FACCIA, 2012).
Não obstante, além das funcionalidades específicas de uma roupa interativa, é
necessário enfatizar que os sujeitos podem modificar a percepção e a relação com uma roupa
quando esta é capaz de interatuar com o médio. Ao respeito, Manzini expressa que a partir do
aparecimento dos objetos interativos, baseados em tecnologia digital, estes não permitem
conhecer o que serve um produto nem como se usa a simples vista, dado que a forma física do
objeto tem deixado de ser indicadora de sua função (MANZINI, 1996). Portanto, modifica-se a
2
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www.inti.gob.ar
www.indarradtx.com
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interação entre os sujeitos e os objetos interativos, produzindo, quiçá em longo prazo, uma
mudança cultural mais profunda.
Com estes novos objetos, a interação tende a ser simétrica e ativa, porque os objetos
reagem em função de certas variáveis externas. Ademais, estes objetos conseguem desenvolver
múltiplas funções, sendo isso uma de suas características mais inovadoras (PRATT e NUNES,
2014).
No entanto, um problema que se suscita com freqüência é que as novas prestações não
acrescentam qualidade ao produto, dado que convivem num mesmo objeto potenciais funções
cuja coexistência não é significativa, pelo que os usuários não podem reconhecer facilmente sua
identidade e suas funções. Portanto, neste novo contexto, os desenhistas deverão ter em conta
a necessidade de dar ao objeto uma identidade reconhecível. Em outras palavras, seria plausível
que desde o desenho mesmo se ajude aos usuários a construir uma imagem mental do objeto
interativo, conhecendo que é e como funciona. Através do desenho podem-se remarcar os
aspectos de comunicação do objeto, especificamente sobre a interfase utilizando uma linguagem
e ferramentas compreensíveis que sejam capazes de informar ao utente sobre como se pode
aceder às prestações de um objeto interativo. Isto é, através do desenho integrar às roupas
inteligentes no imaginário social. Neste sentido, é importante ter em conta que, enquanto a
tecnologia pode brindar excelentes suportes para idéias inovadoras, estas sempre encontrarão
como possíveis limites a cultura e a sociedade. Ambas podem assimilar ou recusar um objeto
demasiado inovador, especialmente quando esse objeto é quase nossa segunda pele, tal como
é o caso da vestimenta.
Considerações finais
Este trabalho propôs que durante muitos anos a sociedade industrial organizou a
produção do vestir em base ao sistema da moda e na produção de objetos/roupas tradicionais.
Isto é, um sistema baseado no consumo em massa e o desfeito constante, cujo fim último era a
distinção social. Não obstante, a sociedade industrial praticou com excesso exploração dos
recursos humanos e recursos naturais do planeta.
Atualmente, entre outras questões, existem problemas ecológicos, persistem a
confecção têxtil clandestina e o uso de materiais nocivos para o meio ambiente. Nesse contexto,
a sustentabilidade posiciona-se como num novo discurso significativo porque brinda os princípios
ecológicos e humanos, em especial, às atividades produtivas. Neste sentido, pouco a pouco
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alguns desenhistas e empresas começam a desenvolver uma maior consciência social e a
exercer novas práticas, tais como o uso de matérias-primas não nocivas para o meio ambiente.
Assim mesmo, a reutilização e a reciclagem integram-se aos processos do desenho
(SAULQUIN, 2010). Contudo, são iniciativas que não resolvem as conseqüências da etapa
industrial, mais formulam certa vontade de tentar construir um mundo diferente.
Repensar o desenho têxtil à luz da crise das formas que delinearam a sociedade
industrial é um dos principais desafios. Este trabalho tem pretendido ser uma contribuição nessa
direção. Isto é, habilitar novos olhares sobre a chegada das tecnologias digitais ao desenho
têxtil: os protótipos e roupas funcionais com tecnologia incorporada.
No entanto, desde o âmbito teórico é preciso interrogar por algumas questões em torno
do impacto destas mudanças na sociedade, como por exemplo, se perguntar: Para que sujeito
se faça este desenho? O que sucede com o controle social que possibilitam as novas
tecnologias? São roupas que democratizam o desenho ou mais bem, o contrário? O que
acontece com a relação corpo, meio e vestido? Qual será a nova função social do vestir? Em
suma, são questões que o campo acadêmico deverá ter em conta em virtude de definir a
integração do desenho têxtil num novo paradigma, ainda em via de consolidação.
Referências
BOURDIEU, Pierre La distinción. Taurus: Madrid, 1998.
CASTELLS, Manuel La Era de la Información. Vol. I: La Sociedad Red. Siglo XXI Editores:
México, Distrito Federal, 2002.
CORIAT, Benjamin El taller y el cronómetro. Siglo XXI: Buenos Aires, 1996.
DELEUZE, Gilles “Postdata sobre las sociedades de control” en Conversaciones (1972-1990) en
www.philos ophia.cl / Escuela de filosofía Universidad ARCIS, 1990.
ENTWISTLE, Joanne El cuerpo y la moda. Una visión sociológica. Paidós: Barcelona, 2002.
MANZINI, Elio Artefactos. Ediciones Experimenta: Barcelona, 1996.
MARTINEZ BARREIRO, Ana La moda en las sociedades modernas. Tecnos: Madrid, 1998.
MARTINEZ BARREIRO, Ana La construcción social del cuerpo en las sociedades
contemporáneas. Papers 73: Madrid, 2004.
MORIN, Edgar El espíritu del tiempo. Taurus: Madrid, 1962.
NEFFA, Julio Las innovaciones científicas y tecnológicas. Lúmen: Buenos Aires, 2000.
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PRATT, Andy y NUNES, Jason (2014) Diseño interactivo. Diseño y aplicación del DCU. Oceano:
México, 2014.
RIVIERE, Margarita Crónicas virtuales. La muerte de la moda en la era de los mutantes.
Anagrama: Barcelona, 1998.
SAULQUIN, Susana La moda en la Argentina. Emecé: Buenos Aires, 1990.
SAULQUIN, Susana La muerte de la moda Paidós: Buenos Aires, 2010.
SAULQUIN, Susana Política de las apariencias. Nueva significación del vestir en el contexto
contemporáneo Paidós: Buenos Aires, 2014.
SIBILIA, Paula El hombre post orgánico. Cuerpo, subjetividad y tecnologías digitales. FCE:
Buenos Aires, 2009.
ZAMBRINI, Laura “Prácticas del vestir y cambio social: la moda como discurso” en Revista
Questions Nro. 24 Universidad Nacional de La Plata: Buenos Aires, 2010 a.
ZAMBRINI, Laura “Modos de vestir e identidades de género: reflexiones sobre las marcas
culturales sobre el cuerpo” en Revista de Estudios de Género Nomadías Nro. 11 Universidad
Nacional de Chile: Santiago de Chile, 2010b.
ZAMBRINI, Laura y FACCIA, Analía Apuntes para una sociología del vestir. Facultad de
Arquitectura, Diseño y Urbanismo: Buenos Aires, 2012.
ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015
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